31.12.13

Os votos

Apresento as BOAS-VINDAS ao novo ano de 2014.

Faço VOTOS para todos tenhamos a capacidade de viver com DIGNIDADE um dia de cada vez.

Desejo que todos tenhamos a possiblidade de contribuir para a solidariedade entre todos.

Gostaria muito que todos tivéssemos iguais oportunidades para usufruir da vida conforme as necessidades de cada um.

Espero que a esperança seja sempre a estrela orientadora da nossa vida.

BOM ANO DE 2014 PARA TODOS !

19.12.13

A unanimidade

Aí está e para que não haja dúvidas por parte de alguém mal intencionado foi por unanimidade.
Agora o Pedro, o Paulo e o Hélder estarão a pensar que talvez não tivesse valido a pena toda a trabalheira de elaborar, estudar e aprovar uma lei sobre a qual só os governantes pensavam que era possível ofender de tal maneira o primado da confiança e colocar-se ao lado do ódio e da fúria contra os aposentados da caixa geral de aposentações, como se de párias se tratasse.
Parece que o Hélder já foi, faltando agora o Pedro e o Paulo apresentarem o seu pedido de desculpas aos aposentados da administração pública, meterem a viola no saco e pensarem que já basta de sacanices para com estes cidadãos que também merecem o respeito dos governantes.
Agora o Pedro e o Paulo terão que encontrar uma solução que não seja mais uma teimosia orientada exclusivamente contra os funcionários ou contra os aposentados da administração pública, sendo que deverá ser justa, equitativa e universal para que haja o mínimo de moral nas acções e decisões dos governantes.
Mesmo que se estejam a morder de fúria por os juízes do tribunal constitucional terem feito gato sapato das pressões de responsáveis europeus, da troika, dos governantes portugueses e de mais uns quantos que vivem sob o manto diáfano dos favores governamentais o Pedro e o Paulo terão que aguentar, dar o braço a torcer e aumentar mais uma vez os impostos para todos aqueles que pagam impostos.
Governar não é para toda a gente e nem toda a gente tem jeito para governar, mas toda a gente tem obrigação de reconhecer quando faz asneira, bastando para tal que se tenha um pouco de ética e consciência, virtudes indispensáveis para assumir responsabilidades de governação de um  País, por mais miserável que seja...
Graças aos deuses que ainda temos Tribunal Constitucional!!!


18.12.13

A absolvição

Começa o nervosismo a imperar nas mentes dos nossos comentaristas, jornalistas, políticos e governantes por causa da aproximação do julgamento do tribunal constitucional  sobre a lei da dita convergência das pensões.
Por acaso até gosto do nome, porque tornando-se "convergência" poderia pensar-se que estamos a convergir para um ponto no futuro ou no alto e não como se prevê ser esta convergência, como um "modus operandi" de um governo que não sabe governar, que não tem competência para governar e que só o faz a poder de poder e de cacetada em quem não tem capacidade para se defender.
Para mim independentemente do julgamento do tribunal constitucional sobre a convergência das pensões, estou certo que quem  sai a perder sou eu e muitos mais aposentados da administração pública, sobre os quais tem recaído a ira destes governantes.
Já estou convencido que os governantes estão convencidos que a dignidade, a honra e a ética, são conceitos que só se aplicam aos outros e nunca a quem tem a competência de exercer o poder.
Mesmo que se trate de aldrabice, de vilanagem, de expurgo, de roubo, de apropriação indevida de bens alheios, mesmo que de forma legal, já pouco me importa qual seja a decisão do tribunal constitucional, porque, à partida tenho perfeita consciência que se não for roubado de uma maneira serei de outra, tendo sempre presente que a convergência vem repor a igualdade entre os reformados mesmo que a sua situação seja bastante diferente.
Para estes governantes, a maioria dos quais nunca soube o que é ter uma carreira profissional e contributiva para os diversos sistemas de segurança social, para estes governantes que nunca tiveram que dar ao dedo e puxar pela cabeça para fazer uma carreira profissional à base da subida de dezenas de degraus, com todas as influência políticas e partidárias, para estes governantes que receberam o poder com o cu virado para a lua, quando vendiam e emprestavam dinheiro dias após a sua saída do liceu ou da universidade, para estes governantes que têm o rei na barriga e o farelo na cabeça, para estes governantes para quem a  vida sempre foi um mar de rosas e de euros fáceis de ganhar, a convergência é uma forma de repor a justiça e a igualdade entre os reformados e os aposentados.
Nem sequer se dignam pensar que o dinheiro que agora tentam roubar aos aposentados ou desviar das suas carteiras ou contas bancárias é o dinheiro de cada um dos aposentados e não dos governantes, do governo e nem sequer do estado, pois todos estes apenas se poderão considerar gestores de um bem que não é de sua propriedade, mas que tem proprietário, que são todos os aposentados.
Ponham a mão na cabeça, pois não é possível pô-la na consciência por já não a terem, e pensem que  não têm o direito de apropriação da propriedade privada e se quiserem ter a veleidade de a gerir, que o façam com ciência e com sabedoria e não com a incapacidade já demonstrada para a solução dos problemas da coisa pública.
Assumam de uma vez para sempre que têm o poder de aumentar impostos, mas não têm o poder de se apropriarem dos bens dos aposentados, conquistados ao longo de uma vida de trabalho e de descontos conforme acordado e combinado.
De qualquer maneira eu já sei que vou pagar o que os senhores querem que pague, mas que ao menos pague de uma forma legal através de impostos e não através de uma fórmula que eu sempre verei como um roubo, mesmo que efectuado a coberto da lei.
Um roubo será sempre um roubo, mesmo que o gatuno seja absolvido. 

17.12.13

As contas

Considerei muito interessante uma carta de uma aposentada dirigida ao Pedro e de que tive conhecimento através do correio electrónico, a propósito das pensões da administração pública, dizendo qualquer coisa como o que se segue:
Oh Pedro, se continuas a pensar que os reformados e os aposentados são uma carga para o estado com graves prejuízos para o orçamento, venho dizer-te que tens um processo que te alivia desta preocupação e retira ao estado qualquer dever e obrigação para com os reformados e aposentados em geral e para mim em particular.
Manda fazer as contas ao dinheiro que os meus descontos e os descontos da minha entidade patronal colocaram à guarda do estado durante toda a minha carreira contributiva; soma-lhe as correcções monetárias e a inflação, acrescenta-lhe os juros, desconta o que já me pagaram e manda depositar tudo na minha conta bancária e livra-te de mim e dos meus problemas e dos problemas que eu causo ao orçamento de estado.
Feito este depósito podes continuar a aplicar as taxas de impostos devidos a todos os cidadãos e garanto-te que não pedirei nada mais ao estado, que não seja ser tratado como um qualquer cidadão cumpridor das suas obrigações e merecedor de todos os seus direitos.
Contudo, não te esqueças de deixar de descontar a minha contribuição para o subsistema de saúde da administração pública, porque o seu montante mensal que fica à tua guarda é manifestamente suficiente para um seguro de saúde numa qualquer instituição privada e especializada na matéria.
Esta solução será do teu inteiro agrado e para mim é muito mais conveniente porque fico com a certeza que a gestão dos meus bens assegurada por mim e não por ti tem muito mais garantia do que a actual, pois pode de um momento para outro vir a ser confiscada ou pelo menos diminuída no seu valor.
Por outro lado, deixarias de passar o tempo a fazer queixinhas e desculpas por causa dos encargos suportados pelo estado no pagamento das pensões e das aposentações.
Por isso, Pedro, é que eu não concordo com o teu projecto de abocanhar dez por cento das pensões pagas aos aposentadas da administração pública com o argumento da convergência, para além do que já abocanhaste com o argumento da solidariedade, mas nunca foste capaz de assumir que a tua política pretende apenas e tão só colocar uma albarda nos aposentados da administração pública, fugindo cobardemente à verdade e justificando todas as mentiras em que já te envolveste sem qualquer tipo de vergonha .
Fico então à espera que tu, do alto do teu pedestal, ordenes a um "funcionariozito", daqueles que se chateiam tanto, e não a um dos teus muitos assessores, que faça as contas e despaches sem mais delongas para que o total seja depositado na minha conta bancária, prometendo-te que nunca mais irei a uma manifestação de aposentados, que vão abundando por aí. 

16.12.13

Foi a décima

E na terceira a aprovação foi obtida: o bom aluno teve um brilhante comportamento, obedecendo em tudo e executando tudo o que lhe foi ordenado e imposto, sem olhar a meios e a processos para levar a cabo as suas tarefas há muito determinadas pelos seus senhores, a quem devem respeito e reverência como se de patrões se tratasse.
E é disso mesmo que se trata, porque os seus senhores, para além de professores, são também os seus mandantes , sem possibilidade de contestação.
Não estivemos presentes no exame e verificação das provas, mas a respeitabilidade das análises e avaliações anteriores leva-nos a pensar e a acreditar que tudo foi feito com dignidade e com lisura, em obediência cega aos critérios estabelecidos anteriormente.
Nem nós temos qualquer tipo de possibilidade nem de oportunidade em duvidar de que tudo se passou dentro dos conformes, tanto mais que, segundo o que rezam os últimos números apresentados, só os salários da maioria dos trabalhadores e as pensões dos reformados e  dos aposentados não beneficiaram de quaisquer aumentos.
De resto, tudo melhorou aos olhos dos números conhecidos e até a recessão já lá vai como se nunca tivesse acontecido.
Amanhã tudo correrá no melhor dos mundos e estaremos perante um País que cresce a olhos vistos, embora seja só num sentido, isto é , da base para o topo, como se torna necessário e imprescindível e conveniente para que haja alguém que saiba gerir o capital e até a própria vida dos que servem os seus senhores.
Bem vistas as coisas, isto até nem está a correr mal: quem paga impostos, continua a pagar impostos; quem vive mal continua a viver mal; quem tem fome continua a ter fome, mas quem trabalha e quem vive da sua reforma ou pensão deve sentir a devida preocupação, porque as coisas podem mudar para pior, uma vez que não se vislumbra que o actual crescimento da economia sirva para alguma coisa que não seja para beneficiar o capital.
Mas tenhamos esperança, porque ainda virão uns dias piores do que estes aos quais se seguirão lá para os fins de dois mil catorze e durante o ano de dois mil e quinze algumas coisas boas, dado o acto eleitoral.
Tenhamos esperança, porque os dias de sofrimento e de tristeza pelas desgraças que nos impuseram estão com o fim à vista, pelo menos durante um período de tempo de curta duração, quando chegarmos à conclusão que as despesas do estado não param de aumentar e as acções para as diminuir não têm qualquer eficácia.
Tenhamos esperança, porque virão os dias em que os deputados vão chegar à conclusão que o Parlamento tem gente a mais, que os benefícios recebidos não são merecidos, que os assessores de ministros, de secretários de estado e quejandos, de grupos parlamentares e não sei de quantas coisas mais são em número altamente exagerado e que não são precisos tantos secretários e motoristas para que a democracia possa viver.
Tenhamos esperança, porque muitos subsídios de residência dados a muitas personalidades da estrutura do estado serão cortados, porque dados fora do contexto e cujo significado não encontra qualquer justificação.
Tenhamos esperança, porque muito brevemente veremos muita gente a abdicar dos carros de serviço, a entregar os telemóveis ou a gastar apenas a quantia gasta ao serviço do serviço público e não noutras coisas sem relevância ou utilidade públicas.
Mas não exageremos na esperança, porque tudo isto pode ser apenas uma aspiração e um sonho, muito longe da vida real...

6.12.13

O sorteio

Voltemos  à nossa apagada e vil tristeza, irmã pobre da mesquinhez que fazem dos portugueses uns seres esquisitos muito próximos da perda de confiança nas suas próprias capacidades.
Mas não nos deram tempo de entrarmos de novo na miséria das nossas vidas de tal modo que a décima visita da troika passa despercebida de todo o pessoal.
Estamos lançados para acompanhar os choros e as lamentações pela perda de um dos poucos governantes sérios dos últimos cinquenta anos e não nos damos conta que andam por aí uns sujeitos sem categoria a passar a pente fino o trabalho de outros de igual cariz, com o provável objetivo de lixar um pouco mais quem e só quem não tem qualquer culpa de tudo o que se está a passar nesta terra em matéria de economia, de finanças, de impostos, de esbulhos, de aldrabices e por aí fora que nem uma ladainha a todos os santos vivos e mortos.
A favorecer e a fazer esquecer o que nos está a acontecer e o que aqui estão a fazer uns craques representantes dos nossos credores ao serviço dos mercados (?) tivemos hoje e vamos continuar a ter por mais uns dias aquele fabuloso sorteio do campeonato do mundo de futebol que se vai realizar no Brasil lá para os meados do próximo ano.
Vamos ter muitos motivos de conversa para entreter o pessoal e fazer esquecer durante duas semanas as nossas misérias miseráveis dando ocupação a todo o tipo de comentadores, de especialistas, de assessores, de governantes, de jornalistas e mais não sei o quê, sendo que uns o serão da política e outros do desporto, mas todos falando bem como se estivessem conscientes e convictos da verdade universal, e não apenas de mais opinião de entre muitas que já ouvimos e mais ainda aquelas que vamos ouvir nos próximos dias.
Entretanto, a décima avaliação da troika vai acabar, o défice das contas públicas vai continuar a mesma, alto como sempre, a dívida vai aumentar um pouco, apesar da privatização dos correios, os juros vão manter-se altos, embora se verifique uma ligeira diminuição dado o aumento da credibilidade do governo português e da anuência ou concordância dos nossos credores e dos omnipotentes mercados financeiros que dominam o mundo.
Espero bem que o juízes da rua da escola politécnica não estraguem a festa...

5.12.13

O GIGANTE

Se houvesse por aí mais uma dúzia de homens como este que hoje nos deixou o nosso mundo seria diferente e melhor para milhões de seres humanos que só esperam da um pouco de paz, de tranquilidade e de um mínimo de qualidade de vida.
Foi um lutador pelo dignidade do seu povo, conseguiu guindar-se ao lugar mais alto a que um ser humano pode subir, foi respeitado por todos independentemente da cor da sua pele e demonstrou ao mundo inteiro que vale a pena pugnar pela dignificação do ser humano.
Muitos chorarão a morte deste gigante da Humanidade, outros lamentarão profundamente que a vida o tenha levado para o descanso eterno, mas todos se lembrarão durante muitos e muitos anos que há por aí gente que merece o nosso respeito e a nossa reverência por tudo o que fizeram ao serviço dos seus iguais.
Vamos continuar a lamentar a falta que nos faz termos homens e mulheres desta envergadura para equilibrar as forças do bem e do mal e para afirmar e reafirmar que não é impossível haver paz entre os homens, desde que alguém tenha sempre no seu olhar os horizontes que tornam os Povos dignos uns dos outros sem exploração e sem escravatura com respeito total e integral pelos valores universais da Humanidade.
O que eu lamento profundamente é que na hora de muitos chorarem a morte de Nelson Mandela haja outros que, impávidos e serenos, continuarão a achincalhar a nossa dignidade e a fazer da nossa vida a tragédia que não merecemos. 

   

4.12.13

As devidas soluções

Já não me restam quaisquer dúvidas: um determinado problema tem uma determinada solução apresentada por um determinado inteligente e não por um qualquer entendido, por mais que o seja.
Se isto não fosse assim, teríamos certamente uma solução para os problemas da crise apresentada por gente entendida na matéria e com credenciais e não palpites dados por todos aqueles que se divertiram a vender seguros malucos a quem pensava que estava a enganar o padreca.
Se isto não fosse assim já teríamos o desenvolvimento instalado, a economia a crescer decentemente, o emprego a diminuir a olhos vistos, o défice a desaparecer, a dívida consolidada, os juros a baixar, e os craques a levarem a sério a dignidade dos portugueses.
Houve quem pensasse que estes inteligentes, há pouco saídos da universidade, com empregos  que nunca mereceram pelo seu trabalho e pelos seus conhecimentos, estavam dotados de todos os conhecimentos e competências para exercerem com respeito as funções para que foram nomeados de governar e representar a Nação.
Todos nos enganamos alguma vez e isto aconteceu na pior altura quando alguém se lembrou entregar o poder de governar a uma cambada de oportunistas que souberam o que seria ter nas mãos o poder de uma decisão que podia influenciar e determinar o presente e o futuro de milhares de portugueses. 
Ainda se podia dar uma desculpa se essa gente apresentasse o mínimo de humildade para aprender e a reconhecer que vender seguros aldrabados não era a mesma coisa que governar um país, tanto mais que que se encontrava na bancarrota.
Mas nunca se poderá pedir ao espelho que nos devolva uma outra imagem diferente daquela que tem na frente, pelo que quem andava habituado a vender lixo e porcaria ou a cumprir os ditames de uma qualquer capitalista só podia mostrar rancor contra os pobres que se deixavam enganar de todas as maneiras.
Agora podiam continuar a sua missão, mas dentro do problema que criaram, apresentando os seus palpites e dando as soluções que mais interessavam aos seus patrões que teriam a devida oportunidade de os recompensar.
Por isso parece estarmos nas mãos de uns senhores inteligentes que respiram ódio e desprezo pela coisa pública e por todos os seus agentes, independentemente dos seus estatutos pessoais e profissionais, pouco interessando as consequências dos seus actos e decisões, desde que não esteja em causa o poder do capital.
Tentei por todas as maneiras, feitios e processos encontrar uma solução para os problemas da publicação de postagens a partir do processador de texto, tendo inclusivamente alterado caixas de correio, eliminando umas e criando outras, desinstalado e instalado aplicações, eliminado contas e criado contas e tudo redundou num verdadeiro e real fracasso.
Aprendi agora que não vale a pena tentarmos encontrar uma solução pelos nossos próprios meios e conhecimentos se nos falta a base para atingir os nossos objetivos e assumindo que alguém estará disponível para encontrar as soluções adequadas bastando para tal assegurar o seu concurso.
O mesmo aconteceria ao País se a gestão da crise, do défice e da dívida pública não tivesse sido entregue a este grupelho de especialistas que ainda há meia dúzia de anos andava a beber shots no bairro alto...

27.11.13

O orçamento da liberdade

Nos últimos dois dias debati-me com um problema surgido na aplicação de texto usada habitualmente, que se recusava a enviar para o blogue as minhas composições, umas vezes com a desculpa de não ser capaz de as publicar, outras que não conseguia registar a minha conta.
Nestas circunstâncias e como me considero apenas um simples utilizador sem conhecimentos suficientes para dar a volta ao texto, procurei outras soluções que tenho à minha disposição.
De uma não gosto e por outra não sinto grandes simpatias, mas resolve para já o meu problema,  depois de voltas e mais voltas, voltando sempre ao mesmo sítio para tentar entender o que se passava e continua a passar-se com o diabo da aplicação, que me fez perder a oportunidade de escrever umas quantas linhas sobre o orçamento de dois mil e catorze.
Nunca é tarde para manifestar a minha grande satisfação pelo facto de os senhores deputados eméritos e lídimos representantes do Povo Português terem aprovado o orçamento de estado para o ano da graça de dois mil e catorze, apesar de uns outros igualmente digníssimos terem dito que se recusavam a votar favoravelmente uma coisa que só vai prejudicar o pessoal cá de baixo.
Independentemente das razões de cada um, eu sinto-me plenamente satisfeito e contente porque durante o ano de dois mil e catorze não vou ter mais dissabores dos que tenho tido em dois mil e treze.
Digo isto plenamente convicto de que o esbulho de mais umas centenas de euros retira dos meus ombros a responsabilidade de os gerir e de os gastar em coisas que provavelmente não iria ter necessidade.
Assim, feliz e contente, passo para o governo todas as funções e todos os problemas que umas quantas centenas de euros me causariam durante todo um exercício, sem vislumbrar qualquer vantagem que contribuísse para uma maior e melhor qualidade de vida.
Mas isto não deve ficar assim, porque o meu caso não é o caso de toda a gente, a não ser que o tal das neves tenha razão em tudo o que tem dito e em tudo o que irá dizer a propósito dos níveis de rendimentos de salários e de pensões dos funcionários públicos e dos aposentados, que se situam acima do realmente razoável.
Para aquele craque, que nunca saberá o que é chegar ao meio do mês e não ter um tusto para comer, salário e pensão inferior a mil euros já é totalmente suficiente para suportar todas as despesas desta cambada toda que passa a vida a manifestar-se e a fazer queixinhas, quando ele e seus iguais trabalham que nem  uns mouros, merecendo totalmente os largos milhares de euros e de dólares que entram todos os meses na suas contas bancárias, sem saber nem como nem porquê...
Temos orçamento e só temos que nos alegrar por tão fausto acontecimento, mas haverá muita gente com razão e sem razão que não acredita no conteúdo daquelas centenas de páginas cheias de rubricas e de números só acessíveis aos inteligentes e iluminados, sendo que nós os que vamos pagar, não precisamos de perceber uma coisa que nos vai entrar em grande no bolso para sacar sem mais nem menos mais umas centenas de euros a somar àquelas que já anteriormente nos roubaram legalmente...
A nossa grande vantagem e vitória que nos são dadas por este orçamento é que seremos livres e independentes a partir do segundo semestre do ano...
Quanto não vale a liberdade!!!

26.11.13

O césar

O césar, não é o imperador, mas o das neves, continua igual a si próprio e a ajuizar o mundo conforme os seus desígnios: um desbocado a botar as suas bocas contra os seus alvos indefesos.
Desta vez foram os pensionistas e reformados que mereceram as invectivas do senhor economista e cientista reputado, servidor fiel dos senhores do dinheiro, a quem serve com a maior dedicação para continuar a merecer e a aproveitar-se das suas mercês, dadas como prémio pelo papel desempenhado.
No meio disto tudo, o que incomoda o senhor economista desbocado é o facto de haver gente cá da baixa que ainda tem dinheiro para comprar certificados de aforro, fugindo desta maneira ao controlo dos banqueiros seus amigos.
Bem vistas as coisas, não me parece que o senhor economista, sempre muito dono do seu nariz arrebitado, esteja a pensar serem os jovens universitários, serem os jovens licenciados sem emprego, sejam os desempregados de longas duração, sejam os trabalhadores com o salário mínimo nacional e contratados a prazo, sejam os grandes capitalistas, aqueles que ainda dispõem de dinheiro para comprar certificados de aforro, para o que têm de retirar os euros das suas contas bancários, deixando os banqueiros com algumas justificadas apreensões.
Natural será que o nosso reputado economista desbocado esteja plenamente convencido que ainda há por aí alguma gente com algumas poupanças disponíveis para investir num produto que não se compara com a rentabilidade dos depósitos a prazo e das contas à ordem, oferecida pelo sistema bancário, o que deve incomodar o seu fiel servidor.
Vai daí não se torna difícil deduzir que alguns trabalhadores e alguns pensionistas e reformados ainda podem levar a marretada imposta pelo capital: reduzir salários e pensões, para os quais se trabalha e para as quais se trabalhou.
E não vale andarem por aí as queixinhas e as lamúrias do costume porque o algodão não engana e quem subscreve certificados de aforro tem alguma capacidade de poupança que importa controlar devidamente, sendo que o processo que melhor exerce esse papel é diminuir o valor que se paga pelo trabalho prestado e o valor que se dá às pensões oferecidas.
Não passam de desplante os discursos desta cambada de parasitas que se atrevem a falar contra a austeridade, trazendo cá para fora afirmações de fome e de pobreza que assombram a vida dos pensionistas, porque se trata de uma verdadeira treta, que está a ser observada atentamente pelos distintos servidores do capital com vista à tomada das medidas adequadas ao seu controlo eficaz e eficiente: baixar mais um pouco os seus rendimentos para que sirvam apenas e tão só para as necessidades primárias de sobrevivência.

13.11.13

Depois digam

A vampiragem do outro lado do atlântico vem com um relatório de noventa páginas (?) dando-nos conta daquilo que todos os quase todos já sabíamos: os cortes vão continuar e nem pensem aqueles sujeitos desconhecidos de toga esquisita dizer o contrário, porque, se tal acontecer, o caldo estará mesmo entornado.

Já sabíamos que esta coisa da austeridade vai continuar ao serviço dos grandes e dos poderosos, de modo a tornar os mais pequenos e os mais fracos a assumirem de uma vez por todas que o poder está no poder e não é partilhado pela plebe, convidada a ocupar o seu devido lugar.

Esse tal lugar não é mais nem menos que servir de pau para toda a colher dos senhores mandatários do capital mundial, isto é, dos credores, feitos sanguessugas e vampiros, cuja única missão é sugar e aspirar o sangue dos desgraçados que são colocados à sua mercê sem qualquer tipo de capacidade de reação.

Não estranha que os senhores do mundo venham assumir que os salários têm que baixar de valor para que a competitividade da economia portuguesa seja uma realidade, como se isto fosse o grande objetivo e o grande motivo das economias que dominam o mundo.

O que está em causa é posicionar e orientar a força do trabalho no sentido desejado e exigido pelo capital: um serve, outro é servido; um come as migalhas se as houver, outro come tudo e não deixa nada.

Já está dito há muito tempo: enquanto os salários e as pensões daquela grande massa de gente, que ocupa os três quartos da base da pirâmide, não estiver mais pobre cerca de quarenta por cento relativamente aos níveis de dois mil e cinco, não teremos descanso e seremos sempre perseguidos pela austeridade decretada lá fora e levada a cabo por uns quantos mandatários obedientes e serviçais que temos por aqui.

A receita é simples: ou isto ou aquilo e daqui não se sai.

O mesmo será dizer que os salários e as pensões têm que baixar, ou os impostos vão ter que subir.

Por mim estaria tudo certo e bem, desde que se dissesse quais os salários e quais as pensões que deveriam baixar e quais os salários e pensões que deveriam subir e quem pagaria os tais impostos para compensar tudo isto.

Se seriam os tais três quartos da base ou se seriam os dois terços do quarto do topo da pirâmide, porque haverá sempre alguém que se fica a rir de todos os outros e não paga nada.

Quem tiver disponibilidade e saiba, pode fazer um pequeno exercício: comparar a carga de impostos dos três quartos da base da pirâmide com o quarto restante do topo da pirâmide para se saber a quem deveria caber uma maior comparticipação no equilíbrio do défice e na diminuição da dívida pública.

Investigue-se a carga fiscal de todos aqueles que estão no topo das empresas públicas e privadas, daqueles que estão sentados à mesa dos meios de comunicação social como comentadores e críticos da política e do futebol, de todos aqueles que escrevem diariamente para os jornais, de todos aqueles que abrem todos os telejornais de todos os canais de televisão, dos grandes escritórios de advogados, dos banqueiros, dos empresários, de todos aqueles que vivem por conta do orçamento e que são mandatários dos seus senhores.

Depois digam que salários e pensões deveriam baixar e que salários e pensões deveriam subir…

12.11.13

Nós acreditamos

Foram duzentos e quarenta e tal milhões de euros de investimento estrangeiro durante os últimos trinta dias, facto que constituiu a grande notícia constante da intervenção do ministro soldado ou, talvez, do soldado ministro do governo, durante a discussão do orçamento para o ano de dois mil e catorze.

Este e mais uns outros como o crescimento das exportações e a diminuição do desemprego, são os grandes sinais da recuperação da nossa economia, recuperação que será confirmada pelas estatísticas do ine e pela aprovação desse tal orçamento que agora se discute, a não ser que uns sujeitos desconhecidos se lembrem de lixar isto tudo.

A realidade é que o investimento estrangeiro chegou e foi anunciado com pompa e circunstância, mas o soldado ministro esqueceu-se voluntariamente de nos esclarecer o custo para Portugal desses tais milhões, em subsídios e isenções de taxas e de impostos, bem como a sua natureza e a que se destinam, se a criar novos postos de trabalho ou se foram diretamente para pagar os produtos e equipamentos com origem na importação.

Não estaria mal se o ministro soldado nos tivesse dito que estes milhões eram valores líquidos já livres de todas as contrapartidas que todo o investimento estrangeiro exige para sair do seu lugar e vir até estas bandas classificadas como inóspitas para a devida rentabilidade do capital, tendo presente a preguiça dos nossos trabalhadores.

Mas devo reconhecer que o ministro soldado tem razão numa das suas afirmações: até parece que as oposições estão a dizer mal da sua vida por causa dos êxitos do governo e pela luz ao fundo do túnel que os nossos governantes já conseguem descortinar apesar do denso nevoeiro que paira sobre a economia portuguesa.

Vivemos num país de miragens permanentes e até parece que só agora estamos perante uma crise que exige o sacrifício dos pobres e dos remediados, porque os ricos não podem ser tocados, porque deles é o reino do progresso.

Que poderia fazer um país qualquer se os ricos e os poderosos, os banqueiros e os industriais, fossem tratados abaixo de cão como é tratado qualquer cidadão, cuja conta bancária não impõe respeito aos executivos e aos gestores, que mandam no mundo?

Se a populaça se movimenta em luta pelos seus direitos ou pelo que pensa serem os seus direitos de trabalhadores, de pensionistas, de reformados, de pobres, de remediados, de desgraçados e de infelizes, está a trilhar caminhos perigosos e a pôr em causa o investimento estrangeiro, sendo o mesmo que dizer que está a maltratar os nossos credores, que continuam a sua obra primordial de explorar os cá de baixo.

Podemos então concluir que o ministro soldado está mesmo convencido que os tais duzentos e quarenta e não sei quantos milhões vieram de livre vontade para reanimar a economia, tratando-se de dinheiro fresco que fica todo em Portugal, pelo que não sairá daqui um único cêntimo em benefícios e isenções de taxas e de impostos…

Nós acreditamos!


 

11.11.13

Não é fácil

Não é fácil viver com informação.

Na verdade, quanto mais informação o cidadão detém sobre muitos dos assuntos que fazem parte da nossa vida em sociedade, maior é o risco de poder entrar numa espiral de ansiedade, podendo vir a ser incapaz de controlar os seus sentimentos mais comuns.

Vem isto a propósito de sermos bombardeados involuntariamente com informação sobre assuntos e factos que constituem verdadeiros atentados à moral e à ética públicas e ofensivas dos valores que nos vão regendo no meio desta selva em que se tornou a vida política deste País.

São as relações políticas entre os políticos que se preocupam principalmente com a sua vida pessoal do ponto de vista do seu êxito ou fracasso na coisa pública; são as posições violentas contra umas quantas instituições, chave e charneira da nossa vida social; são os ataques permanentes contra os direitos e deveres dos cidadãos; são os ataques descarados aos contratos celebrados pelos cidadãos, que se sentem vilipendiados e enganados; são os usos e abusos do poder e das influências ao serviço de quem tem poder e em prejuízo de quem é dependente; são as evidências de tratamentos preferenciais por parte de quem pode em detrimento de quem é incapaz de se sublevar; são as informações erradas e tendenciosas que nos chegam das fontes mais idóneas; são as manipulações dos poderosos e dos fazedores de opinião que pululam por todos os meios de informação debitando banalidades e trivialidades como se de verdades absolutas se tratassem; são as ocultações dos factos que podem moldar e melhorar a vida dos mais carenciados; é o aumento exponencial das desigualdades sociais, económicas e financeiras, distanciando cada vez os do topo dos da base; são os favorecimentos pessoais e institucionais que aumentam aos milhões; é, finalmente, a angústia de milhares de cidadãos que se sentem espoliados, roubados, ofendidos, indesejados e escorraçados do seu País.

Já não temos o direito de pensar que os valores que solidificaram a Nação ainda continuam a ser o objeto fundamental de todos aqueles que assumiram a responsabilidade de cumprir com dignidade e boa-fé a missão que lhes foi confiada.

Mas podemos muito justificadamente perguntar a toda a gente que esteja disponível para ouvir ou àqueles que têm a obrigação de ouvir e de atender para onde vamos ou para onde nos levam tendo em conta os caminhos que nos obrigam a trilhar todos os dias.

E podemos muito justificadamente perguntar se ainda temos o direito de pensar que um dia esta gente põe a mão na consciência e houve aquela força interior a dizer que já chega de tanto mal e de tanta dor, sendo chegada a hora de exigir a participação de todos aqueles que nas últimas décadas se andaram a banquetear nas mesas do orçamento.

Talvez que um dia o pessoal perca mesmo a paciência…


 


 

4.11.13

As queixinhas

Dois factos dos últimos dias deixaram-me completamente maravilhado, como se vivesse num mundo novo onde a felicidade andava de mãos dadas com a prosperidade, que batera à porta de todos os lusitanos.

Não querem lá ver que os banqueiros foram encontrar-se com a ministra das finanças e com o ministro da economia para manifestarem o seu descontentamento e veemente protesto pelo que se estava a passar.

Por um lado, a carga fiscal que recaía sobre a atividade bancária não era mais suportável, pelo que os bancos já não aguentavam mais verem-se espoliados pelos impostos aplicados não havendo mais margem para continuarem a distribuição habitual de altos lucros pelos seus acionistas, isto é, pelos donos do dinheiro.

Por outro, vinham manifestar-se contra a comercialização por parte do estado de uns fundos, vulgarmente denominados de certificados de aforro, agora com mais umas letras e altamente competitivos com as taxas pagas por esses mesmos banqueiros aos depósitos a prazo, daquele português que ainda se dá a esse luxo de colocar dinheiro nas mãos de uns banqueiros de meia tigela.

E vai daí foram chatear a ministra e o ministro como se se tratassem de uns queixinhas, tipo meninos da linha da escola primária, contra aqueles malandros das barracas que não os deixavam em paz por viverem à grande à custa da malta.

Fica-lhes muito bem, porque todos estão do mesmo lado da barricada e não há direito que se verifiquem ações de sentidos opostos entre os amigos de todo o sempre.

Tive muita pena dos coitados dos banqueiros quando se dispõem a manifestarem-se contra umas decisões do governo muito aquém do que se verifica com os simples cidadãos que pagam toda a enorme carga fiscal e não são recebidos por nenhum ministro ou secretário de estado para apresentarem as devidas e merecidas queixinhas.

E têm toda a razão, porque a dita crise que se instalou nesta cloaca da união europeia parece ter chegado aos bancos, que vivem momentos de aflição, dado que os seus lucros já não são os mesmos, chegando-se às triste conclusão que quem vivia acima das suas possibilidades não era o estado nem os cidadãos, mas sim os banqueiros que deram origem à crise financeira e económica que se verifica pelo mundo inteiro.

Estavam mal habituados quando dominavam como queriam e lhes apetecia a política económica e financeira deste país através dos jogos de interesses que condicionavam a vida de todo este povo.

O outro fato foi o espetacular espaço televisivo de propaganda da responsabilidade do psdê, que passou um pouco antes telejornal do canal público de televisão.

Tive a sorte de estar sintonizado neste dito canal de televisão pelo que fiquei maravilhado e entusiasmado com o país descrito e apresentado neste espaço de propaganda partidária.

Fiquei totalmente convencido que o meu País não é aquele país da enorme carga de impostos suportados pelos rendimentos do trabalho e pelas pensões e aposentações daqueles que dele e daquelas vivem amarguradamente.

Fiquei totalmente convencido que não podia estar noutro sítio que não fosse no mundo descrito e apresentado nas histórias do jake e dos seus colegas piratinhas na terra do nunca…

Nem quero pensar o que poderia acontecer aos banqueiros se os cidadãos pudessem comprar diretamente dívida pública…

1.11.13

A dita

A ansiedade era muita, pelo que não me fácil aguardar este tempo todo pela conferência de imprensa do primeiro segundo ou do segundo primeiro dedicada à apresentação do guião da reforma do estado.

Dei como muito bem empregue os cerca de quarenta minutos que durou a dita para ver anunciados os grandes princípios que vai tornar Portugal um país moderno, como os mais modernos países de todo este planeta, incluindo os do continente antártico.

Já as vozes se levantavam para dizer mal do primeiro segundo ou do segundo primeiro por demorar tanto tempo a elaborar o guião da reforma do estado, quando toda a gente estava convencida que apenas faltava anunciar aquilo que já estava escrito e decidido há muito tempo, aguardando-se apenas uma mera oportunidade oportuna para dizer a esta cambada de imbecis que o estado estava em vias de ser reformado.

O que    mais me agradou ouvir foram aquelas tiradas de que a reforma do estado não são os cortes na despesa, isto é, os cortes nos salários e nas pensões dos funcionários públicos, dos reformados e dos aposentados.

A reforma do estado é uma reformulação do estado no sentido de tornar o estado melhor e a prestar melhores serviços aos cidadãos principalmente àqueles que deles nunca precisaram…

Fiquei encantado por saber que a partir de agora já não me vão impor mais impostos, pelo que fico desejando ardentemente que a reforma do estado não demore a ser iniciada como demorou a ser anunciado o seu guião.

Venha daí imediatamente a reforma do estado, pois não haverá português que não a deseje, exceção feita, clara está, ao seguro e seus seguidores e mais a uns quantos idealistas da esquerda, que ainda não viram que a reforma do estado vai dar felicidade aos milhões de portugueses que ainda temos o privilégio de não termos sido forçados à emigração, preferindo aguardar de peito feito a reforma do estado, da autoria do primeiro segundo ou do segundo primeiro.

Devemos ter consciência que a má vontade contra o primeiro segundo ou segundo primeiro que teve a dignidade e a ousadia de elaborar e apresentar o guião da reforma do estado, precisamente na véspera do início da discussão do orçamento de estado para dois mil e catorze, demonstrado por alguns críticos e comentadores políticos, não encontra qualquer eco na grande maioria dos portugueses.

De facto, a grande maioria dos portugueses sentiu-se feliz e contente por ter tido a oportunidade de ouvir o segundo primeiro ou o primeiro segundo a apresentar o seu trabalho dos últimos meses, se descontarmos o tempo das crises e das suas demissões irrevogáveis, por discordância das políticas do seu governo, em defesa dos pobres e dos oprimidos.

Contudo, não me recordo de ouvir tanta banalidade em tão pouco tempo com o ar mais sério do universo, se me esquecer ou não me recordar de alguns discursos ditos e ouvidos no parlamento proferidos pelos inteligentes que nos governam tão sabiamente e tão seriamente, que o céu está ansioso para os receber tão depressa quanto possível para gáudio e satisfação dos portugueses de boa vontade, que continuam a pagar todos estes desvarios…

Mas se quiseres

Querias um País com a dívida pública a zeros?

Querias um País com a dívida das pessoas coletivas a zeros?

Querias um País com a dívida das pessoas singulares a zeros?

Querias um País com défice zero?

Querias um País sem programa de ajustamento?

Querias um País sem mandões e usurários?

Querias um País sem sanguessugas?

Querias um País sem hipotecas?

Querias um País com um governo competente?

Querias um País com uma assembleia legislativa composta por profissionais?

Querias um País com um sistema de justiça justo e eficaz?

Querias um País com pleno emprego?

Querias um País com segurança social segura?

Querias um País com uma escola para educar e ensinar?

Querias um País com a saúde para todos?

Querias um País com cidadãos livres?

Querias um País com instituições sociais de serviço público?

Querias um País com gente séria e honesta?

Querias um País com trabalhadores produtivos e competitivos?

Querias um País com empresários empresários?

Querias um País com mais igualdade?

Querias um País com menos desigualdade?

Querias um País mais solidário?

Querias um País com um capitalismo menos capitalista?

Querias um País com menos aldrabões?

Querias um País com menos charlatães?

Querias um País sem partidos como agências de emprego?

Querias um País com partidos políticos de serviço público?

Querias um País com comentadores políticos independentes?

Querias em País com menos miséria?

Querias um País com alegria?

Querias um País com esperança?

Querias um País com qualidade de vida?

Querias um País com gente boa?


 

Quem não queria um País com isto e com muito mais…!!!

Mas se quiseres mesmo lá do fundo da tua essência ser cidadão de um País com alma e com dignidade, olha para o firmamento numa noite sem luar e escolhe uma daquelas luzes ao acaso, pira-te para lá e constrói o teu mundo, onde possas ser feliz e olha para todos nós com a compreensão e com a complacência devidas pela nossa incapacidade de viver o presente e construir o nosso futuro com a consciência tranquila do dever cumprido.

Finalmente, nunca digas que temos o que merecemos, porque não é justo sermos tratados abaixo de cão.

23.10.13

É assim mesmo

É assim mesmo: se passamos um tempinho longe daquilo que nos preocupa, passaremos a desfrutar de algumas alegrias que estavam mesmo ali ao lado sem que as preocupações nos deixassem ver algumas das coisas que nos poderiam dar paz e tranquilidade.

Isto não é bem assim, porque só assim será se tivermos a coragem de gozar um pouco com a falta de informação, com o esquecimento e até com a ignorância dos factos que nos causam dores e preocupações.

Se formos capazes de permanecer afastados dos programas televisivos de notícias, de comentários e de discussão política, se formos capazes de passar uns dias sem dar uma vista de olhos pelos títulos dos jornais, a não ser que sejam desportivos, teremos a garantia de uns dias de sossego, coisa que nos confortará a alma.

Contudo, é preciso ter cuidado com as recaídas, porque o veneno causado pela ausência da dose de um determinado analgésico, pode dar origem a contratempos ainda piores do que sucedia anteriormente.

Manter orelhas moucas e afastadas do ruído da propaganda pode dar alguma tranquilidade, mas abrir os ouvidos sem os preparar para o que está a acontecer, pode causar estragos verdadeiramente importantes e difíceis de esquecer, dado que podem contrariar as nossas piores previsões.

Eu já andava a preparar-me devidamente para continuar por mais uns quantos anos a levar pancada e a ser roubado legalmente se qualquer possibilidade de me defender e fazer valer os meus direitos ou, pelo menos, fazer valer aquilo que eu pensava serem os meus direitos.

Eis senão quando, dou comigo a ouvir que no ano de dois mil e quinze já poderei não ser roubado e, talvez até, já poderei ver reposto o meu rendimento nem que seja uma meia dúzia de euros.

Já estava convencido que o orçamento de estado estava definido, que já não se falava mais nisso, que o presidente, como sempre, vai deixar passar o dito, que o dito vai entrar à grande no bolso do pessoal, que o pessoal vai continuar alegre e contente por dizerem que estamos a cumprir, que não vai haver segundo resgate, que se trata de um seguro, que não é seguro mas de uma garantia por se acaso, que pode ser uma hipoteca mas sem troika,…

Verifico que o mal não está nas discussões do orçamento, não está nas bocas de ministros e de secretários de estado, que hoje dizem uma coisa e logo dizem outra, que ninguém se entende no meio desta bagunça toda, mas o mal está em mim que não sou capaz de continuar ausente das contradições da informação política.

Nada melhor que ganhar juízo e não acreditar que no ano de dois mil e quinze vou ter dias melhores, tanto mais que é ano de eleições legislativas!

Será que esta cambada ainda está convencida que o pessoal continua a acreditar em tanta patranha e tanta aldrabice e não entende qual é o programa delineado?

Duvido muito, mas eles são mesmo incompetentes.

16.10.13

Menor que…

Vou acalmar um pouco para tentar que a lucidez indispensável para atravessar estas águas profundas e revoltadas que inundam a nossa política não se esvaia e me deixe completamente à deriva sem norte e sem sul, porque o este e o oeste estão garantidos com o nascer e o pôr-do-sol.

De vez em quando é conveniente pensar um pouco antes de responder ao que quer que seja que nos bata à porta sem tino e critério como se exige em alturas como estas.

Os próximos tempos serão pródigos em discussões e palpites de quase os nossos atores políticos, uns mais, outros menos, conforme a sua implicação no processo, pois haverá quem se cale providencialmente, outros que se ficarão com os ouvidos moucos, outros ainda que se esconderão que nem ratos e ratazanas dos esgotos, evitando a todo o custo pronunciar-se sobre qualquer matéria do orçamento.

Todos dirão que é bem melhor estar-se calado, pois que com a boca fechada nunca poderá sair asneira, nem sequer daquelas que se dizem sem se saber ou ter consciência do seu significado e do seu conteúdo.

Vamos ser poupados a uns bons dislates, o que não será nada mau, uma vez que teremos imensas oportunidades de ver e ouvir os inteligentes e os espertos a mandar as suas bocas, como se tratassem por tu a ciência e o conhecimento das matérias objetos das suas altas apreciações.

Elas já começaram e nós ficamos, desde já, todos agradecidos porque já fomos informados que os descontos (Impostos) previstos no orçamento de estado para dois mil e catorze são menos que os verificados em dois mil e doze.

Estamos todos contentes por termos tido conhecimento antecipado de que a nossa vida será melhor que a de dois mil e doze, porque os descontos são menos, esquecendo-se o espertalhão de nos dizer que os descontos de dois mil e catorze são colocados sobre os verificados em dois mil e doze e dois mil e treze.

Mas já ficamos satisfeitos com a perspetiva de ver o programa de ajustamento terminar em julho do próximo ano, conforme previsto e dito, não havendo qualquer hipótese de a data poder ser alterada para agosto ou até mesmo para setembro e muito menos ser antecipada para o mês de junho.

Nessa altura já navegaremos com os nossos próprios instrumentos recorrendo aos mercados como sempre e com mais uma previsão de aumentos de impostos e de cortes nas pensões e nos salários para o ano de dois mil e quinze, como forma de salvar a Pátria e a Nação.

Por mim estou aviado, esperando apenas que o presidente não deixe de chatear o governo, não com a intenção de repor as injustiças, mas apenas para tomar posição sobre a matéria e daí lavar as mãos para tentar retirar a porcaria que tem feito e deixado fazer..

A austeridade mínima

Quem está habituado a levar no toutiço forte e feio já não leva a mal que lhe continuem a dar no toutiço.

O pior é quando alguém que tem estado ao abrigo das aves de rapina e que agora se vê a descoberto, começa a dar-se conta de que a coisa está verdadeiramente preta, mesmo para o seu lado.

Natural será, por isso, que comece também ele a habituar-se a levar as suas marteladas sem qualquer capacidade para reagir a tempo e a horas de se por ao fresco.

Pelo que vai ter que iniciar o processo de pagamento porque a fuga começa a não estar fácil, mesmo para aqueles que continuam a constatar que a porta, se não está totalmente fechada, ainda está semiaberta, permitindo alguma opção que não seja aquela de "paga e não bufas…".

Esta noite em sido um regabofe total de comentadores nos diversos canais generalistas e especializados: todos querem comentar com a maior profundidade possível o orçamento hoje divulgado, havendo uma quase total unanimidade numa apreciação geral de que se trata de um orçamento de austeridade ainda maior da que se esperava.

Para mim é uma maravilha que assim seja, porque já estou habituado a que as manápulas fiscais não saiam do meu bolso, controlando ao cêntimo tudo o que entra e sai numa promiscuidade só possível a situações de incapacidade total de reagir a esta invasão e devassa da carteira dos cidadãos.

De alguns cidadãos porque para outros ainda não chegou o tempo das vacas magras, pois verifica-se alguma incapacidade dessas tais manápulas entrarem ou acederem à conta bancária e aos rendimentos de alguns senhores que se passeiam no meio desta porcaria toda sem sujarem a sola dos sapatos.

Não sei se já será desta que o pessoal vai acordar para a realidade que está e estará na nossa frente, mas temo que as movimentações a sério comecem a materializar-se, pois a coisa só pende para um lado e a corda não vai aguentar por muito mais tempo, pelo que será natural que se rompa, o caldo se entorne e o almoço vá para o galheiro.

Depois, quem for capaz de fechar a porta que a feche, mas tenha algum cuidado porque poderá ficar com o rabo entalado sem possibilidade de dar às de vila diogo.

Alguns já estarão a preparar o terreno para não serem apanhados desprevenidos e com as calças na mão, mas outras não terão, certamente, essa sorte e serão estes que pagarão as favas.

Nessa altura não terei pena de quem quer que seja e apenas lamentarei que as passinhas do algarve sejam suportadas só por uns quantos, enquanto outros se ficarão a rir a bandeiras despregadas, continuando a tratar e a pensar que uma cambada de idiotas e de imbecis não merece ser tratada como gente séria e honesta com a mínima consideração e estima e respeito.

14.10.13

O anjinho da guarda

O anjinho da guarda dos reformados, dos pensionistas, dos idosos, das idosas e dos pensionistas de sobrevivência bateu as asas e voou para bem longe, tão longe que se esqueceu de nos informar que o lúcifer estava à espreita e já tinha assinado umas coisinhas destinadas aos funcionários públicos, que os vai deixar muito contentes.

Este contentamento não foi anunciado, porque só se anunciam coisas que custam a digerir e esta coisa de auxiliar o país com o seu contributo para a sua salvação de modo a evitar a queda definitiva estará sempre presente na intenção e na vocação dos funcionários públicos.

Ontem foi um aperitivo para a grande maioria dos cidadãos com pensões de sobrevivência, mas já estava decidido e assinado que os salários e as outras pensões não se livravam da martelada já prometida e agora divulgada pela imprensa.

No fim de contas não haverá português que viva do estado, quer através do trabalho quer da fruição de uma vida inteira de descontos, que não tenha a oportunidade de participar ativamente na salvação do seu país, evitando o naufrágio deste imenso barco governado por uma pandilha de fina estirpe.

Já andava por aí gente a embandeirar em arco, parecendo que não seriam chamados a acorrer em auxílio do défice, da dívida pública e da reforma do estado, mas foi sol de pouca dura, pois o grande predestinado não se esquece com facilidade das suas obrigações perante todo o povo, independentemente do gosto e da vontade de cada um.

Assim, como quem não quer a coisa, vai-se mostrando a desgraça às pinguinhas para uma fácil digestão com a consciência total de que não estamos perante circunstâncias facilitadoras de graves indigestões provocadas por grandes comezainas e grandes pacotes de chamamentos de que são devedores todos os contribuintes.

Eles não se esquecem de nós e têm a prova provada que é possível aguentar mais pancada com um sorriso nos lábios até vergar os lombos desta gentalha que continua a viver à custa dos nossos beneméritos e não do seu trabalho e dos seus direitos por uma vida inteiro de contributos para a engorda do estado.

Temos o que merecemos e ainda temos disponíveis uns euros na carteira, que os nossos governantes rapidamente irão encontrar maneira de os levar para devolver, talvez, aos nossos emprestadores com juros de agiotas.

Mas vida é assim, enquanto nós não dermos um valente par de coices e atirarmos com esta cambada lá para os quintos dos infernos que é, como quem diz, mandar esta gente pentear macacos pela sua indecente e má figura praticada à sombra das boas intenções da salvação da Pátria que outros quase levaram à ruína e à bancarrota…

Ontem foi um cortezito nas pensões de sobrevivência, hoje foi uma valente tesourada nos salários dos funcionários públicos, amanhã virá a confirmação do contributo das pensões dos funcionários públicos, no outro dia falarão da nova tabela salarial dos funcionários públicos que os vai reduzir ao seu significado real e depois, quando já nada restar, estes craques irão servir o capital para outras bandas.

Nós ficaremos cá, cantando e rindo, felizes e contentes por nos comerem as papas no alto da cabeça…


 

13.10.13

A fuga

Os malandros da oposição puseram a circular uns boatos e umas atoardas sobre cortes das pensões de sobrevivência, levando o pânico e a inquietação a umas centenas de milhares de portugueses na sua grande e larga maioria idosos, viúvos e viúvas, que já se viam a financiar mais uma vez a crise nacional.

Mas o governo estava atento às manipulações e demagogias de todos aqueles que vivem ressabiados e descontentes com as políticas sociais, económicas e financeiras levadas a cabo pelos atuais governantes, ao serviço da Pátria e da Nação.

De tal modo era grave o desespero dos que recebem pensões de sobrevivência que os nossos estimados governantes demoraram mais de uma semana para esclarecerem o povo através de uma conferência de imprensa, enquanto decorria o conselho de ministros que aprova o orçamento de estado para dois mil e catorze, repondo a verdade das medidas para tranquilidade dessas tais centenas de milhares de portugueses que já se viam roubados e espoliados mais uma vez por talhadas fiscais nas suas magras reformas.

Tudo se ficou a dever a uma fuga de informações praticada por uns malvados não identificados com o objetivo de prejudicar e difamar os nossos queridos governantes que passam o dia e a noite a sacrificarem-se pelo bem-estar de todos os portugueses, mesmo daqueles que não gostam deles.

Uma fuga de informação que tanto mal causou ao pessoal que recebe pensões de sobrevivência não podia ficar sem a resposta devida e em devido tempo, para que os portugueses continuem a confiar naquele grupo de predestinados que nos governam por mandato dos deuses e que sempre dedicaram a sua maior atenção aos problemas destes portugueses deserdados da fortuna.

Não havia razão para que estes boatos e estas atoardas postas a circular pelos malvados oposicionistas não fossem desmentidas, porque a verdade é clara como a água clara e transparente como a alma dos nossos governantes e pouco ou nada custava esclarecer as informações vagas e imprecisas sobre umas medidas que atingiriam apenas cerca de vinte e cinco mil portugueses, na sua grande maioria ricos, que não carecem da ajuda do estado para levar uma vida bastante razoável.

Das centenas de milhares de portugueses que recebem uma pensão de sobrevivência, apenas vinte e cinco mil vão ser "convidados" a participar na luta contra o défice e no combate à dívida pública, ao serviço da reforma do estado, poupando o sacrifício a mais de noventa e seis por cento dos "sobreviventes".

E não podia ser de outra maneira, porque o anjinho dos pobres e dos oprimidos, dos pensionistas e dos reformados continua atento e vigilante a tudo o que nos possa acontecer, desde que seja pela nossa saúde.

Só não entendo uma coisa: como é que um malandro da oposição teve acesso a informações que eram do conhecimento exclusivo dos membros do governo…?

Somos pobres, mas parvos…?

12.10.13

Os falhanços

Ainda se ouve algum ruído provocado pela entrevista coletiva do primeiro, mas já está mesmo a desaparecer de todo, tal como a sua relevância que foi um pouco mais que nula, um embuste e uma falsificação do que deveria ser um encontro entre uma tal alta personalidade da política portuguesa e um grupo de vinte cidadãos, escolhidos para lhe colocarem vinte questões ou perguntas, se se preferir.

Aquilo não passou de um monólogo algumas vezes interrompido por vozes estranhas desprezadas pela personalidade presente e ninguém se lembraria do acontecimento e não tivesse sido o primeiro de não sei quantos e se não tivesse sido tão mau e tão aborrecido, de tal modo que me fez lembrar um outro programa da televisão pública que dava pela designação de "conversas em família", com a diferenças que aquelas eram de um homem inteligente, com classe e com categoria.

O assunto já lá vai e ninguém se vai lamentar de ter perdido aquela coisa, salvo duas ou três afirmações que se podem aplicar a outras situações da vida portuguesa.

Vem isto a propósito da porcaria que se viu num campo de futebol ali ao lado da segunda circular tendo como protagonista o guarda-redes da seleção de Portugal.

Cabia dizer que se o "homem falha, falha Portugal inteiro", tão somente porque ele é o melhor do mundo e de vez em quando nem sequer vale um peido seco, como ontem aconteceu, fazendo figura de corpo presente e demonstrando claramente que estava a fazer um monumental frete e foi necessário ter um comportamento antidesportivo impróprio de um jogador e mais ainda tratando-se do capitão da equipa, forçando o amarelo para evitar a sua presença no próximo jogo e fazer as pazes com os portugueses que o admiram e que gostam de bola. E falhou.

Os dois falharam quando foram chamados a mostrarem o que valem e a demonstrar o apreço pelo seu País, mas um bota faladura da forte e da grossa contra os pequenos e os incapazes e o outro reserva-se para quem lhe paga a sua vida.

Nesta coisa de pessoas importantes que vão falhando os seus destinos, temos em abundância e eles estão entre nós duros e fortes, com um discurso limpo e escorreito, cheio de palavras doces e promessas vãs acompanhadas das mais elementares mentiras ou de meias verdades e até de meias mentiras, para que alguns distraídos ainda sintam esperança nas capacidades desta gente que nada mais faz que chular os pobres e os remediados e proteger os ricos e os poderosos.

Mas já andam a preparar o caldinho para o próximo ano com um cântico de encantamento, fazendo pensar que se estão a preparar para se atirarem aos tais políticos que recebem uns cobres como prémio e benefício do seu serviço público, prestado ao País, com prejuízo da sua vida pessoal, familiar e profissional deixando de ganhar balúrdios para receberem um miserável ordenado devido a um secretário de estado, a um ministro, a um presidente…

Não nos vão convencer, porque já estamos avisados.

10.10.13

A entrevista

Foi monumental e do outro mundo: o novo programa da televisão pública com um novo formato de entrevistas a figuras públicas e pessoas importantes, iniciadas com o primeiro.

Foi uma delícia ouvir vinte cidadãos a formular vinte perguntas sobre os mais diversos temas e assuntos e um discurso igual a tantos outros que já tivemos oportunidade de ouvir.

De facto, tivemos a oportunidade de ouvir umas perguntas que nem sequer tiveram grande impacto e que poderiam ter tido muito mais cuidado na sua escolha e na sua formulação, mas foi o que se teve e foi a isto que o primeiro respondeu.

Respondeu?

Ouviu as perguntas, mas foram respostas aquelas palavras debitadas como se fosse um papagaio já muito habituado a dizer pela milésima vez aquele chorrilho de afirmações, sem fundamento e muitas vezes sem nexo, parecendo mesmo que tinha pela frente o teleponto que não o deixava desviar do pretendido?

É assim que vamos tendo a oportunidade de continuar a ouvir sempre a mesma coisa cinzenta vomitada a cem à hora para português se convencer que estamos na presença do enviado do senhor dos passos para salvar não a humanidade, mas a portugalidade e com isto, os portugueses e por fim Portugal.

Estamos naquela fase em que alguns se sentem predestinados para salvar uma cambada de idiotas e de mentecaptos que nunca tiveram a dignidade de se assumirem como ignorantes e carenciados de quem os guiasse e levasse a bom termo e à salvação.

Apesar de termos podido constatar que as respostas quase nunca disseram respeito às perguntas, tivemos a oportunidade de ouvir mais uma vez que a austeridade é necessária para os funcionários públicos, para os reformados e aposentados, uma vez que o setor privado já sofreu o bastante e já fez a sua reclassificação e o seu ajustamento, mandando para o desemprego milhares e milhares de trabalhadores e encerrando uns milhares de empresas, fora aquelas que se seguirão nos meses mais próximos.

Continuam a ser os funcionários públicos, os aposentados e os reformados a pagar as políticas destes iluminados por nós ali colocados para sanear a nação e colocar os cidadãos nos seus respetivos e devidos lugares, sem qualquer possibilidade e capacidade de retorquir e bater o pé aos salvadores do povo.

Volto a afirmar o já aqui disse algumas vezes: o objetivo básico e principal desta escumalha é empobrecer o Povo em cerca de quarenta por cento relativamente ao que existia em dois mil e oito.

No fim disto, teremos os pobres mais pobres e os ricos mais ricos e ficando o País na total dependência durante algumas gerações por obra e graça do poder do capital e dos seus digníssimos representantes e arautos.

De que nos queixamos, se os deixamos lá continuar…?


 


 

8.10.13

O discurso político

De há uns tempos a esta parte uma das palavras que mais tenho ouvido nos meios de informação audiovisuais é a palavra "mentira".

Dito desta maneira poderá dar a entender que a grande maioria daqueles que falam nos meios de informação audiovisuais passam o tempo em conversas baseadas na mentira ou, se preferirem, nas conversas sobre a falta de verdade no discurso político dos nossos tempos.

Mente este, mente aquele, mente o outro, parecendo que a mentira é a base e a sustentação de tudo o que se passa à nossa volta.

Ainda não tenho a ideia que todos aqueles que ouço e vejo sempre que presto alguma atenção aos noticiários e aos programas de informação e de discussão sobre a atual situação política do burgo utilizam sistematicamente o discurso da mentira.

O que mais me preocupa e o que mais me chateia no meio desta bagunça toda não é a mentira de muitas afirmações, pois não tenho maneira de as provar, dadas as diferentes e diversas e até opostas interpretações passíveis de uma determinada palavra.

O que mais me preocupa e me chateia no meio desta bagunça toda são as meias verdades e as meias mentiras que se topam a léguas de distância sem necessidade alguma de ter ao lado o dicionário da academia das ciências.

Basta estar com a mínima atenção ao discurso de alguns políticos e ter o mínimo de informação sobre uma determinada matéria para saber que um qualquer membro do governo está a fazer do pessoal uma cambada de imbecis e de idiotas dadas as evidências das aldrabices que nos está a tentar enfiar sem a decência que merecem as coisas sérias.

Podemos falar da justiça das quarenta horas de trabalho que se praticavam antigamente e ainda se praticam lá fora; falamos da convergência das pensões do regime geral e da cga; falamos dos salários da função pública; falamos do ensino público; falamos da saúde privada; falamos dos impostos de uns e de outros; falamos da taxa de solidariedade; falamos da reforma do estado; falamos de…

Será que algum secretário de estado, ministro e até primeiro-ministro sabe realmente quantos funcionários públicos existem?

Será que algum governante, que fala todos os dias da reforma estrutural do estado sabe verdadeiramente os serviços duplicados, serviços que não fazem falta, serviços que faltam, serviços que…?

Será que algum governante sabe com alguma certeza onde faltam funcionários, onde há funcionários a mais…?

Será que algum governante com responsabilidades na reforma estrutural do estado sabe com alguma certeza quais são as profissões necessárias e indispensáveis para manter o serviço público num nível médio de eficácia e de qualidade…?

Não temos a obrigação de acreditar em gente habituada a mandar palpites, a dizer meias verdades, a proferir meias mentiras, a enganar toda a gente, a ludibriar uma boa parte, a roubar toda a esperança e a encaminhar muitos cidadãos para o desespero e para a infelicidade de uma vida desgraçada e miserável.

Mas, um dia o pessoal vai zangar-se…

7.10.13

A vergonha verde

A vergonha já não é o que era.

Antigamente, isto é, aqui há uns anitos, tinha-se e sentia-se vergonha por olhar para os tornozelos de uma rapariga e muito mais vergonha se tinha se se tive a mínima ideia de aldrabar o professor numa aula ou até de copiar qualquer coisa, que fosse à descarada.

Na verdade, era preciso ter vergonha para se ter vergonha.

Os tempos mudaram e a vergonha já não é o que era.

Agora está na moda o não ter vergonha seja onde for, mesmo que seja na cara.

Agora está na moda mostrar a toda a gente que não ter vergonha é o correto, o certo, o bom, o verdadeiro e tentar mostrar a qualquer um que se tem vergonha não merece da parte de ninguém qualquer estima e consideração.

O vulgar dos cidadãos ainda sente um ruborzinho na cara se se atreve a pensar fazer alguma coisa que possa indiciar a existência de alguma vergonha.

Este vulgar cidadão nunca terá a hipótese de ser eleito deputado e vir a ser secretário de estado ou até ministro e nunca jamais em tempo algum poderá pensar vir a ser primeiro-ministro ou até vice-primeiro ministro.

Isto não está ao alcance de quem sinta algum rebate na consciência quando é levado a pensar que alguém empossado responsável político de qualquer estrutura mesmo governamental não tem vergonha na cara quando diz e faz alguma sacanice ao povo.

O verdadeiro servidor político não tem tempo para sentir vergonha do que diz ou do que faz, pela simples razão que não tem consciência de estar a desgraçar seja quem for.

Pelo contrário, sente uma profunda alegria por ter a oportunidade de ser dispensado de ter vergonha e possa dizer e fazer aquilo que entende ser seu dever patriótico para lixar a populaça.

É preciso estar dispensado de ter vergonha para poder a qualquer momento e em qualquer altura desdizer o que disse e afirmar docemente que a Pátria e a Nação exige não ter vergonha nem qualquer remorso por roubar, assaltar, espoliar, gamar uma cambada de imbecis que não entendem que o político dispensa a ética e a moral para bem do serviço público.

O bom servidor político será sempre aquele que não pode ter preocupações de procurar fazer o mais difícil e procurar as soluções mais justas e que menos prejudiquem os mais fracos, os mais débeis ou, na sua linguagem, os mais malandros e mais idiotas e imbecis.

O bom servidor político será sempre aquele que não tem remorsos por fazer o mais fácil, mesmo que o mais fácil seja abocanhar o que está prestes a servir de alimento a um desgraçado qualquer.

O bom servidor político será sempre aquele que nunca se poderá comparar a um ladrão ou assaltante de bancos, os quais têm o seu trabalho e assumem os respetivos riscos, enquanto aqueles roubam e assaltam as bolsas dos pobres e dos remediados sentadinhos no gabinete sem receio de sentir o mínimo de vergonha, porque essa, sempre se disse, era verde e o burro comeu-a…


 

3.10.13

O rosário eleitoral

Os resultados do ato eleitoral do último domingo continuam em análise de que resulta que são possíveis de leituras a nível nacional, contra a ideia transmitida por muito boa gente, normalmente oriunda do partido perdedor, que não vê qualquer interesse em transformar umas questiúnculas locais em verdadeiros problemas nacionais.

Também me parece que os resultados eleitorais na minha freguesia de nascimento pouca ou nenhuma influência podem ter a nível nacional e muito menos serem preocupações de uma freguesia lá do norte transmontano.

Contudo, os resultados de uma câmara municipal capital de distrito ou de um grande concelho em número de eleitores já deverão merecer a melhor atenção tanto dos outros eleitores como principalmente dos partidos e organizações e instituições envolvidos no processo eleitoral.

Podemos ouvir e ver declarações a toda a hora e em todos os órgãos de informação no sentido de limitar os estragos ou estender a vitória a todo o território nacional, dando a devida dimensão a cada uma das capelas, mas a realidade está longe do verdadeiro sentimento de derrota ou de vitória dos atores políticos.

Podem dizer tudo o que quiserem, porque nós acreditamos piamente que eles sabem muito bem que nós temos consciência da realidade.

Quem perdeu sabe que perdeu, mesmo que nos diga que a derrota teve as suas nuances e não é assim tão grande que valha a pena uma preocupação desmesurada para além do razoável, tanto mais que a volatilidade do sentido de voto dos eleitores não justifica demasiado sofrimento.

De qualquer modo, há um sintoma do estado das coisas que não permite leituras muito diferenciadas: aquele ardor nas orelhas, a denominada "orelha quente" é tão verdadeira que justifica plenamente o recurso ao espelho e tentar vislumbrar o tal rubor. Se apenas se sente e não se vê, pode ser só impressão ou mania de perseguição; se se vê e se sente, então a coisa é a sério e exige uma observação fina de tudo o que nos rodeia para estarmos seguros que não há ninguém com um punhal devidamente escondido, mas preparado para ser usado.

Vamos continuar nestas leituras, nestes discursos, nestas opiniões porque interessa manter a chama independentemente da cor de cada um, porque haverá sempre uma razão para o grito de alegria e de revolta.

Bem vistas as coisas, nem a crise, nem a troika, nem os impostos, nem os jogos, nem as injustiças, nem o assalto aos salários e às pensões conseguem eliminar a convicção do pessoal de que os resultados eleitorais representaram uma grande derrota para o principal partido do governo, mesmo que nos queiram fazer crer que apenas estava em causa a eleição dos representantes do poder local, estando o central ao abrigo de maledicências, próprias dos invejosos da oposição.

2.10.13

O Constitucional

Andava eu convencido que a crise tinha muitas causas e que algumas estavam relacionadas com os gastos do pessoal que eram muito superiores aos respetivos ganhos.

Seria suposto que alterados estes procedimentos e iniciar um processo de gastar menos do que os ganhos, a situação líquida da maioria dos portugueses iria contribuir decisivamente para baixar a dívida pública, compor o défice, obedecer aos ditames da troika e assim dar como terminado o programa de ajustamento e a ida consequente aos mercados, mas com a intenção clara e deliberada de pagar atempadamente a todos os que entregassem a guita por um determinado período.

A coisa não era bem assim, porque não se reveste de tanta simplicidade, tanto mais que há por aí muito boa gente que está habituada a gastar à grande e à francesa e outra que nada gasta porque nada tem para gastar.

Por outro lado tenha-se na devida conta que aqueles que mais gastam continuarão a gastar mais e aqueles que menos gastam também estarão na mesma posição, dado que o provérbio é verdadeiro para todos: quem não tem dinheiro não tem vícios…

A não ser que o vício seja precisamente o ter dinheiro e o desejar ter cada vez mais dinheiro, não sendo justo nem eticamente correto pedir a estes senhores que abdiquem de um milésimo, para que quem nada tem aumente um milésimo o seu rendimento, sendo que o tal milésimo daria de comer a uns quantos portugueses.

Se tiverem dúvidas pensem na reforma de uns quantos que todos conhecemos, a fazer fé no que se diz nos jornais.

Bem vistas as coisas, devemos continuar convencidos que a existência de pobres é uma lei da vida, tal como o é e não deixa de o ser a realidade dos ricalhaços.

Que seria da nossa vida sem a existência de uns quantos ricos, mas mesmo muito ricos, com salários e pensões milionárias?

Seria uma tristeza muito triste se não tivéssemos motivos para falar mal daqueles que dispõem da capacidade de olhar o mundo e dizer e pensar com toda a seriedade: olhem-me só para toda esta cambada que luta por um miserável posto de trabalho pago a cinco euros à hora sem garantias do mesmo existir no dia seguinte!!!

Alguém já falou que se torna necessário baixar drasticamente os salários e as pensões aos milionários?

Talvez alguém já se tenha lembrado de tal ideia, mas rapidamente chega à conclusão que não é possível, dado que os seus efeitos são praticamente nulos, pois milionários há poucos e pobres e remediados é o que mais existe por aí.

Então, nada mais resta que ir ao bolso dos pobres e remediados.

Mas… e o Tribunal Constitucional???

1.10.13

A poeira

A poeira começa a assentar facilitada até pela envolvente meteorológica que dificulta a reunião dos pequenos grupos à esquina ou à porta do café para os indispensáveis e normais comentários à política nacional.

Em contrapartida, teremos, muito em breve, as facas de ponta e mola disponíveis para cumprirem o seu destino: dar o golpe de misericórdia nos que forem considerados os mais responsáveis pelos desaires sofridos, mesmo que não sejam os verdadeiros culpados.

Quem anda na política por gosto ou por necessidade tem de estar preparado para ser imolado por dá cá aquela palha e saber que o poder vai e vem ao sabor das contingências e das circunstâncias, independentemente da vontade dos mercados que tudo regulam sem olhar a quem.

O ruído de fundo do que está para acontecer já vai surgindo por aí a anunciar alguma tempestade que se aproxima perigosamente de uns quantos que tiveram a ousadia de se considerarem imunes à inconstância dos eleitores, ficando demonstrado que o poder não é para sempre e um dia as coisas mudam pura e simplesmente mesmo que não haja razão e fundamento para tal acontecer.

As coisas são assim, porque as forças sociais implicam a mudança, independentemente da sua velocidade.

Vão aparecer alguns, poucos, novos rostos, mas os suficientes para ficarem justificadas as eleições e os seus custos e outros vão viver por conta do orçamento após uma meia dúzia de anos de serviço público, o que não deixa de ser uma alegria.

O que de mais interessante vai acontecer nos próximos tempos irá estar relacionado com a pressão das autarquias junto do poder central para que as bolsas se abram e corram os euros na direção de todas as promessas eleitorais, para que a lei se cumpra.

Quem pensar que o salário mínimo vai aumentar, que o corte das pensões é para esquecer, que as quarenta horas foi um sonho mau, que os salários dos trabalhadores vão acompanhar a inflação, que as mordomias dos políticos e de mais uns quantos vão ser revistas em baixa, que os mais ricos vão pagar mais impostos, que a riqueza vão ser distribuída com mais equidade, que os ganhos de produtividade não se vão destinar exclusivamente ao capital, que os pobres vão merecer a devida atenção, que os paraísos fiscais vão ser postos em causa, que o capital vai regressar às suas origens, que todos vão pagar impostos, que a economia paralela vai ser posta na ordem, que as fugitivos ao fisco vão ser apanhados e colocados na prisão, que…

Mas, em que raio de País pensa que vive…?

30.9.13

São locais

São locais?

São regionais?

São nacionais?

São internacionais?

São planetárias?

São universais?

Sejam lá o que forem, mas não passam de meros episódios para que uns quantos políticos e jornalistas passem uns dias brilhando no firmamento da democracia para o bem comum.

Houve eleições e apesar de tudo que se viu e ouviu durante a campanha eleitoral e principalmente na noite da contagem de votos tudo ficará na mesma, salvo numa minoria de câmaras municipais e de juntas de freguesia que vão ter uma cara nova que não viam todos os dias.

E pouco mais, porque aqueles que mais prometeram já eram conhecidos de meio mundo, pelo nem se quer de novidade se tratava.

Portugal já não será o mesmo a partir do dia de hoje: tudo mudou com uma eleição dos presidentes de câmara e respetivos vereadores e mais os membros da assembleia de freguesia donde sairá a presidente da junta e respetivos membros.

Depois tudo vai continuar na santa paz dos regulamentos, dos programas, dos orçamentos para que a democracia continue viva e a recomendar-se mesmo que não sirva para ou sirva apenas para entreter os eleitores.

A única pessoa que levou a sério os resultados eleitorais foi precisamente aquela que mais atenção lhe deveria prestar…: continuar, continuar, continuar, até que sejam capazes de me mandar para as urtigas…

O que é importante, no meio desta nojeira toda, é aguentar os cavalos na hora do susto, porque de imediato tudo estará calmo e a rotina voltará a ditar as suas leis.

Não vale pena entrar em pânico…, tanto mais que ainda temos a fazer umas quantas coisas para sacar mais uns euros aos bolsos dos pobres e dos remediados, uma vez que todos os trutas que nos sustentam estão devidamente resguardados e ao abrigo da intempérie.

Até se admite haver por aí alguns pacóvios a pensar que os lugares agora conquistados servirão para remediar algumas injustiças praticadas no dia-a-dia pela corja de indivíduos à frente dos destinos da pátria…

Deixá-los que assim pensem, porque os bons pensamentos não causam dores de cabeça que não se resolvam com uma boa noite de sono reconfortante e tranquilo, próprio de quem trabalha incansavelmente para servir…

De qualquer maneira, não deixo de registar que fiquei admiravelmente surpreendido com o discurso do novo político da invicta, salientando que a adaga já foi lançada precisamente contra o seu grande patrono e padrinho…, esperando bem que hoje pela manhã, ao ouvir o que disse no calor da noite da contagem, já tivesse postas as mãos na cabeça e tivesse exclamado: não era bem isto… mas eu sou diferente… ainda não tomei posse e já estou a fazer asneiras...

A fome é mesmo ingrata…!


 


 

3.8.13

A irrevogabilidade

- Que brincadeira vem a ser esta com uma carta de pedido de demissão irrevogável numa altura em que toda a gente nos quer ver pelas costas, depois de uma outra carta com a demissão do gasparzito?

- Desculpa lá o mau jeito, mas depois da primeira tinha que vir a segunda e para não vir a terceira esta segunda só pode ser irrevogável.

- Olha, tenho uma informação para ti sobre este assunto e antes que a saibas pelos jornais já te vou adiantando que o mandachuva não aceita pedidos de demissão irrevogáveis, pelo que a tua carta continua aqui na minha mesa à espera de uma melhor oportunidade para a mandar para o cesto dos papéis, o que me faz pouca diferença pelo facto de já ser do conhecimento público…

- Pois é, mas trata-se de um pedido e de uma demissão irrevogável, pelo que o problema está nas tuas mãos, mesmo que haja uma crise do caraças por causa desta minha demissão…

- Mas há outra, já que falas desta…?

- Haverá outra se esta deixar de ser irrevogável.

- Dorme lá sobre o assunto e mete na tua cabeça que o mandachuva diz que a palavra irrevogável só se aplica a factos, coisas, situações, pensamentos, atos e omissões dele e não admite que haja nesta terra uma outra pessoa que possa utilizar de qualquer maneira a palavra "irrevogável".

- Eh pá, parece que o homem ficou mesmo bravo!

- Ficou mais que bravo e disse-me que ia dizer ao PAÌS que queria um acordo de salvação nacional com os xuxas, pelo que podes ficar em maus lençóis…

- Então, que pensas fazer com isto tudo?

- Nada. Fazemos umas reuniões com aqueles parvalhões para o mandachuva ver, mas com a intenção de os mandar às urtigas como sempre fizemos e depois cozinhamos uma solução, esta sim, irrevogável, para que possas continuar a dar as tuas passeatas a fazer diplomacia económica por esse mundo fora.

- Não pode ser, a minha demissão é irrevogável, mas não inegociável…

- Mau maria. O que é que pretendes com esta?

- Pouca coisa, mas toma lá nota: ser nomeado vice-primeiro ministro, para ser o número dois do governo; ser o negociador de todos os assuntos com a troika; ser o responsável pela reforma do estado e não exijo a gerência dos fundos europeus, porque já tenho um novo ministro para a economia que se encarregará de tudo isso…

- Não queres mais nada?

- Não. Mas repara que vais deixar de mandar coisa alguma no governo em troca de todo o tempo que quiseres para te dedicares a continuar a campanha eleitoral com vista as próximas eleições autárquicas, depois as europeias e depois as legislativas, porque se não te dedicares a isso, levas um chimbalau que só vais parar no Samouco…


 

2.8.13

A mentira substantiva

Excetuando os políticos, principalmente os governantes, muita gente terá aprendido alguma coisa com os acontecimentos dos últimos trinta dias.

Por mim, achei interessante que um comentador televisivo com larga audiência e muita durabilidade no exercício das suas funções tenha atirado aos quatro ventos aquela de "mentira substantiva".

Já conhecia outras expressões sobre a matéria, nomeadamente "mentira virtuosa", "mentira piedosa", "mentira amorosa", "mentirinha", mas estava longe de pensar que também existia a "mentira substantiva".

Tenho notado que o professor anda a fazer um esforço bastante relevante para chegar a conclusões que pouca gente tira a propósito dos atos da governação, tentando encontrar justificações que a maioria do pessoal não entende e não vislumbra no horizonte do bom senso.

Agora estaremos todos à vontade para justificar um ato não verdadeiro com uma não "mentira substantiva", pacificando as consciências de quem tem dificuldade em dizer e aplicar as palavras certas com o significado certo nas ocasiões certas e para os factos reais com realidade objetiva, substantiva e verdadeira, para que não haja hipótese de lavar a porcaria que se fez.

Já sabia que esta coisa da verdade e da mentira tem muito que se lhe diga, pois estamos sempre dependentes do significado e do significante e tudo aquilo que se pode atribuir à linguagem e aos seus estilos e subterfúgios.

Estamos longe de acreditar que a linguagem e o significado das palavras podem justificar tudo e mais alguma coisa, fazendo crer que uma mentira se pode tornar uma verdade pelo simples facto de estarmos perante uma posição de inserir no processo de comunicação o ruído bastante para aceitar como verdade uma meia verdade ou uma mentira.

Se a nossas vidas se resumissem ao "preto" e ao "branco" não valia a pena o esforço de muita gente devotada à cultura e ao conhecimento.

Se nos faltassem os intermédios ficaríamos reduzidos à triste pobreza da impossibilidade de dialogar com quem quer que fosse porque tudo seria incolor e transparente não havendo lugar à criatividade, como essência do pensamento.

Uns dizem que não mentiram?

Outros dizem que não falaram verdade?

Todos estão certos e com razões para estarem convencidos que não mentiram e que não falaram verdade, mas nós temos o direito de pensar que alguém meteu a pata na poça e que saiu com o sapato todo cagado, esperando que não deixasse marcas no pavimento, que está, ainda por cima, bem molhado…

Será justo e adequado aplicar o princípio da dúvida metódica…?

31.7.13

O novo ciclo

Tenho deixado passar em branco montanhas de oportunidades para realçar o que houve de melhor na nossa tristinha vida de lusos maltratados pela grande maioria dos nossos políticos.

Mas a vida tem destas coisas: quando se tem pela frente muita coisa para fazer e para ver e para sentir somos tentados a esquecer que devemos à nossa consciência a obrigação de referir o que houve ou há de importante e que merece a nossa atenção no dia-a-dia da vida social e política da nossa terra.

Esquecer isto, mesmo que voluntariamente, é esquecer o dever de estarmos atentos ao que se passa à nossa volta e que é digno e merecedor de umas linhas, mesmo que sejam desta natureza.

O dever de cidadania não se fica só pela necessidade de exigirmos o cumprimento dos nossos direitos de cidadãos, mas também e principalmente a obrigação de prestarmos a devida atenção aos acontecimentos que podem influenciar a vida de cada um bem como a nossa vida coletiva de país e de nação que ainda continuamos a ser.

O dever de cidadania também passa pela referência a tudo o que represente um desvio do que deveria ser o caminho percorrido e a percorrer por todos nós, principalmente por aqueles que que se arvoram a condição e estatuto de representantes e governantes do POVO.

Sinto-me no dever e na obrigação de confessar aqui que a ausência de quaisquer comentários à grande parte dos acontecimentos relevantes que ocorreram nesta terra no decorrer dos últimos trinta dias se fica pela profunda tristeza sentida perante o espetáculo que nos foi dado observar e que teve como protagonistas os nossos governantes mais importantes.

Foi um erro tentar esquecer-me de tudo o que aconteceu?

Terá sido, mas ao mesmo tempo foi uma oportunidade de aliviar a cabeça e deixar que o tempo resolvesse e limpasse toda a porcaria que aconteceu.

Dizem agora que entrámos num novo ciclo, esperando eu que esse novo ciclo tenha alguma duração e que dele não conste toda a javardice que ocorreu no anterior e principalmente que não haja tanta pouca vergonha como se viu nos últimos tempos.

Nós, os cidadãos que vivemos na dependência dos salários ou das pensões, temos o direito de esperar desta gente um pouco mais de dignidade, de ética, de honradez e de consciência ao serviço dos superiores interesses do POVO.

Dado que somos nós, os que temos salários e pensões, os pagadores da crise temos o direito de exigir um pouco mais de respeito de todos os que dispõem das nossas vidas como se de vidas de escravos e de servos gleba se tratasse, porque somos vilipendiados e ofendidos todos os dias que passam pela safadeza desta gente colocada no poleiro do poder.

Mas um dia isto vai mudar…