23.1.06

RescaldoI

Pronto!!! Está tudo acabado: o Professor foi eleito Presidente da República logo à primeira volta, como eu, aliás e sem necessidade de sondagens, o afirmei e escrevi nestas páginas, o mesmo acontecendo relativamente ao segundo, ao terceiro, ao quarto e ao quinto. Coloquei todos os candidatos nos respectivos lugares e não falhei nem precisei de fazer entrevistas à boca das urnas…
Foi uma noite de verborreia televisiva em todos os canais: foi um ver se te havias de políticos, de comentadores, de jornalistas, de mandatários e outros que tais a ocuparem o serão eleitoral! Foi pena que os resultados finais oficiais fossem conhecidos tão depressa.
Todos os canais televisivos acertaram em cheio com as suas sondagens!!! Com intervalos de quatro pontos e tendo em conta a quantidade enorme de sondagens que foram saindo todos os dias e as feitas durante o acto eleitoral, canal de televisão que não acertasse merecia que lhe fossem retirados todos os direitos de emissão de opinião em todos os actos eleitorais, por mau comportamento e indecente figura!!!
Mas o serão televisivo não podia acabar sem que a dita “comunicação social” não fizesse uma das suas: a interrupção da declaração do Segundo por uma do Primeiro!!! Foi o bom e o bonito, uma beleza de se ver!!!
A responsabilidade total foi do Primeiro, que não soube perder com dignidade e humildade democrática; os canais de televisão lavaram as suas mãos!!!
Então querem lá saber que os canais de televisão reagiram com o reflexo condicionado: está a falar o Segundo, que já foi, e está a falar o Primeiro que continua a ser e nós o que fazemos? Ficamos com o Segundo ou vamos com o Primeiro? Não temos dúvidas e quando muito, a desculpa pode ser sempre a do reflexo condicionado…
Nunca tinha ouvido esta de os canais de televisão reagirem com o reflexo condicionado. Eu pensava que esta coisa era própria da bicharada e não dos canais de televisão, a não ser que…
Vou voltar a esta matéria, porque ainda tenho umas coisas para escrever…

19.1.06

PresidenciaisIV

Por muito que não goste e não queira, o Professor vai ser eleito Presidente da República no próximo dia vinte e dois de Janeiro de dois mil e seis: assim sem tirar nem pôr!!!
Por muito que não goste e não queira o Poeta vai ficar em segundo lugar e, em consequência, o Patriarca em terceiro lugar, para gáudio do JPP.
Seguir-se-á o Operário, depois o Intelectual e, por último, o Radical, aquele que mais simpatia irradia.
Que se há-de fazer?!!!
Não há memória de ter sido eleito um Presidente da República da área da “direita” e logo à primeira volta e, ainda por cima, quando a “esquerda” de um só partido está no Governo com a primeira maioria absoluta!!!
Não sei se o pessoal, de repente, deixou de votar à “esquerda”, se a “esquerda” deixou de votar no pessoal, se este se passou todo para o outro lado…
Também não sei se é pelo mérito do candidato ganhador, o que eu duvido, se por demérito dos candidatos perdedores, o que será mais certo, mas sei que este acontecimento histórico terá que dar origem, justificação e razão para uma análise adequada, séria e não sectária, racional e não emotiva sobre os fundamentos profundos subjacentes a este vendaval.
A “esquerda”, seja ela radical, seja ela intelectual, seja ela igual, seja ela poética, seja ela social tem que tirar as devidas conclusões sobre o que pretende para este desgraçado País que, certamente, não merece ver e sofrer com toda esta fantochada.
Dou por mim a constatar que a realidade política da ocidental praia lusitana sempre teve destas coisas: a “direita” é capaz de união, mas a “esquerda” só manifesta tendência clara para o suicídio.
Daqui não viria grande mal ao mundo se toda essa gente que participou neste grande movimento fratricida, que entregou de mão beijada a Presidência da República a um fugitivo, deixasse a cena política e desse lugar a outros descomprometidos ou menos comprometidos de modo a que novos ares varressem as nossas mentes.
Mas não!!! Por mal dos nossos pecados vamos continuar com eles, sempre prontos a salvar Portugal!!!  

17.1.06

Crónicas da bola

Enquanto fazia tempo para o almoço, passei os olhos por um jornal desportivo e tive a oportunidade de ler uma crónica do Miguel Sousa Tavares sobre o jogo do FCP com o EA e do SLB com a AC.
Não tenho a certeza se entendi da melhor maneira esta crónica, mas aqui vão algumas conclusões a que cheguei: o Porto perdeu o jogo com um autogolo e com outro marcado pela lama; que o Estrela não merecia ganhar o jogo, mas teve muita sorte; que o Porto não merecia perder o jogo, mas teve muito pouca sorte, isto é, não teve sorte alguma; o campo do Estrela não é campo de futebol; que as críticas/crónicas dos foram desajustadas à realidade do jogo; que o resultado do jogo do SLB foi mais ou menos cozinhado, segundo as opiniões da outra parte…
De tudo dou de barato, menos de duas ou três coisas.
Sempre vi no Miguel Sousa Tavares um jornalista/comentador independente a disparar setas para todos os lados sem medos e sem receios. Enquanto jornalista/comentador, a dignidade, o profissionalismo e a independência eram alicerces das suas opiniões…Neste papel parecia que imperava o racionalismo em detrimento do humanismo…
Mas quando desempenha o papel de cronista da bola tem rigorosamente os mesmos comportamentos dos fanáticos de todos os clubes, independentemente da sua importância: é faccioso e não é independente, é emotivo e não racional, é homem e não máquina… pelo que tem o direito de escrever e afirmar o que muito bem entender. Não sou eu que lhe vou dizer que a independência não passa por aí, porque sei que a emoção não é racional, que o coração não é razão.
Mas não posso calar a farpa dirigida às crónicas/críticas dos jornais sobre o referido jogo!!!
Oh MST, as crónicas e as críticas dos jornais por si consideradas como tendenciosas e não reflectindo a realidade do jogo têm um rosto e têm uma assinatura!!! Você, refugia-se nas afirmações generalistas, que não comprometem e não tem a dignidade de apontar nomes e atribuir responsabilidades?
Pois, é que os seus autores são jornalistas/comentadores como você: têm os mesmos direitos de serem tendenciosos nas suas observações e nas suas opiniões como você… nem mais nem menos.
Por último, aos cronistas profissionais da bola eu desculpo; a você…nunca!!!

14.1.06

Facturação

Há cerca de um mês falava-se de quarenta mil telefones sob escuta, corrigidos depois para sete mil pelo próprio PGR.
Pouco mais se falou e a coisa pareceu esquecida. Contudo, alguém continuou a investigar e o pobre jornalismo português tem, às vezes, destas coisas: aí vai a bomba para explodir nas mãos de muita gente…
Tem-se conhecimento (real e não fictício) de uma listagem de facturação de telefones pagos pelo Governo e pertencentes a altas figuras da vida pública portuguesa!!!
É a PT que está em causa? É PGR que está em causa? É o Ministério Público que está em causa?
Seja quem for: nós queremos rostos para assunção de responsabilidades, para que desta vez, ao menos desta vez, o homem do sorriso assuma a dignidade do seu cargo e arque com as responsabilidades devidas.
Nós queremos saber quem nos anda a tramar com as escutas telefónicas; nós queremos saber quais são as finalidades e os objectivos de toda esta brincadeira; nós queremos saber quem está em causa e o que está em causa sem maquinações ou aldrabices de meia tigela e não reduzir tudo isto a jogos de bastidores ao alcance de apenas uns quantos iluminados.
Nós queremos saber tudo, não que seja para a vingança com julgamentos na praça pública, embora alguns pudessem ser muitos mais justos de outros feitos nos lugares certos.
Os homens engana-se e as mulheres também. Não terá sido um engano a pena de quatro anos de prisão pelo crime de roubar um telemóvel? Eu sei e eu concordo que a justiça deve ser cega no sentido de ter em conta a neutralidade e a independência do julgador, mas não haverá um nível de adequação da pena ao crime cometido?
Começo a pensar que os juízes não merecem os salários que ganham, que não merecem as férias que gozam, mas sim o triplo ou o quádruplo (e não quadruplo como um jornalista leu na tv), desde que todos os crimes sejam punidos como este de roubar um telemóvel…

11.1.06

Bombos da Festa

Os “bombos da festa” do défice foram mais uma vez objecto de análise profunda, como profundas são as análises dos prós e dos contras.
Desta vez, o Ministro das Finanças mandou umas tiradas de se lhe tirar o chapéu: que … se … não havia dinheiro para pagar as pensões… etc… e tal… como justificação de não sei bem o quê. Não sei se o Ministro deveria ou poderia ter dito isto, mas o que sei é que o homem está a copiar as tiradas do seu colega da saúde. Nem sequer tenho a certeza de valer a pena esta dramatização do problema do défice da segurança social. Contudo, não é desta matéria que quero alinhavar umas ideias, mas doutra…
Dizia o Ministro que, sem dúvida alguma, havia bombos da festa a mais… e que era preciso…
Mais uma vez convido qualquer Ministro, incluindo o Primeiro, a dizer a toda a gente onde há funcionários públicos a mais.
Diga de uma vez para sempre quantos funcionários há, onde estão a mais e onde estão a menos e digam de uma vez por todas quantos são para dispensar e quantos são para admitir para que as desculpas não morram solteiras.
Digam de uma vez por todas se nos funcionários públicos estão incluídos os militares da Marinha, do Exército e da Força Aérea, se estão incluídos os agentes da Polícia de Segurança Pública, os “militares” da Guarda Nacional Republicana e ainda se estão a contar com os funcionários da Câmaras Municipais.
Digam tudo isto por Direcção Geral, por Instituto Público, por Gabinetes de Ministros e Secretários de Estado e Subsecretários de Estado e mais etc.. Mas digam de uma vez para sempre. E aproveitem a oportunidade para divulgar todas as tabelas salariais existentes na Administração Pública, central e local, incluindo as tabelas das administrações das empresas públicas e de capitais maioritariamente públicos. E aproveitem ainda a oportunidade para divulgar todos os sistemas e subsistemas de saúde e de apoio social dos “funcionários públicos”. E já agora o número total de funcionários abrangidos por cada um desses sistemas e subsistemas de saúde e de apoio social, suportados pelo Estado, na totalidade ou em parte. E se não se importarem digam também os respectivos montantes.
Não é que eu esteja particularmente preocupado com o que vai acontecer daqui a vinte ou trinta anos, pois estou convicto que os dinamismos sociais encontram sempre as soluções mais ou menos adequadas para todos os problemas das Sociedades, apesar da gravidade das roturas que possam acontecer. Mas a vida sempre continuou e não é por causa das tiradas de um ministro ou umas bocas de um sindicalista que a União Europeia vai acabar.
Tirem lá os funcionários públicos do centro da festa e passem rapidamente a apanhar os foguetes, porque importa iniciar os preparativos de outra festa ou continuar as festividades por outras bandas.
E já agora, Senhor Primeiro, não se esqueça que o princípio da fuga do outro engenheiro começou quando todos começaram a ralhar, que é, como quem diz, quando todos os ministros começaram a mandar das suas…!!!

10.1.06

Pouca-vergonha1

Penso já ter dito e escrito que sou incapaz de ver e ouvir um todo e qualquer programa de notícias em qualquer canal de televisão. Já não tenho paciência para tantas repetições no mesmo canal ao longo do dia e do dia seguinte e, às vezes, até mais, sempre com o mesmo texto, as mesmas imagens e os mesmos erros e até a mesma voz. Não aguento… o que hei-de fazer?!!!
Talvez, por isto, não tenha ouvido e/ou visto o Dr. Pina Moura a afirmar que “…a ética da República é a ética da lei…”
Tiradas destas só mesmo os comentadores da bola quando nada têm para dizer… Mas o Dr. Pina Moura estaria obrigado a mais.
Poderia adiantar se a ética da pouca-vergonha também é a ética da República ou da ética da lei. Poderia dizer se a ética da pessoa, a ética da dignidade, a ética da responsabilidade, a ética da representatividade, a ética dos valores é a mesma ética de que fala quando se refere à República e à lei…
Gostaríamos de o ouvir falar disso e saber se ele acha normal que seja agora representante do capital espanhol numa empresa portuguesa, quando foi ele que agarrou nesse capital e o meteu nessa empresa. Será que as suas mãos, para não falar da sua consciência, se sentem lavadas, nem que seja com sabão macaco? Será que a sua consciência, se é que esta não está por detrás da orelha, não lhe diz de vez em quando que poderia ter resolvido o assunto de outra maneira sem ofender a moral e os bons costumes?
Não acredito, porque a honra e a palavra só têm um significado: dignidade!!!
Vá lá, Dr. Pina Moura, na próxima vez que se arrepender dos seus pecados assuma como penitência a apresentação da sua renúncia ao mandato como deputado da Nação, reconhecendo perante o Supremo que já não pode representar uns quantos milhares de portugueses que continuam com vergonha na cara.
Não se esqueça que o Andeiro, depois de quase tudo ter e possuir, não acabou lá muito bem…
O pessoal pode esquecer depressa… mas sonha e lembra-se!!!

8.1.06

Pouca-vergonha

Ninguém, na sua boa fé, pode concordar com o coro de protestos contra a possibilidade de a Iberdrola vir a integrar os órgãos sociais da EDP!!!
Então para isto já não funciona o comércio livre, já não se aplica a economia de mercado, o capital já não é capital???
Pediu-se a intervenção do Governo, envolveu-se o Presidente no assunto interno de duas empresas, chamou-se o Ministro ao Parlamento para dar explicações sobre o facto que nada tem de especial.
Acresce que existem uma boa quantidade de empresas portuguesas com capitais estrangeiros e com os seus respectivos representantes estrangeiros nos órgãos sociais… e, que se saiba, não aconteceu coisa alguma…
Que se trata agora: é por ser a EDP e por ser a Iberdrola? Por se tratar de negócios de Portugal e de Espanha???
Agora já não tem remédio o que remediado está. Tivessem visto isso antes…
Eu recuso-me a fazer juízos de valor sobre as boas intenções do Dr. Pina Moura, enquanto Ministro da Economia, quando negociou a entrada da Iberdrola no capital da EDP e a entrada da ENI no capital da GALP…
De certeza que o Dr. Pina Moura, enquanto Ministro da Economia, nunca pensou que a Iberdrola poderia, um dia, tentar meter alguém, como seu representante, nos órgãos sociais da EDP e muito menos, que a ENI viria, algum dia, a tentar tornar-se maioritária no capital da GALP.
O Ministro da Economia, Dr. Pina Moura, só procurou salvaguardar os interesses de Portugal nestas duas empresas estratégicas e longe estaria, nas suas intenções, de acalentar a ideia de que os espanhóis, algum dia, se lembrariam dele para o tornar o seu homem forte em Portugal. Pior seria se fosse um espanhol, como aconteceu agora na TVI.
Até aqui e para mim, nada de especial…alguém pode acusar o Dr. Pina Moura ou os espanhóis de alguma ilegalidade?
Daqui para a frente, a pouca vergonha está instalada; a dignidade pessoal está posta em causa; a idoneidade e a moralidade foram deitadas às urtigas: então o Dr. Pina Moura continua a ocupar um lugar de deputado no Parlamento de Portugal? Então o Primeiro-ministro admite que o Dr. Pina Moura continue a representar uns milhares de portugueses no Parlamento de Portugal e ao mesmo tempo representar uns milhões de euros espanhóis nos órgãos sociais da EDP???
Isto já não é pouca-vergonha; isto já é desaforo e indignidade que causa repugnância e enjoo…
E digam que os homens de esquerda (parece que o PS ainda se diz de esquerda) dão prioridade aos valores da liberdade, da igualdade, da fraternidade…