31.5.14

É hoje

Durante os últimos dias os homens dos meios de informação ou, se quiserem, os homens da comunicação social têm vindo a fazer crer que o Portugal dos cidadãos está altamente preocupado com o que se passa no campo socialista.
Por obra e graça de não sei de quê, a política portuguesa está pendente e até dependente do que se passa e do que se vai passar com os próximos e as próximas acções dos socialistas, parecendo que o mundo está situado no largo do rato e aguarda ansiosamente pela conclusão da reunião do dia trinta e um de maio.
Tenho as minhas dúvidas se o fenómeno político dos socialistas tem o significado que lhe é dado imprensa escrita, falada e visual, mas não deixará de ser curioso constatar nos próximos dias que terá muito mais relevo do que as decisões do tribunal constitucional sobre a lei do orçamento para dois mil e catorze e do que as medidas que irão surgir em muito pouco tempo para compensar o que foi declarado insconstitucional.
No fim de contas, muitos e muitos de nós já sabíamos que uma crise geral não pode ser resolvida nem pode estar dependente do contributo de apenas uma parte, mesma que essa parte seja relevante para os efeitos.
E também já sabíamos ou, pelo menos, estamos a ter cada vez mais consciência de que a crise foi forjada algures por uns quantos senhores do mundo que querem comer tudo e tudo querem abocanhar.
Por isso, terá que haver quem seja obrigado a suportar os devaneios de uns quantos que resolveram atirar-se a uns tantos países mais à mão, cujos defeitos se fundamentavam no desejo de uma  vida melhor, tendo presente a que se vinha levando nas últimas décadas.
Por outro lado, pode considerar-se que estes desejos não saíram do nada, pois foram sugeridos e prometidos em troca da doação e da entrega da nossa liberdade ao serviço da criação da união europeia.
Pela parte que me toca, estou plenamente convencido que não foi lícito trocar a nossa independência  pela promessa de dias melhores nem deixar tudo nas mãos de outros em troca de umas migalhas que rapidamente desapareceram ficando agora a factura para pagar.
Digam tudo o que disserem, ninguém poderá desmentir que a grande maioria dos cidadãos portugueses estão mais pobres e mais dependentes e que até o próprio País está muito mais perto da borda do precipício do que estava em dois mil e dez.
Eu não me considero culpado do que aconteceu e do que está a acontecer pelo simples facto de não ter sido julgado, o que deveria ter acontecido para todos os que andaram com as mãos na massa desde que os milhões da europa começaram a chover em Portugal.
Seria salutar pedir que os responsáveis de todas as desgraças e misérias dos portugueses fossem claramente identificados, mesmo que não tivessem que ser submetidos a julgamento.
E quando digo todos, estou a incluir todos aqueles que levaram para os paraísos fiscais quer os milhões ganhos com o trabalho e todos aqueles que levaram para outros países as sedes das grandes empresas que exercem a sua actividade em Portugal e que deixaram de dar o seu contributo para vencer a crise e servir o progresso e o desenvolvimento.
Mas o que importa agora e o que está no cerne das nossas preocupações é nada mais nada menos o que hoje vai ser decidido no largo do rato.
Pela minha parte não vou esperar porque seja o que for, vai condduzir a um congresso e à eleição de um outro secretário geral.
Quem ganha?
Quem perde?
Os resultados eleitorais para o parlamento europeu são conhecidos...

28.5.14

Tudo na mesma

Afinal de contas, continuamos todos na mesma: tiveram lugar as eleições para o parlamento europeu com os resultados conhecidos e tudo segue com as velas desfraldadas beneficiando ou aproveitamento os ventos elísios...
Parece que os resultados eleitorais dos diversos partidos e agrupamentos políticos em todos os países que integram a união europeia pouco ou nada importam para os actuais governos, como se todos tivessem saído airosamente e com vitórias históricas ou menos históricas ou apenas vitórias de pirro.
É estranho que apenas tivéssemos tido conhecimento de umas quantas declarações de políticos dos governos da união no sentido de que os resultados eleitorais deveriam ser tidos em conta para que os problemas suscitados fossem resolvidos.
Até parece que só agora se entendeu que os programas de austeridade indispensáveis para a luta contra o défice orçamental e contra a dívida pública de todos os países merece uma atenção que vai em sentido contrário ao rumo tomado até aqui.
Até parece que todos os políticos de todos os governos que impuseram aos seus cidadãos estas políticas de vara pau e de chicote estão totalmente inocentes e não sabiam que estavam a escravizar meio mundo a favor de um meia dúzia de iluminados que sempre viveram por conta da miséria e da desgraça alheia.
Até parece que a aceitação de que a austeridade não é caminho para o progresso e para o desenvolvimentos dos povos já é de si um pedido de desculpas e concessão de perdão para toda a porcaria que se tem feito por essa europa fora.
Até parece que todos os inteligentes destes países europeus nem sequer pensaram uma única que vez que os seus procedimentos não iam beneficiar os cidadãos nem iriam resolver os problemas que pretendiam debelar.
Até parece que a união europeia tem uns quantos que sabem tudo e tem uma grande maioria que nem governar-se a si mesma sabe e deseja.
Afinal de contas tudo o que se passou nestes cinco anos não redundou em proveito da grande maioria dos cidadãos e muito menos serviu as economias de cada um dos países.
Afinal de contas para que se serve esta união europeia senão para manter uns tantos lá no alto e a grande maioria a trabalhar para eles e a tentar sobreviver sob o peso do poder e da sabedoria.
Afinal de contas para que se quer a união europeia se a convergência é cada vez mais um mito e a divergência é cada vez mais uma realidade.
Afinal de contas para que se quer uma moeda única se a união bancária está cada vez mais longe e cada vez mais afastada de uma hipótese de concretização a curto ou até mesmo médio prazo.
Afinal de contas para que se quer uma união europeia se nela não encontramos dois países que tenham as mesmas leis que regulamentam a carga fiscal das empresas e dos cidadãos.
Afinal de contas como é possível uma união europeia que tenha no seu seio uns quantos paraísos fiscais totalmente fora de controlo dos governos quer da união quer dos países que a integram.
Talvez que os resultados desta eleições para o parlamento europeu possam ter como resultado prático e programático de iniciar a abordagem e discussão de alguns dos problemas básicos indispensáveis para que se possa continuar a pensar que existe na Europa uma União Europeia, digna da confiança e merecedora do respeito dos milhões de cidadãos que acreditam que os milagres acontecem.
Quem está a perder o sentimento de pertença a uma união política e económica pouco interesse tem em discutir se as vitórias são de pirro ou se representam tão só uma posição de princípio determinado por uma percentagem ou por um número absoluto.
A verdade é que todos temos consciência que os poderes instituídos nos países da união europeia levaram uma tareia, pouco importando se as vitórias foram históricas ou se apenas foram vitórias sem merecimento de um copo de vinho por mais ordinário que fosse...

26.5.14

Agora...

Não ligavam puto ao que se passava com os protestos contra estas políticas que massacravam e escravizavam milhares e milhares e milhões de cidadãos por essa Europa fora.
Estavam convencidos que esses tais protestos não passavam de protestos que duravam uns tempos e passavam rapidamente.
Mostravam-se convencidos que as pessoas acabam por aceitar sem contestação que as necessidades criadas artificialmente e os sacrifícios impostos para as superar eram apenas um mal menor quando comparados com as desgraças que estariam eminentes.
Criam-se os salvadores do universo e seus arredores porque só eles sabiam o que era melhor para todos os seus súbditos que mal sabiam destrinçar uma batata de uma cenoura, como se a sabedoria fosse a qualidade suprema dos supremos senhores que mandam na europa.
Nunca pensaram que o pessoal da pesada, quer dum lado quer doutro, não se atreveria a pensar que era possível iniciar um movimento de protesto contra os poderes instituídos até às últimas consequências.
Ignoraram as vozes que se iam fazendo ouvir  nos cantos e nas esquinas como se elas estivessem totalmente debaixo do controlo dos senhores que mandam nas nossas vidas.
Estavam longe de pensar que seria possível um voto de protesto com algum significado que não fosse esquecer as urnas e ficar em casa ou passear-se ao sol, que parece ser uma das poucas coisas que não nos podem retirar totalmente.
Mas estavam enganados!!!
E agora?
Agora, todos os governos de todos os países da união europeia tomem nota do que aconteceu e pensem nas suas consequências.
Agora, todos os partidos políticos da governação e todos os partidos políticos da área do poder tomem nota do que aconteceu e pensem nas suas consequências.
Agora, não é aceitável que os senhores das instituições políticas, económias, sociais e financeiras da união europeia se atrevam a continuar a impor à plebe e aos seus escravos a austeridade, como se a culpa de todas as crises fosse desta imensa massa de povo que ainda tem a capacidade de se rebelar contra a injustiça e a degradação das suas vidas.
Agora, não vale deitar água na fervura para tentar acalmar os ânimos e continuar a utilizar os mesmos procedimentos por conta do controlo das contas públicas e do equilíbrio orçamental que têm ditado a imposição da austeridade aos pobres e aos remediados, deixando de lado aqueles  que se orgulham de não precisar de benesses de quaisquer governos, porque eles e seus comparsas mandam e controlar todo e qualquer governo.
Agora, vai ser necessário mais tato e mais cuidado na gestão das coisas públicas e privadas, uma vez que as costas começam a arrefecer e a coisa começa a ficar um tanto ou quanto feia para que se ignore pura e simplesmente.
Agora, devem ter presente que as vozes dos esquerdistas, dos anarquistas e de todos os "istas" podem juntar-se as vozes, aos gritos e aos protestos dos que se colocam do lado oposto com práticas muitas semelhantes e complementares.
Agora, toda aquela gente que tem vivido sob a capa do orçamento e a coberto da crise; toda aquela gente que tem estado no poleiro sem se dignificar a olhar para a miséria e a desgraça cá de baixo, deve tirar o azimute e estabelecer as coordenadas para ir a tempo de emendar alguma da porcaria feita nestes últimos anos.
As massas, quando em rebelião, são perigosas...

18.5.14

O dia seguinte

Logo que acordaram aqueles milhões todos da celebração do dia da libertação olharam para todas as paredes, madeiras e panos e móveis e máquinas e aparelhos de áudio e de vídeo para encontrar qualquer sinal de mudança entre o dia da escravidão e o dia da libertação.
Olharam para tudo e com os olhos esbugalhados e como que envergonhadamente atreveram-se a abrir as portas do frigorífico e da arca congeladora e, por espanto, tudo estava na mesma, não se notando qualquer mudança por mais ínfima que fosse.
O dia a seguir ao dia da libertação não tinha mostrado qualquer alteração no interior da habitação de todos aqueles milhões, excepção para todos aqueles que não tinham habitação ou que habitavam a casa dos outros e mesmo assim nada de novo naquelas bandas.
Se não houve qualquer mudança aqui dentro, certamente que lá fora e à vista de todos os milhões o dia após o dia da libertação ofereceria o ambiente mais deslumbrante que se poderia imaginar.
Os jardins da cidade estariam completamente floridos e limpos de toda a porcaria, incluindo a porcaria deixada pelos humanos; as avenidas da cidade não apresentariam buracos nem falta de pedras na calçada; os passeios estariam a brilhar; as árvores estariam devidamente podadas e tudo o que os olhos pudessem fixar apresentaria aquele aspecto etéreo com que a natureza brinda todos aqueles que a veneram e a conservam.
Certamente que lá fora, nos transportes públicos, nos transportes privados, nos serviços públicos, nos serviços privados, nas empresas públicas, nas empresas privadas todos aqueles milhões que celebraram o dia da libertação veriam e sentiriam que o tratamento dado estava acima de qualquer crítica, onde a boa educação primava, fazendo esquecer todos os maus tratos e todas as desconsiderações que os tais milhões encontravam em todos os lugares que eram obrigados a frequentarem para tratarem das suas vidas, dos seus deveres e dos seus direitos.
Certamente que tudo teria alguma mudança que se visse, principalmente nos novos recibos de salários e de pensões com mais alguns cêntimos, para que todos aqueles milhões que celebraram o dia da libertação ficassem a saber que alguma coisa mudara, mesmo que pouco ou quase nada se fizesse sentir, pois não era lícito esperar que logo após um dia apenas pudesse ser devolvido tudo aquilo que fora roubado durante os anos anteriores.
Muitos ficaram a analisar um pouco melhor as suas casas para ver se lhe tinha faltado alguma; outros saíram para rua à procura das novidades do dia após o dia da libertação para constatarem que tinha havido boas e decentes e válidas razões para celebrar o dia da libertação.
Ninguém pensava que no dia a seguir ao dia da libertação seria possível pendurar um novo conde andeiro; ninguém pensava que no dia seguinte ao dia da libertação pudesse ser possível dar cabo de um monárquico nem sequer alguém pensou em apanhar algum informador da polícia política que se fazia disfarçar e agora era todo revolucionário e andava de mãos no ar a dar vivas aos militares de cravo no cano da espingarda.
Ninguém esperava isso e talvez, por isso, ninguém estranhou que no dia seguinte ao dia da libertação não encontrasse qualquer novidade, qualquer coisa que diferenciasse o dia de hoje do dia de ontem.
Estava tudo na mesma até os mesmos gritos das mesmas pessoas nas acções da campanha eleitoral para o parlamento do poder supremo do expoente máximo da democracia universal...
Mas nada foi suficiente para fazer desanimar o desgraçado: se não se nota agora, haverá de notar-se no futuro, porque deuses há muitos e céus e infernos abundam por aí.
 

17.5.14

O dia da libertação

Eram umas dezenas...
Eram umas centenas...
Eram uns milhares...
Eram milhões e milhões e milhões...
Ocuparam o alto do parque...
Tomaram o parque eduardo sétimo...
Chegaram às barbas do marquês...
Arrasaram a avenida da liberdade...
Passaram pelos restauradores...
Encheram o rossio... 
Percorreram as ruas da baixa...
E quase que se esqueciam que ainda tinham a praça do comércio, antes do rio...
Mesmo assim, dois quiseram abraçar o cristo rei lá na outra banda e...
Lá foram para dizer ao mundo inteiro, ao ceus e aos infernos e a todos os univesos conhecidos e paralelos que o dia dezassete de maio do ano da graça de dois mil e catorze era proclamado como o "DIA DA LIBERTAÇÃO".
Por mais anos que se tenha vivido, por mais que se venha a viver, jamais se verá tamanha multidão a proclamar o dia da libertação.
Os centros comerciais ficaram para as moscas, os estádios de futebol continuaram v azios, as ruas totalmente desertas, enfim o povo acorreu em massa e na totalidade para realizar a maior de todas as manifestações para celebrar e instituir o dia da libertação, a vigorar para todo o sempre e por toda a eternidade até ao dia da ressurreição dos mortos.
"O DIA DA LIBERTAÇÃO" ? !!!
Ficámos livres da miséria e da probreza...
Ficám os livres da demagogia...
Ficámos livres da corrupção...
Ficámios livres da burocracia...
Ficámos livres dos ladrões...
Ficámos livres da dívida...
Ficámos livres...
Ficámos livres dos passos...
Ficámos livres das portas...
Ficámos livres dos seus meninos...
Não!!!
Porquê?
Não podemos ficar livres da democracia...