16.12.13

Foi a décima

E na terceira a aprovação foi obtida: o bom aluno teve um brilhante comportamento, obedecendo em tudo e executando tudo o que lhe foi ordenado e imposto, sem olhar a meios e a processos para levar a cabo as suas tarefas há muito determinadas pelos seus senhores, a quem devem respeito e reverência como se de patrões se tratasse.
E é disso mesmo que se trata, porque os seus senhores, para além de professores, são também os seus mandantes , sem possibilidade de contestação.
Não estivemos presentes no exame e verificação das provas, mas a respeitabilidade das análises e avaliações anteriores leva-nos a pensar e a acreditar que tudo foi feito com dignidade e com lisura, em obediência cega aos critérios estabelecidos anteriormente.
Nem nós temos qualquer tipo de possibilidade nem de oportunidade em duvidar de que tudo se passou dentro dos conformes, tanto mais que, segundo o que rezam os últimos números apresentados, só os salários da maioria dos trabalhadores e as pensões dos reformados e  dos aposentados não beneficiaram de quaisquer aumentos.
De resto, tudo melhorou aos olhos dos números conhecidos e até a recessão já lá vai como se nunca tivesse acontecido.
Amanhã tudo correrá no melhor dos mundos e estaremos perante um País que cresce a olhos vistos, embora seja só num sentido, isto é , da base para o topo, como se torna necessário e imprescindível e conveniente para que haja alguém que saiba gerir o capital e até a própria vida dos que servem os seus senhores.
Bem vistas as coisas, isto até nem está a correr mal: quem paga impostos, continua a pagar impostos; quem vive mal continua a viver mal; quem tem fome continua a ter fome, mas quem trabalha e quem vive da sua reforma ou pensão deve sentir a devida preocupação, porque as coisas podem mudar para pior, uma vez que não se vislumbra que o actual crescimento da economia sirva para alguma coisa que não seja para beneficiar o capital.
Mas tenhamos esperança, porque ainda virão uns dias piores do que estes aos quais se seguirão lá para os fins de dois mil catorze e durante o ano de dois mil e quinze algumas coisas boas, dado o acto eleitoral.
Tenhamos esperança, porque os dias de sofrimento e de tristeza pelas desgraças que nos impuseram estão com o fim à vista, pelo menos durante um período de tempo de curta duração, quando chegarmos à conclusão que as despesas do estado não param de aumentar e as acções para as diminuir não têm qualquer eficácia.
Tenhamos esperança, porque virão os dias em que os deputados vão chegar à conclusão que o Parlamento tem gente a mais, que os benefícios recebidos não são merecidos, que os assessores de ministros, de secretários de estado e quejandos, de grupos parlamentares e não sei de quantas coisas mais são em número altamente exagerado e que não são precisos tantos secretários e motoristas para que a democracia possa viver.
Tenhamos esperança, porque muitos subsídios de residência dados a muitas personalidades da estrutura do estado serão cortados, porque dados fora do contexto e cujo significado não encontra qualquer justificação.
Tenhamos esperança, porque muito brevemente veremos muita gente a abdicar dos carros de serviço, a entregar os telemóveis ou a gastar apenas a quantia gasta ao serviço do serviço público e não noutras coisas sem relevância ou utilidade públicas.
Mas não exageremos na esperança, porque tudo isto pode ser apenas uma aspiração e um sonho, muito longe da vida real...

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