26.11.13

O césar

O césar, não é o imperador, mas o das neves, continua igual a si próprio e a ajuizar o mundo conforme os seus desígnios: um desbocado a botar as suas bocas contra os seus alvos indefesos.
Desta vez foram os pensionistas e reformados que mereceram as invectivas do senhor economista e cientista reputado, servidor fiel dos senhores do dinheiro, a quem serve com a maior dedicação para continuar a merecer e a aproveitar-se das suas mercês, dadas como prémio pelo papel desempenhado.
No meio disto tudo, o que incomoda o senhor economista desbocado é o facto de haver gente cá da baixa que ainda tem dinheiro para comprar certificados de aforro, fugindo desta maneira ao controlo dos banqueiros seus amigos.
Bem vistas as coisas, não me parece que o senhor economista, sempre muito dono do seu nariz arrebitado, esteja a pensar serem os jovens universitários, serem os jovens licenciados sem emprego, sejam os desempregados de longas duração, sejam os trabalhadores com o salário mínimo nacional e contratados a prazo, sejam os grandes capitalistas, aqueles que ainda dispõem de dinheiro para comprar certificados de aforro, para o que têm de retirar os euros das suas contas bancários, deixando os banqueiros com algumas justificadas apreensões.
Natural será que o nosso reputado economista desbocado esteja plenamente convencido que ainda há por aí alguma gente com algumas poupanças disponíveis para investir num produto que não se compara com a rentabilidade dos depósitos a prazo e das contas à ordem, oferecida pelo sistema bancário, o que deve incomodar o seu fiel servidor.
Vai daí não se torna difícil deduzir que alguns trabalhadores e alguns pensionistas e reformados ainda podem levar a marretada imposta pelo capital: reduzir salários e pensões, para os quais se trabalha e para as quais se trabalhou.
E não vale andarem por aí as queixinhas e as lamúrias do costume porque o algodão não engana e quem subscreve certificados de aforro tem alguma capacidade de poupança que importa controlar devidamente, sendo que o processo que melhor exerce esse papel é diminuir o valor que se paga pelo trabalho prestado e o valor que se dá às pensões oferecidas.
Não passam de desplante os discursos desta cambada de parasitas que se atrevem a falar contra a austeridade, trazendo cá para fora afirmações de fome e de pobreza que assombram a vida dos pensionistas, porque se trata de uma verdadeira treta, que está a ser observada atentamente pelos distintos servidores do capital com vista à tomada das medidas adequadas ao seu controlo eficaz e eficiente: baixar mais um pouco os seus rendimentos para que sirvam apenas e tão só para as necessidades primárias de sobrevivência.

Sem comentários: