2.8.11

Amanhã

A esta hora já terás vencido a primeira das grandes batalhas que a vida te reservou.

A partir de agora terás no teu horizonte a vitória final, para que toda a gente se lembre que é possível, desde que se lute por isso.

Por muito que te custe aceitar o que parece ser uma grande injustiça que a natureza te fez, tem presente que a vida merece todo e qualquer sofrimento que nos seja exigido.

É nesta provação que vais demonstrar a tua força e vontade de viver, mesmo que agora estejas dependente de todos aqueles que te querem, que te fazem bem e que te amam muito.

Por eles e por todas as tuas amigas e todos os teus amigos deves lutar com todas as tuas forças para ultrapassar todas as dificuldades que colocaram no teu caminho e ofereceres à vida o tributo da tua vitória.

Amanhã o Sol vai iluminar o teu caminho e dizer-te que só vale a pena olhar em frente para lá do infinito quando o passo seguinte é o mais difícil de todos, mas está mesmo ali a pedir que manifestes a tua vontade de viver.

O que todos nós queremos que tu queiras...

 

29.6.11

As lágrimas

Os polícias gregos são uns brutamontes e revelaram uma total falta de cavalheirismo a toda a prova: não querem lá ver que não estiveram com meias medidas e aqui vai disto, uma descarga ou carga de gás lacrimogéneo precisamente para o local onde se encontrava a filmar a repórter/jornalista e enviada especial da estação pública de televisão de todos nós!!!

Aqueles energúmenos nem se dignaram avisar a nossa enviada especial que ali foi enviada para nos dar conta das desgraças gregas e desataram a gasear aquela gente toda sem se sequer cuidarem de saber se por ali havia alguém que se parecesse com eles, os gregos.

Porque se tivessem esse cuidado logo teriam verificado que a nossa enviada especial, embora portuguesa, não podia deixar de ser considerada como uma filha da antiga gente grega, pois que parece que o Ulisses terá nascido lá para aquelas bandas e durante os seus devaneios pelo mundo fora terá um dia acordado no rio Tejo e fundou a Ulissipo, hoje por nós habitada.

Entretanto, chegou-me aos ouvidos uma miniexplicação para o gaseamento da nossa enviada especial: a polícia grega não fazia a mínima ideia que a televisão pública portuguesa tinha dinheiro suficiente para mandar a Atenas uma jornalista com a categoria de enviada especial e, muito menos, uma enviada especial portuguesa que nem aos portugueses parece ser portuguesa por não apresentar aquela tez morena e cabelos castanho-escuro ou mesmo preto como seria bem de esperar dada a nossa descendência...

Temos, por isso, que desculpar a imbecilidade dos polícias gregos quando não descortinaram que a enviada especial era portuguesa e não uma daquelas jornalistas de meia tigela que fazem a pandilha com aqueles tipos louros lá do norte, que se pensam donos de meio mundo, mas não têm qualquer costela do Platão, do Aristóteles e principalmente do Sócrates...

Embora desculpados, não estão perdoados por terem causado aquelas lágrimas da nossa enviada especial, que todos vimos correr pela face da respetiva, apesar da máscara, igual à que eu levo ao estádio do glorioso para não respirar o ar envenenado pelo tabaco e não pelo gás grego...

Para a próxima teremos que exigir à nossa televisão pública um cuidado redobrado para avisar com a devida antecedência o envio da enviada (o) especial para trazer até nós o que de mais importante se passa no mundo mesmo que seja uma coisa qualquer passada no parlamento grego, cujas consequências poderiam ser uma tragédia para os portugueses.

Assim como assim sempre fomos informados e logo em primeira mão que o gás lacrimogéneo utilizado pelos polícias gregos não está falsificado, faz mesmo chorar e dá origem a lágrimas verdadeiras e não àquelas de artista de cinema produzidas pela cebola cortada...

 

26.6.11

Hortas urbanas

Desde há uns anos a esta parte a lateral sul da Avenida Lusíada desde a Avenida do Colégio Militar até à Avenida Marechal Teixeira Rebelo tem servido para fazer uma caminhada quase diária como forma de desanuviar a vida stressada que tenho levado...

Não é o suficiente para as minhas necessidades, mas serve quanto mais não seja para me dar conta da porcaria que os taxistas vão fazendo, embora ultimamente as coisas tenham melhorado.

E têm melhorado devido à grande obra de requalificação de espaço público que ali se está a desenvolver.

Antes era utilizado por diversos cidadãos que ali cultivavam as suas hortaliças e dentro de algum tempo será utilizado por uns quantos cidadãos para cultivo das suas hortaliças.

O que é que mudou ou vai mudar?

A construção de hortas urbanas como manda a p... da sapatilha, sendo objeto de uma empreitada por parte da Câmara Municipal de Lisboa, digna de contemplação e espanto por parte do pessoal que não pode deixar de se maravilhar com as transformações que estão sendo operadas naquele espaço que era porco e imundo em todos os sentidos.

Hoje encontrei uma pequena placa pendurada da vedação escrita por um vulgar cidadão que por ali passou e quis deixar um pensamento para consideração de alguém.

Dizia a placa " no meu tempo não era preciso estragar para cultivar (e nem gastar tantos euros)".

Tenho as minhas dúvidas sobre a validade deste processo das hortas urbanas tendo presente o custo/benefício tendo mesmo presente a defesa do ambiente e preservação da qualidade de vida na Cidade e não sei se não haveria outras coisas de maior utilidade para os munícipes agricultores que a CML poderia fazer.

Certamente que haverá dezenas e dezenas de coisas de que os munícipes precisam como sejam creches, jardins-de-infância, escolas, residências para idosos, e mais uma montanha de coisas que nem vale a pena enumerar.

Mas já que os altos desígnios do poder deliberam optar por este tipo de projeto para aquele local poderia também informar no cartaz da empreitada o seu respetivo custo, para que os cidadãos munícipes desta Cidade de Lisboa tenham conhecimento de quanto vai custar o metro quadrado de hortas urbanas junto ao lado sul da Avenida Lusíada (Quinta da Granja) e já agora quantas hortas ali se vão construir e a quem se destinam, se nisso houver algum interesse ou conveniência.

Foi uma antecipação de mestre aos conselhos do Presidente da República, quando advoga o regresso ao campo e à terra para a independência da NAÇÂO.

Era o burro

Fiquei verdadeiramente espantado quando vi passar no ecrã da televisão a indicação de que os candidatos a magistrados ou magistrados tinham copiado num exame.

Fiquei verdadeiramente espantado porque estava longe de admitir que homens e mulheres que se preparam para exercer a magistratura e aplicar a justiça pudessem ter a peregrina ideia de copiar num teste.

Eu ainda posso admitir que o pessoal no liceu tente e consiga copiar nos exames, mas se tal acontecer e forem apanhados a sentença só é uma e muito justa, muita ética e muito moral: anulação da prova e repetição do exame se houver oportunidade se não for chumbo automático e imediato.

Mas com estes magistrados a solução não podia ser tão sábia como justa: correr toda a gente com dez valores e o assunto arrumado.

Nós, os que não entendemos coisa alguma do que sejam estas coisas dos magistrados e dos juízes, poderíamos ficar chocados ou eventualmente pensar que a solução encontrada parece ser acertada sendo certo que ela implica beneficiar uns e prejudicar outros.

Mas se percebermos alguma coisa de estatística até que poderíamos admitir que no fim de contas um valor de dez até pode ser que esteja certo para a qualidade da justiça que temos e que vamos ter quando este pessoal passar a aplica-la.

Mas o que verdadeiramente me espanta é que este pessoal aceitou ser corrido a dez valores e não piar nem protestar nem recusar a solução encontrada.

Onde está a vergonha desta gente?

Era verde e o burro comeu-a...


 

PS. Este texto foi escrito no dia 17 de Junho passado próximo.


 


 


 

14.6.11

Será que...

Começaram a surgir os nomes para os cargos ministeriais do próximo Governo, fenómeno recorrente após todas as eleições legislativas, considerando-se normal que a imprensa esteja presente em todas as movimentações de pessoas junto das sedes partidárias que vão responsabilizar-se pelo respetivo apoio parlamentar.

Apesar de não ter tido qualquer responsabilidade pela solução governativa encontrada, o meu maior desejo é que o novo Governo tenha força e capacidade suficientes e necessárias para enfrentar a situação económica e financeira da grande maioria dos portugueses, da grande maioria das empresas e de toda a estrutura do Estado, estando nós já preparados minimamente para o sofrimento...

Mas o que tenho ouvido e lido não me tranquiliza o suficiente para acreditar que vamos estar perante um Governo à medida dos desafios e das nossas necessidades.

Será que no PSD e no CDS não há gente que possa substituir com eficácia e eficiência o Fernando Nogueira?

Será que o Daniel Bessa é o homem mais adequado e mais apropriado para enfrentar os problemas e encontrar as soluções para a economia portuguesa?

Será que a fantástica pasta das Finanças vai ficar entregue ao Catroga?

É que estes homens já lá estiveram há uma eternidade e, entretanto, não apareceu mais ninguém que seja capaz de desempenhar um papel tão bom ou melhor que o desempenhado por estes durante o seu reinado, admitindo que desempenharam um bom papel...?

Eu sei que as circunstâncias mudaram e não era assim tão complicado ser ministro do que quer que fosse no tempo das vacas gordas como foram aqueles tempos, mas será que agora em que as vacas estão totalmente mirradas e só se veem os ossos estaremos perante os melhores?

Ou será que estes são os melhores de entre os disponíveis porque os melhores existentes não estão disponíveis?

Que é feito daqueles craques todos, grandes gestores de largos milhares de euros ou aqueles grandes académicos com o discurso bem afiado e na ponta da língua? Vão continuar a contemplar o pagode e só os teremos presente quando se dignarem dizer que "...é preciso..."?

Na hora da verdade a disponibilidade para o serviço público (?) como é o lugar de um ministro não é para toda a gente, principalmente para aquela gente que não está para aturar os desvarios do povo que continua a querer viver cada vez melhor e não entende para que são tantos sacrifícios que nos vão prometendo...

Quem é que estando no seu perfeito juízo vai querer ganhar uma miséria de ordenado ao fim de cada mês quando nos lugares que agora ocupam e nas funções que desempenham têm ao seu dispor uma conta bancária e mais umas quantas mordomias como não existem em qualquer país bem capitalista e desenvolvido, beneficiando ainda da circunstância de terem oportunidade de mandar de vez em quando umas bocas, mesmo que sejam foleiras ou acertadas?

Os temores aparecem sempre quando menos esperamos...


 

7.6.11

O caderninho

Acompanhado do seu caderninho, que se vai tornar famoso, lá tivemos uma vez mais o comentador no serviço informativo da televisão pública, aquele canal que ele sempre adorou e respeitou.

Se até o tempo muda, porque é que as pessoas não podem mudar de opinião, de situação, de estatuto, de ideias, de fato, de calções, de humores, etcetera e tal?

Daqui para a frente e quando houver uma coisa importante, principalmente quando se tratar de arrear cacetada no Sócrates e o PS, lá estará certamente o novo comentador da nossa televisão, digo nossa, porque somos nós que a pagamos,,,

Tenho notado que as televisões parecem mais interessadas no que se está a passar com os socialistas envolvidos em processos de sucessão com a indigitação jornalística dos presumíveis candidatos a "secretários gerais", como hoje dizia um, do que com a formação do novo governo que tem que estar pronto e em exercício de funções no próximo dia vinte de três de Junho.

Assim o quer o Presidente e assim se fará, pois que agora quem manda está perfeitamente identificado e não penso que nestas circunstâncias o Portas faça muito alarido.

Por enquanto, porque não vai tardar muito tempo em que não apareçam as dificuldades para manter o nível das pensões dos mais pobrezinhos que têm sido defendidos com unhas e dentes pelo chefe dos centristas, que não pode mandar para as urtigas as suas preocupações eleitorais.

Rapidamente vamos chegar à conclusão que a margem de manobra é nula e que a única coisa que falta saber é até onde pode ir o primeiro para além do que está obrigado.

Cá por mim já estou preparado para sofrer e aceitar mais uma machadada na minha pensão de modo a que vinte ou trinta daquelas dos tais pobrezinhos defendidos pelos populares se mantenham nos atuais níveis.

É justo, embora discutível, uma vez que os grandes figurões que escapam sistematicamente ao pagamento de impostos sem que advenha daí mal ao mundo que possa a prejudicar os seus padrões de qualidade de vida, vão continuar na mesma sem medo do que lhe possa acontecer.

Mas uma coisa nos vai servir a todos de consolo: finalmente a JUSTIÇA vai tomar conta daqueles fizeram o bpn e o bpp e muitas outras coisas de que se falava mas pouco se adiantava porque essa tal justiça estava totalmente dominada pelo governo do engenheiro (?).

Uma nota final: ouvi dizer que um dos primeiros atos do novo Primeiro-ministro no exercício dos seus poderes vai ser a anulação do despacho de nomeação do Catroga como Professor Catedrático com % de tempo parcial de um tal instituto superior de economia e gestão onde pontifica um tal professor doutor Duque...

6.6.11

O comentador

Qual a minha maior surpresa na noite eleitoral?

Foi a vitória do PSD? Não.

Foi a vitória do CDS? Não.

Foi a vitória da CDU? Mesmo assim não.

Foi a derrota do PS? Não.

Foi a derrota do BE? Não.

Foi a demissão do Sócrates de Secretário Geral do PS? Não.

Então?


 

Foi a presença na RTP1 do JOSÉ EDUARDO MONIZ mais o seu caderninho...


 

Quem queira pensar no assunto que o faça, mas faça-o rapidamente porque pode ser ultrapassado pelos acontecimentos.


 

Não tem qualquer coisa de estranho a presença desta figura como comentador quase patrão numa noite eleitoral quando já toda a gente sabia que o Sócrates seria posto fora do poleiro para fazer a sua travessia do deserto com a duração de pelo menos quatro anos?

Repararam na quase vassalagem prestada pelo jornalista/locutor/pivot como que anunciar qualquer coisa de especial para os próximos tempos?

Que significado pode ter este facto que terá deixado meio mundo de boca aberta tanto mais que nada se tinha ouvido falar de que pudesse acontecer tal coisa e logo nestas circunstâncias?

Continuei a surpreender-me quando hoje, durante o serviço informativo da RTP1, lá apareceu o comentador a mais o seu caderninho e com a novidade de atribuir notas aos políticos da noite eleitoral.

Pelos vistos é para durar... embora aquilo das notas seja um tanto ou quanto piroso de tal modo que o professor já abandonou o sistema há muito tempo..

Preparem-se para-a a mudança em muito mais do que pensavam...

5.6.11

E foi

Ainda não estão apuradas a totalidade das juntas de freguesia, mas os resultados conhecidos até ao momento confirmam plenamente as minhas previsões de ontem á noite.

Não tinha sondagens, não tinha números para qualquer fundamentação pelo que me baseei apenas no que me parecia que iria acontecer e que aconteceu.

Não desci a uma previsão em termos percentuais porque, por um lado, não via grande interesse nisso e, por outro, teria sido muito mais arriscado e cometer erros grosseiros.

Não seria assim tão grosseiro, mas estaria afastado qualquer coisa como três pontos percentuais relativamente aos resultados finais do PSD e do PS e cerca de dois pontos e meio com o CDS; tinha fortes dúvidas quanto ao comportamento dos bloquistas, mas não previa um chimbalau tão grande. Afinal a esquerda anda pelas ruas da amargura e bem podem atirar ao ar com as suas bandeiras e os seus valores que, na hora do voto, a direita marca pontos por todo o lado.

Chegou a sua vez como tem chegado a todo o lado dando valor àquele velho princípio da democracia a que se costuma chamar de "alternância do poder". Que assim seja, parecendo certo que vamos ter a direita no poder por uns bons e quantos anos, esperando que o faça com valor e com dignidade, porque as vezes anteriores em que lá esteve não foram de boa memória.

Algumas pessoas mudaram, vamos ter uns quantos novos atores e outros vão permanecer, mas no geral e no particular o discurso vai ser outro e continuo a esperar que não se trate de um discurso de desculpas pelo estado das coisas perante as dificuldades de as mudar, o que defraudaria gravemente as esperanças de mais de cinquenta por cento dos portugueses votantes.

Nem me quero lembrar do que tem sido o exercício profissional como administrador executivo do futuro Primeiro-ministro nas empresas em que tem trabalhado, esperando ansiosamente que as coisas sejam bem diferentes para bem de todos nós...

Vamos agora estar atentos ao que se vai passar nos próximos dias nas negociações para a formação do governo que não pode demorar como tem demorado a formação do governo lá na Bélgica.

O que mais me admirou nesta coisa toda foi a circunstância de ser considerado mais importante a derrota do Sócrates que a vitória do Coelho.

O que é que se pode fazer?

O importante disto tudo é que importava que o PSD não tivesse a maioria absoluta para precisar do CDS para formar governo, admitindo eu que o que estava em jogo era o governo de Portugal, forte como uma rocha e potente como uma bomba atómica sem precisar de um contrapeso para se manter à tona.

Todos nós, independentemente do sentido do voto, temos esperança que haja uma mudança para melhor de modo a que se altere a fama dos políticos em Portugal...

Agora o apoio será maioritário, que apareçam os melhores dos melhores e não os melhores dos servos da gleba...

Pelo menos vamos estar dispensados de comprar mais submarinos...


 


 

4.6.11

Vai acontecer

Amanhã vamos ter eleições legislativas antecipados, pondo termo ao "consulado" do José Sócrates e dando início aos preparativos de um outro que ainda falta determinar.

Quero aproveitar esta oportunidade da data por ser véspera das eleições para deixar aqui alguns dos meus pensamentos sobre a matéria para que não haja dúvidas que as minhas opiniões são proferidas antes do voto e o meu prognóstico não é feito pelas vinte horas do próximo domingo, dia 5 de Junho de 2011.

O Partido Socialista vai perder as eleições que vão ser ganhas pelo Partido Social Democrata, pelo Partido Popular, pela Coligação Democrática Unitária e pelo Bloco de Esquerda.

Contudo, importa esclarecer que os únicos vencedores das eleições vão ser os dois partidos que vão aumentar o número de eleitores e, por consequência, o número de deputados, nomeadamente e apenas o Partido Social Democrata e o Partido Popular.

Mas o primeiro partido referido não vai atingir a maioria absoluta, nem sequer os quarenta por cento, enquanto o segundo não atingirá os catorze por cento, como era desejo dos seus respetivos.

Temos assim que a governação portuguesa vai exigir uma coligação quer seja governamental quer se trate de um acordo de regime entre os dois partidos designados de "direita" sem se saber lá muito bem o que esta expressão significa neste momento.

Vamos ter pressa de formar governo, mas as condições em que vai ser negociado vão exigir muito tato e muito tino para que nem tudo vá para as urtigas muito rapidamente, pois devemos ter presente o que aconteceu há uma meia dúzia de anos tendo como intervenientes os mesmos partidos que agora estão em causa.

Cá por mim e apesar do meu voto não ter contribuído para estas vitórias eleitorais, desejo ao próximo Primeiro e a todos os segundos e terceiros a maior das venturas para bem de todos nós, que vamos pagar todos os desvarios que foram acontecendo desde abril de mil novecentos e setenta e quatro.

Estou com algumas curiosidades, umas vão ser rapidamente desfeitas e outras que vão durar algum tempo.

Vou estar com atenção devida aos nomes dos ministros pouco me importando se forem mais que dez e se alguns forem aquelas pessoas que agora andaram a rodear e a aplaudir o candidato a primeiro mais votado, porque tenho quase a certeza que alguns deles nem sequer vão atender o telefone...

Estou a pensar assinar o DR para ir acompanhando a nomeação do "staff" dos ministros e dos secretários de estado, para verificar que não vai haver nomeações duvidosas e que não sejam as estritamente necessárias ao funcionamento dos respetivos gabinetes, não havendo contratações de pessoal dos aparelhos...

E principalmente atrevo-me a solicitar a devida atenção a todos os que se interessam pela coisa pública para a mudança do discurso de todos os programas de informação, programas de comentários e análises políticas e todos os debates que discutam e apreciem a situação política, principalmente a nível dos canais de televisão quer generalistas quer da especialidade, sem esquecer os artigos de opinião da imprensa escrita. Depois digam-me se notam alguma diferença entre o antes e o depois...


 

19.5.11

Os merecedores

Tenho andado um bocado distraído com esta coisa da política, dando a impressão que a situação está longe das circunstâncias de uma pré campanha eleitoral, quando todos estão preparados para o tiro de partida.

Bem vistas as coisas não se vai notar que haja um tiro de partida com o início da campanha eleitoral, uma vez que desde a demissão do governo mais não houve que campanha eleitoral, excetuando uns dias em que se falou muito da troika, das suas diligências e depois do seu memorando.

E mesmo aqui notou-se que os principais partidos ou, se preferirem, os partidos com mais votantes, não perderam uma oportunidade para dizerem que eles eram os que reuniam mais condições para serem governo e salvar o país de cair no abismo, salvar-se da bancarrota, dar uns passos para sair do buraco e mais coisas quejandas.

Tenho deixado passar ou tenho passado ao lado de muita coisa que vai acontecendo no dia-a-dia da política sem umas breves palavras que fossem para recordar e nada mais.

Não vou deixar no esquecimento um "debate" eleitoral dos partidos fora da área do poder legislativo ocorrido ontem: foi uma delícia ouvir aquele pessoal, que raramente tem acesso às televisões, a não ser quando acontece alguma chatice, incluindo manifestações ou greves ou boicotes de qualquer coisa.

É impossível que os ouvintes e telespetadores atentos não concordem com quase tudo aquilo que é dito, salvo o discurso pseudo-revolucionário do Garcia Pereira que, tal qual o Jerónimo de Sousa, continua a dizer a mesma coisa há mais trinta anos sem que haja uma alteração mesmo que seja superficial na análise da situação política.

Ninguém com um pouco de bom senso não pode deixar de considerar que estes dirigentes políticos seriam os mais indicados para estarem à frente dos destinos do País tão agradável de ouvir é o seu discurso, salvo aquele que declarou abertamente não pretender ser governo nem estar ali pelo poder mas apenas e só para dizer que os seres vivos são o fundamental da vida.

Só que e infelizmente qualquer destes sete ou oito partidos não vão ter hipótese de eleger um único deputado para pelo menos manter acordados uma grande maioria de outros deputados naquelas sessões doidas do parlamento...à semelhança daqueles tempos áureos de um deputado da UDP... do qual temos saudades.

Esqueci-me de dizer que ouvi e vi no momento aquela tirada do Catroga, que, deixem-me dizê-lo em português vernáculo, estava certamente com os copos...


 


 

6.5.11

Falou

Já andava muita gente, principalmente, jornalistas, comentadores e políticos, preocupada por o Presidente ainda não ter falado sobre as negociações e acordos com a troika a propósito do resgate da dívida a Portugal.

Finalmente o Presidente falou e disse o que já tinha dito outras vezes, o que outros já tinham dito anteriormente e coisa nova não disse coisa nenhuma, a não ser que tinha acompanhado tudo muito bem, como já o tinha dito e fizera anteriormente.

Então porque falou?

Falou porque andavam a dizer que o Presidente não falava e o Presidente tinha que falar para acalmar esta gente toda que andava a dizer que o Presidente não falava, como se nada tivesse a dizer sobre o que se estava a passar de tão grave que era.

Já falou e agora os que andavam a dizer que o Presidente não falava terão que procurar nova justificação para chatear o Sócrates e deixar o Presidente em paz que no fundo é o que ele deseja e suspira e aspira.

Gostei muito do novo formato das notícias das oito, "Jornal das oito" como passaram a chamar-se, da tvi com as duas sumidades jornalísticas que transitaram da rtp.

Cá por mim já o tinha pensado e agora o deixo escrito que neste negócio a ganhadora foi televisão pública que se viu aliviada do pagamento de uns largos milhares de euros por mês sem qualquer prejuízo para a qualidade das suas notícias.

Por consequência a única entidade prejudicada com o negócio foi certamente a tvi dados os encargos financeiros adquiridos com um duvidoso aumento da qualidade da sua informação.

Logo no início se viu o apresentador jornalista a fazer a mesma figura quando se levantava da sua cadeira e se aproximava de qualquer suporte informativo e se via privado do seu querido teleponto: a gaguejar como se de um novato se tratasse, embora haja alguns novatos mesmo na tvi que não fazem aquela figura que tanto aborrece o pessoal ouvinte e vidente, quando não há qualquer razão para tal, vinda que vem de especialistas tão considerados e com altíssima reputação...

Mas o mercado é assim e o setor privado não tem que prestar contas a meio mundo, mas apenas aos seus proprietários...

Foram publicadas novas sondagens sobre as preferências eleitorais dos eleitores portugueses: quem estava à espera do pontapé no traseiro do Primeiro demissionário está a coçar as orelhas, pois que a coisa está a dar para o torto.

O tempo não está grande coisa pelo que se espera que haja muita palha e muito feno para que, pelo menos, as animálias deste Portugal inteiro tenham um verão e o próximo inverno com muita comida, independentemente de quem ganhar as eleições e se sente nos poleiros do poder...


 


 

5.5.11

Está troikado

Uma nota muito curta para referir que fiquei completamente nas lonas e de rastos com aquela declaração do Primeiro após o acordo com a tal dita "troika", que estava connosco há uns bons dias a tratar da saúde aos portugueses.

Aos portugueses, ponto e vírgula. A tratar da saúde a muitos portugueses porque de outros não vai tratar coisa nenhuma, pois esses estão protegidos pelos deuses e não exista qualquer troika que se meta com eles...

Parece que o pessoal que andava com as orelhas a arder com as notícias constantes da comunicação social que atiravam para as urtigas as pensões, o décimo terceiro, o décimo quanto, o salário mínimo, a segurança social, as reformas e mais umas quantas coisas ficou satisfeito com a declaração do Primeiro.

Por outro lado, os outros, os que queriam ainda mais sangue ficaram um tanto ou tanto desiludidos porque a troika não troikou lá muito bem e deixou uns quantos rabos completamente soltos para dar um pouco mais de ânimo a alguns e o desespero a outros.

Confesso que também já andava preocupado com o décimo terceiro e com o décimo quarto, porque a machadada na pensão já estava assegurada, certo e sabido.

Agora que cada um diga que tudo isto se ficou a dever ao esforço da oposição, nomeadamente à oposição de esquerda, porque a da direita tem as orelhas bem vermelhas como que a anunciar alguma trovoada acompanhada de algum vendaval que pode levar às urtigas qualquer veleidade de maiorias absolutas...

Que me importa a mim que a tap seja totalmente privatizada? Que perco eu com a privatização total da edp e da ren? Que posso eu perder se a ana deixar de ser do estado e passar a ser de quem quer que seja?

Por mim bem podem impostar ainda mais o tabaco e todas as bebidas alcoólicas, apesar de poder lamentar profundamente o que pode acontecer à cervejinha... e bem podem criar um escalão especial de iva para taxar a coca cola e quejandas bem como aquelas frutas exóticas que se importam do Vietname e países semelhantes que em nada acrescentam à saúde e vida dos portugueses, a não ser a alguns estudantes que boicotaram uma cantina porque o preço das refeições subiu vinte e cinco cêntimos passando para um valor total inferior a três euros...

Amanhã, se tiver disposição suficiente para tal, vou continuar a ficar banzado com as declarações do Primeiro, quando falar dos montantes e das taxas de juro...


 


 

7.4.11

Já está

Já está: o Governo vai pedir a ajuda financeira para minimizar os estragos na economia nacional, nas empresas principalmente públicas e nos bancos.

À falta de melhor questiona-se agora se se trata do recurso ao fundo de estabilização... ou se de um empréstimo intercalar, mesmo depois de o Presidente da Comissão da UE ter dito que não conhecia tal coisa.

Mas os nossos comentadores e jornalistas entendem que pode tratar-se de uma coisa qualquer, não porque lhes interesse saber, mas porque convém que não saibam por enquanto do que se trata verdadeiramente.

Talvez que nos próximos dias venham a ter informação concreta sobre a matéria para fixarem os seus tiros numa outra coisa qualquer, como já começou: porque é que se chegou a esta situação de termos que pedir a ajuda externa para resolver os problemas internos?

Na realidade, se eles fossem só internos estou mesmo ciente que os "banqueiros de meia tigela" como são os portugueses não estariam a negar-se a financiar o Estado e as empresas públicas por falta de capitais (?).

Mas como também são externos trata-se agora de cascar em quem, sabendo que viria a acontecer, não o fez há mais tempo dando paz e descanso aos pobres banqueiros portugueses que se viram sem dinheiro para garantir as necessidades de financiamentos de diversas instituições públicas e privadas, esquecendo-se do que acontecia há uns quantos anos, quando íamos ao banco pedir dez mil escudos para a compra de um carro e se não tivéssemos cuidado vínhamos de lá com vinte mil em créditos...

Mas aos banqueiros temos que andar com eles nas palminhas da mão porque se se zangarem podem ir de malas aviadas para as ilhas dos paraísos fiscais com o nosso pouco dinheiro, como se deles fora todo.

Por mim pouco me importaria, porque nesse caso não seria explorado por banqueiros da treta e poderia passar a seê-lo por verdadeiros banqueiros que não se neguem a financiar os seus respetivos estados...

Bem vistas as coisas, a decisão desta gente importante reflete o tratamento fiscal que lhes é dado em Portugal: és macio e não cobras o que cobras aos outros, então mereces pura e simplesmente que a nossa consideração esteja a nível zero, como estão as classificações americanadas que deixam o burgo na mão dos oportunistas, dos chantagistas e dos agiotas e até dos inefáveis banqueiros portugueses...

1.4.11

Cinco de junho

Prontos!!!

Está decidido: o PR aceitou a demissão do PM, demitiu o Governo, dissolveu a AR e marcou eleições legislativas para o dia cinco de junho próximo.

E tudo isto no espaço de uma semana mal contada, o que deverá ter representado um enorme esforço e uma grande estafa, mas o dever e a obrigação assim o determina.

De toda a comunicação o que eu achei mais interessante, mesmo que não pareça a muito boa gente, que preferia que o PR tivesse procurado alternativas e dissesse mais qualquer coisinha que acalmasse os portugueses, foi aquele argumento de ter marcado para o dia cinco de junho e não para o dia vinte e nove de maio, como a urgência e a gravidade da situação aconselharia.

Com menos oito dias os partidos concorrentes não deveriam ter o tempo suficiente para preparar as listas de candidatos e preparar convenientemente os programas eleitorais, porque em oito dias muita coisa se pode fazer de verdadeira utilidade para o POVO, como seja atrasar mais oito dias as desgraças que se avizinham...

Trocava eu algumas impressões com alguns amigos durante o almoço e falou-se sobre o papel do PR em todo este processo havendo a ideia de que deveria ter forçado os partidos políticos a um entendimento nas medidas a adotar sem prejuízo dos seus ideários e só em última análise decidir-se por eleições legislativas.

Nós ainda acreditamos na boa-fé desta gente toda, mas eu tive o cuidado de dizer que estamos numa democracia, que ditadores já não temos graças à democracia, que não podia ser assim por causa da democracia e que este presidente não é nem nunca será como o anterior presidente, que, apesar do seu discurso redondo, não deixou de cortar a direito.

É o que temos.

Agora anda tudo sem saber o que fazer e como fazer, esperando-se que não haja, entretanto, um terramoto de tremor de terra que ponha juízo na cabeça desta gente que nos governa e que nos quer governar...

PS. Um amigo meu mandou para a minha caixa de correio eletrónico um texto assinado por Miguel Sousa Tavares relatando uma conversa com uma espanhola enquanto percorriam a A6. Também o MST tem direito a uma masturbação intelectual e a uma ironia galhofeira só possível como essa tal espanhola que não sabia bem no mundo em que se movimentava.

Mas digam-me lá de que ponto da A6 se vê ou se avista o grande lago da barragem do Alqueva...???

30.3.11

Ora agora...

Ainda não estou bem recomposto da valente tareia que me deram todos os partidos políticos com assento na AR a quando da votação do pec, da avaliação dos professores e agora da autorização de despesas públicas e mais não há porque parece não haver mais tempo.

Caso contrário tudo o que estivesse pendente apresentado pelo governo levava chumbo e tudo o que estivesse pendente apresentado pela oposição lá passava cantando e rindo.

Pois todos aqueles que pagam a crise, aqueles que não têm hipótese de não pagar e que pagaram e pagam e vão pagar todas as doidices de governos e maluqueiras da oposição, temos o direito de bradar aos céus para que essa gente toda tenha juízo e pense que a sua função principal não é tratar da sua vidinha mas cuidar diligentemente da coisa pública com espírito de missão e não de aproveitamento.

Mas como nada se aprendeu com a crise mundial também nada se vai aprender com a crise portuguesa deixando ao deus dará uns quantos milhões de desgraçados que ainda vamos confiando nas instituições e continuando com os processos correntes e normais da vida política portuguesa sem ética e sem dignidade, deixando a democracia pelas ruas da amargura.

Olhamos à nossa volta e procuramos sinais de orientação, mas não descortinamos coisa alguma na qual se possa confiar e dizer que talvez seja o caminho a prosseguir, apesar de todas as dificuldades que se atravessam nas veredas da vida.

Entrámos no ping pong da política, como se não houvesse jogo mais interessante para entreter o pessoal que vai ter o emprego suspenso por dois ou três meses: ora agora falas tu, ora agora falo eu e nem tu nem eu podemos dizer seja o que for que o outro não venha a dizer a mesma coisa ou o seu contrário, não importando muito a seriedade do que se diz, mas tão só e apenas importando dizer alguma coisa.

Se não fora isto, porque é que agora nos dizem que o pec não foi aprovado porque se ficava aquém das necessidades?

Parece que esta gente anda toda grossa com uma bebedeira de caixão à cova pouco importando se se ofende alguém, pois a finalidade básica da intervenção política é responder a tudo e a mais alguma coisa que alguém diga... sem qualquer proveito para quem quer que seja.

No meio de toda esta leviandade, as estrelas do firmamento são as agências de rating e os mercados para gáudio de muitos políticos e de muitos comentadores e muitos jornalistas que se divertem com as desgraças do burgo.

Que lhes faça bom proveito, porque um dia também chegará a sua hora...


 

26.3.11

Crise de confiança

Nem toda a gente sabia, mas agora toda a gente ficou a saber: a crise é a crise de confiança, porque se houver confiança tudo se vai resolver.

Nós não tínhamos a perceção que a situação política, económica e financeira de Portugal resume-se à crise de confiança. Não uma crise de confiança nas instituições, nomeadamente a Presidência da República, a Assembleia da República e o próprio Governo, mas uma crise de confiança no Primeiro-Ministro, porque se assim não fora os investidores e o mercado já tinham dado conta que estaria tudo bem quando o primeiro fosse embora ou dissesse que se ia embora logo que o PR dissesse que sim senhor pode ir embora na paz tão rapidamente quanto fosse humanamente possível, isto é, já e sem delongas.

Mas não.

E ainda há quem pense e esteja convencido que a solução não é a encontrada, mas uma que seja da responsabilidade do PR como seria lógico e salutar pensar, mas apenas e tão só se tivéssemos um PR à altura da responsabilidade e estatuto do PR.

Assim, vamos ter que andar a engonhar mais uns quantos meses, mas podemos estar descansados que a solução encontrada vai passar certamente por aquilo que já estávamos à espera com mais uns pozinhos e ervas aromáticas para embelezar o ramalhete.

E isto é tão certo como certo foi a afirmação sobre o possível e eventual aumento do IVA se... e um pouco mais à frente a mordidela na Caixa Geral de Depósitos e na CP e na REFER e na TAP e em... sem esquecer a RTP, a veneranda e venerável senhora dos ordenados miseráveis...

Não estou à espera que haja empresários e investidores privados que queiram colocar a sua guita no transporte ferroviário a não ser que se trate de qualquer coisa que esteja mesmo à mão de semear, nomeadamente e apenas nas duas grandes áreas urbanas como Lisboa e Porto num raio não superior a cinquenta quilómetros. O resto que continue a pagar o Estado para que os maquinistas e demais pessoal proletário e operário continue a fazer greves numa luta para melhores condições de vida, isto é, melhores salários e mais regalias sociais.

Ainda temos governo e ainda não foram marcadas novas eleições legislativas e já há quem peça maiorias absolutas com promessas de cumprir o pec quatro com mais subida de impostos e algumas privatizações de que nunca se falaram, mas tão apetecidas.

Estamos no bom caminho, porque ao fim e ao cabo não temos qualquer vantagem em termos empresas públicas que nos sugam o dinheirinho que tanto custa a ganhar mas com a consciência tranquila de que nunca foram nem jamais serão "funcionários públicos" mesmo que os seus rendimentos provenham quase exclusivamente do orçamento...

Contudo, devemos concordar que esta clarificação não seria má de todo, porque assim sempre poderíamos dizer que a monstruosidade dos proveitos de algumas administrações de algumas empresas públicas deficitários em milhões de milhões não provinham do erário público mas do capital privado e assim não tínhamos nada a ver com isso...

Também há gente a pensar que depois das eleições deve ser formado um governo de salvação nacional com cobras e escorpiões, lobos e cordeiros, duques e barões, condes e viscondes, proletários e burgueses, tudo na mesma montra para português ver e mercado convencer...

23.3.11

Lá na Ibéria

Afinal a coisa não foi assim tão difícil: quem calçou a bota também a descalçou com relativa facilidade, donde resultou um alívio imenso para o PR e para toda a oposição, mas principalmente a da direita que não era capaz de fazer com o prato de sopa que estava a ser servido.

Afinal alguém teve a dignidade suficiente para dar o primeiro passo com vista a encontrar uma solução política para a crise política que se vinha vivendo de há uns tempos a esta parte.

Os que queriam derrubar o governo não foram capazes de o derrubar embora podendo mesmo que não tivessem margem de manobra para o fazer, mas agora têm a faca na mão porque o queijo ainda é preciso fazê-lo, prepará-lo e depois servi-lo para ver quem vai ter unhas para o comer.

Já havia muita gente um tanto ou quanto farta da diarreia política que estava a acontecer todos os dias em todos os canais de televisão: não me lembro de um desfile permanente de figuras da alta e da baixa política, de comentadores, de jornalistas, de entendidos, de espertos de tudo e demais alguma coisa por todos os canais generalistas de televisão as qualquer hora do dia e da noite sempre o mesmo e invariável palavreado repetido até à exaustão sobre a crise.

Aí está solução apresentada pela parte mais fraca deste processo, mas que entalou ou vai entalar todos aqueles que a queriam ter tomado e não tiveram a coragem política de a tomar.

Acabou o motivo da encolha e agora nada mais resta que toda a gente mostrar a verdadeira indumentária e apresentar-se sem qualquer máscara e dizer a toda a gente o que se propõe fazer que os outros não tenham feito ou que não foram capazes de fazer.

Por mim não chega que se apregoe aos sete ventos que basta ter credibilidade perante os "mercados" para que a crise tenha medo dessa mesma credibilidade e se afaste rapidamente lá bem para longe do retângulo luso, como que deixando antever que vem aí mais do mesmo, embora com alguma coloração eventualmente diferente.

Claro que isto não fica assim, pois agora vai começar outro calvário com a finalidade primordial de assacar e atribuir culpas com vista à conquista de uns quantos votos para lá das expectativas normais e veremos, espero bem que não, se quem foi por lã não vem de lá tosquiado...

Já disse por diversas vezes: espero que o POVO, na sua "sabedoria" atribua uma maioria absoluta a quem deve atribuir e que merece essa maioria para que possa governar tranquilamente esta gente toda que passa o tempo a conformar aquele dito de um general romano "... lá para os lados da Ibéria existe um povo que não se governa nem se deixa governar..."...

Agora não vai ser assim. Dentro de dois meses, mais ou menos, acontecem as eleições e daremos passos seguros, grandes e largos para tirar um coelho da cartola que ponha esta gente toda na devida ordem, devolvendo rapidamente a todos o que a todos foi retirado nos últimos anos...

Quem se apressa

Tão só e apenas um desabafo, porque não posso fazer mais nada.

Durante o serão do dia 20 de março de dois mil e onze paguei o Imposto único de Circulação através da internet através da aplicação do "home banking" do meu banco.

Hoje, dia vinte e dois do mês de março de dois mil e onze, pelas vinte e três horas e quarenta e cinco minutos e quarenta e oito horas depois de efectuado, o respetivo pagamento ainda não constava na aplicação da Direção Geral dos Impostos.

Para todos os efeitos eu ainda não tinha pago o imposto único de circulação, mas o respetivo montante foi logo debitado na minha conta no dia vinte de março.

Claro que o meu banco sabe perfeitamente que não tem que ter pressa em proceder à transferência porque sabe muito bem que o pagamento pode ir até ao dia trinta e um de março...

Lá diz o povo (diz?): "para quê fazer hoje o que se pode fazer amanhã?"

Na realidade a minha obrigação fiscal deve ser cumprida até ao dia trinta e um de março...e quem se apressa...

Mas onde é que anda o meu dinheiro?


 

22.3.11

Finalmente...

Finalmente o PR pronunciou-se sobre a crise política portuguesa: afirmou que não tem grande margem de manobra para atuar devida á forma como o pec não sei quantos foi anunciado... etc. e tal.

Eu estava convencido que este argumento nunca seria argumento a utilizar por quem está contra o pec para justificar o que quer que fosse e muito menos para justificar a incapacidade de atuar na devida altura e ao nível das responsabilidades.

Sempre pensei que o facto de não me darem conhecimento de uma qualquer coisa que eu deveria conhecer por dever de ofício ou por razões de boa vizinhança seria motivo suficiente para eu me pronunciar e atuar em conformidade.

Seria para mim, mas não é para quem ficou sem margem de manobra por não ter conhecido o pec em devido tempo e antes de todos os outros que deveriam ter sido informados.

Mas esta incapacidade de decisão diz bem desta personalidade que ocupa um lugar tão importante na estrutura do Estado.

Não tem margem de manobra?

Ou não quer manobrar?

Ou está à espera que outros façam por ele o que ele já deveria ter feito?

Nestes termos até eu não faria pior...

Mas é isto a política à portuguesa: todos aguardam que o governo se demita e não têm a coragem e a dignidade de o fazer cair para não ficarem com o "odioso" de derrubar um governo com receio calculista de perder uns quantos votinhos nas eleições que se avizinham.

Pois então: que coisa haverá de melhor que apresentar e votar a favor uma resolução contra a aprovação do pec?

Muita gente poderia pensar que para estas situações já existe uma figura regimental lá na AR que dá pelo nome de "moção de censura" que tem como finalidade fundamental censurar o governo e cujo efeito imediato é a sua demissão.

Aqui não, pois o que está a dar é tentar resolver a situação como a aprovação de uma resolução... que não implica a queda do governo...

Já falam de eleições à descarada e ainda não derrubaram o governo. Espero bem que esta tragédia, a tragédia da impossibilidade de fazer o que deve ser feito, termine rapidamente.

No fim de contas e perante o facto de o PR não demitir o governo ou dissolver a AR, (confesso que não sei o que a Constituição diz sobre a matéria) e perante o medo e também a cobardia de o psd não ser capaz de apresentar uma moção de censura ainda vamos ter o Primeiro a apresentar a demissão do governo com o argumento do "superior interesse nacional" e fazer disso o lema da próxima campanha eleitoral...

18.3.11

Ordenados e prémios

Enquanto saboreava uma fenomenal bifana num pequeno café/bar na aldeia do Couço, aquela mesmo que já foi a aldeia mais comunista de Portugal, passei os olhos por um matutino e deparei com uma pequena notícia relacionada com o presidente de uma empresa de construção civil que em tempos já fora ministro.

Rezava a notícia que o homem teve um rendimento de cerca de setecentos mil euros em dois mil e dez entre ordenados e prémios, sendo o membro da administração que mais guita levou para casa.

Isto não é de estranhar, uma vez que não estamos na administração pública, onde o PR pode ganhar menos que um juiz e muito menos que um presidente de uma qualquer empresa pública ou de uma alta autoridade e, às vezes, de uns quantos senhores que nem se sabe quanto ganham.

Uma outra notícia dava conta que o presidente de uma empresa pública relacionada com as vias de comunicação tinha pedido a demissão há não sei quanto tempo. Parece que havia dificuldades de tesouraria, muito embora a empresa tivesse tido uns milhões de lucros no ano passado.

Parece que qualquer empresa que se preze, quer seja pública quer privada, apresenta uma boa maquia de lucros em pleno ano de crise, sendo que a única entidade em crise é o próprio Estado, por não ter gestores de qualidade.

Tudo isto pode parecer estranho porque em tempos de crise deveria haver crise generalizada, mas pelos vistos a crise é só para uns quantos enquanto outros não deixam de arrecadar milhões.

Alguém poderia pensar que se trata de uma boa gestão não havendo qualquer relação entre o custo dos serviços prestados e os proveitos realizados à custa da venda e comercialização desses ditos produtos.

Todos nós sabemos que uma empresa de construção civil exerce naturalmente uma atividade de construção de uma razoável variedade de produtos, nomeadamente casas, estradas, pontes, viadutos, hospitais, escritórios e não deve dedicar muito tempo à venda de medicamentos ou à produção de vinho e de cervejas.

Por outro lado, uma empresa relacionada com as estradas deve dedicar-se a financiar a construção e conservação de estradas e de todas as obras de arte que encontre pelo caminho, mas será apenas isto, isto que dá milhões?

Cabe então perguntar: trata-se de uma boa gestão para pagar aqueles milhares ao gestor e ter aqueles milhões de lucro ou, pelo contrário e em complemento, é o produto que sai a valores muito mais elevados do que poderiam ser postos no mercado?


 


 

16.3.11

Parece que...

Não sei se amanhã ou se daqui a uns quantos dias, a umas quantas semanas ou ainda uns tantos meses estarei em condições de hoje, mas hoje tenho a possibilidade de dar umas sonoras gargalhadas por duas razões fundamentais: a primeira porque hoje teve lugar a cerimónia de início do ano judicial (em Março?) e a segunda porque finalmente as coisas parecem estar clarificadas quanto ao desfecho da crise politiqueira portuguesa.

Já não restam grandes dúvidas, se é que as havia, que vamos para eleições antecipadas desconhecendo-se se por demissão do Primeiro se por decisão do Presidente.

Em qualquer dos casos importa realçar que os partidos à direita do partido apoiante do Governo não tiveram coragem para apresentar uma moção de censura, aproveitando antes a circunstâncias do pec não sei quantos para tomarem uma posição que não será aceitável para o Governo, resultando daí que alguém vai ter que decidir: se o Governo será causa ou se o Presidente será efeito.

Vamos ter eleições legislativas dentro de algum tempo e vai ser interessante estar com atenção a várias circunstâncias.

Qual vai ser posição dos canais de tv de sinal aberto perante a campanha eleitoral;

Qual vai ser a lata dos socialistas e dos sociais-democratas para justificarem estas atitudes durante a campanha eleitoral se ambos os partidos não podem deixar de fazer a mesma coisa, porque aqui quem manda já não são os que cá estão, mas outras lá fora...

Digam o que disserem, aprovem ou chumbem o que muito bem entenderem todos vamos gostar de saber como se vai arranjar a guita para sustentar esta gente toda.

Vamos pedir aos deuses que saia a quem sair uma maioria absoluta superior a setenta por cento, para que se cale quem faz barulho e que se deixe governar quem for escolhido pelo POVO pelo processo adequado.

Cá por mim, está tudo decidido.

A única lamentação que se me oferece considerar é a circunstância de o Presidente não ter sido forçado a tomar uma decisão consentânea com os seus discursos.

A ver vamos, porque o gato ainda não tem o guizo posto...

15.3.11

Será agora?

Está bonita a política portuguesa. Mas mais que bonita está simples e clara como a água pura e límpida como se tivera a sua origem lá nos confins das serras do Gerês. Neste momento é muitíssimo fácil saber o que se passa em Portugal inteiro, do minho ao algarve, passando pela madeira e pelos açores sem esquecer a minha terra: se queres conhecer os lados em confronto, tens muito pouco ou quase nada para te enganares. Ouves e podes dizer à vontade que se trata da posição do governo; continuas a ouvir e ficas com a certeza que se trata de pessoal da oposição. Isto é: aqueles dizem sim, estes dizem que não.

O cómico disto tudo é que já não precisamos de muitas explicações da parte de uns e de muitas justificações da parte de outros para sabermos qual a sua ocupação.

Se concordas ou, pelo menos, se não estás totalmente de acordo assumes que te colocas do lado do governo; se estás frontalmente contra e até parcialmente contra estão estás de certeza do lado da oposição. Claro como a água? Claro que sim.

O que eu não entendo é como as coisas se vão processando desta maneira: então se há milhões de portugueses contra as políticas governamentais e se há uns quantos milhares apenas a favor destas políticas ou, perlo menos, não muito contra, quer seja por dever quer por obrigação, porque é que o PR não toma uma posição? Se isto é assim porque é que o psd não toma uma posição?

Qual é o medo que está a condicionar o comportamento de uns e a tomadas de decisões de outros, todos com a mesma responsabilidade e com os mesmos anseios: servir Portugal !!!

Se uns estão agarrados ao poder de tal modo que usam todos os meios para não o largar, que impede os outros de correr com tal gente, não através de um golpe de estado caído em desuso, mas por uma simples moção de censura ou de uma outra figura constitucional logo ali à mão de semear do Presidente como é a dissolução da AR?

Não chegam as manifestações dos professores, as marchas dos polícias, as posições dos juízes, as confraternizações das geração rasca amancebada com a geração à rasca, e mais os produtores de leite, e mais os camionistas e mais os reformados sem transporte para os hospitais e mais os bombeiros que ficaram sem esse transporte e mais os trabalhadores precários e mais os desempregados e mais e mais e mais e mais uns quantos milhares da maioria silenciosa que aguarda por um sinal proveniente da esquerdas e das direitas...

Se isto não chega, que espera o psd e o PR que aconteça mais para serem "convidados" a tomar uma decisão?

Parece que vai haver por estes dias uma conversa entre estas duas instituições, esperando eu que daí resulte luz verde para qualquer coisa de importante, muito mais importante que a situação política, económica e financeira dos Portugueses e de Portugal.

Mas não se esqueçam que o professor já disse que é necessário um bloco central que inclua os populares...

Cá por mim não me esqueceria de uma senhora deputada dos verdes, que bem merecia o lugar de ministra num governo de salvação nacional...

Não se esqueçam também que ninguém temo direito de pedir aos Portugueses a colocar o guizo no gato...


 

13.3.11

O guizo

Definitivamente: estamos em profunda crise da qual não se vislumbra um fim porque as coisas estão mesmo no princípio.

De tanto ouvir falar de crises, de mentiras, de aldrabices, de dívidas, de dúvidas, de bancarrotas, de mercados, de abismos, de cortes, de misérias, de pobrezas, de empregos, de desempregos, de ajudas, de desajudas já estou totalmente convencido que estamos mesmo em plena crise.

Tenho ainda algumas dúvidas se a crise é apenas do Estado ou se os cidadãos estão na mesma. Mas minhas dúvidas têm algum fundamento porque continuo a não vislumbrar aquela profunda preocupação que a presença de um profundo mal-estar sempre acarreta.

Continuo a olhar para as pessoas dos meus meios e das minhas circunstâncias e não vejo aquele olhar do outro mundo que só de ver causa arrepios a toda a gente, levando-me a presumir que ainda não temos consciência da nossa verdadeira situação.

Aquele pessoal todo da AR continua na mesma de sempre: os malandros do governo não percebem nada de nada e não dão uma para a caixa nem conseguem ver nada pelo canudo: tudo o que fazem ou dizem que vão fazer não bate certo e não responde a coisa nenhuma nem vale para nada que se relacione com enfrentar a crise e muito menos que perspetive alguma solução.

Toda a minha gente da esquerda à direita, nas ruas e nos passeios, em terra e no ar, intelectuais e que tais, entendidos e desentendidos, comentadores pagos e gratuitos desancam diariamente nos parolos dos ministros e secretários de estado como se tratasse de energúmenos e aves raras que não sabem o que estão a fazer.

O que me preocupa não é que isso não seja acertado, como se a nossa missão não passasse de uma tomada de posição que se fica pela crítica atroz e mordaz relativamente a todas as ações do governo que à vista desarmada só vão favorecer o desenvolvimento da crise e passam completamente ao lado do que se pretende para ultrapassar as dificuldades.

O que me preocupa verdadeiramente é que eu ainda não ouvi da parte de alguém com responsabilidades sociais, quer seja pela sua posição e ocupação, quer seja pelo seu estatuto ético e social, uma a única ideia clara e concreta da qual possa surgir uma ação que contribua para contrariar o caminho que se tem seguido.

O que eu tenho ouvido aos quatro ventos proveniente de muitos cérebros altamente responsáveis e muito bem vistos pela opinião pública resume-se ao velho e estafado início de frase..."é preciso..."

Confesso que até eu e como eu milhares e milhares de portugueses temos qualificações suficientes e bastantes para dizer que "é preciso..." e nunca nos faltarão as papas na língua para continuarmos a dizer que "é preciso...".

Claro que todos sabemos que a solução passa por "pôr o guizo no gato"...

Mas... como? e quem?

12.3.11

De imediato

Já o disse aqui e volto a repetir para que não restem dúvidas sobre a minha posição face à situação política do burgo: tendo presente o texto e o contexto do discurso do PR na sua tomada de posse para o segundo mandato eu entendo não existir qualquer justificação para que a AR não seja dissolvida com a consequente marcação de eleições legislativas ou a formação de um governo de iniciativa presidencial.

Esta minha posição foi absolutamente corroborada pelo discurso ou conferência de imprensa do presidente do psd não sei se ontem à noite se já hoje de madrugada, onde manifestava a sua total discordância com as novas medidas anunciadas pelo ministro das finanças, mas da responsabilidade do governio.

Independentemente das razões que se tenham que contrariem as políticas do governo, eu entendo que quem se manifesta assim com esta clareza deve tomar a posição consonante com as posições políticas assumidas nada mais restando que a apresentação de uma moção de censura na AR para derrubar o governo e para dar ao Presidente a possibilidade de decidir entre um governo de iniciativa presidencial ou eleições legislativas imediatas.

Se as soluções encontradas não servem, se as medidas não acalmam os "merca dos", se toda a oposição clama que o POVO já não pode mais, numa clara demonstração que o POVO não está na AR, então que quem tem a faca e o queijo na mão e pode decidir democraticamente, então não tenha vergonha e não se deixe invadir pela cobardia e assuma o papel de tentar inverter o estado de coisas que tanto critica e vilipendia.

Deixem-se de conversa fiada, deixem-se de malabarismos políticos, deixem-se de verter lágrimas de crocodilo, deixem-se de arvorar em salvadores do povo e dos trabalhadores e assumam as responsabilidades de mudar o que tem de ser mudado sem olhar a pieguices e as desculpas de mau pagador.

Os gregos ainda não se afundaram no mar mediterrâneo, os irlandeses ainda não foram invadidos pelo atlântico norte, os venezuelanos ainda não foram tragados pelo atlântico central, os libianos ainda estão a aturar os kadafianos, pelo que os portugueses podem continuar ligeiramente tranquilos porque ainda não será desta vez que serão expulsos de Portugal.

Espero ardentemente que esta gente mostre de vez do que é feita para que o pessoal tenha perfeito conhecimento e clara consciência que a dignidade e a frontalidade e a verdade ainda merecem o nosso respeito.

Se os que estão fazem mal e os que não estão dizem fazer bem, então porque perdem tempo na gritaria inútil e que não serve a ninguém?

Apesar de entender que isso seria uma via muito acertada para incendiar o rabo aos adversários, estou plenamente convencido que não vai haver qualquer pedido de demissão para facilitar as decisões que cabem aos que as podem tomar já e de imediato.

O resto é bradar aos céus...


 


 


 


 

11.3.11

As pensões

Tinha que chegar a minha vez e não demorei muito tempo para me darem conhecimento do facto: para o ano que vem também me vão meter a mão ao bolso mexendo na minha reformazinha.

Andava estranhando que não se tivessem lembrado de se atirarem aos pensionistas e reformados com reformas acima de qualquer coisa, mas não deram tempo para me rir do que aconteceu aos funcionários públicos e aos trabalhadores de algumas empresas públicas, porque aos respetivos dirigentes e administradores existem mecanismos suficientes para tornar a medida inútil e fantasmagórica, para não dizer ridícula e falaciosa.

Esta medida não me chateia demasiado, porque já estava convencido que mais tarde ou mais cedo ela teria que ser implementada, mesmo que todo o mundo seja contra ela, quer sejam da esquerda quer da direita e até do centro e dos campos primaveris.

O que me chateia verdadeiramente é eu ter consciência que há por aí muito boa gente a engordar cada vez com o decorrer da crise e ninguém é capaz de lhe tirar da frente, isto é, do bolso uma carcaça que seja, isto é, um cêntimo que seja, quer se trate de pessoas individuais quer de pessoas coletivas.

Ainda hoje, talvez tivesse sido ontem, que li ou ouvi que os dois senhores mais ricos de Portugal viram aumentadas as suas riquezas em oitocentos milhões e seiscentos milhões de euros, sendo certo que o engenheiro ficou na mesma, sendo que a única explicação para o facto está precisamente no facto de as perdas visíveis e invisíveis das grandes superfícies não terem sido controladas devidamente como o podem ser nas de média dimensão...

O que eu queria dizer é que ainda há muito campo para explorar e para plantar oliveiras e videiras para tornar o Alentejo uma imensa vinha e um imenso olival, antes de tentar apanhar alguns euros a uma boa quantidade de empresas e de senhores que estão e vivem no topo do mundo como se fossem deuses e nada deverem a estes pobres e desgraçados mortais.

A sério, mesmo muito a sério: alguém está convencido que um administrador de uma empresa quer seja pública quer seja privada trabalha e produz o mínimo suficiente para ganhar mais de duas e três centenas de milhares de euros por mês fora todas as alcavalas que não são contabilizadas?

Eu admito que esse pessoal possa ganhar tudo isso, mas que não seja à custa dos preços dos produtos produzidos ou comercializados muito para além do razoável e se tiverem esses rendimentos, que envergonham muita gente, então que as respetivas empresas sejam sujeitas a fiscalização e penalização adequadas por fazerem fora do penico. Mas isso não vai acontecer, porque o penico desse pessoal e dessas empresas é bem grande e não cabe neste desgraçado País.

Digam-me lá se é justo: utilizo a internet para fazer uma transferência bancária e pago o respetivo serviço, não havendo dúvidas que os custos foram meus e não do respetivo banco...?

Mas depois os lucros são de milhões e mais milhões... numa terra onde impera a miséria

Enfim: não se pode dizer que toca sempre aos mesmos; para o ano vão entrar a outros, mas os intocáveis de hoje, continuarão a ser os intocáveis de amanhã.

A não ser que as próximas eleições legislativas do corrente ano sejam dominadas e ganhas pela verdadeira esquerda já representada na atual AR...

10.3.11

A mulher de César

Continua a chegar às caixas de correio eletrónico de internautas portugueses uma nota sobre a nomeação como assessora do grupo parlamentar do bloco de esquerda na AR a mãe do Louçã, sendo que a venerável senhora tem setenta e nove anos...

Como ma deram assim eu a dei, mas pouco tempo depois recebi uma informação pelo mesmo meio que a dita senhora já é assessora do bloco de esquerda há mais de dez anos e ainda por cima em regime de voluntariado, não recebendo qualquer maquia pelo seu trabalho.

Acredito que sim, mas gostava que me explicassem para que foi necessário um despacho de nomeação datado de dois mil e dez para um trabalho de voluntariado na Assembleia da República.

Se isto pega temos o fim da crise à vista, bastando para tal que todos os assessores de todos os grupos parlamentares da AR passem a ser veneráveis senhoras e senhores da terceira e quarta idade e em regime de voluntariado.

Cá por mim manifesto, desde já, a minha disponibilidade, mas apenas a meio tempo..., porque, embora em idade um pouco menos avançada, tenho graves problemas de coluna.

O conhecimento público deste trabalho de voluntariado vem, de alguma maneira, contrariar o discurso do PR quando se referiu o trabalho voluntário dos jovens, não merecendo quando referência o empenhamento dos menos jovens que andam lá pela casa dos senta e oitenta... mas mereciam porque também são portugueses.

Encontrei na minha caixa de correio eletrónico por mais de uma vez uma nota sobre um aumento de vinte por cento sobre não sei o quê e referente aos agentes políticos, pressupondo eu que sejam os membros do Governo, os deputados, os diretores gerais e, de certeza, mais umas quantas categorias de funcionários de topo da AP.

Mas não encontrei em lado algum um protesto que fosse por parte dos deputados bloquistas, por parte dos deputados comunistas, incluindo os deputados verdes, por parte dos deputados populistas, por parte dos deputados sociais-democratas e, finalmente, por parte dos deputados socialistas.

E também não tenho conhecimento que tivesse havido um deputado sequer que recusasse este aumento, parece que incluído no orçamento...

Quem disse que a mulher de César tem que parecer séria?

9.3.11

O Presidente

Andava à procura de uma oportunidade e de um motivo, andava à espera de uma coisa qualquer que me servisse de justificação suficiente para reiniciar a produção destes textos a propósito de tudo e de nada.

Pode parecer que neste espaço de tempo não faltaram acontecimentos na vida portuguesa para merecerem a minha atenção e, em consequência, a dedicação de umas linhas, quanto mais não fosse para ficarem registados da minha parte em letra de forma.

É bem verdade que o governo continua o mesmo, que a oposição continua a mesma, que os discursos continuam os mesmos, que os educadores do povo continuam os mesmos, que os comentadores continuam os mesmos.

Salvo se tivermos na devida conta que a crise, apesar de ser a mesma, tem contornos dos quais não estamos a gostar mesmo nada, tanto mais que o preço dos combustíveis, esses, não continuam os mesmos…

A partir de hoje temos um "novo" Presidente da República, que vai timonar os destinos da Nação durante os próximos cinco anos, sendo este facto motivo bastante e suficiente para me justificar e recomeçar a escrever o que me der na real gana sem ter que dar contas a ninguém.

Ao "novo" Presidente da República desejo as melhores venturas para desempenhar com dignidade as funções de que foi investido e conferidas pela Constituição da República.

Mas que se deixe de rodriguinhos nos seus discursos e passe das boas palavrinhas e das melhores intenções aos atos concretos, pois que de diagnósticos já chegam os do professor Marcelo e os do comentador Pacheco.

Não ouvi o discurso do Presidente, mas tive o cuidado de o ler na íntegra não vá ele acusar-me de o comentar sem o ter lido, como provavelmente vai acontecer com alguns dos nossos inteligentes dos meios de comunicação social.

Nem sequer uma palavra para a crise internacional, quase toda ela da responsabilidade de economistas e financeiros

Cabe perguntar: onde andou este homem durante os últimos dez anos? Não tem nada a ver com o que se passa nesta terra? Será que tudo o que aconteceu, que vem acontecendo e que acontecer não tem uma participação, nem que seja por ausência de decisões, do Presidente? Será que a responsabilidade nunca passou ali pelos lados de Belém.

Será que os jovens do seu discurso não foram formados em Portugal?

Será que este homem não tem a coragem de demitir o Governo depois de ter pronunciado este discurso?


 

Ou eu muito me engano, ou esta paz podre vai continuar na mesma…


 

Ainda vamos dar razão ao kadafi…