22.12.06

Sessenta

Um destes dias passados circulou uma informação dando conta da posição de pilotos das linhas comerciais contra o aumento da idade de reforma dos sessenta para os sessenta e cinco anos.
Pouco depois surge a informação sobre a posição de um outro grupo de pilotos concordando com as medidas propostas.
Parece que aqueles não aceitam trabalhar para além dos sessenta, idade bonita para dar lugar a outros mais novos e, certamente, mais baratos para o patrão.
Estes aceitam continuar a trabalhar e a descontar para a SS de modo a terem, em devido tempo, uma pensão de reforma um pouco mais elevada.
Previdentes estes pilotos, mas aqueles…
Estou convicto de que uns e outros estão cheios de razão: aos sessenta anos ainda se é “novo” para deixar de trabalhar, mas aos sessenta e cinco já não se garante segurança aos passageiros que se fazem transportar de avião.
No meio destas duas posições estamos todos os que usam os aviões para circular de um lado para outro: no fim de contas o que queremos é partir, chegar e voltar, sempre com segurança total, não havendo meias tintas para estas coisas. Ou chegamos ou não chegamos.
Depois dos sessenta já não há piloto com capacidade suficiente para garantir a segurança dos seus passageiros… pelo que deixar de trabalhar é melhor solução…
Por mim, tudo bem, embora me pareça estranho que um piloto queira deixar de pilotar um avião a partir do momento em que atingir os sessenta anos de idade, sendo que os cinquenta e cinco é que seria o mais indicado.
Não tenho opinião sobre a matéria, mas tenho conhecimento suficiente da realidade da natureza humana para me sentir com a capacidade de fazer uma pergunta: será que os pilotos que defendem a idade de reforma aos sessenta anos vão deixar de pilotar um avião, vão deixar de exercer a sua profissão, vão deixar de fazer aquilo que mais gostam, aquilo que lhe dá um prazer danado, aqui que lhe dá um estatuto social dos mais elevados e mais conceituados e mais respeitados pelo pessoal que utiliza um avião?
Continuamos na idade da inocência e acreditamos no Pai Natal…

Electricidade

Sinto que estou a melhorar: consegui ouvir cerca de trinta minutos do debate sobre o Ensino Superior que decorreu no Parlamento.
Admirei muito as intervenções dos senhores deputados e do nosso Primeiro sobre tão importante tema, a não ser a sua duração, pois nunca mais se deixava de falar sobre a questão premente da demissão do Presidente da entidade reguladora da electricidade.
Deu para entender as grandes preocupações dos senhores deputados sobre o Ensino Superior em Portugal, de tal modo que fazia pena o seu elevado esforço em manter a discussão nos problemas da regulação da electricidade em Portugal.
O grave da situação não está na leveza com que os senhores deputados falaram do ensino superior em Portugal: parece que há uma falta de estratégia para o ensino superior em Portugal, mas não se ouve uma voz a dizer qualquer coisa sobre uma possível estratégia para o ensino superior em Portugal: aquela bancada do cds ou do pp, não sei bem, é de morte… mas as outras não se ficam atrás…
O grave da situação é eu não entender o que se passa com os custos da electricidade: que as variáveis que entram no custo da electricidade, que as variáveis que não entram no custo da electricidade, que os custos da electricidade, que os custos da electricidade são mais altos que os preços da electricidade, que os custos aqui são mais altos que lá, que os preços aqui ainda são mais altos que lá, que o petróleo sobe e os lucros aumentam, que os consumidores deveriam pagar mais quinze por cento, que não deveriam mais que seis por cento… e mais umas quantas trapalhadas para que os consumidores, nós, os que não percebemos nada disto, continuem a pensar que o Governo é o mau da fita.
E talvez seja pelo simples facto de não ser capaz de explicar uma coisa muito simples de explicar de modo a que o pessoal entenda de uma vez por todas que os “fabulosos” lucros das empresas produtoras/comercializadoras não provêm dos preços praticados…
E se não vêm dos preços praticados, então qual será sua origem? Não me digam que é da venda de droga…
O cómico de tudo isto é eu pensar que os deputados estão contra a decisão do Governo em não aumentar o preço da electricidade em quinze por cento como era de parecer esse tal presidente, que já não é…
Ainda continuo a pensar que foi uma lástima e uma grande oportunidade perdida o facto de o jesuíta beirão não ter saído com o engenheiro beirão também, mas do outro lado…
Alguém poderia explicar o facto de os espanhóis não terem decidido investir aqui sem saberem o preço da electricidade…
Onde está o Conde Andeiro dos tempos modernos…

20.12.06

Crime

Nada do que nos possa acontecer, deve parecer estranho. Já passaram por nós muitos lustros, muitas dezenas e algumas centenas de anos, claro, para que tudo nos pareça normal e lógico, até.
Aquela de o nosso Primeiro mandar uma carta ao TC para enviar uns quantos pareceres favoráveis à lei das finanças locais e mais não sei o quê, fez-me lembrar uma outra de um Presidente de Câmara que, a propósito de pareceres, dizia liminarmente que os podia ter “a metro”…
E então as “férias” dos jogadores de futebol profissional agora no Natal e no Fim de Ano?
Queriam por força que o demissionário presidente de uma coisa qualquer relacionada com a regulação (?) da electricidade fosse a uma comissão da AR para dizer da sua justiça…O homem está inocente dos preços fictícios… por isso queria um aumento daquela grandeza, porque responde perante os produtores e não perante os consumidores ou perante quem o nomeou… Independente? Independente para opinar, mas dependente para decidir…
Mas nunca me tinha passado pela cabeça que pudesse acontecer aquela cena da Associação Sindical dos Juízes. Nem me passa pela cabeça que as notícias estejam correctas e que o referido parecer tenha sido emitido naqueles termos. Se querem saber, eu nem sei quais são os termos do parecer.
No fim de contas, entendi que não é crime um determinado tipo de violência doméstica praticada por um homem sobre um homem, uma vez que, no entender dos juízes, trata-se de dois sexos “fortes” e não de um sexo forte e outro fraco…
Claro que um filho, a partir de agora, quando “arrear” umas bocas tareias no pai ou na mãe, ou esta enfrentar o marido e assentar-lhe umas boas chapadas quando chegar tarde a casa, estão bem protegidos pelo parecer da Associação Sindical dos Juízes.
Não lembrava ao diabo pedir um parecer a quem pensa desta maneira, a não ser que se estivesse preparando para levar umas boas estaladas pelo crime de “cumprir” o seu dever…dados em casa não era crime…
Vou esperar para ver se os jornais publicam o parecer produzido para o ler com a devida atenção: a coisa parece-me tão insólita e tão idiota que nem dá para pensar que se trata de comentários de jornalistas desprevenidos.
Estão a ver o fundamento da carta do nosso Primeiro…?  

14.12.06

O livro

O livro do momento está a causar estragos diversos por diversos lados e lugares. Seja ela quem for, seja o livro uma mentira pegada, seja a escrita pouco escrita, a realidade é que o pessoal desatou numa berraria desenfreada como se o relatado, ou o contado, ou o inventado, que, no fim de contas é capaz de ser verdade, não fosse do conhecimento geral das pessoas do meio e de muitas que dedicam umas boas horas do dia a ler jornais desportivos, principalmente…
As histórias dos árbitros nunca serão tão claras e tão transparentes e tão verdadeiras como a que se conta do alentejano: “…jogo que eu apite, ganha quem eu quero…”.
Se os caminhos agora trilhados são tortuosos, demasiado obtusos, fortemente complicados, obscuros e sinistros, é um produto dos tempos: agora nada é claro, nada é simples, nada brilha… e para se ser alguém sem trabalho, então o caminho vai dar ao campo da bola…
Não li o livro, fundamentalmente por uma razão muito simples: não o comprei e nem o vou comprar, pelo que, se o ler, será por empréstimo.
Mas o que me espanta não o que a madama escreve: são as consequências do que escreveu.
Não querem lá ver que houve perseguições, espiões e muito ões misturados que causaram um vendaval de protestos. Muito provavelmente se eu me sentisse ameaçado por motivos que eu considerasse razoáveis, contaria imediatamente os acontecimentos a quem teria a responsabilidade de averiguar os seus fundamentos e tudo o que tivesse qualquer relação com as ameaças.
Que fez o senhor? Calou-se e contou muito mais tarde, agora a par do livro do momento. Mas que relação terão…? O livro é razão, o livro é fundamento, o livro é causa, o livro é efeito, será que o livro é tudo isto?
Então não digam mal de quem disse, condenem quem calou e quem…
Parece que foi agora nomeada uma mulher para tratar do apito…
Espero bem que não se cale, mas sim que continue ela própria!
Se tiver que mandar umas bocas… nós vamos gostar de ouvir…
E aquela da lista…!!!
E ainda dizem que o livro é uma mentira pegada…

11.12.06

Incompatibilidades

Ao passar uma vista de olhos pelas gordas dos jornais de hoje deparei com um título a pequenas sobre a contratação da Maria de Belém pelo Grupo Espírito Santo. Parece que a Senhora Deputada já terá dito que não havia incompatibilidades.
Nós acreditamos piamente que não há incompatibilidades porque não estou a ver o Espírito Santo a praticar actos que poderiam dar origem a graves problemas constitucionais sobre mais um emprego de mais um (uma) deputado (a). Era o que faltava. Nós sabemos que os deputados, a priori, nunca incorrem em incompatibilidades: pois se são eles que as definem, certamente que as definiram de tal modo que incompatibilidades nos deputados só por mero acaso e por pouco tempo.
Nós admitimos, os eleitores admitimos, que as consequências de uma eleição é a representação digna dos eleitores, pelo que no plano ético é que se deveria analisar o conceito da “incompatibilidade”.
Uma questão se nos levanta de imediato: o Espírito Santo contrataria a Maria de Belém se esta não fora deputada e tivesse sido mais umas quantas coisas nuns tantos Governos?
Toda ouve falar dessa coisa que dá pelo nome de “causa e efeito”, não se sabendo qual é a ordem correcta para situações como esta…
Uma coisa é certa: não há incompatibilidade nesta contratação, tanto mais que a Senhora Deputada não vai deixar de trabalhar com afinco a bem da Nação e para eleitor ver e sentir…
Depois de tudo isto e de tudo o que vem acontecendo com deputados, ministros, secretários de estado e quejandos a exercerem determinadas funções antes, durante e após os mandatos eleitorais, ninguém pode levar a mal que os eleitores atirem às urtigas as eleições e continuem a dizer mal de todos os políticos, mesmo que alguns se dediquem a tempo inteiro à causa pública, sem acumulação de funções e de vencimentos…
Ainda há vergonha, mesmo sendo pouca…

9.12.06

Anormais?

Contaram-me, e dou como verdadeiro o conto que me contaram, que um morador na Quinta da Luz em Carnide entrou em contacto com a PM para dar conta, (queixar-se?, desabafar?) da situação caótica do trânsito e estacionamento nesta zona…
Calculo que o morador ter-se-á referido aos efeitos do centro comercial tanto no trânsito como no estacionamento e, talvez, tenha indicado que os moradores não são culpados de nada. De nada, ponto e vírgula; a não ser que também contribuem para o agravamento desses efeitos com os seus automóveis…Mas são residentes!
Parece que a PM terá respondido, eu conto ter acesso à resposta escrita, que não havia nada de anormal nesta zona sobre a matéria exposta.
Isto é, parece que para a PM o que se passa diariamente e a qualquer hora na Quinta da Luz, na Avenida do Colégio Militar e em todas as imediações do centro comercial não é anormal, pelo que, deduzo eu, que está tudo normal.
Eu acredito na PM, pelo que deduzo, também, já estou a deduzir muita coisa o que é contra os meus hábitos e princípios deduzir coisas contrárias à opinião e afirmação da PM e dos polícias, em geral, que para a PM nada se passa nesta zona da Cidade.
Claro que, juntando os cordelinhos todos, nós podemos, agora, concluir que nesta zona só se passa alguma coisa de anormal, quando a carrinha da PM, munida dos devidos meios mecânicos e electrónicos, se ocupa em imobilizar umas viaturas e a passar autos de contra-ordenação a outras por infracções ao C da E. Nestas alturas, já há alguma coisa de anormal…
O que é curioso é que estas alturas coincidem, geralmente, com jogos do Glorioso e na margem direita da SC…
Esta gente tem que aprender a não meter-se a interpretar o C da E, quando temos a PM a velar por nós, pois este problema não é nosso mas sim deles!!!
A nossa função, nesta matéria, é deixar os automóveis em situação tal que dê oportunidade a quem de direito para “julgar” que existe uma infracção à lei e aplica esta com justiça.
Quem disser que a todas as horas de todos os dias e na Quinta da Luz estão automóveis estacionados em infracção de alguma disposição do C da E não está a falar com total verdade.
E não está a falar com total verdade tão só e porque esse julgamento não é da sua responsabilidade…
Nós… mesmo que nos custe… só temos que pagar…

3.12.06

"Es-adof"

Es-adof!!!
Encontrei esta extraordinária expressão ao passar uma vista de olhos pelo “Abrupto”. Suponho que se tratava da participação de um leitor, uma vez que não estou a ver o JPP a escrever coisas destas, arrop!
Nunca me tinha lembrado de inventar estas expressões, embora tal escrita não me seja desconhecida; muito menos a fala, pois tive um colega lá na tropa, que falava razoavelmente desta maneira.
Apesar de estranha maneira de dizer as coisas, não deixa de ter a sua piada: assim podemos adiantar tudo o que nos vai na alma que ninguém leva a mal. Trata-se de uma maneira de escrever que até soa bastante bem. Se não, vejamos: olharac. Alguém pode ficar ofendido com esta sonorização do dito? Impossível. Alguém pensa que se trata de uma coisa feia? Nem pensar… Posto isto, tenho pensado no que pode estar escondido em muitas escritas de muitos povos, que nem sequer dá para pronunciar. Acreditemos que o pessoal não é mal intencionado… e sem forem: que “es madof”!!!
Depois da primeira vez que a barragem encheu, fui ao Alentejo. Não havia cova, por maior que fosse, que não estivesse a largar água por todos os lados. O pessoal estava radiante, muito embora já estivessem a dizer que não podia ser, que a azeitona ficava nos campos, que os campos ficavam cheios de erva, que a erva crescia demasiado depressa, que a pressa não deixava lavrar os campos… a pressa não, água.
Agora voltei, depois das segundas cheias… aquilo já não era terra; era qualquer coisa nunca vista: uma gota mais e era um dilúvio!!! O mais estranho disto tudo é que agora parece haver uma certa aceitação da terra molhada, chegando a haver pessoal a agradecer aos deuses não virem aquelas desgraças lá do oriente…
Esperemos que lá para o meio do ano, ninguém venha dizer que é preciso economizar água, porque os níveis das barragens estão num perigo: era uma grande “adof”!!!