10.10.13

A entrevista

Foi monumental e do outro mundo: o novo programa da televisão pública com um novo formato de entrevistas a figuras públicas e pessoas importantes, iniciadas com o primeiro.

Foi uma delícia ouvir vinte cidadãos a formular vinte perguntas sobre os mais diversos temas e assuntos e um discurso igual a tantos outros que já tivemos oportunidade de ouvir.

De facto, tivemos a oportunidade de ouvir umas perguntas que nem sequer tiveram grande impacto e que poderiam ter tido muito mais cuidado na sua escolha e na sua formulação, mas foi o que se teve e foi a isto que o primeiro respondeu.

Respondeu?

Ouviu as perguntas, mas foram respostas aquelas palavras debitadas como se fosse um papagaio já muito habituado a dizer pela milésima vez aquele chorrilho de afirmações, sem fundamento e muitas vezes sem nexo, parecendo mesmo que tinha pela frente o teleponto que não o deixava desviar do pretendido?

É assim que vamos tendo a oportunidade de continuar a ouvir sempre a mesma coisa cinzenta vomitada a cem à hora para português se convencer que estamos na presença do enviado do senhor dos passos para salvar não a humanidade, mas a portugalidade e com isto, os portugueses e por fim Portugal.

Estamos naquela fase em que alguns se sentem predestinados para salvar uma cambada de idiotas e de mentecaptos que nunca tiveram a dignidade de se assumirem como ignorantes e carenciados de quem os guiasse e levasse a bom termo e à salvação.

Apesar de termos podido constatar que as respostas quase nunca disseram respeito às perguntas, tivemos a oportunidade de ouvir mais uma vez que a austeridade é necessária para os funcionários públicos, para os reformados e aposentados, uma vez que o setor privado já sofreu o bastante e já fez a sua reclassificação e o seu ajustamento, mandando para o desemprego milhares e milhares de trabalhadores e encerrando uns milhares de empresas, fora aquelas que se seguirão nos meses mais próximos.

Continuam a ser os funcionários públicos, os aposentados e os reformados a pagar as políticas destes iluminados por nós ali colocados para sanear a nação e colocar os cidadãos nos seus respetivos e devidos lugares, sem qualquer possibilidade e capacidade de retorquir e bater o pé aos salvadores do povo.

Volto a afirmar o já aqui disse algumas vezes: o objetivo básico e principal desta escumalha é empobrecer o Povo em cerca de quarenta por cento relativamente ao que existia em dois mil e oito.

No fim disto, teremos os pobres mais pobres e os ricos mais ricos e ficando o País na total dependência durante algumas gerações por obra e graça do poder do capital e dos seus digníssimos representantes e arautos.

De que nos queixamos, se os deixamos lá continuar…?


 


 

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