3.3.19

A paisagem verde

Era minha intenção sair da Covilhã e embrenhar-me pelo interior para olhar e ver com alguma atenção a transformação da paisagem após um ano e meio das tragédias.
Percorri umas quantas centenas de quilómetros por estradas quase sempre boas e sem buracos.
Andei por montes, por vales, por serras, por encostas, por buracos e vi nos lugares mais esquisitos casas plantadas aqui e ali no meio de uma devastação quase total.
E observei o verde  da paisagem nos quilómetros percorridos quase sempre e exclusivamente proveniente dos eucaliptos já  renascidos, mas observei também uma paisagem inóspita onde abundavam as árvores dos mais diversos tamanhos todas ardias e sem qualquer sinal de vida.
A natureza é assim: os pinheiros mortos e os eucaliptos vivos.
No meio disto tudo e quando foi necessário um pedido de informações sobres estradas para chegar a um determinado lugar raramente se encontrava uma pessoa, um natural, um residente para uma troca de palavras.
Era o interior no seu esplendor!!!
Para nos darmos conta do que se passa lá naquelas terras, importa e é totalmente imprescindível  ir lá e verificar pelos seus próprios olhos e não dar muita importância nem muita credibilidade aos ditos de todos os políticos quer dum lado quer do outro.
Aquilo é inenarrável e só vendo é que se pode acreditar e confirmar a realidade.
Como é possível alguém acreditar que se pode transformar o interior dando aquelas condições?
Como se pode pretender que o pessoal deixe a cidade e se fixe no campo?
Aquilo é quase um deserto e ainda por cima abandonado.
É preciso ter muita coragem ou não ter qualquer outra hipótese para viver naqueles lugares...