13.11.13

Depois digam

A vampiragem do outro lado do atlântico vem com um relatório de noventa páginas (?) dando-nos conta daquilo que todos os quase todos já sabíamos: os cortes vão continuar e nem pensem aqueles sujeitos desconhecidos de toga esquisita dizer o contrário, porque, se tal acontecer, o caldo estará mesmo entornado.

Já sabíamos que esta coisa da austeridade vai continuar ao serviço dos grandes e dos poderosos, de modo a tornar os mais pequenos e os mais fracos a assumirem de uma vez por todas que o poder está no poder e não é partilhado pela plebe, convidada a ocupar o seu devido lugar.

Esse tal lugar não é mais nem menos que servir de pau para toda a colher dos senhores mandatários do capital mundial, isto é, dos credores, feitos sanguessugas e vampiros, cuja única missão é sugar e aspirar o sangue dos desgraçados que são colocados à sua mercê sem qualquer tipo de capacidade de reação.

Não estranha que os senhores do mundo venham assumir que os salários têm que baixar de valor para que a competitividade da economia portuguesa seja uma realidade, como se isto fosse o grande objetivo e o grande motivo das economias que dominam o mundo.

O que está em causa é posicionar e orientar a força do trabalho no sentido desejado e exigido pelo capital: um serve, outro é servido; um come as migalhas se as houver, outro come tudo e não deixa nada.

Já está dito há muito tempo: enquanto os salários e as pensões daquela grande massa de gente, que ocupa os três quartos da base da pirâmide, não estiver mais pobre cerca de quarenta por cento relativamente aos níveis de dois mil e cinco, não teremos descanso e seremos sempre perseguidos pela austeridade decretada lá fora e levada a cabo por uns quantos mandatários obedientes e serviçais que temos por aqui.

A receita é simples: ou isto ou aquilo e daqui não se sai.

O mesmo será dizer que os salários e as pensões têm que baixar, ou os impostos vão ter que subir.

Por mim estaria tudo certo e bem, desde que se dissesse quais os salários e quais as pensões que deveriam baixar e quais os salários e pensões que deveriam subir e quem pagaria os tais impostos para compensar tudo isto.

Se seriam os tais três quartos da base ou se seriam os dois terços do quarto do topo da pirâmide, porque haverá sempre alguém que se fica a rir de todos os outros e não paga nada.

Quem tiver disponibilidade e saiba, pode fazer um pequeno exercício: comparar a carga de impostos dos três quartos da base da pirâmide com o quarto restante do topo da pirâmide para se saber a quem deveria caber uma maior comparticipação no equilíbrio do défice e na diminuição da dívida pública.

Investigue-se a carga fiscal de todos aqueles que estão no topo das empresas públicas e privadas, daqueles que estão sentados à mesa dos meios de comunicação social como comentadores e críticos da política e do futebol, de todos aqueles que escrevem diariamente para os jornais, de todos aqueles que abrem todos os telejornais de todos os canais de televisão, dos grandes escritórios de advogados, dos banqueiros, dos empresários, de todos aqueles que vivem por conta do orçamento e que são mandatários dos seus senhores.

Depois digam que salários e pensões deveriam baixar e que salários e pensões deveriam subir…

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