29.10.06

Fase complexa

Ando a atravessar uma fase dos meus humores um tanto ou quanto complexa:
Já não me dão vontade de rir as intervenções dos políticos quer do governo quer da oposição; tanto que eu gostava de uma boa tirada de uns e de outros e era gargalhada pegada quando ouvia um ministro ou um secretário de estado ou um secretário-geral ou um presidente ou um porta-voz a mandar uma boca para o povo ouvir, mesmo que a boca fosse foleira.
Já sinto uma certa frustração quando ouço falar de um perdão de não sei de quê a bancos, que deveriam participar no esforço de guerra que estamos (?) a travar contra o défice. Nem sei bem se é contra o défice se é contra as despesas desnecessárias e abusivas da administração pública…isto é, dos ministros, dos secretários de estado, dos directores gerais e dos presidentes disto e daquilo…
Já não tenho alegria quando dou conta de uma boa discussão onde todos berram ao mesmo tempo e ninguém ouve, ou melhor, entende o que se pretende dizer…
Já não acho piada às asneiras dos jornalistas a lerem os milhões de euros de qualquer coisa, pensando que o problema deve estar no teleponto…
Já não faço observações sobre aquelas apresentadoras histéricas, cujo único pecado é não estarem atadas às cadeiras…
E muito menos me importa que muitos e muitas leitores e leitoras de textos noticiosos, que em Portugal se denominam de “jornalista”, se esqueçam de pronunciar a última sílaba das palavras…
Já não que questiono se o TGV chega a Lisboa pela margem sul ou pela margem norte, se o aeroporto da OTA é construído ou fica no papel, se o Porto vai ter mais uma ponte sem portagem, apesar da pobreza reinante na região de braço dado com os carros de alta cilindrada…
Mas tenho duas grandes preocupações:
Não entendo os alentejanos por já estarem fartos da água das últimas chuvadas, quando as barragens ainda dormem…
E a mais importante, mas mesmo muito importante é a intervenção de dois grandes homens do nosso Portugal de hoje: Luís Filipe Vieira e Jorge Nuno Pinto da Costa.
Portugal bem pode dar graças aos deuses pela existência destes dois grandes portugueses… Que seria da nossa vida se ao voltar da esquina do tempo não esbarrássemos com estes dois heróis nacionais…
É realmente uma lástima que aquele tipo da margem direita da segunda circular não tenha queda para estas coisas…

23.10.06

Político-partidários

Já que comecei esta coisa, não convém que a deixe sem qualquer justificação. Mas como não tenho qualquer justificação para a deixar, não a deixo e continuo a deixar algumas observações sobre factos e circunstâncias a vida quotidiana do burgo. Vai havendo matéria que baste para, de vez em quando, envolver alguns minutos neste modo de escrita…

Fiquei muito preocupado, senão surpreendido, pela notícia sobre a suspensão do mandato de um deputado: fora nomeado presidente de uma grande empresa portuguesa (?) produtora cervejas, deduzindo-se que não poderia acumular o seu mandato de deputado com esta nova (?) situação profissional. Certamente que a diferença de ordenado justificava perfeitamente o abandono do exercício de tão elevadas funções políticas para as quais fora eleito por uns quantos milhares de portuguesas que nele confiaram…

Mas o estranho foi a justificação apresentada: motivos político-partidários. Assim, sem vergonha, sem moral, sem ética, sem respeito…

Eu não sabia e agora fiquei a saber que essa história dos motivos político-partidários para tudo e para mais alguma coisa continua a justificar a mais incríveis razões para aldrabar o pessoal… É!!! Sempre ouvi dizer que a vergonha era verde e que veio o burro e comeu-a…

Continuei a ficar surpreendido, mas desta vez não preocupado por um secretário de estado ter dito qualquer coisa relacionada com a culpa dos consumidores pelos preços da energia eléctrica. Nunca me tinham dito nada sobre tal responsabilidade, mas acredito piamente no que toca à minha quota-parte de responsabilidade. Provavelmente consumi demasiada energia eléctrica, quando deveria ter tido mais cuidado e ser mais poupadinho…

Para mim, tudo bem. Só não percebo por que é que, depois de um dia mau para o tal secretário de estado, ele não teve um dia bom para apresentar a sua imediata demissão…

Afinal está tudo bem: para uns os motivos político-partidários justificam a pouca vergonha; para outros os dias maus desculpam as asneiras.

A vergonha era verde…

15.10.06

A Crise

Tenho o dever de corrigir os dizeres da placa colocada no passeio (pedras, areia e ervas) da Avenida do Colégio Militar: “Parque de estacionamento reservado a residentes”. Corrijo para “Parque reservado a residentes”.
Esta gente é mesmo inteligente: não é que dando outro uso àquele parque não carece de mudar a placa? Ficamos a saber, e isto é do meu agrado, que o parque vai ser reservado a residentes para depósito dos seus automóveis que forem rebocados, principalmente nos dias de jogo do Glorioso.
É preciso ter sorte para não ter que ir buscar o carro ao outro lado da segunda circular…

Abertura bombástica de um noticioso da TV paga por todos os que pagam impostos: “O Ministro da Economia anunciou o fim da crise”. Se esta bomba fosse do cm ou do 24 não levava a mal nem me importava.
Mas da estação pública… Fiquei com curiosidade de ver e ouvir o desenvolvimento da bomba, pois pareceu-me logo que o Ministro não teria dito aquilo daquela maneira. Assim pensado, assim dito: o Ministro não disse bem aquilo que foi dito pelo JRS. Se tivesse vindo de um outro qualquer, qualquer desculpava… mas vindo dele!!!
Assim é quem faz opinião pública…
O Mais engraçado de tudo isto é que o Presidente do Glorioso e candidato a Presidente do Glorioso anunciava também o fim da crise no Glorioso: acertou em cheio. Ontem foi o que se viu!

13.10.06

Humor negro

Passeava pela Avenida do Colégio Militar no sentido NS e tive a oportunidade de admirar uma rede/vedação toda pintada de verde a contrastar com a cor vermelha do estádio do Glorioso.
Fiquei espantado e até admirado pelo facto de o passeio da Avenida continuar naquela porcaria de sempre: esperava uma calçada paga pelos custos do estacionamento na Cidade ou, pelo menos, um betuminoso igual ao das faixas de rodagem. Mas não lá estava a porcaria.
Mas outra coisa ali continuava a chamar a atenção de quem passa despreocupadamente: um aviso “Parque de estacionamento reservado a residentes”. Deve haver algum engano ou então deve tratar-se de “humor negro”… difícil de entender. De qualquer maneira, parece-me que a obra ainda não está totalmente acabada: pelo menos, não está em funcionamento…
No princípio era o verbo e residentes eram aqueles a quem a JF reconhecia essa qualidade. Agora? Residentes serão os “pm” e os automóveis rebocados.
Aquilo ainda está vazio, mas não há pressa. Numa tarde de actividade nas envolvências no centro do Belmiro e nas ruas da Quinta da Luz o espaço será curto para tanto abuso ao CE.
O mais engraçado de tudo isto é que me garantiram que a JF de Carnide não teve conhecimento daquela obra…
Eu acredito piamente, mas não deixa de ser estranho tal facto, tanto mais que a esta JF nada escapa no que às necessidades dos residentes diz respeito.
Já agora tenham presente que um pouco mais abaixo no NS da Avenida estão duas ilhas pejadas de automóveis estacionados… ilegalmente, claro!!!

12.10.06

Reboques

Eu gosto muito da Câmara Municipal de Lisboa.
Eu gosto muito do Presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
Eu gosto muito das Vereadoras da Câmara Municipal de Lisboa.
Eu gosto muito dos Vereadores da Câmara Municipal de Lisboa.
Eu gosto muito das obras da Câmara Municipal de Lisboa.
Eu gosto muito das iniciativas da Câmara Municipal de Lisboa.
Eu gosto muito da previdência e da providência da Câmara Municipal de Lisboa relativamente aos seus Munícipes.
Então não querem lá ver que a CML resolveu tomar uma iniciativa de protecção dos residentes na dita Quinta da Luz em Carnide!!!
Sabendo a CML que esta zona está cheia de pessoal que frequenta o centro comercial do Belmiro e, de vez em quando, daquele “maralhal” que se desloca ao campo do Glorioso, do que resultam graves inconvenientes para os pacatos residentes na quinta no que se refere à circulação e estacionamento de veículos automóveis, teve a brilhante ideia de resolver o problema ou, pelos menos, minimizá-lo !!!
Onde havia um parque de estacionamento para residentes, isto é, para quem chegava primeiro, passa a haver um parque para as viaturas rebocados pelos competentes serviços !!!
É de aplaudir esta medida, porque assim quando os aqui residentes tiverem o seu automóvel rebocado não têm que se deslocar ao cu de judas, porque o parque está mesmo aqui ao lado.
Só vantagens.
Claro que o Belmiro vai ter mais umas quantas assinaturas, mesmo a preço simbólico, mas uma assinatura paga; a Associação dos Parques da Quinta da Luz terá (terá?) mais uns lugares vendidos e os moradores terão um parque de viaturas rebocadas para dar alguma dignidade à Avenida do Colégio Militar.
Se na Avenida do Colégio Militar está o Colégio Militar, estão umas quantas oficinas, o Centro Comercial do Belmiro, um bairro residencial, por que carga de água não há-de estar um parque de estacionamento para viaturas rebocadas ??? !!!



10.10.06

PGR

Decorreu hoje o primeiro dia do mandato do novo Procurador-Geral da República: não sei o que fez; em que assuntos ocupou o tempo; em que processos tocou; que pensamentos teve, que dúvidas lhe vieram à cabeça; que certezas pôs em cima da sua mesa de trabalho.
Para mim o que é importante na vida deste novo Procurador-Geral da República é que tenha sempre presente as enormes expectativas que uma grande maioria dos portugueses atentos a estas coisas depositou na sua nomeação, o acompanhou a sua tomada de posse e vai olhar a sua actividade profissional.
Que nunca lhe falte o bom senso, mãe e pai da eficácia, da dignidade profissional e da consciência do dever assumido. Que os deuses nunca lhe retirem a clarividência e a sabedoria indispensáveis para a decisão acertada. Que os amigos fiquem longe, mas perto os inimigos. E principalmente que nunca se deixe intimidar pelas vozes que clamarem no deserto…
Certamente que as nuvens negras já pairam no ar, mas tenha sempre em mente que a luz nunca se apaga…

4.10.06

Finanças Locais

A nova lei das finanças locais está a dar água pela barba ao Governo e aos Municípios: aquele quer, estes não querem.
E têm fortes razões para estarem com os cabelos em pé: para muitos dos autarcas deste país vai faltar qualquer coisa no próximo e/ou nos próximos dois anos.
E não é coisa que se despreze. Pode não ter importância remendar uma estrada, que passa o tempo a ser remendada; pode não ter importância tratar do abastecimento de água nas devidas condições; pode não ter importância tratar devidamente dos esgotos; pode não ter importância os maus ou péssimos serviços de atendimento e resolução de problemas triviais dos munícipes.
Mas importância tem e muita disporem de meios financeiros para coisas  do dia-a-dia das populações.
Estou convencido que a esmagadora maioria dos autarcas não protesta por interesse ou benefício pessoal, mas admito que o exercício do poder está patente na posição generalizada dos autarcas.
Também admito que a maneira mais fácil de governar nestas circunstâncias é cortar nas coisas dos outros, porque as nossas são intocáveis.
Pois, tudo bem: o Governo devia cortar nas coisas que lhe dizem directamente respeito e ter mais cuidado no que aos outros diz respeito.
Mas a lei das facilidades tudo parece justificar.
Contudo, gostaria muito que a AMP fizesse umas pequenas contas e divulgasse o resultado final: quanto gastam as câmaras municipais e juntas de freguesia em almoços, lanches e jantares oferecidos às populações a propósito de qualquer coisa; quanto gastam as câmaras municipais e as juntas de freguesia na contratação de artistas por ocasião de feiras e festas populares; quanto gastam as câmaras municipais e as juntas de freguesia em subsídios para as mais diversas associações…
A informação nunca fez mal a ninguém…pode incomodar…