6.12.13

O sorteio

Voltemos  à nossa apagada e vil tristeza, irmã pobre da mesquinhez que fazem dos portugueses uns seres esquisitos muito próximos da perda de confiança nas suas próprias capacidades.
Mas não nos deram tempo de entrarmos de novo na miséria das nossas vidas de tal modo que a décima visita da troika passa despercebida de todo o pessoal.
Estamos lançados para acompanhar os choros e as lamentações pela perda de um dos poucos governantes sérios dos últimos cinquenta anos e não nos damos conta que andam por aí uns sujeitos sem categoria a passar a pente fino o trabalho de outros de igual cariz, com o provável objetivo de lixar um pouco mais quem e só quem não tem qualquer culpa de tudo o que se está a passar nesta terra em matéria de economia, de finanças, de impostos, de esbulhos, de aldrabices e por aí fora que nem uma ladainha a todos os santos vivos e mortos.
A favorecer e a fazer esquecer o que nos está a acontecer e o que aqui estão a fazer uns craques representantes dos nossos credores ao serviço dos mercados (?) tivemos hoje e vamos continuar a ter por mais uns dias aquele fabuloso sorteio do campeonato do mundo de futebol que se vai realizar no Brasil lá para os meados do próximo ano.
Vamos ter muitos motivos de conversa para entreter o pessoal e fazer esquecer durante duas semanas as nossas misérias miseráveis dando ocupação a todo o tipo de comentadores, de especialistas, de assessores, de governantes, de jornalistas e mais não sei o quê, sendo que uns o serão da política e outros do desporto, mas todos falando bem como se estivessem conscientes e convictos da verdade universal, e não apenas de mais opinião de entre muitas que já ouvimos e mais ainda aquelas que vamos ouvir nos próximos dias.
Entretanto, a décima avaliação da troika vai acabar, o défice das contas públicas vai continuar a mesma, alto como sempre, a dívida vai aumentar um pouco, apesar da privatização dos correios, os juros vão manter-se altos, embora se verifique uma ligeira diminuição dado o aumento da credibilidade do governo português e da anuência ou concordância dos nossos credores e dos omnipotentes mercados financeiros que dominam o mundo.
Espero bem que o juízes da rua da escola politécnica não estraguem a festa...

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