Os resultados do ato eleitoral do último domingo continuam em análise de que resulta que são possíveis de leituras a nível nacional, contra a ideia transmitida por muito boa gente, normalmente oriunda do partido perdedor, que não vê qualquer interesse em transformar umas questiúnculas locais em verdadeiros problemas nacionais.
Também me parece que os resultados eleitorais na minha freguesia de nascimento pouca ou nenhuma influência podem ter a nível nacional e muito menos serem preocupações de uma freguesia lá do norte transmontano.
Contudo, os resultados de uma câmara municipal capital de distrito ou de um grande concelho em número de eleitores já deverão merecer a melhor atenção tanto dos outros eleitores como principalmente dos partidos e organizações e instituições envolvidos no processo eleitoral.
Podemos ouvir e ver declarações a toda a hora e em todos os órgãos de informação no sentido de limitar os estragos ou estender a vitória a todo o território nacional, dando a devida dimensão a cada uma das capelas, mas a realidade está longe do verdadeiro sentimento de derrota ou de vitória dos atores políticos.
Podem dizer tudo o que quiserem, porque nós acreditamos piamente que eles sabem muito bem que nós temos consciência da realidade.
Quem perdeu sabe que perdeu, mesmo que nos diga que a derrota teve as suas nuances e não é assim tão grande que valha a pena uma preocupação desmesurada para além do razoável, tanto mais que a volatilidade do sentido de voto dos eleitores não justifica demasiado sofrimento.
De qualquer modo, há um sintoma do estado das coisas que não permite leituras muito diferenciadas: aquele ardor nas orelhas, a denominada "orelha quente" é tão verdadeira que justifica plenamente o recurso ao espelho e tentar vislumbrar o tal rubor. Se apenas se sente e não se vê, pode ser só impressão ou mania de perseguição; se se vê e se sente, então a coisa é a sério e exige uma observação fina de tudo o que nos rodeia para estarmos seguros que não há ninguém com um punhal devidamente escondido, mas preparado para ser usado.
Vamos continuar nestas leituras, nestes discursos, nestas opiniões porque interessa manter a chama independentemente da cor de cada um, porque haverá sempre uma razão para o grito de alegria e de revolta.
Bem vistas as coisas, nem a crise, nem a troika, nem os impostos, nem os jogos, nem as injustiças, nem o assalto aos salários e às pensões conseguem eliminar a convicção do pessoal de que os resultados eleitorais representaram uma grande derrota para o principal partido do governo, mesmo que nos queiram fazer crer que apenas estava em causa a eleição dos representantes do poder local, estando o central ao abrigo de maledicências, próprias dos invejosos da oposição.
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