28.11.15

A inveja

Venho aqui manifestar a minha admiração pelo sentido ético e vertical do crânio encarregado da venda do novo banco.
Parece que o homem não vai ganhar trinta mil euros, como referi anteriormente fazendo-me eco dos títulos da imprensa, mas apenas a módica quantia de vinte e cinco mil, sem direito a complemento e sem usufruto de popó, dado que o contrato é de doze meses.
Fiquei muito satisfeito pelo facto do contrato durar apenas doze meses, porque se trata de um claro sinal que o cérebro vai vender o banco neste período de tempo, não havendo renovação ou prolongamento do prazo estabelecido.
Se esta eminente criatura for capaz de "vender" o banco no prazo de um ano sem o entregar ao desbarato a um qualquer grupo estrangeiro, ficaríamos eternamente agradecidos pela sua infinita e incontestada capacidade de resolver graves problemas que ninguém foi capaz de solucionar sem entrar nos bolsos dos contribuintes.
Certamente que todo o pessoal daria por bem empregue o montante que o génio vai receber  pelo período de um ano.
Mas as coisas já não estão a correr de feição: os tipos da caixa geral de depósitos já estão a fazer barulho só motivados e impulsionados pela inveja por alguém se ter lembrado que o homem predestinado para vender o novo banco estava mesmo ali à mão de semear sem qualquer necessidade de olhar para os stocks que por aí andam.
Que diferença faz àqueles senhores da caixa geral de depósitos que este senhor, que é da família, tenha sido contratado para entregar o novo banco a um qualquer grupo chinês?
Terão pensado, como eu pensei, que por vinte e cinco mil euros ao mês, mesmo sem complementos, sem prémios e sem popó, qualquer um o poderá fazer, depois de serem lá colocados mais umas centenas de milhões de euros, encerradas umas dezenas de agências e postos na rua um milhar de trabalhadores, sem que tenha a mínima importância a sua origem: se dos bancos acionistas do fundo de resolução, se do orçamento direta ou indiretamente.
Não fico com a mínima dúvida que este cérebro será capaz de levar a água ao seu moínho com uma perna às costas, se se tiver presente o que ele fez com empresas públicas da área dos transportes e etcetera e tal, sempre na sagrada salvaguarda do interesse público.
E fica dito: não são trinta mil, mas apenas vinte e cinco mil.
Que tenham paciência os invejosos, porque deles não será o reino das privatizações...

27.11.15

A sacanice

A contratação já era do conhecimento público, pois o homem ainda  não tinha cessado as suas funções de membro do governo e já tinha sido chamado a novas funções, desta vez, ao serviço do banco de portugal para "vender" o novo banco.
O que não se sabia ou, pelo menos, não eram do conhecimento público os honorários (salários) de pessoa tão inteligente e de tanta relevância para o êxito de uma empreitada como a de vender o novo banco, o tal banco que, sendo novo, já custara milhões ao estado, como se o estado tivesse à sua disposição tanto milhão que não tivessem qualquer ujtilidade para outro elevado objectivo.  
Corria nos ecrans das televisões a notícia sobre os custos deste importante senhor: nada mais nada menos que trinta mil euros por mês, coisa correspondente ao valor da transação que se se propõe efectuar: a venda do novo banco a alguém que o queira comprar.
Se fizermos fé no que aconteceu com situações anteriores, isto é, com vendas anteriores em que esteve envolvido este "crack", poderemos deduzir que a coisa não terá grandes dificuldades em chegar a uma conclusão.
Contudo, restará saber se a conclusão será semelhante às soluções encontradas para situações em que este envolvida esta sumidade em vendas de património do estado a capitais estrangeiros.
Não será muito difícil pensar que os procedimentos não serão muito diferentes do que aconteceu noutros casos de venda de património do estado a quem se dispôs a negociar com este inteligente negociador.
A coisa que temos mais próxima e ainda a ressoar nos nossos ouvidos foi a venda da transportadora áerea nacional a um consórcio com um testa de ferro português dono de umas quantas empresas de transportes terrestres e um luso americano parcialmente dono de umas empresas de transporte aéreo meio falidas e com milhões de dívidas.
Mas este inteligente não teve qualquer dificuldade em "entregar" por uns quantos milhões uma empresa que valia bem mais que esses milhões, mesmo colocando de parte e de lado as dívidas aos bancos, que ficaram à responsabilidade do estado português.
Isto é, este senhor entrega quase de borla uma empresa área a privados sem incluir as respectivas dívidas, como se se tratasse de venda de um pacote de amendoins importados da china e deixando de lado os produzidos e cultivados no ribatejo e em transosmontes.
O país ficou altamente agradecido pelos reais favores devidos a esta personalidade e vai daí é contratado para  doar o novo banco a quem quiser dar uns milhõezitos pelos muitos milhões ali investidos pelo estado português.
Assim se reconhece e se premeia a sacanice de entregar Portugal ao capital estrangeiro.  
Lamento profundamente que Portugal não tenha uma boa meia dúzia de gente como esta para podermos acabar de vez com o que resta de valor nesta terra miserável.
Será que o novo governo ainda poderá ter uma palavra a dizer sobre este contrato milionário?

14.11.15

O sacrifício

Quando acabarem as cerimónias fúnebres oficiais, as sentidas homenagens dos populares e os discursos, lamentações e lágrimas de  crocodilo de grande parte de políticos e de pessoas importantes o que é se vai seguir?
Certamente que uma análise profunda de todas as causas e fundamentos deste drama gigantesco que assola a Europa e não deixa em paz o povo que não tem qualquer culpa e responsabilidade de tudo o que nos está a acontecer.
Certamente que uma actuação digna de gente de bem ao serviço dos desgraçados que são explorados de todas as maneiras ao saírem de suas terras para demandar o eldorado europeu.
Certamente que uma alteração radical dos processos que têm conduzido a este fenomenal movimento migratório a partir do médio oriente e da áfrica subsariana, onde a riqueza e a miséria andam de mãos dadas ao serviço de ditadores, de corruptos, de caiques e de senhores da guerra.
Certamente que uma paragem no fornecimento de armas e artefactos bélicos aos movimentos terroristas e às ditaduras do dinheiro e do petróleo e de outras matérias primas que agora têm pouca importância estratégica, mas que dentro de poucos anos estarão na disputa dos poderosos.
Certamente que uma correção de todas as asneiras feitas pelos europeus e pelos américas em nome da democracia, semeando, incentivando e cultivando a guerra como forma de domínio sobre os desgraçados com o fino objectivo de maiores lucros para satisfazer o capital.
Certamente que uma vigilância total e absoluta sobre os pontos de origem deste monumental fluxo migratório com proporções nunca vistas e deixar de insistir sobre os pontos de chegada aos territórios europeus, mesmo que sejam considerados de passagem.
Certamente que uma visão realista do fenómeno migratório que não se satisfaz com o primeiro país que encontra pelo caminha, mas começa a exigir o ingresso num determinado território de melhor proteção social e condição condição económica.
Tudo isto poderá ser uma miragem, porque já se fala em enviar lá não sei para onde uns quantos milhões de dólares ou euros, que servirão em grande parte para tornar ainda mais ricos os ricos, dar poder aos ditadores e ajudar um pouco mais os caciques e os senhores da guerra, que anseiam por dinheiro fresco.
Alguma vez se saberá quantos destes milhões vão chegar aos pobres e aos necessitados e a todos aqueles que não um cêntimo para pagar a ENTRADA NUM BARCO MISERÁVEL ?
O que é que vai acontecer quando se derem como terminadas as experiências de novo armamento, de novo equipamento e de novas bombas ?
O que é que vai acontecer quando se acabarem os stocks existentes de armamento bélico?
Alguém vai continuar a brincar com os europeus e com os americanos, tão só porque a democracia não permite determinadas liberdades utilizadas por muita gente, que, de vez em quando, espalha o terror numa qualquer cidade de um qualquer país... 
Que o sacrifício final tenha valido a pena.



11.11.15

A queda

Hoje não tenho paciência para mais.
É só para registar a queda.
Voltou tudo às mãos do todo poderoso de belém.
Como já tem previsto e estudado este cenário não lhe será difícil encontrar a devida solução.
A bem da nação...

9.11.15

A apresentação

Quem teve a oportunidade, a curiosidade, a paciência e até a ousadia de ver e ouvir a apresentação e início da discussão do programa do vigésimo governo constitucional deparou-se com uma situação insólita e inesperada.
Nem o primeiro resistiu à tentação de atirar para as urtigas o programa do seu governo para disparar as setas quase envenenadas para o seu lado esquerdo atirando-se como gato a bofes ao possível e desconhecido, mas quase certo, acordo dos quatro partidos da esquerda com assento parlamentar.
Depois foi o que se conseguiu ouvir: pouco interessava a discussão do programa do governo, pois o que estava na mente de todos os deputados da coligação era o desconhecimento dos acordos e a necessidade imperiosa de os conhecer, como se já se tratasse da apresentação de um hipotético governo das esquerdas, quando nem sequer tinha sido discutido o programa do actual.
Tudo nos levava a crer que o objecto da discussão era o programa do vigésimo primeiro governo constitucional, depois da queda do vigésimo e da respectiva nomeação do vigésimo primeiro, depois da suprema decisão do presidente da república.
Foi um total devaneio político: tu já não és tu, mas tu ainda não és tu, porque eu ainda sou eu e só deixarei de o ser quando tu fores tu, o que eu não acredito que sejas, mas estou totalmente convencido que mais hora menos hora já não serei o que sou agora.
Independentemente da razão de uns e de outros, da tradição, dos usos e dos costumes entendo que é chegado o tempo de o pessoal se convencer e admitir que a mudança é inevitável no processo democrático e que as verdades e as certezas variam conforme a direção do sopro dos ventos.
Não valerá muito a pena insistir na questão do cumprimento da tradição, uma vez que as circunstâncias dos tempos se alteram conforme as necessidades e as oportunidades.
De resto, foi muito desagradável ver e ouvir alguns deputados proferir frases e afirmações que mais pareciam de autênticos carroceiros e não de lídimos representantes eleitos pelo povo.
Cada um pode ler os resultados eleitorais conforme os seus interesses, as suas ideologias e as posições políticas em que se coloquem ou em que se encontrem, mas devem ser tidas em conta todas as soluções que os resultados tornem possíveis sem que seja necessário denominar as posições dos adversários como "desonestidade intelectual" e outras coisas do mesmo jaez.
É feio, é inútil, e só torna a situação ainda mais deplorável do que verdadeiramente é.
Pelo que vi e ouvi durante a tarde desta segunda feira, dia nove de novembro do ano da graça do dois mil e quinze, o presidente não terá outro remédio que nomear um governo de esquerda nos próximos tempos, mesmo contra a sua vontade... pois o actual já não está
PS: Ficámos a saber que as bolsas europeias sofreram um trambolhão devido à instabilidade política em Portugal...
Que os deuses me valham...
 


3.11.15

A demissão

Já tinham feito da senhora uma estrela em ascensão no mundo da política, de tal modo que estava em tudo o que era programa noticioso das televisões, como se não fosse possível qualquer acontecimento sem umas palavrinhas a propósito.
Agora já estão a transformá-la em ministra e o mais certo é que o venha a ser, mas não se sabe bem é quando, para lembrar um dos que já passaram...
Na verdade, estamos perante uma situação bem bizarra.
O presidente não quer e tem horror a quem quer pensar sequer numacoisa destas.
Os da direita parece já estarem por tudo, tal é o esquecimento a que se votaram nos últimos dias.
Os da esquerda continuam em discussão, mas ainda não se entenderam.
Por outro lado, as coisas tomaram um orientação tal que sair dela será uma calamidade para uns quantos e nada mais restará que votarem-se também ao esquecimento, ocupar por uns tempos os seus lugares de deputados e passar a chatear os que agora os chateiam.
Bem vistas as coisas, poucas dúvidas existem nos jornadores e nos comentalistas para a inevitabilidade de a senhora vir a ser ministra dentro de pouco tempo e se assim for haverá alguma certeza de não ser pior ministra que outros e outras que já por lá passaram.
Esta coisa do destino nem sempre bate certo: dizem que somos nós que o fazemos, mas neste caso não sei se assim será.
Para mim tanto se me dá como se me deu, pois o que vier a  acontecer já está escrito nas profecias dos comentalistas e dos jornadores.
Pela minha parte, não deixo de ser coerente com o que já escrevi aqui: o homem não dará posse a um governo das esquerdas, mesmo que seja essa a única solução razoável perante as circunstâncias  de um pseudo governo que foi empossado há uns poucos dias e que ainda não se dignou dizer aos portugueses umas palavrinhas de consolo, de gratidão e de votos de paz e tranquilidade para os próximos tempos, a não ser o que se ouviu por parte daquele ministro que avalizou a idoneidade do maior banqueiro desta terra, a propósito das desgraças climatéricas algarvias...
A senhora pode ir a ministra, mas a sua nomeação e respetiva tomada de posse só poderá ser o último acto oficial do presidente.
Na hora seguinte só terá um caminho: a sua demissão e ir gozar as reformas...