16.10.13

Menor que…

Vou acalmar um pouco para tentar que a lucidez indispensável para atravessar estas águas profundas e revoltadas que inundam a nossa política não se esvaia e me deixe completamente à deriva sem norte e sem sul, porque o este e o oeste estão garantidos com o nascer e o pôr-do-sol.

De vez em quando é conveniente pensar um pouco antes de responder ao que quer que seja que nos bata à porta sem tino e critério como se exige em alturas como estas.

Os próximos tempos serão pródigos em discussões e palpites de quase os nossos atores políticos, uns mais, outros menos, conforme a sua implicação no processo, pois haverá quem se cale providencialmente, outros que se ficarão com os ouvidos moucos, outros ainda que se esconderão que nem ratos e ratazanas dos esgotos, evitando a todo o custo pronunciar-se sobre qualquer matéria do orçamento.

Todos dirão que é bem melhor estar-se calado, pois que com a boca fechada nunca poderá sair asneira, nem sequer daquelas que se dizem sem se saber ou ter consciência do seu significado e do seu conteúdo.

Vamos ser poupados a uns bons dislates, o que não será nada mau, uma vez que teremos imensas oportunidades de ver e ouvir os inteligentes e os espertos a mandar as suas bocas, como se tratassem por tu a ciência e o conhecimento das matérias objetos das suas altas apreciações.

Elas já começaram e nós ficamos, desde já, todos agradecidos porque já fomos informados que os descontos (Impostos) previstos no orçamento de estado para dois mil e catorze são menos que os verificados em dois mil e doze.

Estamos todos contentes por termos tido conhecimento antecipado de que a nossa vida será melhor que a de dois mil e doze, porque os descontos são menos, esquecendo-se o espertalhão de nos dizer que os descontos de dois mil e catorze são colocados sobre os verificados em dois mil e doze e dois mil e treze.

Mas já ficamos satisfeitos com a perspetiva de ver o programa de ajustamento terminar em julho do próximo ano, conforme previsto e dito, não havendo qualquer hipótese de a data poder ser alterada para agosto ou até mesmo para setembro e muito menos ser antecipada para o mês de junho.

Nessa altura já navegaremos com os nossos próprios instrumentos recorrendo aos mercados como sempre e com mais uma previsão de aumentos de impostos e de cortes nas pensões e nos salários para o ano de dois mil e quinze, como forma de salvar a Pátria e a Nação.

Por mim estou aviado, esperando apenas que o presidente não deixe de chatear o governo, não com a intenção de repor as injustiças, mas apenas para tomar posição sobre a matéria e daí lavar as mãos para tentar retirar a porcaria que tem feito e deixado fazer..

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