30.11.07

O meu aeroporto

Há já algum tempo que não passo por aqui, embora tenha andado por aí, mas um tanto ou quanto baralhado, diga-se.

Olho para norte e vejo um aeroporto; olho para sul e vejo um aeroporto, olho para nascente e vejo um aeroporto, olho para poente e vejo um aeroporto…

Uns que é Ota, outros que é Montijo, outros que é Faias, outros que é Alcochete, outros que é Pinhal Novo, outros que é Poceirão, outros que é Alverca, outros que é Sintra e ainda outros que poderia ser Beja…

Olho para cima e vejo uma linha de alta velocidade, olho para baixo e vejo uma estação de uma linha de alta velocidade, olho para o meio de duas coisas e vejo uma linha de alta velocidade, olho para o lado e vejo uma ponte, olho para outro lado e vejo um túnel, olho para trás e vejo mais uma ponte…

Olho para todo o lado e não sou capaz de ver um "aeroportozito" em Avis, não consigo servir-me de uma rede de telecomunicações de jeito no interior do Alentejo, não consigo um sinal de televisão por cabo ou por telefone…

Mas sinto que este povo tem tanta gente inteligente, que um segundo é sempre mais inteligente que um primeiro…

Por outro lado, sinto que há tanta "cabeça" a perder-se nesta terra bendita, que é uma pena não se aproveitar dez por cento que seja de tanta inteligência…

O que importa é trazer uma solução para o aeroporto e para a alta velocidade mais barata que a do inteligente anterior.

Na verdade. não faz sentido comprar uma garrafa de vinho por um euro na loja de um amigo meu, quanto tenho à minha disposição o mesmo vinho por dez euros na loja de um tipo que não é meu amigo…, tem rótulo, tem nome e está logo ali…

Eu entendo que todas as hipóteses para instalar o novo aeroporto internacional da capital sejam mais baratas que a Ota, uma vez que só aqui existe um morro para tirar… e é muito longe, mas o que importa é tirar o morro que nunca sairá dali se não se fizer o aeroporto na Ota. Para isso, sem dúvida que fazê-lo na minha terra era bem mais barato, tanto mais que já ofereci o terreno totalmente "à borlix"… e na outra banda já não há morros para tirar… aquilo é tudo a direito…

Terá alguma piada para a engenharia do mundo fazer uma construção complicada num terreno sem obstáculos…??? !!!

Só agora percebi a razão fundamental do D. Sebastião se ter pirado: quando topou a natureza do país que herdou, rumou a África e nunca mais apareceu…


 

2.11.07

O Túnel

Telefonou-me um amigo meu para me dizer que aquela de eleição virtual era uma boa resposta para os problemas do País, pois que assim seria muito fácil demitir e nomear primeiros, segundos e até terceiros e obrigar o pessoal a ser responsabilizado por tudo o que não faz devendo fazer ou que demore uma tarde inteira na casa de banho para fazer uma coisa que pode demorar pouco mais que um minuto…

Mas este meu amigo desconhece uma realidade que torna as coisas bem mais complicadas do que parecem aos olhos de quem não está a olhar para dentro, mas apenas para a parede e ainda por cima toda branca.

As dificuldades das eleições virtuais residem num ponto apenas, mas que se situa a anos-luz das nossas intenções…

Se não houver o devido cuidado nesta coisa das eleições virtuais, corremos o risco de forçarmos a sua realização todos os dias e, às tantas, até de hora a hora…

Para muita gente, isto não seria um problema, mas para mim já constitui uma séria surpresa, pelo facto de não haver nada para fazer passados que sejam uns quantos dias…é que o pessoal trabalha que se desunha e depois lá terá que se arranjar umas coisas para fazer lá para os outros continentes, como aconteceu com os técnicos da CIP que, em bem poucos meses, apresentaram a "solução" para o novo aeroporto de Lisboa, coisa nunca pensada nem nunca vista, nem nunca achada e que estava mesmo aqui à mão de semear e oculta dos olhares e do trabalho e da investigação de centenas e centenas de técnicos, engenheiros, políticos, etc. e tal, durante mais de trinta anos.

Lembro-me, que quando comecei a olhar e a admirar os aviões, aquelas coisas que davam pelo nome de "super constellation", logo ali na Portela, já ouvia falar do novo aeroporto de Lisboa lá para os lados de Rio Frio, parecendo que se tratava de um lugar tão longe como o Pulo do Lobo, descoberto uns bons trinta anos mais tarde…

Bem vistas as coisas, vale sempre a pena não decidir enquanto não aparecer a última moda que é, como quem diz, enquanto não aparecer um grupo de gente, especialistas e génios incluídos, a dizer que a decisão ainda pode demorar mais uns quantos anos e deve ser completamente oposta à que estaria na mente de uns tantos…

Isto é tão certo como certo é que o petróleo vai ultrapassar os cem dólares o barril dentro de poucos dias, que um dia destes não há petróleo para o combustível dos aviões e que estes vão adoptar a descolagem vertical, porque não haverá mais espaço para pistas tão grandes…, mesmo antes da decisão da construção do novo aeroporto internacional de Lisboa…

Quanto não vale trabalhar devagar, devagarinho…

Se aquela cambada toda tivesse demorado menos um ano a propor a Ota, certamente que não teríamos a oportunidade de Alcochete, não teríamos mais uma ponte e, o mais importante, não seríamos compensados com um túnel por baixo do Rio Tejo…

1.11.07

Vale da Vaca

O Primeiro, saído das eleições virtuais desta noite, empossado há cerca de trinta minutos juntamente com todo o seu governo, reuniu o primeiro CM para decidir:

"Vou realizar um encontro ao mais alto nível entre todos os que, de uma maneira ou de outra, por acção ou por omissão, dedicaram pelo menos duas horas ao novo aeroporto de Lisboa, desde os tempos do Rio Frio, passando pelo Vale da Vaca até à Ota…"

Disse ao secretário do CM para convocar "… todos os Primeiros, todos os Segundos e todos os Terceiros… todos os ministros, todos os Secretários de Estado… todos os Sub-Secretários de Estado… todos os Presidentes de Institutos e de empresas públicas, todos os Directores-Gerais e todos os técnicos, especialistas ou apenas técnicos, que tenham de algum modo, por acção ou por omissão, dedicado pelo menos duas horas a estudar a localização do novo aeroporto de Lisboa…"

A cimeira terá lugar no Pavilhão Atlântico, amanhã pelas catorze horas e trinta minutos, devendo prolongar-se até às dezanove horas e cinquenta e cinco minutos, após o que ocorrerá uma conferência de imprensa para leitura das conclusões sem direito a perguntas e respostas.

Na hora marcada com as largas dezenas de gente, devidamente acomodada, o Primeiro tomou a palavra para anunciar "… está sentado na mesa de honra um representante do grupo de especialistas que acaba de propor que o novo aeroporto internacional de Lisboa só pode ser construído no Vale da Porca por todos os convenientes e mais alguns…VV. Exas. vão ouvir as razões que fundamentaram a proposta e a todos peço a máxima atenção porque não haverá tempo para perguntas, respostas, contra-perguntas e contra-respostas, porque o especialista tem à sua espera um avião que o vai transportar para junto dos seus colegas, que iniciaram hoje um estudo para a localização do novo aeroporto para os jogos olímpicos de dois mil e…, estudo que tem que ser apresentado durante os próximos quinze dias…".

Logo nesta altura com um novo sistema de reformas para a Administração Pública…