5.3.15

Mais reformas

Não percebo nada disto: temos as reformas todas feitas e é o que se vê.

Já fizemos a reforma da justiça; a reforma dos tribunais; a reforma do mapa judiciário e até fizemos a reforma do Citius.

Já fizemos a reforma da segurança social; a reforma da caixa geral de aposentações; a reforma do serviço nacional de saúde; a reforma dos hospitais; a reforma dos médicos e até dos enfermeiros.

Já fizemos a reforma da carris; do metro; da refer; da cp; da ep e já fizemos a reforma da ana.

Já fizemos a reforma da edp; a reforma da galp; a reforma dos ctt e já pusemos na ordem o consumo de sacos de plástico com o impostor verde.

Já fizemos a reforma do irs; a reforma do irc; a reforma do iva.

Já fizemos a reforma da rtp, da um, da dois, da três e das outras todas incluindo as antenas existentes e ainda a reforma do serviço público.

Já fizemos a reforma de grande parte das terras cultivadas; de grande dos navios de pesca e de umas quantas indústrias mais ou menos importantes para o pessoal dormir descansado.

Já fizemos quase todas as reformas necessárias ao bom funcionamento de toda a administração pública nacional, regional e local e serviços autónomos, incluindo a reforma das freguesias.

O que é preciso fazer mais para tornar este País numa terra onde corre o leite e o mel?

Não sabes? Então toma nota:

É preciso fazer a reforma de todas as reformas atrás enunciadas, nomeadamente a da segurança social, da caixa geral de aposentações, da saúde, dos hospitais, dos médicos, dos enfermeiros, da carris, do metro, da refer, da ep, do irs, do irc, de todos os outros impostos, da rtp, do serviço público, etc e tal…

E se isto ainda não te chegar para entenderes esta coisa toda, aqui vão mais umas reformas essenciais e determinantes para a saúde dos portugueses:

A reforma da caixa geral de depósitos, a reforma do banco de Portugal, a reforma de todas as autoridades fiscalizadoras das actividades económicas e se entenderes que é preciso mais, temos ainda a possibilidade de fazer a reforma da presidência da república, a reforma da assembleia da república e a reforma do governo…

No fim disto tudo, tratamos da dívida pública e do défice orçamental…

4.3.15

Temos tudo

Temos de tudo… em qualidade e quantidade.

Temos comentadores políticos; comentadores sociais; comentadores económicos; comentadores desportivos e todo o tipo de "…ólogos", cujos conhecimentos são essenciais para a formação da cultura portuguesa.

Temos políticos, temos deputados, temos secretários de estado, temos ministros e temos um vice e um primeiro, cuja dedicação e empenhamento não podem ser comparados com os seus homónimos e homólogos gregos, espanhóis, italianos, irlandeses… e até europeus, sem ofensa para os alemães.

Temos o maior rio da península ibérica; temos o maior rio nado e crescido e alimentado em terras portuguesas; temos o maior lago artificial da Europa.

Temos a torre de Belém mais antiga do mundo; temos o único mosteiro dos Jerónimos construído no nosso território; temos o Cristo Rei mais alto do continente europeu.

Temos o vinho do Porto; temos a alheira de Mirandela; temos a açorda alentejana; temos o cozido à portuguesa; temos o queijo de Serpa.

Temos o melhor sol, o melhor mar e as melhores praias que os europeus podem desejar.

Temos escolas do primeiro ciclo, escolas do segundo ciclo, escolas do terceiro, escolas do quarto ciclo e escolas de todos os ciclos que se podem imaginar e até temos um ministro que sabe da poda.

Temos programas de entretenimento de vários canais de televisão que nos ajudam a passar todas as tardes e todas as manhãs, de todos os dias, de todas as semanas, de todos os meses e de todos os anos.

Temos os telefones começados pelo "560 xxx xxx " a distribuir dinheiro por todos os que acreditam na boa vontade daquele pessoal e na sorte para todos.

Temos programas de televisão e de rádio do melhor que se faz por esse mundo fora, como contributo para a elevada cultura de toda a população portuguesa.

Somos os melhores alunos da União Europeia, plenamente satisfeitos com a enorme carga fiscal que nos oferecem, assumindo que tudo não é mais que o dever de satisfazer os caprichos e as necessidades de terceiros.

Temos os combustíveis com preços próprios de pessoal de carteira recheada; temos a energia eléctrica, na maior parte produzida pela nossa água, pelo nosso vento e pelo nosso sol, com preços muito além das nossas capacidades de pagamento.

Temos tudo o que se possa desejar ou que possa contribuir para a felicidade de todos os portugueses

Temos de tudo e mais um pouco para termos um País decente.

Digam-me, então, o porquê deste País de merda…

2.3.15

O risco social

Passaram cinco meses certinhos desde o dia em que me implantaram uma prótese orgânica em substituição da válvula da artéria aorta, processo que decorreu com toda a normalidade, até que, decorridos que foram vinte e sete dias, regressei ao hospital para mostrar o que me parecia ser uma anomalia na costura efectuada na intervenção cirúrgica.

Desde esse dia, decorreram quatro meses certinhos durante os quais andei a caminho do hospital uma, duas, três vezes por semana para tratar da ferida e mudar o penso.

Foi-me dito, por diversas vezes, que o problema deveria estar relacionado com a rejeição de um fio de aço de que resultou a sua extracção, bastando cerca de quinze dias para terminar o martírio da alergia ao adesivo dos pensos.

Passados que foram cinco meses entre intervenção cirúrgica, período pós-operatório, remoção dos agrafos e tratamento das feridas, vejo-me a pensar que o sistema de saúde e o subsistema de saúde, que me protegem, ainda não me apresentaram uma única factura relacionada com a dita intervenção cirúrgica, com as análises e radiografias efectuadas, outros exames complementares e consultas e ainda todos os actos de enfermagem, processo que deverá ter custada uma pipa de massa, que eu não tinha a mínima capacidade de suportar.

Será que isto faz parte do "estado social"?

Será que anda alguém a pensar que tudo isto não tem razão de ser e que pode estar em causa?

Será que tudo isto está em risco?

Será que não mereço isto?

Será que não merecemos isto?


 

Ao fim e ao cabo, agradeço pura e simplesmente o que fizeram por mim.