Dois factos dos últimos dias deixaram-me completamente maravilhado, como se vivesse num mundo novo onde a felicidade andava de mãos dadas com a prosperidade, que batera à porta de todos os lusitanos.
Não querem lá ver que os banqueiros foram encontrar-se com a ministra das finanças e com o ministro da economia para manifestarem o seu descontentamento e veemente protesto pelo que se estava a passar.
Por um lado, a carga fiscal que recaía sobre a atividade bancária não era mais suportável, pelo que os bancos já não aguentavam mais verem-se espoliados pelos impostos aplicados não havendo mais margem para continuarem a distribuição habitual de altos lucros pelos seus acionistas, isto é, pelos donos do dinheiro.
Por outro, vinham manifestar-se contra a comercialização por parte do estado de uns fundos, vulgarmente denominados de certificados de aforro, agora com mais umas letras e altamente competitivos com as taxas pagas por esses mesmos banqueiros aos depósitos a prazo, daquele português que ainda se dá a esse luxo de colocar dinheiro nas mãos de uns banqueiros de meia tigela.
E vai daí foram chatear a ministra e o ministro como se se tratassem de uns queixinhas, tipo meninos da linha da escola primária, contra aqueles malandros das barracas que não os deixavam em paz por viverem à grande à custa da malta.
Fica-lhes muito bem, porque todos estão do mesmo lado da barricada e não há direito que se verifiquem ações de sentidos opostos entre os amigos de todo o sempre.
Tive muita pena dos coitados dos banqueiros quando se dispõem a manifestarem-se contra umas decisões do governo muito aquém do que se verifica com os simples cidadãos que pagam toda a enorme carga fiscal e não são recebidos por nenhum ministro ou secretário de estado para apresentarem as devidas e merecidas queixinhas.
E têm toda a razão, porque a dita crise que se instalou nesta cloaca da união europeia parece ter chegado aos bancos, que vivem momentos de aflição, dado que os seus lucros já não são os mesmos, chegando-se às triste conclusão que quem vivia acima das suas possibilidades não era o estado nem os cidadãos, mas sim os banqueiros que deram origem à crise financeira e económica que se verifica pelo mundo inteiro.
Estavam mal habituados quando dominavam como queriam e lhes apetecia a política económica e financeira deste país através dos jogos de interesses que condicionavam a vida de todo este povo.
O outro fato foi o espetacular espaço televisivo de propaganda da responsabilidade do psdê, que passou um pouco antes telejornal do canal público de televisão.
Tive a sorte de estar sintonizado neste dito canal de televisão pelo que fiquei maravilhado e entusiasmado com o país descrito e apresentado neste espaço de propaganda partidária.
Fiquei totalmente convencido que o meu País não é aquele país da enorme carga de impostos suportados pelos rendimentos do trabalho e pelas pensões e aposentações daqueles que dele e daquelas vivem amarguradamente.
Fiquei totalmente convencido que não podia estar noutro sítio que não fosse no mundo descrito e apresentado nas histórias do jake e dos seus colegas piratinhas na terra do nunca…
Nem quero pensar o que poderia acontecer aos banqueiros se os cidadãos pudessem comprar diretamente dívida pública…
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