1.11.13

A dita

A ansiedade era muita, pelo que não me fácil aguardar este tempo todo pela conferência de imprensa do primeiro segundo ou do segundo primeiro dedicada à apresentação do guião da reforma do estado.

Dei como muito bem empregue os cerca de quarenta minutos que durou a dita para ver anunciados os grandes princípios que vai tornar Portugal um país moderno, como os mais modernos países de todo este planeta, incluindo os do continente antártico.

Já as vozes se levantavam para dizer mal do primeiro segundo ou do segundo primeiro por demorar tanto tempo a elaborar o guião da reforma do estado, quando toda a gente estava convencida que apenas faltava anunciar aquilo que já estava escrito e decidido há muito tempo, aguardando-se apenas uma mera oportunidade oportuna para dizer a esta cambada de imbecis que o estado estava em vias de ser reformado.

O que    mais me agradou ouvir foram aquelas tiradas de que a reforma do estado não são os cortes na despesa, isto é, os cortes nos salários e nas pensões dos funcionários públicos, dos reformados e dos aposentados.

A reforma do estado é uma reformulação do estado no sentido de tornar o estado melhor e a prestar melhores serviços aos cidadãos principalmente àqueles que deles nunca precisaram…

Fiquei encantado por saber que a partir de agora já não me vão impor mais impostos, pelo que fico desejando ardentemente que a reforma do estado não demore a ser iniciada como demorou a ser anunciado o seu guião.

Venha daí imediatamente a reforma do estado, pois não haverá português que não a deseje, exceção feita, clara está, ao seguro e seus seguidores e mais a uns quantos idealistas da esquerda, que ainda não viram que a reforma do estado vai dar felicidade aos milhões de portugueses que ainda temos o privilégio de não termos sido forçados à emigração, preferindo aguardar de peito feito a reforma do estado, da autoria do primeiro segundo ou do segundo primeiro.

Devemos ter consciência que a má vontade contra o primeiro segundo ou segundo primeiro que teve a dignidade e a ousadia de elaborar e apresentar o guião da reforma do estado, precisamente na véspera do início da discussão do orçamento de estado para dois mil e catorze, demonstrado por alguns críticos e comentadores políticos, não encontra qualquer eco na grande maioria dos portugueses.

De facto, a grande maioria dos portugueses sentiu-se feliz e contente por ter tido a oportunidade de ouvir o segundo primeiro ou o primeiro segundo a apresentar o seu trabalho dos últimos meses, se descontarmos o tempo das crises e das suas demissões irrevogáveis, por discordância das políticas do seu governo, em defesa dos pobres e dos oprimidos.

Contudo, não me recordo de ouvir tanta banalidade em tão pouco tempo com o ar mais sério do universo, se me esquecer ou não me recordar de alguns discursos ditos e ouvidos no parlamento proferidos pelos inteligentes que nos governam tão sabiamente e tão seriamente, que o céu está ansioso para os receber tão depressa quanto possível para gáudio e satisfação dos portugueses de boa vontade, que continuam a pagar todos estes desvarios…

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