23.10.13

É assim mesmo

É assim mesmo: se passamos um tempinho longe daquilo que nos preocupa, passaremos a desfrutar de algumas alegrias que estavam mesmo ali ao lado sem que as preocupações nos deixassem ver algumas das coisas que nos poderiam dar paz e tranquilidade.

Isto não é bem assim, porque só assim será se tivermos a coragem de gozar um pouco com a falta de informação, com o esquecimento e até com a ignorância dos factos que nos causam dores e preocupações.

Se formos capazes de permanecer afastados dos programas televisivos de notícias, de comentários e de discussão política, se formos capazes de passar uns dias sem dar uma vista de olhos pelos títulos dos jornais, a não ser que sejam desportivos, teremos a garantia de uns dias de sossego, coisa que nos confortará a alma.

Contudo, é preciso ter cuidado com as recaídas, porque o veneno causado pela ausência da dose de um determinado analgésico, pode dar origem a contratempos ainda piores do que sucedia anteriormente.

Manter orelhas moucas e afastadas do ruído da propaganda pode dar alguma tranquilidade, mas abrir os ouvidos sem os preparar para o que está a acontecer, pode causar estragos verdadeiramente importantes e difíceis de esquecer, dado que podem contrariar as nossas piores previsões.

Eu já andava a preparar-me devidamente para continuar por mais uns quantos anos a levar pancada e a ser roubado legalmente se qualquer possibilidade de me defender e fazer valer os meus direitos ou, pelo menos, fazer valer aquilo que eu pensava serem os meus direitos.

Eis senão quando, dou comigo a ouvir que no ano de dois mil e quinze já poderei não ser roubado e, talvez até, já poderei ver reposto o meu rendimento nem que seja uma meia dúzia de euros.

Já estava convencido que o orçamento de estado estava definido, que já não se falava mais nisso, que o presidente, como sempre, vai deixar passar o dito, que o dito vai entrar à grande no bolso do pessoal, que o pessoal vai continuar alegre e contente por dizerem que estamos a cumprir, que não vai haver segundo resgate, que se trata de um seguro, que não é seguro mas de uma garantia por se acaso, que pode ser uma hipoteca mas sem troika,…

Verifico que o mal não está nas discussões do orçamento, não está nas bocas de ministros e de secretários de estado, que hoje dizem uma coisa e logo dizem outra, que ninguém se entende no meio desta bagunça toda, mas o mal está em mim que não sou capaz de continuar ausente das contradições da informação política.

Nada melhor que ganhar juízo e não acreditar que no ano de dois mil e quinze vou ter dias melhores, tanto mais que é ano de eleições legislativas!

Será que esta cambada ainda está convencida que o pessoal continua a acreditar em tanta patranha e tanta aldrabice e não entende qual é o programa delineado?

Duvido muito, mas eles são mesmo incompetentes.

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