Andava eu convencido que a crise tinha muitas causas e que algumas estavam relacionadas com os gastos do pessoal que eram muito superiores aos respetivos ganhos.
Seria suposto que alterados estes procedimentos e iniciar um processo de gastar menos do que os ganhos, a situação líquida da maioria dos portugueses iria contribuir decisivamente para baixar a dívida pública, compor o défice, obedecer aos ditames da troika e assim dar como terminado o programa de ajustamento e a ida consequente aos mercados, mas com a intenção clara e deliberada de pagar atempadamente a todos os que entregassem a guita por um determinado período.
A coisa não era bem assim, porque não se reveste de tanta simplicidade, tanto mais que há por aí muito boa gente que está habituada a gastar à grande e à francesa e outra que nada gasta porque nada tem para gastar.
Por outro lado tenha-se na devida conta que aqueles que mais gastam continuarão a gastar mais e aqueles que menos gastam também estarão na mesma posição, dado que o provérbio é verdadeiro para todos: quem não tem dinheiro não tem vícios…
A não ser que o vício seja precisamente o ter dinheiro e o desejar ter cada vez mais dinheiro, não sendo justo nem eticamente correto pedir a estes senhores que abdiquem de um milésimo, para que quem nada tem aumente um milésimo o seu rendimento, sendo que o tal milésimo daria de comer a uns quantos portugueses.
Se tiverem dúvidas pensem na reforma de uns quantos que todos conhecemos, a fazer fé no que se diz nos jornais.
Bem vistas as coisas, devemos continuar convencidos que a existência de pobres é uma lei da vida, tal como o é e não deixa de o ser a realidade dos ricalhaços.
Que seria da nossa vida sem a existência de uns quantos ricos, mas mesmo muito ricos, com salários e pensões milionárias?
Seria uma tristeza muito triste se não tivéssemos motivos para falar mal daqueles que dispõem da capacidade de olhar o mundo e dizer e pensar com toda a seriedade: olhem-me só para toda esta cambada que luta por um miserável posto de trabalho pago a cinco euros à hora sem garantias do mesmo existir no dia seguinte!!!
Alguém já falou que se torna necessário baixar drasticamente os salários e as pensões aos milionários?
Talvez alguém já se tenha lembrado de tal ideia, mas rapidamente chega à conclusão que não é possível, dado que os seus efeitos são praticamente nulos, pois milionários há poucos e pobres e remediados é o que mais existe por aí.
Então, nada mais resta que ir ao bolso dos pobres e remediados.
Mas… e o Tribunal Constitucional???
Sem comentários:
Enviar um comentário