De há uns tempos a esta parte uma das palavras que mais tenho ouvido nos meios de informação audiovisuais é a palavra "mentira".
Dito desta maneira poderá dar a entender que a grande maioria daqueles que falam nos meios de informação audiovisuais passam o tempo em conversas baseadas na mentira ou, se preferirem, nas conversas sobre a falta de verdade no discurso político dos nossos tempos.
Mente este, mente aquele, mente o outro, parecendo que a mentira é a base e a sustentação de tudo o que se passa à nossa volta.
Ainda não tenho a ideia que todos aqueles que ouço e vejo sempre que presto alguma atenção aos noticiários e aos programas de informação e de discussão sobre a atual situação política do burgo utilizam sistematicamente o discurso da mentira.
O que mais me preocupa e o que mais me chateia no meio desta bagunça toda não é a mentira de muitas afirmações, pois não tenho maneira de as provar, dadas as diferentes e diversas e até opostas interpretações passíveis de uma determinada palavra.
O que mais me preocupa e me chateia no meio desta bagunça toda são as meias verdades e as meias mentiras que se topam a léguas de distância sem necessidade alguma de ter ao lado o dicionário da academia das ciências.
Basta estar com a mínima atenção ao discurso de alguns políticos e ter o mínimo de informação sobre uma determinada matéria para saber que um qualquer membro do governo está a fazer do pessoal uma cambada de imbecis e de idiotas dadas as evidências das aldrabices que nos está a tentar enfiar sem a decência que merecem as coisas sérias.
Podemos falar da justiça das quarenta horas de trabalho que se praticavam antigamente e ainda se praticam lá fora; falamos da convergência das pensões do regime geral e da cga; falamos dos salários da função pública; falamos do ensino público; falamos da saúde privada; falamos dos impostos de uns e de outros; falamos da taxa de solidariedade; falamos da reforma do estado; falamos de…
Será que algum secretário de estado, ministro e até primeiro-ministro sabe realmente quantos funcionários públicos existem?
Será que algum governante, que fala todos os dias da reforma estrutural do estado sabe verdadeiramente os serviços duplicados, serviços que não fazem falta, serviços que faltam, serviços que…?
Será que algum governante sabe com alguma certeza onde faltam funcionários, onde há funcionários a mais…?
Será que algum governante com responsabilidades na reforma estrutural do estado sabe com alguma certeza quais são as profissões necessárias e indispensáveis para manter o serviço público num nível médio de eficácia e de qualidade…?
Não temos a obrigação de acreditar em gente habituada a mandar palpites, a dizer meias verdades, a proferir meias mentiras, a enganar toda a gente, a ludibriar uma boa parte, a roubar toda a esperança e a encaminhar muitos cidadãos para o desespero e para a infelicidade de uma vida desgraçada e miserável.
Mas, um dia o pessoal vai zangar-se…
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