24.9.14

O debate

Com recurso às facilidades das gravações automáticas investi cerca de trinta e cinco minutos na audição e visualização dos dois craques candidatos a candidatos a primeiro-ministro nas próximas eleições legislativas pelo partido dos chuchas.

Cheguei a uma brilhante conclusão que só a mim diz respeito e que não compromete a mais ninguém nem pretende influenciar quem quer que seja, pois isto de opiniões políticas e sobre políticos pouco diferem das discussões sobre futebol ou sobre temas religiosos e filosóficos.

Para tal serve aquele velho princípio que em democracia toda a minha gente pode ter e proferir as suas opiniões sem que estas possam ou devam constituir uma referência, qual certeza absoluta ou dogma universal…

Fiquei plenamente convencido que não tive qualquer proveito no investimento efectuado, mas também não perdi coisa alguma por não me ter dedicado a ouvir aqueles dois craques nos dois debates anteriores.

De resto nunca tive qualquer entusiasmo por este tipo de debates, dadas as circunstâncias de que se revertiam e os objectivos a que se propunham.

O meu pouco ou nulo interesse em ouvir estas discussões políticas de candidatos a qualquer coisa política e ainda por cima do mesmo partido e candidatos ao mesmo cargo ou função tinha a sua razão de ser que se justificou pelo conteúdo do debate de ontem.

Ao fim destas três jornadas de afrontamentos pessoais com um cheirinho a problemas anteriores e pessoais mal resolvidos, fiquei sem perceber e sem entender como é que estes dois craques e seus seguidores e apoiantes mais próximos aceitaram e concordaram entrar em debates organizados com esta fórmula que não lembrava nem ao e que se estava mesmo a ver o seu resultado final.

Eles lá sabem, porque eles são os entendidos nesta matéria, mas reservo-me o direito de ter uma opinião que vai no sentido de considerar inútil a realização de debates de natureza política com a estrutura apresentada.

A não ser que o pessoal das televisões tenha visto com bons olhos que os craques se entendessem num modelo organizativo que só favorecia o ataque pessoal, a bagunça e o vazio quase total do contributo para o esclarecimento e percepção dos valores defendidos pelos dois craques socialistas, mas altamente apreciado pelas audiências televisivas

Alguém terá mudado de opinião depois de ouvir estes dois candidatos a candidato a primeiro-ministro?

Por mim…

19.9.14

A Federação Ibérica

Parece que o mundo e arredores deixaram a descansar o projecto de lei da cópia privada que o barreto quer ver aprovada rapidamente para retirar da miséria e da fome muitos artistas, autores e outros relacionados, para se preocuparem com os resultados do referendo na Escócia.

Já toda a gente tremia de medo com a hipótese de o wiskey subir de preço através da aplicação de uma taxa para pagar os custos da independência, quando os escoceses disseram que a coisa não mudava durante esta geração, pois que os reformados e todos aqueles que já estão próximos dessa situação e ainda aqueles outros que adoram as tradições monárquicas não estão para mudanças drásticas sem terem a certeza que o petróleo do mar do norte iria resolver todos os problemas presentes e vindouros.

Passado o susto, as coisas vão ficar centradas durante uns tempos no processo do referendo lá na Espanha, mais concretamente na Catalunha, que continua a teimar que os espanhóis não são boa companhia para o século vinte e um…

Por mim, estava-me redondamente nas tintas para as pretensões dos escoceses, sendo-me completamente indiferente se se tornassem numa nação independente ou se continuassem como até aqui.

Mas com os catalães já outro galo pode cantar.

Estou mesmo a ver o cenário: a Catalunha independente; o País Basco independente; a Galiza independente; a Castela independente; a Andaluzia independente; Aragão, Astúrias, Navarra, etc. e tal e com Portugal independente estaríamos a um passo da constituição da Federação de Estados Ibéricos…

Depois a coisa tomava o seu rumo: atiravam-se ao mar os ingleses de Gibraltar, embora alguns cidadãos da Federação dos Estados Ibéricos preferissem embarcá-los num navio de cruzeiro com destino a Inglaterra, e estabeleciam-se e fortaleciam-se os contactos sociais, culturais, económicos e financeiros com os estados magrebinos e a coisa estava feita.

Depois disto concluído mandava-se um recado àqueles senhores que actualmente mandam e desmandam na Europa dando a entender que a coisa está feia, se não tiverem um pouco mais de juízo e se não levarem um pouco mais a sério o pessoal cá debaixo e abandonarem a escravatura dos povos do sul.

De resto seria fácil fechar as fronteiras nos Pirinéus, se fossem necessárias algumas medidas mais drásticas…

Venha o referendo, este e todos os seguintes até à vitória final

18.9.14

A tinta ou a laser

Quem tiver a paciência de ler o anexo à proposta de lei sobre a cópia privada vai ter a oportunidade de encontrar coisas deliciosas só possíveis por serem provenientes das cabecinhas pensadoras daqueles inteligentes e burocratas e burocratas e inteligentes que vivem à sobra do orçamento de Bruxelas com as suas ramificações nos corredores do poder sediado em Lisboa.

Ainda não entendi lá muito bem qual é o papel e a respectiva importância de uma impressora na cópia privada.

Fiquei deslumbrado com os pormenores apresentados quando se preparam para determinar as taxas a praticar na compra/venda de uma impressora, considerando-se relevante a sua rapidez de impressão, se é de jacto de tinta, se é a laser, se é de agulhas (?), e não fixei e agora não vou ver se tem alguma importância o facto de ser a preto e branco ou se a cores, tendo presente que as cores das impressoras são produzidas via mistura das cores básicas, que não são citadas no referido projecto de lei.

Estou mesmo a ver que a cópia privada não ficará lá muito satisfeita se a sua qualidade for de segunda quando deveria ser de primeira, levando a mal que se possa utilizar o jacto de tinta em detrimento da impressão a laser e muito mais escandalosa que ainda se possa utilizar a antiquada e desprestigiante agulha…

E depois ainda temos a velocidade de impressão, dando-se a entender que a cópia privada não vê com bons olhos que se possam utilizar impressoras com uma velocidade considerada prejudicial à adequada fluência do tráfego quando estamos utilizando as auto-estradas da informação que não aceitam velocidades inferiores às necessárias para manter os nossos neurónios a trabalhar com toda a normalidade.

Agora que caminhamos rapidamente para a era do digital, quando tudo caminha para que a leitura se faça cada vez mais no écran do computador e equipamentos quejandos, quando o papel é bem mais caro que um arquivo na nuvem com espaço disponibilizado gratuitamente por diversas entidades, não sou capaz de entender esta taxa para as impressoras.

Vamos colocar na miséria e a passar fome uns quantos escritores, porque um dia nos lembramos de imprimir umas quantas páginas de um livro?

Que assim seja, porque deveremos estar sempre ao lado dos pobres e dos oprimidos mesmos que estes pobres e oprimidos sejam os escritores, principalmente os portugueses, que passam fome e andam na miséria sem um tusto para comprar um prego de carne mesmo que seja do rabo do boi…

 

17.9.14

A taxa e a fome

Dei uma vista de olhos pelo projecto de lei da dita cópia privada e fiquei quase totalmente esclarecido sobre os seus fundamentos e seus objectivos: defender os interesses de todos aqueles que produzem alguma coisa de natureza cultural, mesmo que esta natureza seja duvidosa que chegue para a por em causa.

Mas aí está uma lei que à sombra da defesa dos direitos dos autores e artistas em geral e dos promotores e produtores de espectáculos visuais e fonográficos e ainda de uns quantos profissionais de outras tantas profissões em particular, vai atirar para cima dos consumidores mais uma taxazinha, para salvaguardar os direitos desse pessoal, que cuida da nossa cultura.

Não percebi como a coisa funciona, mas está pensada de tal maneira que põe de acordo os artistas e autores individuais com aqueles que sempre os exploraram quer na produção discográfica quer na promoção e organização de espectáculos audiovisuais.

Está bem de ver que a indústria produtora de todo o tipo de equipamentos e suportes que podem ser utilizados na feitura de uma cópia de um qualquer conteúdo vai abdicar da cobrança ao consumidor de uma "pequena" taxa e retirá-la da sua margem de comercialização com o supremo fim de matar a fome aos nossos artistas e autores e, como quem não quer a coisa, para dignificar um pouco uma boa quantidade de gente que se dedica à produção e promoção do novo nível cultural.

Para ficarmos cientes que as coisas não são assim tão desinteressadas relativamente ao governo, prevê-se que esta taxazinha que vai salvar da miséria muitos autores e muitos artistas e dar a oportunidade de os consumidores elevarem a sua bagagem cultural, lá teremos o iva sobre a tal dita.

Claro que o orçamento de estado vai continuar a aumentar significativamente as verbas para o apoio à cultura e ao desenvolvimento cultural, independentemente do que venha a arrecadar com este processo que se destina totalmente à distribuição por quem de direito.

O que mais espanto me causa não é a distribuição desta benesse pelos autores e artistas e produtores e promotores individuais e colectivos, mas sim a respectiva percentagem.

Ouvimos dizer que há muitos autores e artistas com fome e esta gente contenta-se com quarenta por cento da receita, sendo que os outros sessenta por cento revertem para os tais que sempre exploraram esses tais autores e artistas.

Com esta lei, o governo atira o odioso da taxa para a indústria produtora de equipamentos e suportes utilizados na cópia quer pública quer privada, fazendo-nos acreditar que não serão os consumidores a pagar esta coisa.

Já havia poucas e algumas bem escondidas que nem se notam, para agora estar aí mais esta.

Amanhã, certamente, que vai aparecer mais um secretário de estado ou um ministro com uma ideia semelhante e lá teremos mais uma taxa, sobre a qual vamos pagar iva.

Sempre a bem da justiça e da igualdade de oportunidades…

Abaixo todas as taxas, mesmo que para isso tenham que aumentar a carga fiscal.

Já vamos estando fartos de tanta vilanagem…


 


 

16.9.14

A cópia privada

E digam-me lá se o "zapping" não é o responsável pelo que ontem me aconteceu!

Não fazia a mínima ideia que uma pequena taxa a suportar na aquisição de equipamentos audiovisuais teriam tanta relevância para matar a fome de muitos dos nossos artistas, criadores, compositores, produtores, promotores e de não sei mais quantas pessoas e organizações envolvidas nesta actividade cultural.

Ficámos a saber que existe o conceito de "cópia privada", que ninguém conseguiu definir claramente e que vai ser taxada mesmo que não seja praticada por um qualquer cidadão que use um telemóvel.

Lembrei-me de repente da tal história do coelho e da raposa…

Ao fim e ao cabo, a maioria dos nossos criadores, artistas e outros e outras entidades relacionadas com a criação cultural estão totalmente de acordo com a implementação desta taxa, pois só assim se pode dar o devido valor a quem vive do seu trabalho intelectual ou contribui para a sua divulgação.

Pois que assim seja e deixemo-nos de lamúrias em discutir se quem vai pagar é a indústria ou os consumidores, como se não se soubesse logo à partida.

Deixemo-nos de tretas e coloquemo-nos tão só uma simples questão: é justo e solidário o pessoal (qual e quem?) participar na luta contra a pobreza e a fome dos nossos artistas e criadores juntamente com os seus promotores e produtores de artes e espectáculos?

É aceitável que alguém se negue a contribuir para a felicidade de uns milhares de portugueses que se encontram nas ruas da amargura porque existe a cópia privada?

De resto, quem se opõe por princípio ao pagamento de uma taxa para retribuir dignamente o criador de um determinado conteúdo cultural, deveria ter presente que ainda nos falta uma boa quantidade de taxas para retribuir muitas outras coisas que estiveram, estão e vão continuar a estar a amargurar uns bons milhares de portugueses que não têm a mínima hipótese de participar no melhor e mais destacado programa de todos os canais de todas as televisões do mundo e arredores, como aquele que ontem nos apresentaram para falar da cópia privada.

Trata-se da única solução possível porque o governo assim o quer e porque os criadores e todos os outros concordam inteiramente, sendo parte interessada.

Por fim o principal: todos somos parvos, cretinos e aldrabões, porque se não fazemos cópias privadas dos conteúdos comprados e que já pagaram "direitos de autor", deveríamos fazê-las, pois temos os meios que servem para fazer cópias privadas.

E se não as fazemos é porque não queremos, mas nunca poderemos responsabilizar os tais criadores e autores pelo nosso desleixo e incompetência.

Se pagares a taxa, eles deixam…