27.11.13

O orçamento da liberdade

Nos últimos dois dias debati-me com um problema surgido na aplicação de texto usada habitualmente, que se recusava a enviar para o blogue as minhas composições, umas vezes com a desculpa de não ser capaz de as publicar, outras que não conseguia registar a minha conta.
Nestas circunstâncias e como me considero apenas um simples utilizador sem conhecimentos suficientes para dar a volta ao texto, procurei outras soluções que tenho à minha disposição.
De uma não gosto e por outra não sinto grandes simpatias, mas resolve para já o meu problema,  depois de voltas e mais voltas, voltando sempre ao mesmo sítio para tentar entender o que se passava e continua a passar-se com o diabo da aplicação, que me fez perder a oportunidade de escrever umas quantas linhas sobre o orçamento de dois mil e catorze.
Nunca é tarde para manifestar a minha grande satisfação pelo facto de os senhores deputados eméritos e lídimos representantes do Povo Português terem aprovado o orçamento de estado para o ano da graça de dois mil e catorze, apesar de uns outros igualmente digníssimos terem dito que se recusavam a votar favoravelmente uma coisa que só vai prejudicar o pessoal cá de baixo.
Independentemente das razões de cada um, eu sinto-me plenamente satisfeito e contente porque durante o ano de dois mil e catorze não vou ter mais dissabores dos que tenho tido em dois mil e treze.
Digo isto plenamente convicto de que o esbulho de mais umas centenas de euros retira dos meus ombros a responsabilidade de os gerir e de os gastar em coisas que provavelmente não iria ter necessidade.
Assim, feliz e contente, passo para o governo todas as funções e todos os problemas que umas quantas centenas de euros me causariam durante todo um exercício, sem vislumbrar qualquer vantagem que contribuísse para uma maior e melhor qualidade de vida.
Mas isto não deve ficar assim, porque o meu caso não é o caso de toda a gente, a não ser que o tal das neves tenha razão em tudo o que tem dito e em tudo o que irá dizer a propósito dos níveis de rendimentos de salários e de pensões dos funcionários públicos e dos aposentados, que se situam acima do realmente razoável.
Para aquele craque, que nunca saberá o que é chegar ao meio do mês e não ter um tusto para comer, salário e pensão inferior a mil euros já é totalmente suficiente para suportar todas as despesas desta cambada toda que passa a vida a manifestar-se e a fazer queixinhas, quando ele e seus iguais trabalham que nem  uns mouros, merecendo totalmente os largos milhares de euros e de dólares que entram todos os meses na suas contas bancárias, sem saber nem como nem porquê...
Temos orçamento e só temos que nos alegrar por tão fausto acontecimento, mas haverá muita gente com razão e sem razão que não acredita no conteúdo daquelas centenas de páginas cheias de rubricas e de números só acessíveis aos inteligentes e iluminados, sendo que nós os que vamos pagar, não precisamos de perceber uma coisa que nos vai entrar em grande no bolso para sacar sem mais nem menos mais umas centenas de euros a somar àquelas que já anteriormente nos roubaram legalmente...
A nossa grande vantagem e vitória que nos são dadas por este orçamento é que seremos livres e independentes a partir do segundo semestre do ano...
Quanto não vale a liberdade!!!

26.11.13

O césar

O césar, não é o imperador, mas o das neves, continua igual a si próprio e a ajuizar o mundo conforme os seus desígnios: um desbocado a botar as suas bocas contra os seus alvos indefesos.
Desta vez foram os pensionistas e reformados que mereceram as invectivas do senhor economista e cientista reputado, servidor fiel dos senhores do dinheiro, a quem serve com a maior dedicação para continuar a merecer e a aproveitar-se das suas mercês, dadas como prémio pelo papel desempenhado.
No meio disto tudo, o que incomoda o senhor economista desbocado é o facto de haver gente cá da baixa que ainda tem dinheiro para comprar certificados de aforro, fugindo desta maneira ao controlo dos banqueiros seus amigos.
Bem vistas as coisas, não me parece que o senhor economista, sempre muito dono do seu nariz arrebitado, esteja a pensar serem os jovens universitários, serem os jovens licenciados sem emprego, sejam os desempregados de longas duração, sejam os trabalhadores com o salário mínimo nacional e contratados a prazo, sejam os grandes capitalistas, aqueles que ainda dispõem de dinheiro para comprar certificados de aforro, para o que têm de retirar os euros das suas contas bancários, deixando os banqueiros com algumas justificadas apreensões.
Natural será que o nosso reputado economista desbocado esteja plenamente convencido que ainda há por aí alguma gente com algumas poupanças disponíveis para investir num produto que não se compara com a rentabilidade dos depósitos a prazo e das contas à ordem, oferecida pelo sistema bancário, o que deve incomodar o seu fiel servidor.
Vai daí não se torna difícil deduzir que alguns trabalhadores e alguns pensionistas e reformados ainda podem levar a marretada imposta pelo capital: reduzir salários e pensões, para os quais se trabalha e para as quais se trabalhou.
E não vale andarem por aí as queixinhas e as lamúrias do costume porque o algodão não engana e quem subscreve certificados de aforro tem alguma capacidade de poupança que importa controlar devidamente, sendo que o processo que melhor exerce esse papel é diminuir o valor que se paga pelo trabalho prestado e o valor que se dá às pensões oferecidas.
Não passam de desplante os discursos desta cambada de parasitas que se atrevem a falar contra a austeridade, trazendo cá para fora afirmações de fome e de pobreza que assombram a vida dos pensionistas, porque se trata de uma verdadeira treta, que está a ser observada atentamente pelos distintos servidores do capital com vista à tomada das medidas adequadas ao seu controlo eficaz e eficiente: baixar mais um pouco os seus rendimentos para que sirvam apenas e tão só para as necessidades primárias de sobrevivência.

13.11.13

Depois digam

A vampiragem do outro lado do atlântico vem com um relatório de noventa páginas (?) dando-nos conta daquilo que todos os quase todos já sabíamos: os cortes vão continuar e nem pensem aqueles sujeitos desconhecidos de toga esquisita dizer o contrário, porque, se tal acontecer, o caldo estará mesmo entornado.

Já sabíamos que esta coisa da austeridade vai continuar ao serviço dos grandes e dos poderosos, de modo a tornar os mais pequenos e os mais fracos a assumirem de uma vez por todas que o poder está no poder e não é partilhado pela plebe, convidada a ocupar o seu devido lugar.

Esse tal lugar não é mais nem menos que servir de pau para toda a colher dos senhores mandatários do capital mundial, isto é, dos credores, feitos sanguessugas e vampiros, cuja única missão é sugar e aspirar o sangue dos desgraçados que são colocados à sua mercê sem qualquer tipo de capacidade de reação.

Não estranha que os senhores do mundo venham assumir que os salários têm que baixar de valor para que a competitividade da economia portuguesa seja uma realidade, como se isto fosse o grande objetivo e o grande motivo das economias que dominam o mundo.

O que está em causa é posicionar e orientar a força do trabalho no sentido desejado e exigido pelo capital: um serve, outro é servido; um come as migalhas se as houver, outro come tudo e não deixa nada.

Já está dito há muito tempo: enquanto os salários e as pensões daquela grande massa de gente, que ocupa os três quartos da base da pirâmide, não estiver mais pobre cerca de quarenta por cento relativamente aos níveis de dois mil e cinco, não teremos descanso e seremos sempre perseguidos pela austeridade decretada lá fora e levada a cabo por uns quantos mandatários obedientes e serviçais que temos por aqui.

A receita é simples: ou isto ou aquilo e daqui não se sai.

O mesmo será dizer que os salários e as pensões têm que baixar, ou os impostos vão ter que subir.

Por mim estaria tudo certo e bem, desde que se dissesse quais os salários e quais as pensões que deveriam baixar e quais os salários e pensões que deveriam subir e quem pagaria os tais impostos para compensar tudo isto.

Se seriam os tais três quartos da base ou se seriam os dois terços do quarto do topo da pirâmide, porque haverá sempre alguém que se fica a rir de todos os outros e não paga nada.

Quem tiver disponibilidade e saiba, pode fazer um pequeno exercício: comparar a carga de impostos dos três quartos da base da pirâmide com o quarto restante do topo da pirâmide para se saber a quem deveria caber uma maior comparticipação no equilíbrio do défice e na diminuição da dívida pública.

Investigue-se a carga fiscal de todos aqueles que estão no topo das empresas públicas e privadas, daqueles que estão sentados à mesa dos meios de comunicação social como comentadores e críticos da política e do futebol, de todos aqueles que escrevem diariamente para os jornais, de todos aqueles que abrem todos os telejornais de todos os canais de televisão, dos grandes escritórios de advogados, dos banqueiros, dos empresários, de todos aqueles que vivem por conta do orçamento e que são mandatários dos seus senhores.

Depois digam que salários e pensões deveriam baixar e que salários e pensões deveriam subir…

12.11.13

Nós acreditamos

Foram duzentos e quarenta e tal milhões de euros de investimento estrangeiro durante os últimos trinta dias, facto que constituiu a grande notícia constante da intervenção do ministro soldado ou, talvez, do soldado ministro do governo, durante a discussão do orçamento para o ano de dois mil e catorze.

Este e mais uns outros como o crescimento das exportações e a diminuição do desemprego, são os grandes sinais da recuperação da nossa economia, recuperação que será confirmada pelas estatísticas do ine e pela aprovação desse tal orçamento que agora se discute, a não ser que uns sujeitos desconhecidos se lembrem de lixar isto tudo.

A realidade é que o investimento estrangeiro chegou e foi anunciado com pompa e circunstância, mas o soldado ministro esqueceu-se voluntariamente de nos esclarecer o custo para Portugal desses tais milhões, em subsídios e isenções de taxas e de impostos, bem como a sua natureza e a que se destinam, se a criar novos postos de trabalho ou se foram diretamente para pagar os produtos e equipamentos com origem na importação.

Não estaria mal se o ministro soldado nos tivesse dito que estes milhões eram valores líquidos já livres de todas as contrapartidas que todo o investimento estrangeiro exige para sair do seu lugar e vir até estas bandas classificadas como inóspitas para a devida rentabilidade do capital, tendo presente a preguiça dos nossos trabalhadores.

Mas devo reconhecer que o ministro soldado tem razão numa das suas afirmações: até parece que as oposições estão a dizer mal da sua vida por causa dos êxitos do governo e pela luz ao fundo do túnel que os nossos governantes já conseguem descortinar apesar do denso nevoeiro que paira sobre a economia portuguesa.

Vivemos num país de miragens permanentes e até parece que só agora estamos perante uma crise que exige o sacrifício dos pobres e dos remediados, porque os ricos não podem ser tocados, porque deles é o reino do progresso.

Que poderia fazer um país qualquer se os ricos e os poderosos, os banqueiros e os industriais, fossem tratados abaixo de cão como é tratado qualquer cidadão, cuja conta bancária não impõe respeito aos executivos e aos gestores, que mandam no mundo?

Se a populaça se movimenta em luta pelos seus direitos ou pelo que pensa serem os seus direitos de trabalhadores, de pensionistas, de reformados, de pobres, de remediados, de desgraçados e de infelizes, está a trilhar caminhos perigosos e a pôr em causa o investimento estrangeiro, sendo o mesmo que dizer que está a maltratar os nossos credores, que continuam a sua obra primordial de explorar os cá de baixo.

Podemos então concluir que o ministro soldado está mesmo convencido que os tais duzentos e quarenta e não sei quantos milhões vieram de livre vontade para reanimar a economia, tratando-se de dinheiro fresco que fica todo em Portugal, pelo que não sairá daqui um único cêntimo em benefícios e isenções de taxas e de impostos…

Nós acreditamos!


 

11.11.13

Não é fácil

Não é fácil viver com informação.

Na verdade, quanto mais informação o cidadão detém sobre muitos dos assuntos que fazem parte da nossa vida em sociedade, maior é o risco de poder entrar numa espiral de ansiedade, podendo vir a ser incapaz de controlar os seus sentimentos mais comuns.

Vem isto a propósito de sermos bombardeados involuntariamente com informação sobre assuntos e factos que constituem verdadeiros atentados à moral e à ética públicas e ofensivas dos valores que nos vão regendo no meio desta selva em que se tornou a vida política deste País.

São as relações políticas entre os políticos que se preocupam principalmente com a sua vida pessoal do ponto de vista do seu êxito ou fracasso na coisa pública; são as posições violentas contra umas quantas instituições, chave e charneira da nossa vida social; são os ataques permanentes contra os direitos e deveres dos cidadãos; são os ataques descarados aos contratos celebrados pelos cidadãos, que se sentem vilipendiados e enganados; são os usos e abusos do poder e das influências ao serviço de quem tem poder e em prejuízo de quem é dependente; são as evidências de tratamentos preferenciais por parte de quem pode em detrimento de quem é incapaz de se sublevar; são as informações erradas e tendenciosas que nos chegam das fontes mais idóneas; são as manipulações dos poderosos e dos fazedores de opinião que pululam por todos os meios de informação debitando banalidades e trivialidades como se de verdades absolutas se tratassem; são as ocultações dos factos que podem moldar e melhorar a vida dos mais carenciados; é o aumento exponencial das desigualdades sociais, económicas e financeiras, distanciando cada vez os do topo dos da base; são os favorecimentos pessoais e institucionais que aumentam aos milhões; é, finalmente, a angústia de milhares de cidadãos que se sentem espoliados, roubados, ofendidos, indesejados e escorraçados do seu País.

Já não temos o direito de pensar que os valores que solidificaram a Nação ainda continuam a ser o objeto fundamental de todos aqueles que assumiram a responsabilidade de cumprir com dignidade e boa-fé a missão que lhes foi confiada.

Mas podemos muito justificadamente perguntar a toda a gente que esteja disponível para ouvir ou àqueles que têm a obrigação de ouvir e de atender para onde vamos ou para onde nos levam tendo em conta os caminhos que nos obrigam a trilhar todos os dias.

E podemos muito justificadamente perguntar se ainda temos o direito de pensar que um dia esta gente põe a mão na consciência e houve aquela força interior a dizer que já chega de tanto mal e de tanta dor, sendo chegada a hora de exigir a participação de todos aqueles que nas últimas décadas se andaram a banquetear nas mesas do orçamento.

Talvez que um dia o pessoal perca mesmo a paciência…


 


 

4.11.13

As queixinhas

Dois factos dos últimos dias deixaram-me completamente maravilhado, como se vivesse num mundo novo onde a felicidade andava de mãos dadas com a prosperidade, que batera à porta de todos os lusitanos.

Não querem lá ver que os banqueiros foram encontrar-se com a ministra das finanças e com o ministro da economia para manifestarem o seu descontentamento e veemente protesto pelo que se estava a passar.

Por um lado, a carga fiscal que recaía sobre a atividade bancária não era mais suportável, pelo que os bancos já não aguentavam mais verem-se espoliados pelos impostos aplicados não havendo mais margem para continuarem a distribuição habitual de altos lucros pelos seus acionistas, isto é, pelos donos do dinheiro.

Por outro, vinham manifestar-se contra a comercialização por parte do estado de uns fundos, vulgarmente denominados de certificados de aforro, agora com mais umas letras e altamente competitivos com as taxas pagas por esses mesmos banqueiros aos depósitos a prazo, daquele português que ainda se dá a esse luxo de colocar dinheiro nas mãos de uns banqueiros de meia tigela.

E vai daí foram chatear a ministra e o ministro como se se tratassem de uns queixinhas, tipo meninos da linha da escola primária, contra aqueles malandros das barracas que não os deixavam em paz por viverem à grande à custa da malta.

Fica-lhes muito bem, porque todos estão do mesmo lado da barricada e não há direito que se verifiquem ações de sentidos opostos entre os amigos de todo o sempre.

Tive muita pena dos coitados dos banqueiros quando se dispõem a manifestarem-se contra umas decisões do governo muito aquém do que se verifica com os simples cidadãos que pagam toda a enorme carga fiscal e não são recebidos por nenhum ministro ou secretário de estado para apresentarem as devidas e merecidas queixinhas.

E têm toda a razão, porque a dita crise que se instalou nesta cloaca da união europeia parece ter chegado aos bancos, que vivem momentos de aflição, dado que os seus lucros já não são os mesmos, chegando-se às triste conclusão que quem vivia acima das suas possibilidades não era o estado nem os cidadãos, mas sim os banqueiros que deram origem à crise financeira e económica que se verifica pelo mundo inteiro.

Estavam mal habituados quando dominavam como queriam e lhes apetecia a política económica e financeira deste país através dos jogos de interesses que condicionavam a vida de todo este povo.

O outro fato foi o espetacular espaço televisivo de propaganda da responsabilidade do psdê, que passou um pouco antes telejornal do canal público de televisão.

Tive a sorte de estar sintonizado neste dito canal de televisão pelo que fiquei maravilhado e entusiasmado com o país descrito e apresentado neste espaço de propaganda partidária.

Fiquei totalmente convencido que o meu País não é aquele país da enorme carga de impostos suportados pelos rendimentos do trabalho e pelas pensões e aposentações daqueles que dele e daquelas vivem amarguradamente.

Fiquei totalmente convencido que não podia estar noutro sítio que não fosse no mundo descrito e apresentado nas histórias do jake e dos seus colegas piratinhas na terra do nunca…

Nem quero pensar o que poderia acontecer aos banqueiros se os cidadãos pudessem comprar diretamente dívida pública…

1.11.13

A dita

A ansiedade era muita, pelo que não me fácil aguardar este tempo todo pela conferência de imprensa do primeiro segundo ou do segundo primeiro dedicada à apresentação do guião da reforma do estado.

Dei como muito bem empregue os cerca de quarenta minutos que durou a dita para ver anunciados os grandes princípios que vai tornar Portugal um país moderno, como os mais modernos países de todo este planeta, incluindo os do continente antártico.

Já as vozes se levantavam para dizer mal do primeiro segundo ou do segundo primeiro por demorar tanto tempo a elaborar o guião da reforma do estado, quando toda a gente estava convencida que apenas faltava anunciar aquilo que já estava escrito e decidido há muito tempo, aguardando-se apenas uma mera oportunidade oportuna para dizer a esta cambada de imbecis que o estado estava em vias de ser reformado.

O que    mais me agradou ouvir foram aquelas tiradas de que a reforma do estado não são os cortes na despesa, isto é, os cortes nos salários e nas pensões dos funcionários públicos, dos reformados e dos aposentados.

A reforma do estado é uma reformulação do estado no sentido de tornar o estado melhor e a prestar melhores serviços aos cidadãos principalmente àqueles que deles nunca precisaram…

Fiquei encantado por saber que a partir de agora já não me vão impor mais impostos, pelo que fico desejando ardentemente que a reforma do estado não demore a ser iniciada como demorou a ser anunciado o seu guião.

Venha daí imediatamente a reforma do estado, pois não haverá português que não a deseje, exceção feita, clara está, ao seguro e seus seguidores e mais a uns quantos idealistas da esquerda, que ainda não viram que a reforma do estado vai dar felicidade aos milhões de portugueses que ainda temos o privilégio de não termos sido forçados à emigração, preferindo aguardar de peito feito a reforma do estado, da autoria do primeiro segundo ou do segundo primeiro.

Devemos ter consciência que a má vontade contra o primeiro segundo ou segundo primeiro que teve a dignidade e a ousadia de elaborar e apresentar o guião da reforma do estado, precisamente na véspera do início da discussão do orçamento de estado para dois mil e catorze, demonstrado por alguns críticos e comentadores políticos, não encontra qualquer eco na grande maioria dos portugueses.

De facto, a grande maioria dos portugueses sentiu-se feliz e contente por ter tido a oportunidade de ouvir o segundo primeiro ou o primeiro segundo a apresentar o seu trabalho dos últimos meses, se descontarmos o tempo das crises e das suas demissões irrevogáveis, por discordância das políticas do seu governo, em defesa dos pobres e dos oprimidos.

Contudo, não me recordo de ouvir tanta banalidade em tão pouco tempo com o ar mais sério do universo, se me esquecer ou não me recordar de alguns discursos ditos e ouvidos no parlamento proferidos pelos inteligentes que nos governam tão sabiamente e tão seriamente, que o céu está ansioso para os receber tão depressa quanto possível para gáudio e satisfação dos portugueses de boa vontade, que continuam a pagar todos estes desvarios…

Mas se quiseres

Querias um País com a dívida pública a zeros?

Querias um País com a dívida das pessoas coletivas a zeros?

Querias um País com a dívida das pessoas singulares a zeros?

Querias um País com défice zero?

Querias um País sem programa de ajustamento?

Querias um País sem mandões e usurários?

Querias um País sem sanguessugas?

Querias um País sem hipotecas?

Querias um País com um governo competente?

Querias um País com uma assembleia legislativa composta por profissionais?

Querias um País com um sistema de justiça justo e eficaz?

Querias um País com pleno emprego?

Querias um País com segurança social segura?

Querias um País com uma escola para educar e ensinar?

Querias um País com a saúde para todos?

Querias um País com cidadãos livres?

Querias um País com instituições sociais de serviço público?

Querias um País com gente séria e honesta?

Querias um País com trabalhadores produtivos e competitivos?

Querias um País com empresários empresários?

Querias um País com mais igualdade?

Querias um País com menos desigualdade?

Querias um País mais solidário?

Querias um País com um capitalismo menos capitalista?

Querias um País com menos aldrabões?

Querias um País com menos charlatães?

Querias um País sem partidos como agências de emprego?

Querias um País com partidos políticos de serviço público?

Querias um País com comentadores políticos independentes?

Querias em País com menos miséria?

Querias um País com alegria?

Querias um País com esperança?

Querias um País com qualidade de vida?

Querias um País com gente boa?


 

Quem não queria um País com isto e com muito mais…!!!

Mas se quiseres mesmo lá do fundo da tua essência ser cidadão de um País com alma e com dignidade, olha para o firmamento numa noite sem luar e escolhe uma daquelas luzes ao acaso, pira-te para lá e constrói o teu mundo, onde possas ser feliz e olha para todos nós com a compreensão e com a complacência devidas pela nossa incapacidade de viver o presente e construir o nosso futuro com a consciência tranquila do dever cumprido.

Finalmente, nunca digas que temos o que merecemos, porque não é justo sermos tratados abaixo de cão.