31.10.08

Pois claro

Tenho pena dos jornalistas!

Coitados dos jornalistas!

Por umas quantas notícias, por uns quantos almoços, por uns tantos jantares, por uns lugares em gabinetes e departamentos de comunicação social de um qualquer secretário, de um ministro e até de um director geral ou presidente de empresa pública, mesmo que agora já não o sejam, os jornalistas são presa fácil, quais vítimas inocentes, daqueles maquiavélicos e odiosos políticos que militam no Partido Socialista!!!

Uma pena e uma vergonha, que todos devemos lamentar fazendo coro em uníssono com o JPP e com o seu comparsa da quadratura…

Se nós não sabíamos que esta situação era perigosíssima para a Democracia ficámos perfeitamente conscientes que podemos confiar nestes "comentadores", mesmo que comprometidos, pois que terão sempre a sua oportunidade de dar todos os alertas que foram indispensáveis para que não nos deixemos enganar pelas patranhas dos actuais governantes e de todos aqueles que à sua volta giram, mesmo que sejam jornalistas.

É doloroso ouvir o JPP invectivar contra o PS como único responsável por haver alguns jornalistas que se deixam "levar" pelos Cânticos seráficos do poder e não afrontam como ele esses diabinhos que são a ruína de Portugal.

Ainda por cima, devemos considerar que esta situação é tanto mais grave quando todos sabemos que o JPP não tem qualquer interesse em qualquer jornal ou em qualquer órgão de comunicação social e que consegue, mesmo que comprometido desde sempre com o seu Partido, continuar a ser independente em todos os comentários que faz, desde que não se reportem ao Partido Socialista, ao PSL e ao LFM lá do norte.

Todos nós também sabemos que o JPP tem à sua disposição os órgãos de informação escritos, falados e audiovisuais para fazer ouvir os seus comentários sempre independentes, mesmo que se refiram à Presidente do seu Partido, mas sempre sem qualquer contrapartida financeira e só pelo prazer de se ouvir.

Estou a começar a perceber que o JPP pode dizer tudo o que lhe apetecer sobre os jornalistas a propósito dos seus comportamentos, atitudes e procedimentos, que não se levanta voz para afirmar que o homem pode ser um pensador, um investigador, um comentador e tudo o que lhe der na real gana, mas que não têm o direito de zurzir a torto e a direito naqueles que que lhe dão as oportunidades…

Esta quadratura foi um regabofe, sem contraditório… diga-se.


 

3.10.08

Os bloguistas

Gostei dos vinte minutos que passei a ouvir atenciosamente os comentadores da quadratura a propósito de dois temas: as casas da CML e o Magalhães.

Eu já sabia que o JPP é pessoa importante para tecer aqueles comentários com um discurso redondo, parecendo não dizer nada, mas querendo dizer tudo.

Poucas vezes tive a oportunidade de perceber a fúria do JPP contra o PS e contra o Primeiro como aconteceu neste programa a propósito de uns comentários sobre o "Magalhães" feitos em programa anterior.

O Primeiro teve a ousadia de preparar, de construir, de anunciar, de distribuir o "Magalhães" pela rapaziada sem sequer se dar à boa educação de informar ou de comunicar tal facto ao JPP, antes ou depois da ideia e da concretização da ideia.

Tampouco o informou de como tinha surgido aquela coisa, quem fez, como fez, o que tinha, quanto custou, quanto pagou, quem vai pagar, quantos compromissos, tanta coisa que o JPP não sabe e deveria saber.

O homem não escondia que se estava "burrifando" para isso tudo, mas o que mais lhe interessava denegrir e desprezar e rejeitar é o êxito retumbante da máquina quer seja em termos públicos quer em efeitos sociais e escolares.

Não admira que ele diga ser o "bombo da festa" dos bloguistas, porque o que importa nestas coisas é manter a chama da independência, apesar de todos os compromissos assumidos…

Mas o que me mais chamou a atenção nesta quadratura foram os comentários do JPP ao assunto das casas da Câmara.

Quem estivesse atento terá certamente constatado que aquele discurso melífluo, aquele discurso barroco, aquele discurso cheio de ar e vento andava a voar, a voar, a voar, a voar e quando se preparava para pairar sobre a presa lá voava mais uma vez e nunca foi capaz de disparar a bicada final, como se fora a estocada final e que sempre esteve presente no seu discurso.

O JPP sabia muito bem que aquelas histórias das casas da CML nada tinham a ver com o AC e que tudo ou quase tudo pouco ou nada poderiam influenciar as pretensões do AC a um novo mandato na CML.

Mas ele, o JPP, não teve coragem nem ousadia e muito menos dignidade para lançar o comentário final que sempre esteve presente nas estrelinhas do seu discurso: tudo bem, mas conte lá essa história do seu chefe de gabinete…

Se ele fosse um homem livre e sem compromissos…

Não admira, pois, que os bloguistas passem a vida a desancá-lo…


 


 

1.10.08

Uma razão

Serão os pobres e os remediados a pagar a crise, tanto lá como cá, independentemente das responsabilidades de cada um.

Assim sendo, mais uma vez serão os ricos a rir por último…

Mas não podemos ser ingratos e devemos reconhecer que há uma boa dúzia de pessoas por esse mundo fora que não dorme por se encontrar ocupado em encontrar a solução para todos estes problemas…

Apenas dois apontamentos sobre duas situações para as quais não temos prestado a devida atenção, pelo que não temos manifestado qualquer apreço e reconhecimento pelos seus autores.

O homem do BCE está altamente preocupado em manter o nível da inflação em valores que só ele entende; daí que o aumento das taxas de juros é coisa de todos os dias, como se o pessoal que deve dinheiro aos bancos tivesse uma máquina de fazer notas lá na dispensa, já bem ocupada pelo automóvel parado, o que não constitui qualquer problema para o senhor do BCE …

O homem das finanças cá do burgo só se preocupa com o défice, pelo que quando precisa de guita aumenta os impostos, sem se preocupar pela redução da despesa…

Querem mais?

Nunca foram os ricos que pagaram as crises e não será agora que a regra vai ser alterada, sendo certo que importa salvaguardar o pouco de bom que existe no mundo, que são os milhares de multimilionários, em prejuízo de muitos milhões de miseráveis, de pedintes de pobres e remediados…

Mas nada obsta a que esta gente possa fazer umas quantas perguntas a partir de outras tantas constatações:

Estamos relativamente fartos de ouvir dizer que o nível de vida dos portugueses é dos mais baixos da Europa ou, pelos menos, dos mais baixos da Europa da União;

Estamos relativamente fartos de ouvir dizer que o nível médio dos salários dos portugueses é dos mais baixos da Europa ou, pelos menos, da Europa da União, salvo a honrosa excepção dos salários dos gestores portugueses por serem indubitavelmente bem mais responsáveis que os gestores estrangeiros;

Já ouvimos dizer bastantes vezes que e apesar de tudo, o nível dos impostos pagos pelos portugueses não é dos mais elevados da Europa ou, pelo menos, da Europa da União;

Estamos todos convencidos que o preço do petróleo bruto pago pela GALP será o do mercado e não deverá sofrer qualquer agravamento por se destinar a Portugal nem nenhum desconto por se destinar à Espanha…

Pois então por que será que ninguém é capaz de dizer aos pobres e aos remediados uma única razão que justifique que os preços para a generalidade dos produtos pagos pelos portugueses em Portugal são mais elevados que na Europa ou, pelo menos, na Europa da União…?

Só uma razão… a gente ia entender…