14.10.13

O anjinho da guarda

O anjinho da guarda dos reformados, dos pensionistas, dos idosos, das idosas e dos pensionistas de sobrevivência bateu as asas e voou para bem longe, tão longe que se esqueceu de nos informar que o lúcifer estava à espreita e já tinha assinado umas coisinhas destinadas aos funcionários públicos, que os vai deixar muito contentes.

Este contentamento não foi anunciado, porque só se anunciam coisas que custam a digerir e esta coisa de auxiliar o país com o seu contributo para a sua salvação de modo a evitar a queda definitiva estará sempre presente na intenção e na vocação dos funcionários públicos.

Ontem foi um aperitivo para a grande maioria dos cidadãos com pensões de sobrevivência, mas já estava decidido e assinado que os salários e as outras pensões não se livravam da martelada já prometida e agora divulgada pela imprensa.

No fim de contas não haverá português que viva do estado, quer através do trabalho quer da fruição de uma vida inteira de descontos, que não tenha a oportunidade de participar ativamente na salvação do seu país, evitando o naufrágio deste imenso barco governado por uma pandilha de fina estirpe.

Já andava por aí gente a embandeirar em arco, parecendo que não seriam chamados a acorrer em auxílio do défice, da dívida pública e da reforma do estado, mas foi sol de pouca dura, pois o grande predestinado não se esquece com facilidade das suas obrigações perante todo o povo, independentemente do gosto e da vontade de cada um.

Assim, como quem não quer a coisa, vai-se mostrando a desgraça às pinguinhas para uma fácil digestão com a consciência total de que não estamos perante circunstâncias facilitadoras de graves indigestões provocadas por grandes comezainas e grandes pacotes de chamamentos de que são devedores todos os contribuintes.

Eles não se esquecem de nós e têm a prova provada que é possível aguentar mais pancada com um sorriso nos lábios até vergar os lombos desta gentalha que continua a viver à custa dos nossos beneméritos e não do seu trabalho e dos seus direitos por uma vida inteiro de contributos para a engorda do estado.

Temos o que merecemos e ainda temos disponíveis uns euros na carteira, que os nossos governantes rapidamente irão encontrar maneira de os levar para devolver, talvez, aos nossos emprestadores com juros de agiotas.

Mas vida é assim, enquanto nós não dermos um valente par de coices e atirarmos com esta cambada lá para os quintos dos infernos que é, como quem diz, mandar esta gente pentear macacos pela sua indecente e má figura praticada à sombra das boas intenções da salvação da Pátria que outros quase levaram à ruína e à bancarrota…

Ontem foi um cortezito nas pensões de sobrevivência, hoje foi uma valente tesourada nos salários dos funcionários públicos, amanhã virá a confirmação do contributo das pensões dos funcionários públicos, no outro dia falarão da nova tabela salarial dos funcionários públicos que os vai reduzir ao seu significado real e depois, quando já nada restar, estes craques irão servir o capital para outras bandas.

Nós ficaremos cá, cantando e rindo, felizes e contentes por nos comerem as papas no alto da cabeça…


 

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