13.10.13

A fuga

Os malandros da oposição puseram a circular uns boatos e umas atoardas sobre cortes das pensões de sobrevivência, levando o pânico e a inquietação a umas centenas de milhares de portugueses na sua grande e larga maioria idosos, viúvos e viúvas, que já se viam a financiar mais uma vez a crise nacional.

Mas o governo estava atento às manipulações e demagogias de todos aqueles que vivem ressabiados e descontentes com as políticas sociais, económicas e financeiras levadas a cabo pelos atuais governantes, ao serviço da Pátria e da Nação.

De tal modo era grave o desespero dos que recebem pensões de sobrevivência que os nossos estimados governantes demoraram mais de uma semana para esclarecerem o povo através de uma conferência de imprensa, enquanto decorria o conselho de ministros que aprova o orçamento de estado para dois mil e catorze, repondo a verdade das medidas para tranquilidade dessas tais centenas de milhares de portugueses que já se viam roubados e espoliados mais uma vez por talhadas fiscais nas suas magras reformas.

Tudo se ficou a dever a uma fuga de informações praticada por uns malvados não identificados com o objetivo de prejudicar e difamar os nossos queridos governantes que passam o dia e a noite a sacrificarem-se pelo bem-estar de todos os portugueses, mesmo daqueles que não gostam deles.

Uma fuga de informação que tanto mal causou ao pessoal que recebe pensões de sobrevivência não podia ficar sem a resposta devida e em devido tempo, para que os portugueses continuem a confiar naquele grupo de predestinados que nos governam por mandato dos deuses e que sempre dedicaram a sua maior atenção aos problemas destes portugueses deserdados da fortuna.

Não havia razão para que estes boatos e estas atoardas postas a circular pelos malvados oposicionistas não fossem desmentidas, porque a verdade é clara como a água clara e transparente como a alma dos nossos governantes e pouco ou nada custava esclarecer as informações vagas e imprecisas sobre umas medidas que atingiriam apenas cerca de vinte e cinco mil portugueses, na sua grande maioria ricos, que não carecem da ajuda do estado para levar uma vida bastante razoável.

Das centenas de milhares de portugueses que recebem uma pensão de sobrevivência, apenas vinte e cinco mil vão ser "convidados" a participar na luta contra o défice e no combate à dívida pública, ao serviço da reforma do estado, poupando o sacrifício a mais de noventa e seis por cento dos "sobreviventes".

E não podia ser de outra maneira, porque o anjinho dos pobres e dos oprimidos, dos pensionistas e dos reformados continua atento e vigilante a tudo o que nos possa acontecer, desde que seja pela nossa saúde.

Só não entendo uma coisa: como é que um malandro da oposição teve acesso a informações que eram do conhecimento exclusivo dos membros do governo…?

Somos pobres, mas parvos…?

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