16.10.13

A austeridade mínima

Quem está habituado a levar no toutiço forte e feio já não leva a mal que lhe continuem a dar no toutiço.

O pior é quando alguém que tem estado ao abrigo das aves de rapina e que agora se vê a descoberto, começa a dar-se conta de que a coisa está verdadeiramente preta, mesmo para o seu lado.

Natural será, por isso, que comece também ele a habituar-se a levar as suas marteladas sem qualquer capacidade para reagir a tempo e a horas de se por ao fresco.

Pelo que vai ter que iniciar o processo de pagamento porque a fuga começa a não estar fácil, mesmo para aqueles que continuam a constatar que a porta, se não está totalmente fechada, ainda está semiaberta, permitindo alguma opção que não seja aquela de "paga e não bufas…".

Esta noite em sido um regabofe total de comentadores nos diversos canais generalistas e especializados: todos querem comentar com a maior profundidade possível o orçamento hoje divulgado, havendo uma quase total unanimidade numa apreciação geral de que se trata de um orçamento de austeridade ainda maior da que se esperava.

Para mim é uma maravilha que assim seja, porque já estou habituado a que as manápulas fiscais não saiam do meu bolso, controlando ao cêntimo tudo o que entra e sai numa promiscuidade só possível a situações de incapacidade total de reagir a esta invasão e devassa da carteira dos cidadãos.

De alguns cidadãos porque para outros ainda não chegou o tempo das vacas magras, pois verifica-se alguma incapacidade dessas tais manápulas entrarem ou acederem à conta bancária e aos rendimentos de alguns senhores que se passeiam no meio desta porcaria toda sem sujarem a sola dos sapatos.

Não sei se já será desta que o pessoal vai acordar para a realidade que está e estará na nossa frente, mas temo que as movimentações a sério comecem a materializar-se, pois a coisa só pende para um lado e a corda não vai aguentar por muito mais tempo, pelo que será natural que se rompa, o caldo se entorne e o almoço vá para o galheiro.

Depois, quem for capaz de fechar a porta que a feche, mas tenha algum cuidado porque poderá ficar com o rabo entalado sem possibilidade de dar às de vila diogo.

Alguns já estarão a preparar o terreno para não serem apanhados desprevenidos e com as calças na mão, mas outras não terão, certamente, essa sorte e serão estes que pagarão as favas.

Nessa altura não terei pena de quem quer que seja e apenas lamentarei que as passinhas do algarve sejam suportadas só por uns quantos, enquanto outros se ficarão a rir a bandeiras despregadas, continuando a tratar e a pensar que uma cambada de idiotas e de imbecis não merece ser tratada como gente séria e honesta com a mínima consideração e estima e respeito.

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