1.10.13

A poeira

A poeira começa a assentar facilitada até pela envolvente meteorológica que dificulta a reunião dos pequenos grupos à esquina ou à porta do café para os indispensáveis e normais comentários à política nacional.

Em contrapartida, teremos, muito em breve, as facas de ponta e mola disponíveis para cumprirem o seu destino: dar o golpe de misericórdia nos que forem considerados os mais responsáveis pelos desaires sofridos, mesmo que não sejam os verdadeiros culpados.

Quem anda na política por gosto ou por necessidade tem de estar preparado para ser imolado por dá cá aquela palha e saber que o poder vai e vem ao sabor das contingências e das circunstâncias, independentemente da vontade dos mercados que tudo regulam sem olhar a quem.

O ruído de fundo do que está para acontecer já vai surgindo por aí a anunciar alguma tempestade que se aproxima perigosamente de uns quantos que tiveram a ousadia de se considerarem imunes à inconstância dos eleitores, ficando demonstrado que o poder não é para sempre e um dia as coisas mudam pura e simplesmente mesmo que não haja razão e fundamento para tal acontecer.

As coisas são assim, porque as forças sociais implicam a mudança, independentemente da sua velocidade.

Vão aparecer alguns, poucos, novos rostos, mas os suficientes para ficarem justificadas as eleições e os seus custos e outros vão viver por conta do orçamento após uma meia dúzia de anos de serviço público, o que não deixa de ser uma alegria.

O que de mais interessante vai acontecer nos próximos tempos irá estar relacionado com a pressão das autarquias junto do poder central para que as bolsas se abram e corram os euros na direção de todas as promessas eleitorais, para que a lei se cumpra.

Quem pensar que o salário mínimo vai aumentar, que o corte das pensões é para esquecer, que as quarenta horas foi um sonho mau, que os salários dos trabalhadores vão acompanhar a inflação, que as mordomias dos políticos e de mais uns quantos vão ser revistas em baixa, que os mais ricos vão pagar mais impostos, que a riqueza vão ser distribuída com mais equidade, que os ganhos de produtividade não se vão destinar exclusivamente ao capital, que os pobres vão merecer a devida atenção, que os paraísos fiscais vão ser postos em causa, que o capital vai regressar às suas origens, que todos vão pagar impostos, que a economia paralela vai ser posta na ordem, que as fugitivos ao fisco vão ser apanhados e colocados na prisão, que…

Mas, em que raio de País pensa que vive…?

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