Não é fácil viver com informação.
Na verdade, quanto mais informação o cidadão detém sobre muitos dos assuntos que fazem parte da nossa vida em sociedade, maior é o risco de poder entrar numa espiral de ansiedade, podendo vir a ser incapaz de controlar os seus sentimentos mais comuns.
Vem isto a propósito de sermos bombardeados involuntariamente com informação sobre assuntos e factos que constituem verdadeiros atentados à moral e à ética públicas e ofensivas dos valores que nos vão regendo no meio desta selva em que se tornou a vida política deste País.
São as relações políticas entre os políticos que se preocupam principalmente com a sua vida pessoal do ponto de vista do seu êxito ou fracasso na coisa pública; são as posições violentas contra umas quantas instituições, chave e charneira da nossa vida social; são os ataques permanentes contra os direitos e deveres dos cidadãos; são os ataques descarados aos contratos celebrados pelos cidadãos, que se sentem vilipendiados e enganados; são os usos e abusos do poder e das influências ao serviço de quem tem poder e em prejuízo de quem é dependente; são as evidências de tratamentos preferenciais por parte de quem pode em detrimento de quem é incapaz de se sublevar; são as informações erradas e tendenciosas que nos chegam das fontes mais idóneas; são as manipulações dos poderosos e dos fazedores de opinião que pululam por todos os meios de informação debitando banalidades e trivialidades como se de verdades absolutas se tratassem; são as ocultações dos factos que podem moldar e melhorar a vida dos mais carenciados; é o aumento exponencial das desigualdades sociais, económicas e financeiras, distanciando cada vez os do topo dos da base; são os favorecimentos pessoais e institucionais que aumentam aos milhões; é, finalmente, a angústia de milhares de cidadãos que se sentem espoliados, roubados, ofendidos, indesejados e escorraçados do seu País.
Já não temos o direito de pensar que os valores que solidificaram a Nação ainda continuam a ser o objeto fundamental de todos aqueles que assumiram a responsabilidade de cumprir com dignidade e boa-fé a missão que lhes foi confiada.
Mas podemos muito justificadamente perguntar a toda a gente que esteja disponível para ouvir ou àqueles que têm a obrigação de ouvir e de atender para onde vamos ou para onde nos levam tendo em conta os caminhos que nos obrigam a trilhar todos os dias.
E podemos muito justificadamente perguntar se ainda temos o direito de pensar que um dia esta gente põe a mão na consciência e houve aquela força interior a dizer que já chega de tanto mal e de tanta dor, sendo chegada a hora de exigir a participação de todos aqueles que nas últimas décadas se andaram a banquetear nas mesas do orçamento.
Talvez que um dia o pessoal perca mesmo a paciência…
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