30.1.08

O debate

É conhecida a minha aversão pelos programas televisivos de discussão política, pelas leituras noticiosas de desastres e misérias do mundo e até por aquelas coisas que dizem ser de ouvir a opinião pública enquanto se vê no ecrã um convidado ou o respectivo (a) jornalista a decorar o cenário.

Assim, raramente dedico parcelas do meu tempo a ver e ouvir essas coisas.

Mas hoje, após um almoço de carapaus pequenos, grelhados por quem sabe da poda, regado com um vinho branco da região do Douro, razoavelmente gelado, acabado com um bom café e um digestivo de malt bem velho, a inércia foi mais forte que eu e vi-me na frente do televisor ligado para o debate quinzenal na AR, sem vontade alguma de accionar o telecomando para o indispensável passeio pelos canais do Belmiro.

Foram cerca de quarenta e cinco minutos da mais pura dedicação e atenção ao debate político entre os líderes parlamentares dos diversos partidos representados e o Primeiro.

Já me tinham contado que estes debates, no anterior formato, eram uma seca e que o Primeiro passava tudo com uma borracha bem lisa, de tal modo que o pessoal nem sabia onde se esconder, apesar da balbúrdia.

Se assim era, desta vez foi mais do mesmo.

Na generalidade, a minha atitude perante estes debates saiu reforçada pelo que não conto tão breve envolver outro bocado do meu tempo a ver e ouvir este tipo de discussão.

Tenho para mim que nada aprendo e só a perspectiva de algum divertimento perante o espectáculo é que valerá a pena ser espectador.

Contudo, há quem goste e eu não sou ninguém para me atrever a criticar quem quer que seja que goste destes espectáculos gratuitos…

Mas voto naquela de considerar melhor qualquer jogo de futebol da liga portuguesa…

20.1.08

Quarenta e três anos

Este fim-de-semana fui ao Norte encontrar-me com uns quantos amigos, alguns dos quais já não via há cerca de quarenta e três anos.

Disse bem: já não via há cerca de quarenta e três e, no entanto, ainda não tínhamos esquecido o principal: a memória de vinte e sete meses passados lá nos "cus de judas" e umas terras africanas…

Lembrámos e recordámos algumas coisas boas e outras nem tanto, mas principalmente fizemos ver que quarenta e três anos não são suficientes para fazer esquecer os valores da amizade, da camaradagem e do companheirismo, construídos com suor e lágrimas e até algum sangue.

Encontrámo-nos, conversámos, comemos e bebemos e depois cada um foi à sua vida como se o próximo encontro geral, já marcado para o próximo mês de Abril em Estremoz mais não fosse que um normal encontro de amigos para tomar um café logo ali ao lado.

Lá estaremos, os que continuamos. Nessa altura recordaremos quem já partiu, mas que estiveram e viveram connosco aqueles doidos vinte e sete meses…

Recordar nunca fez mal a quem pode e tem valores para recordar…


 

PS1. O restaurante, ali em Santo Tirso, era bem grande e estava cheio…

Quando voltava para Lisboa perguntei pela CRISE… pois estava ali, logo ao lado, o Vale do Ave…


 

PS2. Olha, em determinada altura, já quase no fim, fomos solidários contigo no teu sofrimento. Hoje a nossa solidariedade é a mesma.

17.1.08

É da Lei

Vencia eu os cerca de cento e oitenta quilómetros que separam o meu "carporto" do Alentejo e meu parque de estacionamento de Lisboa, quando ouvi uma notícia deveras surpreendente e mais estranha ainda, referindo, como fonte, um estudo da Faculdade Económica de Lisboa, (estes jornalistas leitores de texto de notícias são uns pontos), referindo que "não são precisos mais juízes, não são precisos mais tribunais, não são precisos mais advogados…". No fim a notícia referia um estudo da Faculdade de Economia de Lisboa…

Disto já temos em abundância e, no entanto…

A Justiça é o que se ouve dizer e o que alguns sabem por experiência própria.

Se já temos juízes que cheguem, se já temos tribunais que cheguem, se já temos advogados que cheguem, então …

O que faz falta?

Porque é que esta coisa não funciona?

Porque é que toda a gente se queixa?

Parece que para os juízes, segundo um responsável sindical ou pró-sindical, a culpa não é dos juízes, a culpa não é dos tribunais, a culpa não é dos advogados e segundo eu a culpa não será, certamente, do pessoal de limpeza… mas sim da LEI !!!

Lindo, esta coisa da culpa ser da Lei…

Cá por mim, continuo a pensar que se noventa por centos dos juízes trabalhassem cerca de seis horas por dia, o estudo diria uma coisa completamente diferente, muito embora admita que a situação em que se encontra a Justiça em Portugal continuaria a ser da responsabilidade da Lei.

Tenha-se presente que os desgraçados dos juízes não fazem a lei que aplicam, nem aplicam a lei que fazem e, estou seguro, que lutam diariamente por uma lei melhor e que responda com eficácia às necessidades de quem utiliza os tribunais.

Lamento profundamente que o pessoal não tenha mais consideração e mais respeito pelo alto estatuto social, profissional e ético dos (as) juízes portugueses, porque se isto já é um pandemónio, sem eles seria realmente uma república das bananas… sem remédio e sem conserto…

11.1.08

Campo de Tiro

Foi muito fraca a onda de ruído à volta do anúncio da localização previsível do novo aeroporto internacional de Lisboa: parece que o pessoal perdeu um dos grandes trunfos de ataques cerrados ao Primeiro e a alguns dos seus segundos.

Bem vistas as coisas até foi muito pacífica a reacção da reacção, pois se limitaram a dizer que o segundo deveria ter um bocado de vergonha e sair já imediatamente para não ter que fazer qualquer coisa a favor daquilo que não queria.

Contudo, as coisas são como são e já aí está outra polémica não menos importante: a travessia do Tejo anunciada para Chelas e Barreiro, quando há por aí uns quantos craques que a querem ali mesmo na sequência da CRIL para a outra banda direitinha às praias da Costa da Caparica, Vale da Telha e Meco sem necessidade da chatice permanente da 25… e outros ainda que a queriam a sair de Santa Apolónia por causa da utilização dos comboios e outros ainda que a querem junto a sua casa para que a coisa a caminho do Algarve fique mais facilitada.

De modo que a expectativa de guerra aberta continua: para a exacta localização do novo aeroporto e para a linha certa da nova travessia do Tejo, sem ficar esquecida a guerrilha dos custos, que já começou com a tentativa de uma comissão de controlo. Claro está que esta comissão não era bem de controlo da execução e dos custos, seria mais para a ocupação de uns quantos inteligentes a precisarem de emprego bem remunerado…

Por outro lado e embora já se tenha falado ao de leve sobre a questão, importa agora pensar que importa encontrar a nova localização do novo campo de tiro para treinos dos nossos pilotos dos aviões da nossa FA.

Desde já aqui deixo expresso que para esta função não ofereço os meus terrenos no Alentejo, mas de certeza que esse tal campo não vai ser instalado na OTA e que os seus custos não vão ser significativos, uma vez que não se irá contar com os custos de aquisição do espaço lá para os desertos da margem esquerda do Guadiana…

10.1.08

Ecce Aeroporto

Ecce Aeroporto!!!!!!!...

E logo em Alcochete, que é, como quem diz, nos concelhos de Benavente e do Montijo, lá para os lados de Canha, que ainda é bem longe, muito perto daquela tal estrada que passa pelas antenas de onda curta da estação oficial, que nos leva lá para os lados de Pegões.

Mal se sabe os contornos deste anúncio, já se ouvem as críticas, os aplausos, as queixas, as lamúrias, as compensações, os projectos, os investimentos, as bocas, que isto, que aquilo, que talvez e agora os estudos, os passos seguintes, os ambientalistas, os puristas, os neologistas (?)…

Ouvi recentemente, que havia um outro estudo, de Coimbra, que construía um aeroporto muito mais barato que todos estes…


Mas, no meio de tudo isto importa salientar dois dados:

O primeiro é que o Aeroporto não vai ser construído nos terrenos que eu, em tempos ofereci, embora o seja no Alentejo, isto é, do outro lado do Tejo, que o mesmo é dizer, no Alentejo. Até que enfim, que se vai fazer um grande investimento onde se poderá passear…


O segundo é que os grandes investimentos no turismo e no jogo da península, a sul do Sado, já podem começar rapidamente e em força, para não acontecer que o aeroporto fique pronto antes dos hotéis daquela zona…

Lisboa agradece, apesar de tudo, pois vai ficar com mais uma ponte.