26.10.07

A Proposta

A tarde do dia vinte e cinco de Outubro do ano da graça de dois e mil e sete vai ficar na história da actividade bancária cá do burgo, facto justificado pelo anúncio da proposta de fusão entre o BPI e o BCP, na sequência, aliás, de alguns ruídos que se sentiam na linha.

Devo confessar que para mim é igual ao litro: não sou cliente de qualquer dos bancos e não tenho qualquer interesse em todos os outros bancos, pelo que a proposta de fusão não me deu qualquer preocupação nem me despertou qualquer entusiasmo.

Contudo, deu para entender que o pessoal da especialidade, isto é, o pessoal que já andava com problemas relacionados com as poucas notícias de interesse geral, ficou altamente eufórico com a perspectiva de umas caixas bem interessantes.

Foi assim que uma jornalista tomou a palavra lá nos corredores da AR para questionar o Ministro das Finanças como se a proposta já fosse um negócio fechado e consumado, estando já a funcionar o maior banco privado português e um colosso ibérico; continuou a dizer que o Ministro não diria nada porque não sei o quê, mas as perguntas lá foram feitas como se a escritura já estivesse lavrada em cartório.

Minutos antes a redacção dava a informação como se de uma "proposta" se tratasse, o que era verdadeiro, e umas horas depois reuniram-se uns quantos especialistas desta coisa dos mercados financeiros e dos negócios bancários para todos dissertarem sobre a proposta.

Foi um regabofe de conjecturas, um amontoado de variáveis, um rol de possibilidades logo ali explanadas, parecendo tudo que aquele pessoal não sabia nada do que se estava a passar, do que se tinha passado e, eventualmente, do que se iria passar.

Quer dizer que foram tantas as hipóteses lançadas para a mesa da conversa, parecia de café, que alguma não andará longe do que vai acontecer, quando acontecer...

Podiam fazer as coisas com um pouco mais de cuidado e nem seria necessário um programa em cima da hora para falar de tudo o que não se sabia.

Pois que venha o colosso com roupagens portuguesas, porque o poder… esse estará logo ali ao lado…

24.10.07

O “Ranking”

Sempre que me dá uma enorme vontade de trabalhar levanto-me tarde e fico em casa a ver televisão, devidamente sentado no "sofá" para não magoar as costas.

Contudo, tenho que fazer um esforço gigantesco para escolher o programa para ocupar o meu pouco tempo disponível: tenho os maravilhosos e altamente educativos programas das três estações generalistas, disponho de dois canais de notícias repetidas desde a tarde do dia anterior com o mesmo texto e as mesmas imagens e depois mais umas dezenas de canais para visitar durante uns segundos.

Se não quero ser incomodado, fico nos desportivos e posso fechar os olhos sempre que me aprouver.

Hoje tive a sorte de ser informado da publicação do "ranking" das escolas do ensino secundário, não sei é assim que se diz, mas fica tudo entendido que se trata de escolas públicas e privadas frequentadas por pessoal que já não é criança e que ainda não é universitário…

Muito interessante, este "ranking"…

De jornalista para jornalista/comentador: …que se lhe oferece dizer e comentar… pois, o ensino privado por um lado, o ensino público por outro lado, o sistema educativo, a política da educação, as escolas…por aqui se vê a diferença, será este o caminho, não é com certeza, o que será das gerações vindouras… … …

De jornalista para o Presidente das Associações de Pais e Responsáveis de Educação…pois, trata-se de duas realidades muito diferentes, o nível de vida, a diversidade de classes sociais, muitos problemas diversos, níveis de educação dos pais muito diferentes, nível de vida sem comparação, os trabalhos de casa, pais assim, pais assado…é preciso ler estes resultados com muito cuidado. … …

Aqui fica a diferença de olhar de quem está obrigado a dizer (comentar) qualquer coisa e de quem está dentro dos problemas e percebe da poda…

Já agora, sempre pensei que o jornalista/comentador levantaria o problema do custo por aluno do ensino público e do ensino privado, que o jornalista/comentador levantaria a questão do número de faltas dos professores, quer por greve quer por doença, nas escolas públicas e nas escolas privadas, que nos daria informação sobre o número de escolas públicas e número de escolas privadas nos distritos do interior…

Cá por mim, ficaria satisfeito com estas estatísticas se viessem acompanhadas de informação sobre o custo real, isto é, o montante de dinheiro gasto pelo Estado, pelas escolas e pelos Pais por cada ponto obtido nos exames, agora objecto de análise… e, já agora, do número de horas perdidas pelos alunos das escolas públicas e pelos alunos das escolas privadas por causas que não se lhes pode imputar…


 

15.10.07

Dois galos e uma capoeira

Não dediquei a Torres Vedras o tempo suficiente para poder fazer um julgamento, isto é, uma apreciação minimamente correcta e coerente sobre tão importante acontecimento que ali decorreu durante o fim-de-semana passado.

A minha opinião não é importante e tampouco se reveste de qualquer interesse que justificasse uma observação mais atenta às intervenções de algumas pessoas, quer participantes quer observadores quer ainda críticos amadores e profissionais, para além de jornalistas de microfone ou de opiniões sensatas e cordatas.

Mas deu para ouvir, em determinada altura que"… em mim ninguém manda…" pelo que ali se deu como terminada uma daquelas entrevistas, onde o que brilha é o microfone e as perguntas feitas…

Dado que sou leigo nestas coisas da contradição, dei por mim a pensar que tal afirmação podia significar um profundo acto de afirmação doutrinária do mais Anarquismo militante, podia dar a entender que não havia qualquer tipo de compromisso ligado a uma hierarquia de postos ou de valores, e ainda que os pontos cardeais, tais como norte, sul, este, oeste, isto é, em frente atrás, à esquerda ou à direita não podia ser estabelecida qualquer relação de causa e efeito, tão só, porque o lugar ou a sua circunstância estavam para além dos horizontes…

Estando convencido que não se tratava de puro Anarquismo militante, onde a responsabilidade de cada um é total e absoluta, admitindo que ali existe uma hierarquia por se tratar de uma organização social, então tenho que aceitar que "… eu sou o único a beijar o sol…"

Lembrei-me que os fados e os destinos das pessoas são feitos pelas pessoas e as suas consequências não podem ser da responsabilidade nem do Primeiro nem do seu Partido.

Vou lembrar-me de Torres Vedras quando for lançada a primeira seta em direcção ao LFM e o apanhar um tanto ou quanto desprevenido, porque em Torres Vedras não tomou as devidas precauções…

Não lhe invejo nem o fado nem o destino, mesmo que o actual Primeiro não queira continuar primeiro para lá de dois mil e nove…

Nessa altura, muita gente vai lembrar-se de ter ouvir dizer bem mais do que uma vez que "…dois galos são incompatíveis como uma só capoeira…".


 

14.10.07

Café e Código Penal

Apesar do tempo passado não posso deixar de registar aqui aquele notável acontecimento ocorrido na Covilhã e relacionado com a visita do Primeiro à sua escola "primária" para falar sobre qualquer coisa, como sucedera ao Primeiro Europeu também de visita às carteiras dos tempos antigos…

Muito gostaria eu de saber o nome dos dois polícias que, à civil, "visitaram" as instalações de uma estrutura sindical muito amiga do Primeiro e da Ministra da Educação. Conhecimento que não serviria para repreender os ditos, mas simplesmente para manter na minha memória o nome de dois tontos que aceitaram beber um cafezinho durante a sua indesejada e inamistosa visita…Não entendo lá muito bem que se ofereça e se aceite um cafezinho quando se entra nalguma casa sem ser desejado…

Mas, o que é que se há-de fazer? Muito provavelmente até eram conhecidos: dai a oferta do café e a respectiva aceitação… tudo como se de família se tratasse.

Que assim seja, mas que não haja mais ruído à volta desta brincadeira, estando eu convencido que, por causa disto, a democracia não estará posta em causa. Se assim fosse, quem mais estaria disponível para "promover" o Primeiro?

Acontecimento diferente será, certamente, a entrevista da CP ao Sol sobre a tal história da Casa Pia…

Sempre pensei, pelo menos, sempre estive convencido, que a dita senhora era trabalhadora, era técnica, era responsável, era dirigente, mesmo antes de ser Provedora da Casa Pia…

Sempre pensei, pelo menos, sempre estive convencido que a dita senhora (deveria?) teria conhecimento de alguma do que se ia passando na instituição onde trabalhava e donde recebia a guita para viver, mesmo que fosse pouca…

Afinal, parece que só teve conhecimento quando deixou de exercer as altas funções de dirigente máxima daquela Casa, nunca se dando conta dos escândalos que agora vem dizer que aconteceram e que ainda vão acontecendo, falando ainda de outras coisas não menos sérias a propósito da demora, do código penal, do maior escândalo… etc e tal.

Alguém apareça para chamar a Senhora e pô-la em sentido, que é como quem diz, a ponha na barra do tribunal para dizer toda a verdade e assumir a responsabilidade.

Essa história do conhecimento posterior e fugir com o rabo à seringa já está gasta e não convence ninguém.

Se não sabia deveria saber, e se sabia deveria denunciar antes e sempre e não só agora quando não se pode fazer nada com ela.

Prefiro outro congresso do PSD com as votações finais…

 

13.10.07

Férias Grandes

Confesso que as minhas longas férias só agora podem ser dadas como terminadas; confesso que a vontade de trabalhar é mais que muita; confesso que as minhas tentativas para me opor à imperiosa necessidade de escrever exigem um enorme esforço que não estou em condições de oferecer; confesso que tenho andado por aí, mas ninguém tem dado por isso, facto que me tem dado toda a liberdade para fazer o que me der na real gana. (Estava quase a imitar o AJJ no discurso de Torres Vedaras. Só que não contesto…)

Mas acontece que tantas são as coisas, que tantos são os factos, que tantas são as circunstâncias, tudo merecedor da devida atenção por parte de qualquer cidadão que se preze, que não tive outra hipótese que não passasse por voltar a dedicar a minha atenção a algumas situações que vão acontecendo por aí.

Cá no fundo, no fundo, não tenho a mínima vontade para varrer à pancada da grossa uns quantos ministros e outros tantos secretários de estado e mais outros directores-gerais e presidentes de empresas públicas por toda a porcaria que andam a fazer ou, melhor, por tudo o que deveriam fazer e não fazem.

Pelo menos, podiam estar calados e só falar quando o Primeiro dissesse como e quando e em que circunstâncias.

Mais valia que mandassem alguém, vestido à civil, ao largo da igreja e apregoar que agora os reformados com pensões mais baixas vão pagar impostos. Ao menos assim, não olhávamos para acara do ministro das finanças e não nos dava uma enorme vontade de soltar uma solene gargalhada pela sua honorável respeitabilidade, própria de um cobrador de impostos.

Assim, quem de entre os ignorantes desta terra não poderia ser ministro das finanças? Precisas de equilibrar o orçamento ou acabar com o défice? Não te preocupes muito e trabalhar mais para fazer baixar a despesa e muito menos despedir um director-geral porque não foi capaz de diminuir o número de rolos de papel higiénico gasto nos serviços…

Basta, apenas e tão só, saber onde aplicar mais impostos, cuja cobrança seja certa e segura… que tal as reformas mais baixas…? Estão mesmo à mão de semear…

Assim, até eu faria um figurão na pasta das finanças…

Tenham um pouco mais de vergonha na cara e respeitem um pouco mais a desgraçada da Educação e o desgraçado da Saúde…