6.2.08

Corrupção?

Não resisto à tentação de dedicar umas linhas ao novo bastonário da OA.

Não é que o homem seja da minha especial simpatia, muito embora não tenha contra ele qualquer tipo de animosidade.

Conhecia o senhor de algumas intervenções televisivas dos tempos anteriores aos presentes e o que dizia tinha sempre um sabor cáustico e uma certa acutilância, não sei se política, se técnica, se oportunista, se todas essas coisas e mais algumas.

Muita gente gostava de ouvir este homem, de tal modo convencido que veio a convencer os seus pares de que merecia ser o seu lídimo representante numa área e numa actividade extremamente sensível, onde uma palavra mal dita reverbera nos ouvidos de uns quantos milhões.

Por isso, foi com algum espanto que ouvi, já uns dias depois, as suas declarações numa entrevista de grande audiência no canal público de televisão, reafirmadas num acto solene onde o tal senhor se encontrava fardado com aquelas vestimentas que os advogados e o juízes usam em alguns actos solenes, conferindo a estas personalidades mais e mais responsabilidades naquilo que dizem e naquilo que fazem.

Concretamente, não me espantou o que disse, mas por tê-lo dito e pela maneira como o disse.

Quem, de entre o povo, não gostou de ouvir aquelas palavras com aquelas afirmações de verdade feita certa e segura, como se o conhecimento da coisa fosse total e absoluto?

Quem não gostaria de ouvir os nomes, subentendidos naquelas afirmações e naqueles actos?

Quem não esperava que deveria ter ido mais além por se tratar de matéria que o povo gosta de saber e de falar, apesar de ser considerada altamente sensível?

Quem concordou por ter-se ficado nas afirmações e nas denúncias genéricas e não descido um pouco mais na escala da responsabilidade?

Deveria ter ido mais além, ou deveria ter ficado mais aquém?

O homem ficou-se nas lonas: logo a seguir ao tiro de partida abandona a corrida?

Cá por mim, ou desbocado ou cobardia… a não ser que a corrida seja outra…


 

1.2.08

A Passarada

Começo a ficar preocupado com a novela do novo aeroporto de Lisboa.

Quando parecia que tudo estava devidamente arrumado, deixando a Ota em paz e passando a fazer parte da história aquela zona de Alcochete, eis que as aves voltam a colocar tudo em causa.

Não querem lá ver que agora os pássaros podem chocar com os aviões quando se deslocam dos locais de dormida para os locais da comezaina e viceversa, passando pelos corredores das aterragens e descolagens?

Então a bicharada não tem juízo? Então a passarada não sabe que corre um grave risco por se meter nas aventuras dos humanos?

Pois que aprendam rapidamente os novos circuitos a que vão ser obrigados para comer e para dormir e deixem que o pessoal construa um novo aeroporto ali naquela zona de Alcochete.

O meu receio pouco ou nada tem a ver com a passarada ou com os aviões ou ainda com o chumbo da UE por causa do ambiente.

Estou a ficar preocupado porque, por este andar, não vai ser em Alcochete nem na Ota e muito menos no Montijo e talvez ainda se venham a lembrar da minha oferta e venham a aceitar os terrenos que disponibilizei nas minhas propriedades e fico com uma cara de pau do tamanho das novas pistas...

Mas o mais surpreendente é que é o próprio relator do relatório que opta por Alcochete que agora vem dizer-nos que talvez não possa ser por causa dos pássaros e do ambiente, adiantando que na Ota também havia problemas por causa da Montejunto.

Decididamente, esta gente anda a passar-se...

Lá no fundo, no fundo, não deve haver novo aeroporto nem nas minhas propriedades...

Foi a brucelose

Como é habitual quando estou no Alentejo passo pelo Café do um pouco depois do jantar para beber um descafeinado e dar dois dedos de conversa com esta gente, circunstância que me alivia o moral e me conforta o espírito.

Mas ontem foi um tanto ou quanto diferente porque tive a oportunidade de me rir a bandeiras despregadas e não foi por anedotas que ouvia nem por ter saído o euromilhões a um qualquer alentejano aqui da terra.

Ri-me a bandeiras despregadas pela abordagem natural com que os meus dois interlocutores abordavam algumas questões candentes e actuais que se passam com pessoal daqui da aldeia e que se relaciona com a política agrícola.

Que a agricultura está mal, parece que não suscita grandes preocupações para esta gente que vive sem os grandes subsídios provenientes das europas.

Que vive, agora, porque até relativamente pouco tempo o pessoal abotoava-se com umas massas bem boas que davam para viver à grande e à francesa.

Contudo, o pessoal esqueceu-se que algumas não se tratava bem de subsídios mas de adiantamentos por conta de investemimentos e de campanhas agrícolas e que um dia alguém viria solicitar a devolução da guita.

O que acontece é que esse momento parece que chegou e algum pessoal não anda muito satisfeito: estão a bater à porta para cobrar o adiantado, que vai muito tempo não deixando rasto nem coisa que se veja

Mas outros continuam em grande: ainda recebem uns quantos euros por uns sacos de trigo semeados uns quantos anos de tal modo que esses terrenos passaram por diversas mãos. Outros continuam a receber o subsídio por ovelhas que venderam um bom par de anos.

Mas agora a coisa até nem anda mal de todo: parece que está controlado o movimento de ovelhas, vacas, cabras por diversas herdades para a contagem respectiva

Mas a maior delícia foram as histórias da brucelose ocorridas uns tempos: carneiros que infectavam rebanhos que ninguém queria comprar e depois iam para a matança com um valente subsídio pelo abate

De coisas permitidas pela porca da política agrícola que se vai praticando, se falou neste serão alentejano…