18.3.11

Ordenados e prémios

Enquanto saboreava uma fenomenal bifana num pequeno café/bar na aldeia do Couço, aquela mesmo que já foi a aldeia mais comunista de Portugal, passei os olhos por um matutino e deparei com uma pequena notícia relacionada com o presidente de uma empresa de construção civil que em tempos já fora ministro.

Rezava a notícia que o homem teve um rendimento de cerca de setecentos mil euros em dois mil e dez entre ordenados e prémios, sendo o membro da administração que mais guita levou para casa.

Isto não é de estranhar, uma vez que não estamos na administração pública, onde o PR pode ganhar menos que um juiz e muito menos que um presidente de uma qualquer empresa pública ou de uma alta autoridade e, às vezes, de uns quantos senhores que nem se sabe quanto ganham.

Uma outra notícia dava conta que o presidente de uma empresa pública relacionada com as vias de comunicação tinha pedido a demissão há não sei quanto tempo. Parece que havia dificuldades de tesouraria, muito embora a empresa tivesse tido uns milhões de lucros no ano passado.

Parece que qualquer empresa que se preze, quer seja pública quer privada, apresenta uma boa maquia de lucros em pleno ano de crise, sendo que a única entidade em crise é o próprio Estado, por não ter gestores de qualidade.

Tudo isto pode parecer estranho porque em tempos de crise deveria haver crise generalizada, mas pelos vistos a crise é só para uns quantos enquanto outros não deixam de arrecadar milhões.

Alguém poderia pensar que se trata de uma boa gestão não havendo qualquer relação entre o custo dos serviços prestados e os proveitos realizados à custa da venda e comercialização desses ditos produtos.

Todos nós sabemos que uma empresa de construção civil exerce naturalmente uma atividade de construção de uma razoável variedade de produtos, nomeadamente casas, estradas, pontes, viadutos, hospitais, escritórios e não deve dedicar muito tempo à venda de medicamentos ou à produção de vinho e de cervejas.

Por outro lado, uma empresa relacionada com as estradas deve dedicar-se a financiar a construção e conservação de estradas e de todas as obras de arte que encontre pelo caminho, mas será apenas isto, isto que dá milhões?

Cabe então perguntar: trata-se de uma boa gestão para pagar aqueles milhares ao gestor e ter aqueles milhões de lucro ou, pelo contrário e em complemento, é o produto que sai a valores muito mais elevados do que poderiam ser postos no mercado?


 


 

Sem comentários: