Nem toda a gente sabia, mas agora toda a gente ficou a saber: a crise é a crise de confiança, porque se houver confiança tudo se vai resolver.
Nós não tínhamos a perceção que a situação política, económica e financeira de Portugal resume-se à crise de confiança. Não uma crise de confiança nas instituições, nomeadamente a Presidência da República, a Assembleia da República e o próprio Governo, mas uma crise de confiança no Primeiro-Ministro, porque se assim não fora os investidores e o mercado já tinham dado conta que estaria tudo bem quando o primeiro fosse embora ou dissesse que se ia embora logo que o PR dissesse que sim senhor pode ir embora na paz tão rapidamente quanto fosse humanamente possível, isto é, já e sem delongas.
Mas não.
E ainda há quem pense e esteja convencido que a solução não é a encontrada, mas uma que seja da responsabilidade do PR como seria lógico e salutar pensar, mas apenas e tão só se tivéssemos um PR à altura da responsabilidade e estatuto do PR.
Assim, vamos ter que andar a engonhar mais uns quantos meses, mas podemos estar descansados que a solução encontrada vai passar certamente por aquilo que já estávamos à espera com mais uns pozinhos e ervas aromáticas para embelezar o ramalhete.
E isto é tão certo como certo foi a afirmação sobre o possível e eventual aumento do IVA se... e um pouco mais à frente a mordidela na Caixa Geral de Depósitos e na CP e na REFER e na TAP e em... sem esquecer a RTP, a veneranda e venerável senhora dos ordenados miseráveis...
Não estou à espera que haja empresários e investidores privados que queiram colocar a sua guita no transporte ferroviário a não ser que se trate de qualquer coisa que esteja mesmo à mão de semear, nomeadamente e apenas nas duas grandes áreas urbanas como Lisboa e Porto num raio não superior a cinquenta quilómetros. O resto que continue a pagar o Estado para que os maquinistas e demais pessoal proletário e operário continue a fazer greves numa luta para melhores condições de vida, isto é, melhores salários e mais regalias sociais.
Ainda temos governo e ainda não foram marcadas novas eleições legislativas e já há quem peça maiorias absolutas com promessas de cumprir o pec quatro com mais subida de impostos e algumas privatizações de que nunca se falaram, mas tão apetecidas.
Estamos no bom caminho, porque ao fim e ao cabo não temos qualquer vantagem em termos empresas públicas que nos sugam o dinheirinho que tanto custa a ganhar mas com a consciência tranquila de que nunca foram nem jamais serão "funcionários públicos" mesmo que os seus rendimentos provenham quase exclusivamente do orçamento...
Contudo, devemos concordar que esta clarificação não seria má de todo, porque assim sempre poderíamos dizer que a monstruosidade dos proveitos de algumas administrações de algumas empresas públicas deficitários em milhões de milhões não provinham do erário público mas do capital privado e assim não tínhamos nada a ver com isso...
Também há gente a pensar que depois das eleições deve ser formado um governo de salvação nacional com cobras e escorpiões, lobos e cordeiros, duques e barões, condes e viscondes, proletários e burgueses, tudo na mesma montra para português ver e mercado convencer...
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