11.3.11

As pensões

Tinha que chegar a minha vez e não demorei muito tempo para me darem conhecimento do facto: para o ano que vem também me vão meter a mão ao bolso mexendo na minha reformazinha.

Andava estranhando que não se tivessem lembrado de se atirarem aos pensionistas e reformados com reformas acima de qualquer coisa, mas não deram tempo para me rir do que aconteceu aos funcionários públicos e aos trabalhadores de algumas empresas públicas, porque aos respetivos dirigentes e administradores existem mecanismos suficientes para tornar a medida inútil e fantasmagórica, para não dizer ridícula e falaciosa.

Esta medida não me chateia demasiado, porque já estava convencido que mais tarde ou mais cedo ela teria que ser implementada, mesmo que todo o mundo seja contra ela, quer sejam da esquerda quer da direita e até do centro e dos campos primaveris.

O que me chateia verdadeiramente é eu ter consciência que há por aí muito boa gente a engordar cada vez com o decorrer da crise e ninguém é capaz de lhe tirar da frente, isto é, do bolso uma carcaça que seja, isto é, um cêntimo que seja, quer se trate de pessoas individuais quer de pessoas coletivas.

Ainda hoje, talvez tivesse sido ontem, que li ou ouvi que os dois senhores mais ricos de Portugal viram aumentadas as suas riquezas em oitocentos milhões e seiscentos milhões de euros, sendo certo que o engenheiro ficou na mesma, sendo que a única explicação para o facto está precisamente no facto de as perdas visíveis e invisíveis das grandes superfícies não terem sido controladas devidamente como o podem ser nas de média dimensão...

O que eu queria dizer é que ainda há muito campo para explorar e para plantar oliveiras e videiras para tornar o Alentejo uma imensa vinha e um imenso olival, antes de tentar apanhar alguns euros a uma boa quantidade de empresas e de senhores que estão e vivem no topo do mundo como se fossem deuses e nada deverem a estes pobres e desgraçados mortais.

A sério, mesmo muito a sério: alguém está convencido que um administrador de uma empresa quer seja pública quer seja privada trabalha e produz o mínimo suficiente para ganhar mais de duas e três centenas de milhares de euros por mês fora todas as alcavalas que não são contabilizadas?

Eu admito que esse pessoal possa ganhar tudo isso, mas que não seja à custa dos preços dos produtos produzidos ou comercializados muito para além do razoável e se tiverem esses rendimentos, que envergonham muita gente, então que as respetivas empresas sejam sujeitas a fiscalização e penalização adequadas por fazerem fora do penico. Mas isso não vai acontecer, porque o penico desse pessoal e dessas empresas é bem grande e não cabe neste desgraçado País.

Digam-me lá se é justo: utilizo a internet para fazer uma transferência bancária e pago o respetivo serviço, não havendo dúvidas que os custos foram meus e não do respetivo banco...?

Mas depois os lucros são de milhões e mais milhões... numa terra onde impera a miséria

Enfim: não se pode dizer que toca sempre aos mesmos; para o ano vão entrar a outros, mas os intocáveis de hoje, continuarão a ser os intocáveis de amanhã.

A não ser que as próximas eleições legislativas do corrente ano sejam dominadas e ganhas pela verdadeira esquerda já representada na atual AR...

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