17.12.08

As ameaças

Acabei de ouvir parte das declarações do Manuel Alegre num canal de televisão e confesso que fiquei cheio de medo.

O homem está cheio de força e estou convencido que o José Sócrates já deve estar com as orelhas a arder à procurado do seu futuro político porque já sabe que lá para o fim do ano deixa de ser Primeiro…

O homem está cheio de força e dá-se ao luxo de ameaçar o pessoal do Partido Socialista porque tem consigo muita gente que está a chateá-lo para fazer um partido político e ir a votos, como foi para a Presidência, onde derrotou tudo e todos...

O homem está cheio de vontade de levar um pontapé no rabo dado pelos órgãos do Partido Socialista, mas não tem sorte porque isso não vai acontecer.

O homem tem de decidir se quer ou não quer e não pode esperar pelos outros para justificar a sua incapacidade de se decidir por abandonar o Partido Socialista e fundar um novo partido para concorrer às eleições.

Deixe-se de tretas e não esteja nas encolhas para não decidir a tempo; deixe-se de falsas arrogâncias e muito menos de fazer ameaças porque muita gente está plenamente convencida que está apenas à espera de um grande motivo para ir para outras bandas.

Pois, Senhor Manuel Alegre, não demore mais tempo; não nos faça desesperar para conhecermos os seus altos desígnios para a política portuguesa; não espere para ver se o PS vai fazer coligação com qualquer partido da direita, sabendo, desde já, que não a fará com qualquer partido da esquerda para depois, nas calmas e sem responsabilidades, nos vir dizer que já o tinha dito quando disse…

Não espere pela sua integração nas listas do PS como candidato a deputado nas próximas eleições e diga-nos já que vai ser candidato a deputado mas nas listas de outro partido fundado para si pelos seus amigos socialistas, os quais também serão candidatos por esse mesmo partido para então, sim, unir as esquerdas e reduzir o PS à sua expressão mais simples.

Cá por mim ainda não me esqueci do PRD…, partido criado à imagem e semelhança de uma figura, que levou o PS às ruas da amargura, mas que passado pouco tempo desapareceu no nevoeiro que já tinha levado o Dom Sebastião…

De qualquer modo, eu acho que há muitos "socialistas" que estão onde não merecem estar, mas isso…

15.12.08

O almoço de esquerda

Hoje não me apeteceu almoçar em casa, porque me apeteceu ir almoçar fora de casa.

Sem pedir licença a ninguém porque não me apeteceu pedir essa licença, lá fui à procura de um almocinho que fosse de cariz popular dada a proximidade da reunião da união das esquerdas.

Querem coisa mais popular que umas pernas de frango grelhadas?

Querem coisa mais popular que uma salada de pepino, de alface e de tomate, muito embora se tenha que reconhecer que quanto ao tomate não se pode dar a primazia às esquerdas unidas, somente por se tratar de qualquer coisa transversal a todo o leque político, independentemente do uso ou do consumo que se lhe dê.

Querem coisa mais popular que um arroz branco, só assim e sem mais nada a não ser a sabedoria da "mechidela"?

E querem coisa mais nobre, mais digna, que não pode ser apropriada pela esquerdas unidas, que um grupo de bons e grandes amigos para se banquetearem com este almoço popular?

Pois assim foi e tivemos todos muita pena que o povo não estivesse ali não porque não lhe apetecesse, mas apenas porque não foi convidado.

No serão tive a oportunidade de constar que afinal o povo não lhe apeteceu estar presente na reunião magna da união das esquerdas, pois a sala, não me pareceu que fosse o Pavilhão Atlântico, estava meio vazia, embora também deva reconhecer que a sala estaria meio cheia, dependendo da perspectiva: se a da união das esquerdas e a dos burgueses, conservadores, direitistas e capitalistas, para além dos revisionistas comunistas e socialistas…

Mas foi um espectáculo bonito: o Manuel Alegre, qual imperador romano com um pau nas costas e a ocupar o espaço de pelos menos dois populares, a distribuir beneplácitos e comendas aos seus súbditos, com o Francisco Louçã a rir-se, qual criança com um brinquedo novo, e a sonhar com a cadeira do poder…

Apeteceu-me imaginar o seguinte cenário com Manuel Alegre em Belém e o Louçã em São Bento ao telefone cada um a fazer a mesma pergunta: Eh pá, e agora quem governa esta porcaria toda? Nós só quisemos unir as esquerdas contra as direitas, mas não era nossa intenção ter que trabalhar… que chatice esta onde me meteste… Deverias ter ido gozar a reforma da Rádio e a da Assembeia…!!!


 


 

14.12.08

A união das esquerdas

Hoje apetece-me escrever, como ontem e nos dias anteriores não me apeteceu escrever; hoje apetece-me deixar aqui qualquer coisa para que daqui a uns quantos meses se saiba o que eu hoje me apeteceu dizer, como ontem e nos dias anteriores não me apeteceu dizer o que sentia destas coisas todas…

Hoje não estou triste, mas antes alegre, porque alegria me deu o Alegre, de nome próprio Manuel, porque de uma vez para sempre veio dizer hoje aquilo que lhe apeteceu dizer hoje e não lhe apeteceu dizer ontem e nos dias, meses e anos anteriores.

Hoje estou alegre porque finalmente temos uma esperança da união das esquerdas, sem necessidade de contar com os comunistas e com os socialistas, aqueles porque são reaccionários e estes porque são claramente da direita e conservadores, nem sequer, liberais…

Hoje estou bem mais seguro e confiante no futuro deste país porque temos fortes expectativas de poder contar com o Francisco Louçã e com o Manuel Alegre na condução de todos os portugueses na senda do progresso, do desenvolvimento e do bem-estar.

Hoje rejubilo porque está para muito breve a eliminação total dos capitalistas, da pobreza, da desgraça, da miséria, da fome, da corrupção e de tudo aquilo que representa ou representou o governo dos burgueses, dos conservadores, dos liberais e dos fascistas de direita…

Hoje estou satisfeito comigo próprio, não por mim mas por muitos outros, porque vamos ter emprego para toda a gente, vamos ter saúde para todos, vamos ter educação para todos os nossos filhos, netos e bisnetos, com todos os professores num processo de auto-avaliação ao serviço devoto para salvação da escola pública, porque a escola privada já tem mecanismos suficientes para tal garantir…

Hoje foi um dia muito bonito, porque para além de presenciar um nevãozito na Serra da Estrela e circular numa estrada com uns milímetros de neve a derreter, tive a rara oportunidade de sentir que este País encontrou as devidas e necessárias soluções para resolver todos os problemas da crise sem necessidade de mais uns quantos mil milhões de euros… bastando entregar a condução da barcaça aos dois homens do leme atrás citados, devidamente acompanhados pelos seus devotos companheiros das várias esquerdas, sem contar, claro está, com quem fala em "elitismo" e com quem sempre governou para o capital e nunca para o POVO!!!

Hoje posso dizer que estou completamente à vontade para esperar que a "alternativa de poder" "vá a votos" já e em força.

Para tal, seria importantíssimo que o Manuel Alegre e os seus seguidores deputados eleitos nas listas do PS passem, desde já, a deputados independentes, para que a maioria deixe de ser maioria, havendo para tal facto uma conclusão lógica: o nosso Primeiro não tem condições para continuar a ser nosso Primeiro e então… o Santana Lopes teve uma premonição…

18.11.08

Não lembrava ao diabo

Bem pode a Ministra da Educação não ceder um milímetro no processo da avaliação dos professores; bem pode a Ministra da Saúde fechar mais uns centros que não têm doentes para atender; bem pode o Ministro da Agricultura não distribuir os milhões aos agrários da lavoura portuguesa; bem pode o Ministro da Justiça continuar a fazer de conta que os tribunais funcionam às mil maravilhas e que o Ministério Público continua a desempenhar o seu papel com a eficácia e eficiência desejadas; bem pode o Ministro da Defesa Nacional prometer aos militares sabe-se lá o que eles querem de diferente dos outros portugueses; bem pode o Ministro das Finanças, considerado pelo Finantial Times o pior ministro das finanças da UE, bem pode o senhor continuar a subir impostos e a dizer que baixou os impostos, que não sabe mas que sabia, que sim e que não numa trapalhice total; bem pode o Primeiro continuar a aguentar e a suportar com dignidade, mas impávido e sereno, o seu Governo e o deputado poeta, com os seus ordenados/reformas ali todos os meses, bem pode o Governo e o PS a assobiarem para o lado…

A "Líder" do maior Partido da Oposição está a encarregar-se dar de bandeja ao PS a vitória nas legislativas e nas outras também com estes apartes de se lhe tirar o chapéu!!!

Com que então seria bom haver seis meses de não democracia, que o mesmo é dizer, seis meses de ditadura para ver se esta coisa se aguenta e se faz alguma coisa de jeito!!!

Pois claro que sim, Senhora Doutora Manuela Ferreira Leite, não fora nós sabermos que V. Exa. Já fez qualquer coisa desse género com os funcionários públicos durante o seu mandato…

Mas todos sabemos também que o fez a "Bem da Nação"…

Contudo, o grande problema para a Democracia é que a Senhora não está só… lamentavelmente.

5.11.08

Em Memória

Foram mais de trinta meses, durante os quais se contavam os dias que faltavam para tudo acabar…

Foram mais de trinta meses, durante os quais se agradecia, cada um à sua maneira, mais um dia passado sem novidades de maior…

Foram mais de trinta meses de alegrias e de tristezas, de risos e de choros, de fome e de fartura, de dor e de sofrimento, de tudo e até da expectativa e esperança da partida sempre desejada e sempre esperada…

Foram mais de trinta meses durante os quais não te ouvi um lamento, não te ouvi uma queixa, não te vi zangado fosse com o que fosse…

Foram mais de trinta meses durante os quais nunca perdeste o sentido da responsabilidade, do equilíbrio emocional, da tranquilidade, tudo feito modo de viver e transmitir confiança e serenidade…

Foram mais de trinta meses durante os quais tiveste tantas oportunidades de nos demonstrar que a paz de espírito era possível no meio daquela maluqueira toda…

Mas bastou um segundo, quando já nada o justificava nem o fazia prever, quando todos já esperávamos pela data marcada, para deixares uma parte de ti espalhada, quais migalhas, por aquela ribanceira danada…

E aconteceu porque tiveste a dignidade e a coragem de assumir o risco e o perigo que podias ter deixado para os que viessem atrás…

Nem quando te segurei naquele antebraço direito desfeito te ouvi pronunciar qualquer palavrão, qualquer injúria, qualquer coisa que te servisse de consolo ou de revolta, mas apenas, com um modo seráfico, calmo e generoso "…está a doer-me um pouco…".

Quis a vida que não nos víssemos durante os quarenta anos seguintes…

Quando te reencontrámos já andavas a lutar contra a fatalidade que de ti se apoderou da mesma maneira que o fizeste naqueles tempos idos "… de algures no norte de Angola…": com dignidade, com serenidade, com paz, sem azedumes e sem queixumes, porque não se pode atribuir culpas a ninguém…

Não chegou a trinta meses mais e, como já esperavas há algum tempo, foste-te embora, certamente que com a naturalidade como sempre viveste…

Amigo, vai preparando aí um petisco e uma bebida fresca, porque um qualquer dia vamos ter contigo…

31.10.08

Pois claro

Tenho pena dos jornalistas!

Coitados dos jornalistas!

Por umas quantas notícias, por uns quantos almoços, por uns tantos jantares, por uns lugares em gabinetes e departamentos de comunicação social de um qualquer secretário, de um ministro e até de um director geral ou presidente de empresa pública, mesmo que agora já não o sejam, os jornalistas são presa fácil, quais vítimas inocentes, daqueles maquiavélicos e odiosos políticos que militam no Partido Socialista!!!

Uma pena e uma vergonha, que todos devemos lamentar fazendo coro em uníssono com o JPP e com o seu comparsa da quadratura…

Se nós não sabíamos que esta situação era perigosíssima para a Democracia ficámos perfeitamente conscientes que podemos confiar nestes "comentadores", mesmo que comprometidos, pois que terão sempre a sua oportunidade de dar todos os alertas que foram indispensáveis para que não nos deixemos enganar pelas patranhas dos actuais governantes e de todos aqueles que à sua volta giram, mesmo que sejam jornalistas.

É doloroso ouvir o JPP invectivar contra o PS como único responsável por haver alguns jornalistas que se deixam "levar" pelos Cânticos seráficos do poder e não afrontam como ele esses diabinhos que são a ruína de Portugal.

Ainda por cima, devemos considerar que esta situação é tanto mais grave quando todos sabemos que o JPP não tem qualquer interesse em qualquer jornal ou em qualquer órgão de comunicação social e que consegue, mesmo que comprometido desde sempre com o seu Partido, continuar a ser independente em todos os comentários que faz, desde que não se reportem ao Partido Socialista, ao PSL e ao LFM lá do norte.

Todos nós também sabemos que o JPP tem à sua disposição os órgãos de informação escritos, falados e audiovisuais para fazer ouvir os seus comentários sempre independentes, mesmo que se refiram à Presidente do seu Partido, mas sempre sem qualquer contrapartida financeira e só pelo prazer de se ouvir.

Estou a começar a perceber que o JPP pode dizer tudo o que lhe apetecer sobre os jornalistas a propósito dos seus comportamentos, atitudes e procedimentos, que não se levanta voz para afirmar que o homem pode ser um pensador, um investigador, um comentador e tudo o que lhe der na real gana, mas que não têm o direito de zurzir a torto e a direito naqueles que que lhe dão as oportunidades…

Esta quadratura foi um regabofe, sem contraditório… diga-se.


 

3.10.08

Os bloguistas

Gostei dos vinte minutos que passei a ouvir atenciosamente os comentadores da quadratura a propósito de dois temas: as casas da CML e o Magalhães.

Eu já sabia que o JPP é pessoa importante para tecer aqueles comentários com um discurso redondo, parecendo não dizer nada, mas querendo dizer tudo.

Poucas vezes tive a oportunidade de perceber a fúria do JPP contra o PS e contra o Primeiro como aconteceu neste programa a propósito de uns comentários sobre o "Magalhães" feitos em programa anterior.

O Primeiro teve a ousadia de preparar, de construir, de anunciar, de distribuir o "Magalhães" pela rapaziada sem sequer se dar à boa educação de informar ou de comunicar tal facto ao JPP, antes ou depois da ideia e da concretização da ideia.

Tampouco o informou de como tinha surgido aquela coisa, quem fez, como fez, o que tinha, quanto custou, quanto pagou, quem vai pagar, quantos compromissos, tanta coisa que o JPP não sabe e deveria saber.

O homem não escondia que se estava "burrifando" para isso tudo, mas o que mais lhe interessava denegrir e desprezar e rejeitar é o êxito retumbante da máquina quer seja em termos públicos quer em efeitos sociais e escolares.

Não admira que ele diga ser o "bombo da festa" dos bloguistas, porque o que importa nestas coisas é manter a chama da independência, apesar de todos os compromissos assumidos…

Mas o que me mais chamou a atenção nesta quadratura foram os comentários do JPP ao assunto das casas da Câmara.

Quem estivesse atento terá certamente constatado que aquele discurso melífluo, aquele discurso barroco, aquele discurso cheio de ar e vento andava a voar, a voar, a voar, a voar e quando se preparava para pairar sobre a presa lá voava mais uma vez e nunca foi capaz de disparar a bicada final, como se fora a estocada final e que sempre esteve presente no seu discurso.

O JPP sabia muito bem que aquelas histórias das casas da CML nada tinham a ver com o AC e que tudo ou quase tudo pouco ou nada poderiam influenciar as pretensões do AC a um novo mandato na CML.

Mas ele, o JPP, não teve coragem nem ousadia e muito menos dignidade para lançar o comentário final que sempre esteve presente nas estrelinhas do seu discurso: tudo bem, mas conte lá essa história do seu chefe de gabinete…

Se ele fosse um homem livre e sem compromissos…

Não admira, pois, que os bloguistas passem a vida a desancá-lo…


 


 

1.10.08

Uma razão

Serão os pobres e os remediados a pagar a crise, tanto lá como cá, independentemente das responsabilidades de cada um.

Assim sendo, mais uma vez serão os ricos a rir por último…

Mas não podemos ser ingratos e devemos reconhecer que há uma boa dúzia de pessoas por esse mundo fora que não dorme por se encontrar ocupado em encontrar a solução para todos estes problemas…

Apenas dois apontamentos sobre duas situações para as quais não temos prestado a devida atenção, pelo que não temos manifestado qualquer apreço e reconhecimento pelos seus autores.

O homem do BCE está altamente preocupado em manter o nível da inflação em valores que só ele entende; daí que o aumento das taxas de juros é coisa de todos os dias, como se o pessoal que deve dinheiro aos bancos tivesse uma máquina de fazer notas lá na dispensa, já bem ocupada pelo automóvel parado, o que não constitui qualquer problema para o senhor do BCE …

O homem das finanças cá do burgo só se preocupa com o défice, pelo que quando precisa de guita aumenta os impostos, sem se preocupar pela redução da despesa…

Querem mais?

Nunca foram os ricos que pagaram as crises e não será agora que a regra vai ser alterada, sendo certo que importa salvaguardar o pouco de bom que existe no mundo, que são os milhares de multimilionários, em prejuízo de muitos milhões de miseráveis, de pedintes de pobres e remediados…

Mas nada obsta a que esta gente possa fazer umas quantas perguntas a partir de outras tantas constatações:

Estamos relativamente fartos de ouvir dizer que o nível de vida dos portugueses é dos mais baixos da Europa ou, pelos menos, dos mais baixos da Europa da União;

Estamos relativamente fartos de ouvir dizer que o nível médio dos salários dos portugueses é dos mais baixos da Europa ou, pelos menos, da Europa da União, salvo a honrosa excepção dos salários dos gestores portugueses por serem indubitavelmente bem mais responsáveis que os gestores estrangeiros;

Já ouvimos dizer bastantes vezes que e apesar de tudo, o nível dos impostos pagos pelos portugueses não é dos mais elevados da Europa ou, pelo menos, da Europa da União;

Estamos todos convencidos que o preço do petróleo bruto pago pela GALP será o do mercado e não deverá sofrer qualquer agravamento por se destinar a Portugal nem nenhum desconto por se destinar à Espanha…

Pois então por que será que ninguém é capaz de dizer aos pobres e aos remediados uma única razão que justifique que os preços para a generalidade dos produtos pagos pelos portugueses em Portugal são mais elevados que na Europa ou, pelo menos, na Europa da União…?

Só uma razão… a gente ia entender…

29.9.08

As desculpas

Queria apresentar publicamente as minhas desculpas pela injustiça cometida no meu escrito de ontem contra alguns comentadores.

Meti no mesmo saco e sem qualquer realce os comentadores desportivos e dois ou três de especialidade que não se fizeram rogados em dedicar a sua inteligência a cargos públicos, do que diversas populações têm beneficiado grandemente.

Sendo que para mim a ordem é arbitrária e têm a mesma importância é justo que se cite um comentador da quadratura que dedica grande parte do seu tempo e das suas capacidades à gestão da Câmara Municipal da Capital; é justo que se cite o comentador independente que exerce o cargo de Presidente de uma Assembleia Municipal lá do Norte; é justo que se cite aquele outro comentador desportivo que para além das lições de elevadíssima qualidade sobre o futebol em geral e que faz sempre a bater o pé, não se coibiu de assumir a responsabilidade da gestão da Câmara Municipal de Sintra e ainda outros comentadores desportivos que não descuram os seus deveres de cidadania e exercem cargos nos executivos das câmaras municipais.

Mas tremendamente injusto seria não dar um devido realce a três comentadores que entram pelas nossas casas com alguma periodicidade, claro que apenas e quando é através da TV.

Como poderia esquecer o RS que nos cultiva com as suas lições de ética desportiva de elevadíssima qualidade não havendo qualquer necessidade de que seja membro ou não seja membro de uma qualquer assembleia de freguesia, bastando para a sua dignificação o importantíssimo papel que desempenha ao serviço desporto nacional.

E aquele outro comentador desportivo que dedica a sua inteligência a fazer-nos crer que o futebol é uma ciência exacta quando o melhor ganha ao pior e quando o pior perde com o melhor, desde que se pratique o 4x3x3?

Mas o mais inefável, o mais carismático, o mais inteligente, o mais clarividente, aquele a quem nos curvamos perante a sua sabedoria e perante a sua convicção nas afirmações proferidas é o comentador do crime, que ainda dispõe de algum tempo, paciência e saber para dedicar à gestão da sua Câmara Municipal.

Não sejamos ingratos: tenhamos a humildade de agradecer aos nossos melhores a sua dedicação à coisa pública e à educação do Povo Português.

SE já somos tão maus, que seríamos sem o seu contributo para a dignificação da "alma portuguesa"?

28.9.08

Os cérebros

Este País anda mesma às avessas pelo que já não tem remédio.

Em vez de ter os seus melhores na Presidência, no Governo, na Assembleia, na Magistratura, na Administração, nas Câmaras e em todas as estruturas ligadas à governação ali estão as segundas ou terceiras ou mesmo quartas figuras quer em seriedade quer em competência.

Ali estão as pessoas que ninguém escolhe, que ninguém quer e que não têm crédito junto de qualquer português, a não ser junto de alguns familiares, talvez os mais chegados e mesmo assim não serão todos.

Confesso que não dedico muito do meu tempo a ouvir os comentadores dos diversos canais de TV e ainda menos os comentadores das estações radiofónicas.

Apenas alguns minutos para confirmar as minhas ideias sobre o fenómeno do jornalismo e do comentário político que abunda nas ondas.

Aqui sim; aqui temos gente inteligente; aqui temos gente que entende da poda; aqui temos pessoal que não deve nada a ninguém; aqui temos entendidos em tudo e em mais alguma coisa; aqui temos os verdadeiros especialistas da nossa terra; aqui temos gente que não envergonha ninguém; aqui ninguém tem medo de dizer a verdade; aqui a verdade é nua e crua; aqui a mentira não tem uma sementinha sequer; aqui não há favores; aqui temos a alma de Portugal; aqui temos Portugal no seu eterno esplendor…sem necessidade de uma casita da câmara…

Bastava que metade, apenas metade, destes comentaristas assumissem responsabilidades na gestão da coisa pública, para que isto andasse nos carris às mil maravilhas…

Bastava que tão só uns quantos, talvez uma dúzia deles, se dedicassem à orientação dos negócios públicos para que estivéssemos em condições de solucionar os graves problemas lá das Américas, pois que os nossos não teriam qualquer significado…

Se não acreditarem no que digo, dediquem uns quantos minutos da vossa vida a ouvir e a ver, também se podem ver, os verdadeiros cérebros da nossa cultura e da nossa ciência…


 

27.9.08

A habitação

Tinha decidido, mas não resisto.

Acabei de chegar da catedral, onde estive a presenciar o desenrolar do "derby" lisboeta naquele jogo de onze atletas a correr ou a fingir que correm de um lado para outro atrás de uma bola, podendo acontecer, que de vez em quando um deles deixa que a dita entre no que chamam de "baliza"…

Uns contentes e sorridentes, outros tristes e chateados, mas a vida do desporto é assim mesma: nem sempre se ganha, nem sempre se perde…

No intervalo encontrei um amigo, que já não via há bastante tempo e depois dos cumprimentos (não "comprimentos") da praxe, de se perguntar pela saúde e pela família, lá veio a pergunta se eu tinha lido o Expresso de hoje.

Claro que não tinha, porque não leio jornais de papel há já bastante tempo, salvo aqueles gratuitos que me chegam às mãos de vez em quando.

Então não sabia das novidades actuais, algumas velhas de muitos anos, da CML, nomeadamente aquelas histórias de atribuição de casas de "função" e outras relacionados com isto e com aquilo…

Também não deveria saber das viagens de fim de semana de uma pessoa importante e da sua residência aqui em Lisboa que não propriamente numa casa da Câmara…, mas à custa da dita…

Tinha decidido, mas não resisti.

Por isso, aqui quero deixar escrito que fico à espera que o SL não espere para ser constituído "arguido" para trazer à luz do dia tudo o que se relacionar com a tal coisa da atribuição de casas da CML citando pelos nomes toda a gente que beneficiou e que beneficia de uma ou mais do que uma habitação cedida pela CML desde sempre, isto é, desde há vinte anos a esta parte, o que já seria manifestamente suficiente.

Ficaríamos mais informados da realidade sem necessidade de saber das coisas através de bocas e mexericos, muitas vezes injustos e sempre inconsequentes.

Que não seja necessário haver denúncia nem constituição de arguido e muito menos uma zanga de comadres e de compadres para se saber alguma coisa da desgraça que por aí anda… e para se savber quem, como e quando.

Merecemos tudo… até a verdade…

Que venha rapidamente sem dramas e numa boa…


 


 

28.7.08

A corrupção

Um excelentíssimo senhor, antes deputado pelo partido socialista, antes ministro pelo partido socialista, depois deputado pelo partido socialista e agora administrador do Banco Europeu de Investimentos (?) sediado em Londres, veio dar uma entrevista em Portugal a lançar, mais uma vez, a discussão sobre a corrupção.

No seu entendimento, porque as suas propostas, enquanto deputado, não foram aceites, a actual lei não só não combate devidamente a corrupção como ainda potencia o seu desenvolvimento…

Nem sequer será difícil concordar com o homem, mas falar agora e neste momento sobre tal matéria, quando o senhor é administrador de um banco europeu, indigitado pelo próprio partido socialista e que ele aceitou quando ainda era deputado, dará também que pensar…

Se esse tal administrador queria defender até à última gota de suor do seu rosto as tais propostas quando desempenhava as funções de deputado, então que recusasse a ida para Londres ocupar o lugar de administrador do tal banco e aqui permanecesse para o que desse e viesse.

Mas não.

Lá foi para Londres, certamente que a ganhar uma pipa de massa muito para além do seu ordenadinho de deputado, reservando-se o direito de e de vez em quando e quando começasse a ser esquecido cá no burgo dar uma entrevista aos jornalistas parolos a terra sobre a tal história da corrupção.

Certamente que nunca lhe terá passado pela cabeça que o facto de ter sido nomeado ou indigitado pelo partido socialista (Governo?) para tal lugar não podia ser conotado ou ter o significado de uma "compra" perfeitamente aceitável para um homem que encetara uma luta contra a corrupção, mesmo que essa luta não tivesse passado de uns quantos artigos de uns tantos projectos de lei…

Que fez este homem contra a corrupção e contra os corruptos enquanto exerceu as funções de ministro das obras públicas, precisamente o sector onde se presume haver maior corrupção tanto em qualidade como em quantidade?

Que fez este homem contra a corrupção e contra os corruptos, quando dezenas e dezenas de colegas seus, do parlamento, do governo, de partido, e de outras coisas mais, foram nomeados administradores de empresas onde o Estado é parte interessada?

Será que este senhor, arauto da luta contra a corrupção, está mesmo convencido que essa só existe na casa dos outros e por responsabilidade dos outros…?

Será que este senhor, juiz em causa própria, está convencido que durante o seu tempo de ministro não foi cometido qualquer acto de corrupção no seu ministério, e que começaram a acontecer logo que reocupou a sua cadeira no parlamento?

Cada vez estou mais convencido que praticar a demagogia é bem mais fácil e populista que viver a democracia…


 

26.7.08

Os nómadas

Por vezes, os títulos dos jornais são deveras curiosos.

Não querem lá ver que um dia destes num desses títulos são referidos "os nómadas e os mendigos" para referir qualquer coisa relacionada com não sei já o quê.

Não levem a mal de eu já não me recordar do que tratava a notícia, pois fiquei com aquela coisa de "nómadas e mendigos" na cabeça que não liguei nada ao que deveria ser coisa importante.

Claro que "deduzi" que os tais "nómadas" não seriam propriamente aqueles famosos residentes do deserto mais os seus camelos e as suas cabras, que não param muito tempo na mesma duna e andam em movimento permanente e, por isso, são denominados de "nómadas".

Mas estes mendigos do título do jornal seriam mesmo mendigos, eventualmente uns seriam "sem-abrigo" e outros passeantes do metropolitano, enquanto os tais nómadas não seriam os tais nómadas mas aquelas tais pessoas que todos sabem quem são e que agora não ousam dizer quem são, com receio de serem cognominados de "racistas" e até de "chauvinistas"…

Cá por mim também não os cito pela sua verdadeira denominação, mas sempre vou dizendo que se trata de pessoal que vive do rendimento social de inserção, o tal famigerado rendimento mínimo criado pelo então Primeiro AG, de má memória para muita gente, mas de boa para cerca de trezentos e trinta mil, trinta e cinco mil dos quais são precisamente os tais "nómadas" de unm total de quarenta e cinco mil, citados no título de um jornal…

Diga-se, desde já, que me recuso a aceitar que esse tal rendimento social de inserção não chegue para viver uma vida mais ou menos decente e que seja uma autêntica miséria pois é impossível um almoço que se veja com essa guita que se põe ao dispor dos nómadas…

Pelos vistos pode não chegar para um bom almoço, mas já dá para ter em casa um plasma, uma Xbox, uma PlayStation, um DVD para não citar outras coisas bem mais comuns e de lana-caprina, tais como frigoríficos, arcas congeladoras, microondas, sofás de pele…

E já agora o director do tal jornal que se cuide: ao chamar-lhe de "nómadas", está a justificar inteiramente a posição dos tais nómadas: não os podem obrigar a viver indefinidamente num determinado lugar mesmo que não paguem rendas e tenham casa gratuita, pois que a sobrevivência dos tais "nómadas" passa precisamente pela deambulação constante sob pena de perderem a sua identidade cultural…

O que seria desastre para a sociedade portuguesa…


 


 

16.7.08

A energia nuclear

O Governador do Banco de Portugal não estava satisfeito como a sua presença nos meios de informação e comunicação social e, vai daí, “amanda” umas bocas sobre qualquer coisa relacionada com a energia nuclear.

Não sei se o homem estava à espera que a retroacção das suas palavras fosse de agradecimento de todo o Povo Português, especialmente do Governo, para a extraordinária ideia que tivera numa daquelas raras ocasiões em que o Senhor Governador está a descansar do enorme cansaço provocado pela actividade inerente ao seu papel.

Também não sei se o Senhor Governador já tem em seu poder o estudo total e integral de todas as variáveis intervenientes do processo de produção e distribuição da energia nuclear para que possa fundamentar de uma maneira rigorosa e exaustiva, como deve ser próprio deste processo, as suas opiniões.

E muito menos sei se o Senhor Governador está disponível para oferecer ao Povo Português e ao Governo esse tal estudo, uma vez que foi elaborado, certamente, fora das horas de “serviço” afectas à função de Governador do Banco de Portugal, e roubadas seguramente ao tempo que estaria dedicado ao descanso e ao lazer e também ao sono…

Provinda que foi do Senhor Governador do Banco de Portugal, que não é um qualquer ministro e muito menos um desconhecido secretário de Estado, a ideia foi, certamente, produto de uma análise mais que profunda de tudo o que se passa à volta da construção de uma central nuclear, ao seu funcionamento e à sua exploração, sem descurar todas as questões relacionadas com custo, segurança, ambiente, proveito, combustível e muitas mais coisas que a um leigo podem passar despercebidas, mas que ao Senhor Governador do Banco de Portugal não devem suscitar qualquer problema de entendimento e atenção…

Vamos pensar no assunto durante todo o tempo deste mundo, prestando uma especial atenção ao comportamento do Senhor Governador do Banco de Portugal quando deixar de ser Governador do Banco de Portugal e for encarregado pelo Governo para produzir o projecto para a construção de uma central nuclear em Portugal, sem qualquer compensação financeira, uma vez que o senhor estará a ganhar uma choruda reforma, aliás bem merecida, pelo incessante trabalho de Governador do Banco de Portugal, agravado pela necessidade de pensar por toda esta cambada de parolos que só se preocupa com subida do preço do petróleo e não na produção de energia barata aqui mesmo à mão de semear…

O que é que se há-de fazer!? Somos mesmo uns ingratos…e não entendemos os nossos génios…

 

 

 

 

 

15.7.08

O Ex

Um ex-ministro das Finanças, do tempo de Mário Soares como PM, agora ligado a uma grande empresa de consultoria, atira cá para fora um relatório dando conta de que o Alentejo é o futuro de Portugal…

Agora sim, aquela terra, que no seu tempo de ministro era uma autêntica porcaria e uma grandessíssima javardice, terra de comunistas usurpadores de terras alheias e de agrários exploradores e absentistas, tem todas as condições para ser o futuro de Portugal…

Nem mais!

Foi preciso o senhor ex estar ligado a uma grande consultora para produzir um relatório dizendo o que toda a gente vem dizendo há uma boa porrada de anos sem necessidade de ser consultor e de perceber muito dessas coisas ditas da economia e do desenvolvimento…

Só bastava estar atento ao que se passava para lá do Tejo, lá para os lados do Alentejo profundo onde só há cabeços e uns quantos alentejanos já velhos para se perceber que alguma coisa estava a mudar.

Nem sequer era preciso ser muito inteligente como esta gente que vive na crista da onda a olhar o mal do mundo com um sorriso nos lábios proferindo discursos da desgraça para saber que bastava haver água no Alentejo para que aquela terra toda virasse objecto da cobiça nacional e internacional…

Bastou que se construísse a tal barragem para que os olhares desta gente importante se virasse para o Alentejo e começasse a augurar um futuro risonho para a região que sempre foi a mais abandonada de Portugal, porque ali nunca houve um Camilo Mendonça…

Agora que aquela coisa tem água para dar e vender, para regar e tomar banho, para beber e lavar tudo e mais alguma coisa é que se lembraram que o Alentejo tem potencialidades suficientes para garantir um desenvolvimento ao serviço de Portugal…

Cá por mim, que tenho veneração por todas as barragens construídas em todo o lado, com especial realce para as do Alentejo, já sabia que mais dia, menos dia algum intelectual, inteligente e sábio iria dizer qualquer coisa parecida com isso…

Foi um ex-ministro, que no seu tempo de ministro, não ligou peva ao Alentejo.

Registámos as suas observações e aqueles que já lá estão só podem dizer que o ex aparece atrasado duas décadas para reconhecer que aquela terra ainda há-de ser " a terra onde corre o leite e o mel"…

19.6.08

O quid

Agora e daqui lanço o meu desafio a todos aqueles que se aproveitaram das circunstâncias para se fazerem ouvir em tudo o que era rádio e em tudo o que era televisão e em tudo o que era jornal, botando faladura a regabofe sobre "a vontade de vencer" tecendo as mais anacrónicas considerações a propósito das capacidades nacionais no chuto na bola.

E nem sequer será preciso muita "vontade de vencer" para apresentar umas quantas ideias para justificar o que se passou durante estes trinta e poucos dias que durou esta maluqueira nacional.

Compare-se o discurso dos "grandes e ilustres" comentadores no antes e no durante e no depois para se constatar a volatilidade do que se possa dizer a propósito deste fenómeno sociológico que dá pelo nome de "futebol", jogado com onze de cada lado, mais três supostamente neutrais para aplicar as regras simples e complexas ao mesmo tempo, dado que permitem tudo e mais alguma interpretação.

Compare-se o discurso chauvinista da grande maioria dos jornalistas e comentadores desportivos e digam agora que tudo não passou de uma perda de tempo à conquista das audiências à custa da idiotice cada vez maior a cada dia que passava.

Agora vamos lá a ver quem tem a culpa desta "tragédia nacional", porque esta desgraça não pode ser atribuída ao "Zé Povinho" que tanto gritou pela selecção e se mais não fez foi porque não disponibilizaram mais bilhetes e não permitiram que os jogadores se mostrassem aos adeptos que passavam horas a fio para os ver nem que fosse a mais de cem metros de distância…

O "Povo" cumpriu, mas importa agora que nos digam se era mais importante o 4x3x3, se o 3x3x3x1, se o 4x2x2x2, se o 3x2x1x3x1, se o raio que os parta como para querer aplicar a ciência ao futebol, quando aquela coisa não obedece a qualquer lei de probabilidades…

A ver vamos…

A ver vamos se aparece por aí alguém, ligado ao mundo do futebol e com reais responsabilidades no seu desenvolvimento, que nos diga alguma coisa de sério e de honesto para que tudo fique reduzido à sua expressão mais simples, sem demagogias de qualquer espécie: Somos bons, mas falta-nos o "quid" sem o qual não se é campeão seja do que for…

Mas já começaram… pois já ouvi que "não vale a pena chorar sobre o leite derramado"…

Desde que o leite não seja de quem chora…


 

17.6.08

E vai mais um

Isto está cada vez pior: já não nos chegava o roubo descarado proveniente do aumento dos impostos; a pouca vergonha do aumento dos combustíveis; a candura malvada da substituição do custo do aluguer dos contadores da água, do gás, da electricidade por umas figuras de estilo inventadas por gente inteligente…

Agora o roubo ainda é mais sofisticado: porque existem uns quantos que, por hábito de não pagar o que devem ou porque não podem, vamos todos dar uma ajuda para que os capitalistas, digo, accionistas da EDP não fiquem privados dos seus dividendos anuais, que se traduz no pagamento de uma parte, ínfima, diga-se de passagem, das dívidas dos outros.

Vamos lá então pagar os que pagamos por aqueles que não pagam, porque não podemos deixar que a EDP tenha os próximos exercícios com menos lucros do que os anteriores de modo a evitar uma má imagem que esta empresa poderia apresentar no mercado das energias e isso, nós, os que já pagamos, não podemos deixar acontecer.

Sejamos justos: trata-se da mais pura da solidariedade para com todos aqueles que não pagam, mas principalmente pela empresa que nos fornece a energia indispensável à nossa qualidade de vida, qualidade de vida merecida por aqueles que pagam e por aqueles que não pagam e que não pode ser vivida à custa da nossa muito querida e estimada EDP…

O que mais me admira, ainda (?), no meio disto tudo é que a entidade reguladora concorda com o processo e que o Governo aceite a concordância desta tal entidade reguladora, que se diz independente ou que se quer independente.

Estamos habituados a sermos roubados continuamente, mas este processo não lembrava ao diabo porque brada aos céus, que não nos escutam…

Estamos feitos num oito, porque ladrões e gatunos protegidos por lei ou por despachos ou por ausência de lei ou por ausência de despachos andam por aí a torto e a direito a fazer das suas e nem as entidades reguladoras ou travam.

Contra os carteiristas, contra os assaltantes de atm e de bancos e de bombas de gasolina e de residências e de tudo e mais alguma coisa ainda vamos tendo as várias polícias que fazem o que podem para proteger o cidadão contra todos estes malfeitores.

Mas quem nos protege desta cambada de ladrões e de gatunos que, a coberto da lei, nos assaltam a carteira desta maneira miserável????????

Já não se trata do "direito à indignação"…

Trata-se do "direito à revolução"… nem que seja através de mandar para as urtigas esta gente que faz ou que permite que se façam roubos destes.

Mas todos e agora, mas também pode ser depois, desde que seja breve… por muito que me custe e saiba que os outros são feitos da mesma porcaria…

5.6.08

O meio cêntimo

Disseram-me agora mesmo ali do lado que a galp acaba de baixar os preços da gasolina e do gasóleo em 0,005 euros!!! !!! !!!

Se alguém souber ler o número escrito na linha anterior, devem presumir que tenho os conhecimentos suficientes para dizer que se trata de "cinco milésimas de euro, por acaso uma coisa que não existe, a não ser nos arredondamentos bancários e das gasolineiras, por acaso também aquelas entidades que apresentam mais milhões de euros de lucros no universo das empresas portuguesas.

Agora digam lá que a galp não é amiga dos portugueses, quer sejam simples consumidores quer tenham a "qualidade" de pescadores, de taxistas, de camionistas e até de carpinteiros de toscos para apanharem as madeiras lá mesmo no fundo das florestas…

Agora pensem lá quantas horas vão demorar os outros operadores do mercado dos combustíveis em baixar os preços dos ditos…

Agora cogitem lá quantas horas de diálogo e de negociações não foram necessárias para que a galp pudesse abdicar deste meio cêntimo e facilitar a vida a todos os automobilistas que já estavam conformados em viajar durante o fim-de-semana e muito provavelmente durante toda a semana, tendo presente os feriados de dez e de treze apesar da exorbitância dos preços praticados…

Agora digam lá se não vale a pena haver paciência e compreensão para com estas empresas que sacrificaram uns milhões de lucros para que o pessoal possa pegar no carrinho e ir dar umas voltinhas, porque agora o preço está hoje muito mais acessível que ontem…

Pela minha parte não deixarei nem de sair nem de atestar o depósito na primeira bomba da galp que encontrar pelo caminho…

Nunca me esquecerei do que representa para a consciência moral da Nação este gesto da galp…

Segundo uma notícia de rodapé das televisões, o preço do petróleo estava hoje na ordem dos 122 dólares o barril, que tem cerca de 208 litros (?), muito acima da cotação praticada no dia 5 de Junho de 1948… …

4.6.08

A liberdade

O Poeta anda a descer na consideração dos portugueses: nas presidenciais foi o que se viu com um mar de votos a afagar-lhe o ego; depois seguiu-se o tal movimento de reflexão onde os largos milhares de converteram nuns quantos apenas e agora aparece o comício no Teatro da Trindade "reservado" às "esquerdas" revolucionárias, mas integralmente burguesas para gáudio do PCP, que não foi convidado…

Pois então: nós já deveríamos saber que a crista da onda é uma autêntica tentação não só para os surfistas como também para todos aqueles que lutam com todas as suas armas para resistirem ao esquecimento.

Para resistirem a um esquecimento totalmente injusto, pois que são democratas e mesmo antes de serem democratas em democracia já eram democratas em ditadura de tal modo que sofreram as agruras da prisão e do exílio, mesmo que este fosse bem melhor que os tiros e suas consequências…

Uma coisa é certa: nós nunca devemos esquecer os filhos dilectos que foram o orgulho da Nação nas horas das dificuldades para toda a burguesia, alta, média e baixa dos anos sessenta e setenta, que tinha a possibilidade, não, antes a dignidade de sacrificar a sua vida a favor das liberdades, nem que isso passasse por trocar o incerto da aventura à certeza do sangue, suor e lágrimas…

É fácil falar dos pobres, da pobreza, da porcaria e da miséria; é fácil levar a mão ao peito e "chorar" pelos que sofrem; mais fácil ainda é bradar bem alto que se esteve preso e que é preciso levantar a voz em nome dos oprimidos pela avareza do capital, dos capitalismos e de mais uns quantos ismos que por aí abundam…, principalmente quando se tem mesa farta, carteira ou conta bancária devidamente recheada, cama e roupa lavada e uma tribuna para mandar uns quantos bitaites, como se o argumento da "autoridade moral" permitisse a prática de um qualquer desmando…

Sempre me disseram que a liberdade é não ter dependência nem compromissos com quem quer que seja, seja pessoa individual ou colectiva…e só existe em páginas em branco, na água cristalina e corrente e nos limites e fronteiras das liberdades dos outros…

Estou totalmente convencido que a liberdade se opõe à conotação, pelo que um "homem livre" não pode ser conotado…

3.6.08

O relatório

Parece que os senhores deputados ficaram muito admirados por o relatório da entidade reguladora do não sei quantos veio a dizer que não havia cartelização na formação dos preços dos combustíveis e que a galp não abusava da sua posição dominante no mercado…

Não sei o que é que os senhores deputados estavam à espera ou até que o Governo e ministros aguardavam do relatório pedido com tanto entusiasmo que não fosse o que o relatório veio, por fim, a dizer: que em Portugal está tudo bem no que diz respeito ao preço dos combustíveis.

Claro que não compete à tal autoridade dizer o que está mal no que diz respeito ao preço dos combustíveis porque isso seria invadir as competências e outras entidades e a sua vocação ou missão não é propriamente meter-se onde não é chamada.

Dado que a autoridade disse nada mais resta que acreditar que as empresas petrolíferas não combinam coisa alguma para determinar o aumento dos preços dos combustíveis por não necessidade de dialogar sobre tal matéria nem sequer gastar um tusto para combinar seja o que for.

Basta que a que tem a posição dominante aumentar os preços para que as outras duas sigam a orientação umas horas depois… tudo simples, tudo legal, porque estas empresas prestam um elevado serviço à Pátria, para que possam ser enxovalhadas pelos ignorantes destas coisas do preço dos combustíveis…, que tiveram a ousadia de pensar que a lei não estava a ser cumprida…

De facto existe alguma lei que obrigue ganhar só um (1) cêntimo, quando se pode ganhar dez (10)?

Já disse numa crónica anterior que um dia estaríamos por aí a louvar e a agradecer o papel destas empresas petrolíferas na salvação da Pátria Lusitana e que chegaria um dia da necessidade de um peditório para salvar a honra do petróleo…

Cada vez estou mais convencido que esse dia já não está longe, mas eu continuo com a mesma pergunta ao inverso: porque é que o preço do petróleo baixa cinco e o preço dos combustíveis baixa 0?

Para terminar, um aparte: já ouviram algum comentário do Alberto João ao preço dos combustíveis…?


 

A caneta

Eu gosto muito da caneta do José Rodrigues dos Santos.

Tu gostas muito da caneta do José Rodrigues dos Santos?

Ele gosta muito da caneta do José Rodrigues dos Santos?

Nós gostamos muito da caneta do José Rodrigues dos Santos (!) ?

Vós gostais muito da caneta do José Rodrigues dos Santos?

Eles gostam muito da caneta do José Rodrigues dos Santos?

Mas, apesar de todos os habitantes do universo gostarem muito da caneta do José Rodrigues dos Santos, no que a mim diz respeito, já ando a ficar farto de ver o homem a apontar-me a caneta como que preparado para disparar à James Bond…

De modo que, atrevo-me a pedir ao homem que meta a caneta onde lhe aprouver e poupe-nos a umas ameaças que não são o seu estilo, tanto mais que estamos todos convencidos que não ganha nada em fazer publicidade à marca da caneta…

Por outro lado, se não sabe onde colocar as mãos, quando desprovidas da caneta, então que as meta nos bolsos, pois aí já poderiam ter alguma utilidade, quanto mais não fosse, porque estaríamos poupados a sermos alvejados com os disparos da sua caneta…

Se tudo isso for totalmente impossível e o José Rodrigues dos Santos já esteja possuído de um reflexo condicionado de segurar numa caneta enquanto debita o teleponto, então que mude de caneta e de marca, que esta já é do nosso inteiro conhecimento…

28.5.08

A desigualdade

Durante o serão de ontem passei cerca de vinte minutos na SICN a ouvir o JMJ e o AB a falarem sobre aquele tal relatório da EU sobre desigualdades e do lugar ocupado por Portugal.

Questionados sobre o fenómeno e principalmente sobre as suas causas foi para mim doloroso ouvir a intervenção do JMJ metendo os pés pelas mãos e misturando alhos com bugalhos como se aquilo fosse do seu total desconhecimento.

Ouvi este senhor a confundir pobreza com desigualdade e lançar a ideia de que a coisa poderia ter algum remédio se houvesse um pouco mais de mecenato social, sendo que em Portugal parece que não existe esse hábito frequente lá pelas estranjas.

Nunca me passou pela cabeça que este homem, altamente conceituado na sociedade portuguesa, fosse tão vazio e tão estéril de ideias e de conceitos sobre esta matéria.

Foi preciso que o AB tomasse a palavra para dizer que o seu interlocutor estava a baralhar os conceitos, pois que a pobreza pouco ou nada tinha a ver com o fenómeno da desigualdade de distribuição de rendimentos existente em Portugal, a que o relatório dizia respeito.

Sobre as causas o JMJ nem uma ideiazinha colocou na mesa e também foi preciso o AB para dizer qualquer coisinha sobre a matéria, mas, mesmo assim, encolhendo os ombros como se ele não tivesse conhecimento das causas e das razões do fenómeno.

Porque tem, de certeza que tem, mas não se deu ao trabalho de atirar para a discussão o que lhe está na alma, como algumas vezes tem feito, porque teria de dar muita pancada a muita gente e a chamar os bois pelos nomes…

Pois é!

É nisto que dá ser-se advogado ou jurista, muito bem pago, para não perceber absolutamente nada de fenómenos de natureza social com raízes na economia e no desenvolvimento.

Talvez que bastasse um pouco mais de cultura matemática na vertente estatística para entender um pouco melhor do que o relatório realmente trata.

Se ele tivesse algumas noções de estatística básica, como são as noções de média, mediana e desvio-padrão e até ordens percentílicas para já não falar das percentagens, talvez que encontrasse alguma ideia para explicar a desigualdade da distribuição dos rendimentos.

Será que alguma vez o JMJ terá pensado que uma "classe média" forte poderia ter alguma influência nos números de tal relatório…?

A única afirmação de valor, por ser verdeadeira, que ouvi ao JMJ durante estes vinte minutos foi que "… ganho bem… e hoje vivo melhor que há dez anos…"

Mas os "portugueses" vivem hoje pior que há dez anos, apressou-se a afirmar o AB…

27.5.08

O peditório

Se o presidente da associação das empresas petrolíferas (parece que apenas oito) começar a aparecer todos os dias nas televisões e nas rádios a "c…." postas de pescada será certo e sabido que um dia destes ainda vamos fazer um peditório para ajudar nas despesas das tais empresas.

E se não for um peditório será, pelo menos, o reconhecimento do importantíssimo papel social desenvolvido ao serviço da economia nacional, pois que sem elas voltaríamos à idade da pedra, mas sem pedra alguma para lascar…

Continuamos a ouvir o discurso da total transparência dos preços praticados pelas petrolíferas, mas também continuamos sem uma cabal explicação por parte de quem de direito ou de obrigação sobre o diferencial de subida entre o preço do petróleo e o preço da gasolina e do gasóleo, imputando tudo à especulação dos fundos de pensões para lavar a selvajaria praticada pelo capital…

Torna-se engraçado pensar que são os fundos de pensões os grandes responsáveis pelo aumento dos produtos petrolíferos, relegando para lugares secundários os fabulosos lucros das empresas petrolíferas, que começam, elas próprias a advogar a baixa dos impostos praticados na actividade.

Claro que os homens do Governo não serão assim tanto loucos ou até mesmo parvos e tontos para ir na conversa da baixa dos impostos, porque sabem muito bem que o resultado dessas baixas não seria reflectida no preço final dos produtos…

"Tá-se" mesmo a ver que o resultado dessas baixas iria direitinho para os cofres das empresas petrolíferas, pois encontrariam maneira de manter os preços e nunca cair na esparrela de os baixar, quando tinham à sua disposição mais uma boa maquia para o banquete servido de bandeja de platina e mesmo à mão de colher…

Se assim fora, porquê dar se podia ficar?

Nunca ninguém deu um porco em troca de um chouriço…

Apenas JC distribuiu vinho bom e apenas depois de o pessoal já estar meio passado com o vinho a martelo anteriormente servido… e foi o que se viu.


 

26.5.08

O burro do espanhol

Há umas horas atrás descobri os fundamentos mais profundos para a minha preguiça escritural: há tanta porcaria a merecer umas linhas que não tenho tido a capacidade suficiente para uma boa decisão, parecendo que estou a seguir os mesmos passos que toda essa gente que não se cansa de falar sapientemente da "escalada" do preço dos combustíveis.

Pois é! Decididamente torna-se impossível não dizer qualquer coisa, muito menos importante e até muito menos inteligente, mas qualquer coisa que toda a gente saiba dizer e que não tenha grandes dificuldades em dar uma resposta razoável, que é coisa que não se pode pedir nem a primeiros, nem a segundos e muito menos a terceiros ou todos aqueles que vivem à grande e à portuguesa a ganhar uns bons milhares de euros a ler textos, tantas vezes mal escritos, a fazer perguntas muitas delas idiotas por não terem resposta ou a responder sem resposta a essas tais perguntas e ainda a comentar com muita elegância e educação e até seriedade, por não se estarem a rir, as grandes questões do nosso tempo do momento.

Lá vem a frase bombástica para rematar todas as veleidades de esperança por uma resposta razoável: vocês, atenção!, vocês têm que habituar-se a viver com o petróleo muito caro, porque os tempos do petróleo barato já não voltam!!!...!!!...

E tenham muita atenção nestas tiradas de morte porque elas são pagas a peso de ouro, pelo que pouco interessa que o gasóleo ou a gasolina, ou o gás, ou seja o que for tenha um preço elevadíssimo, porque para esta gente pouco ou nada interessa essa coisa do preço dos combustíveis.

Para essa gente o que importa é o impacto dessas tiradas, o seu valor comercial e o cheque que recebem por terem a lata de as dizerem sem que o nariz cresça um palmo e meio…

A nossa ignorância é totalmente incapaz de entender a pouca vergonha desta gente que é capaz de estar a falar durante trinta minutos sem dizer uma única coisa com verdadeiro interesse para aportar uma explicação minimamente razoável do que se está a passar com os preços dos combustíveis…

Mas esta mesma nossa ignorância merecia uma resposta simples a uma pergunta simples: se o petróleo sobe 10 por que razão há-de a gasolina subir 40 e o gasóleo 50?

Mas não me venham com a treta de os noruegueses pagarem a gasolina a 1,70 euros ou que estamos na média europeia para justificarem seja o que for… e muito menos para utilizar os transportes públicos para ir para o emprego…

Nestas coisas ainda alimento a grande esperança: ver o burro do espanhol vivo depois de se habituar a não comer…


 


 


 


 


 

15.5.08

O cigarro

Certamente que terão acontecido muitas coisas interessantes durante as oito horas do voo do Primeiro para Caracas a bordo de um avião fretado à TAP para transportar uma tão importante comitiva oficial.

De tudo o que terá acontecido está devidamente realçado o facto de o Primeiro e o Ministro terem fumado uns quantos (?) cigarros durante o voo, encafuados lá para um canto do avião, não suficientemente escondido para não permitir a sua visão.

E mesmo que não permitisse a visão, com toda a certeza que deixaria o cheiro transitar por todo o avião para que toda a gente ficasse sabendo que alguns passageiros não resistiram ao vício do tabaco, talvez contrariando a lei em vigor, no entender de alguns constitucionalistas e entendidos na matéria.

Vai daí que o Primeiro e todos os outros dão-se ao luxo de infringir a lei na presença e à vista de toda a gente sem medo e sem receio de todas as consequências, sendo que a menos grave seria o pagamento da respectiva coima, independentemente de se considerar que o avião etcetera e tal…

Dado que já não fumo há mais de três anos, pouco me importa que o Primeiro e o Ministro fumem dentro de um avião durante um voo de oito horas; pouco me importa também que tenham aproveitado um voo de uma visita oficial para fazer asneira.

O que me importa é que os noticiários das televisões, dos rádios e dos jornais deram mais realce aos cigarros do Primeiro e do Ministro que aos acordos celebrados com o Presidente da Venezuela, um dos quais se relaciona com a troca de petróleo por comida…

Como se Portugal fosse um país de grandes produções de géneros alimentares…

Enquanto o Primeiro e o Ministro davam umas chupadelas no cigarro num, em Portugal as empresas petrolíferas aumentavam os combustíveis em mais 3 cêntimos…

Estou a ver a cena toda: no avião o Primeiro e o Ministro da Economia a dar uns quantos cêntimos ao Estado por força do imposto do tabaco; em Lisboa o Ministro das Finanças esfregava as mãos de contente porque eram mais uns quantos milhões sacados aos cidadãos; em Portugal inteiro eram os cidadãos que vergavam um pouco mais as costas por força do roubo legal…

O que é que se há-de fazer deste País…???!!!


 


 


 


 


 

1.5.08

Era verde…

Razoavelmente acomodado num sofá do Belmiro, tive a oportunidade de folhear um jornal diário afamado pelas suas tiradas e ler umas quantas linhas assinadas pelo Sr. Saleiro (esse mesmo, o tal, o amigo do coração), a propósito do preço dos combustíveis.

Na mesma página, dedicada aos combustíveis, aparecia uma referência a uma entrevista do actual Presidente dos Revendedores, fazendo uma comparação entre o valor do dólar e o preço do barril de petróleo e o valor do euro entre Dezembro de 2007 e Março de 2008, podendo concluir-se que o diferencial era pouco mais de 1 (um cêntimo) por barril, esclarecendo que 1 (um) barril de petróleo tem 200 (duzentos) litros…

Nem comentadores, nem analistas, a maior parte dos quais não deve pagar os combustíveis dos "seus" automóveis, já explicaram ao povo o que se está a passar com o aumento dos preços dos combustíveis.

Esta gente limita-se a tentar justificar o preço do barril de petróleo com o nível de reservas dos USA, com uma qualquer grave numa plataforma da Nigéria, com as ondas do Mar do Norte ou ainda com o mau humor dos árabes, sabendo eles perfeitamente que todas estas justificações são para ignorante pensar que eles, os comentadores e os analistas, são poços de ciência nestas matérias…

Cá por mim, tenho por certo que tudo isto se fica a dever à selvajaria do capitalismo actual, que tem pressa de engordar cada vez mais, sem parar um pouco para pensar que a comida pode acabar, isto é, que os consumidores estão pelas ruas da amargura e que não vão aguentar muito mais.

E quando falo em selvajaria não me refiro apenas ao capital privado mas também ao público, que continua a ganhar milhões de euros com esta escandaleira nacional.

O que mais me escandaliza nesta coisa toda não é eu ter de pagar os combustíveis aos preços que uns quantos senhores fixam como querem e como lhes apetece, pois bem podia deixar o automóvel no parque do Belmiro. O que mais me chateia é o Governo, isto é, o Primeiro e seus Ministros continuarem calados que nem uns ratos numa tentativa de baixar o défice à custa das nossas carteiras e não terem a dignidade e a coragem de intervir "rapidamente e em força" para domar estes cavalos à solta…

Depois não se admirem se há mais violência, se há mais assaltos, se há mais qualquer outra coisa que não seja do seu agrado…

Parece-me que a paciência está a acabar e só há pouca-vergonha…

Porque a vergonha era verde… e o burro comeu-a…

30.4.08

E nem um pio

Passei a tarde hoje na Loja do Cidadão, pois a minha senha registava a hora de entrada às 13H40 e a minha saída verificou-se pelas 18H10 minutos.

Não se pode dizer que se trata de um local deveras interessante e com muitas coisas para ver, mas a necessidade obriga, por vezes, a passarmos por locais que nem lembra o diabo.

Fui à Loja do Cidadão tratar de dois assuntos relacionados com impostos: um primeiro informar-me do que se passava com o imposto municipal sobre veículos e o segundo com o pedido de esclarecimentos sobre o preenchimento dos impressos do irs em matéria relacionada com um herança de uma herdade ali para o Alentejo com uma dimensão bastante razoável não fora a divisão por oito de oito mil metros quadrados…

Passei cerca de cinco minutos para me aperceber do que se estava a passar com a leitura do número da minha senha e o número da senha que era indicada no visor electrónico: qualquer coisa como cento e quarenta números à minha frente…

Como dispunha da tarde e levara um livro, pensei que o local convidava à leitura, muito embora os decibéis de centenas de pessoas a circular era razão mais que suficiente para que qualquer se pirasse dali para fora…

Aguentei cerca de quarenta minutos, passados os quais me lembrei de ir ao 12º Bairro Fiscal tratar do assunto do selo do carro e depois voltava para tratar do outro. E assim foi.

Lá fui para a "bicha" do 12º e passados cerca de vinte minutos estava a pagar 178 euros referentes ao imposto municipal sobre veículos para o ano de 2008… e não bufei, lembrando-me apenas que estaria a contribuir decisivamente para a amortização do passivo da CML e para conforto do ministro das finanças e do Primeiro, que continuam a afirmar que os impostos não sei o quê… eles não devem ter carro próprio…

Voltei para a Loja do Cidadão e não me restou outra hipótese que não fosse devorar mais umas cento e cinquenta páginas do livro… aguardando, qual cidadão bem comportado, o momento em que o número da minha senha lá aparecesse no tal visor electrónico…

Quando tal aconteceu fui esclarecido devidamente em cerca de cinco minutos e aqui estou todo contente pela eficácia da Administração na resolução dos problemas dos cidadãos…

Aparte o valor do imposto do selo, (que já não é selo), não tenho mais comentários a fazer pela deliciosa tarde passada na Loja do Cidadão por onde passam, sem dúvida, milhares de pessoas durante um dia de trabalho…

Mas o mais interessante é que naqueles milhares não deve estar qualquer Secretário de Estado, qualquer Ministro e muito menos o Primeiro para tratar de um assunto pessoal…

E nem um pio…

15.4.08

O Acordo

Durante cerca de quarenta minutos, por dois períodos, estive ouvindo sapientíssimas intervenções sobre o famoso Acordo Ortográfico, que agora anda por aí na berra.

Se outros méritos não tiver esse tal Acordo Ortográfico já ficará lembrado por ter conseguido que eu estivesse esses tais quarenta minutos a ouvir aquela conversa nesse tal programa de que eu tanto gosto, principalmente daquelas intervenções directíssimas e oportuníssimas da responsável para fazer dizer o que os intervenientes não queriam dizer…

Mas é um facto que eu estive lá esse tempo todo e o mais interessante de tudo é que não consigo dá-lo como mal empregue.

Não foi pelas doutas intervenções de uns quantos especialistas na língua portuguesa, mas tão só porque me deu a oportunidade de também eu ajuizar da validade e da utilidade de tal acordo ortográfico, que, segundo alguns, não será bem um acordo mas mais um entendimento, como se aquele fosse produto da aula magna de todas as universidades com a assinatura do Presidente da República e este obra de conversas de tascas lá dos bairros das capitais dos países de língua oficial portuguesa.

Embora não seja fácil retirar uma conclusão da audição de quarenta minutos, o facto é que é possível sintetizar as intervenções ouvidas numa expressão muito idiomática e muito usada em Portugal: "que sim, que não".

Pois é!

E está tudo dito: para mim foi evidente que havia uns quantos especialistas que estavam de acordo com o Acordo e havia também uns quantos especialistas que não estavam de acordo com o Acordo, não fosse o programa denominado de "prós e contras".

Mas o mais interessante de tudo foi ouvir as razões pelas quais uns estavam de acordo e as pelas quais uns não estavam de acordo…

Estes quarenta minutos fizeram-me lembrar algumas conversas de café dos meus conterrâneos lá no Alentejo, os quais, diga-se de passagem, estão altamente preocupados pelo facto de as divergências entre os especialistas a propósito do Acordo possam ter como consequência a sua não aprovação (ratificação?) pelos parlamentos dos diversos países envolvidos, o que seria bem pior que o resultado final da reforma agrária…

O Benfica é o melhor! Porquê? Porque é o Benfica!!!

O Porto é o melhor! Porquê? Porque é o Porto!!!

O Sporting é o melhor! Porquê? Porque é o Sporting!!!

Calem-se lá com essa treta toda! O melhor é o Lusitano de Évora pura e simplesmente porque é de Évora e Évora é a minha terra!!!

E vão trabalhar, malandros…


 

21.3.08

Factura da água

Um destes dias recebi a factura da EPAL, devidamente detalhada como é habitual, tendo dado uma vista de olhos para me certificar se haveria alguma coisa relacionada com a mudança do contador, recentemente efectuada.

Não vendo nada sobre tal equipamento, dei por mim a olhar para os números constantes da referida factura e decidi fazer umas contas, não de cabeça, mas com máquina de calcular, para ser rápido, certo e sem erros.

A factura referia-se a dois meses, também como é habitual, para que o escândalo não se note tanto. Pois aí vai:

  • O custo da água, propriamente dita, representava 32,77% do total da factura;
  • A quota de serviço (claro que se trata do aluguer do contador) representava 30,01% do total da factura;
  • A participação da Câmara Municipal de Lisboa representava 34,07% do total da factura:
  • Desta participação, o Adicional da Câmara Municipal de Lisboa representava 8,69% do total da factura, o Saneamento variável era de 16,44% do total da factura e o Saneamento fixo era de 8,93 % do total da factura.
  • O IVA ficava-se por 3,15% do total da factura.

Não é preciso ser muito esperto para concluir que o custo da água na factura da água pouca importância tem para os consumidores, de tal modo que ficamos embasbacados quando temos presente que esse custo é apenas e pouco mais que 30% do total da factura.

Mais embasbacados ficamos quando nos damos conta que o custo da quota de serviço (vocês sabem o que é) é quase o valor da água consumida.

Mais aparvalhados ficamos quando nos apercebemos que o contributo para os cofres da Câmara Municipal de Lisboa dos consumidores de água representa mais que o valor da água consumida.

Será que tudo isto não dá para que os jardins mantenham a relva verde, para que as árvores não morram de sede, para a construção e manutenção de esgotos e de estações de tratamento e até para que as ruas andem normalmente limpas e lavadas…?

Mas agora fico a saber donde provém o dinheiro para pagar tanta rotura e tanta perda de água na rede da EPAL: da Quota de Serviço.

Ainda bem que existe quota de serviço, para que não haja necessidade de cobrar pelo aluguer de um contador durante uma vida inteira…

Ao fim e ao cabo podemos tirar uma importante conclusão: ainda temos a água muito barata…

18.3.08

Prosecontras

Estava eu com o vista do Bill, quando me chamaram a atenção para os prósecontras, onde pontificavam uns quantos trutas do nosso mundo empresarial.

Estive por ali durante umas dezenas de minutos contra o que me é habitual, mas resolvi deixar de ouvir a senhora que manda naquilo e ouvir apenas os tais trutas do primeiro parágrafo.

Não querem lá saber que a coisa parece que está a entrar nos eixos e aquele pessoal não dizia uma palavra contra as políticas, programas, opções e mais não sei o quê porque finalmente…

Gostei de ouvir, não tanto por dizerem "bem", mas principalmente pelo que disseram e teriam dito se a senhora não tivesse a mania de encher o teatro de gente importante e depois não os deixar falar…

Duas notas retirei daqueles minutos que ocupei a ouvir os trutas da economia nacional.

A primeira está relacionada com a pessoa do MP que não merecia uma palavra de simpatia por parte da grande maioria de jornalistas aquando da sua nomeação para Ministro da Economia e era objecto de comentários pouco agradáveis para uma pessoa que era altamente considerado lá pelas estranjas juntamente como uma meia dúzia de economistas, mas aqui na sua terra não valia um cêntimo furado. Agora… é o que se vê. O respeitinho é muito bonito…

A segunda nota vai para o contexto do programa e está relacionada com a localização do novo aeroporto internacional de Lisboa, pois ouviu-se ali falar dos grandes projectos que estão a ser implementados no Alentejo, em Tróia e na Península de Setúbal… turismo, indústria, serviços, cidade aeroportuária, plataforma logística e mais não sei quantas coisas de altíssima qualidade, que vão ser a delícia dos portugueses e dos estrangeiros, dos trabalhadores e dos capitalistas, dos empregados e dos empresários e de todos aqueles que, de boa-fé, ainda continuam a acreditar que esta terra não é inferior às outras…

Cabe perguntar agora pelos motivos que estavam a apontar o novo aeroporto internacional de Lisboa ali para os lados da Ota, quando o futuro está no Alentejo, mesmo sem petróleo…, mas com Alqueva…

Cá por mim não tem nada a ver com os custos, mas com as oportunidades, pois o pessoal quer chegar rapidamente ao seu destino e nada melhor que ter os hotéis, os casinos, os campos de golfes e uma quantidade enorme de serviços à saída do avião.

A factura pouco vai importar, mas estou convencido que não vai ser menor da que estava prevista para a Ota. No fim, quando alguém fizer as contas aos custos do aeroporto, das pontes, do TGV, da mudança do campo de tiro, da desactivação da base do Montijo, etc, a factura ainda vai ser maior.

Nessa altura tudo estará feito, pelo que as lamentações não vão ter significado, tanto mais que já haverá avaliações para todos os professores e o novo mapa judiciário já estará totalmente implantado no terreno e a funcionar com normalidade, pois nessa altura a grande maioria dos actuais professores e juízes já estarão a gozar a merecida reforma.


 


 

 

10.3.08

Agora…

Acabou a marcha da indignação e todos regressaram a casa felizes e contentes depois da grande passeata.

Tomámos conhecimento dessa grandiosa marcha da indignação que trouxe a Lisboa cem mil professores (?) (não havia ninguém que não o fosse…) e agora muito gostaríamos de saber o que se segue quanto à magna questão da avaliação dos ditos, dado que os lenços brancos não surtiram o seu efeito.

A Ministra não se foi embora, o Primeiro não disse que a avaliação ia acabar, antes reforçou a ideia que a coisa vai continuar e nós continuamos na mesma: ficamos sem saber se vai haver avaliação ou se não vai haver avaliação.

De qualquer maneira, a coisa está preta: aquilo que os professores queriam não chegou e chegou aquilo que os professores não queriam.

Entraram num beco sem saída e agora vamos ver como vai ser, pois deveriam ter reparado na linguagem utilizada pela Ministra: vamos continuar a trabalhador com as escolas e com os professores…

Não disse que vamos continuar a trabalhar com os sindicatos…

Pois é!

O problema está mesmo aqui: os dirigentes sindicais deram-se conta que deixaram de mandar no Ministério da Educação e deram o grito da indignação, que se manifestou na revolta contra o processo de avaliação.

Nós ficámos a saber que a manutenção da Ministra não era uma grande questão para os professores, desde que a senhora desse o braço a torcer e entregasse o processo ao professores, isto é, aos dirigentes sindicais. Mas tudo foi por água abaixo. Lá terão que "gramar" este sistema de avaliação e mesmo assim, parece, que mais favorável que o dos outros funcionários públicos, como se nós não soubéssemos também que os vencimentos e as reformas dos ditos são bem mais elevadas que os e as dos seus pares em termos de patrão…

Se houver dúvidas disto, que a CGA publique as reformas dos professores para que os servos da gleba fiquem a saber um pouco mais do que já sabem.

Ontem, domingo, e hoje, segunda-feira, já tivemos alguma informação do que se segue: se mexerem no código do trabalho levam com uma marcha de indignação ainda maior do que a de sábado; na televisão pública, hoje, discutia-se o magno problema da sociedade portuguesa com o qual todos estamos preocupadíssimos: rei ou presidente?


 


 

6.3.08

As pontes

Não pensava escrever nada sobre o assunto, mas achei-o tão interessante que não resisto a deixar aqui a minha enorme admiração por afirmações de tal natureza, que revelam os elevadíssimos conhecimentos técnicos de alguns dos nossos eminentes engenheiros.

Num colóquio realizado num destes dias não bem onde, mas realizado com a participação de gente muito importante, um engenheiro professor do Instituto Superior Técnico terá afirmado que só a construção de uma nova ponte entre Belém e Trafaria é que retirava tráfego à Ponte 25 de Abril na ordem de 30% !!!

Não posso deixar de reconhecer que esta afirmação bombástica vindo donde vem deve merecer o nosso espanto e a nossa devota atenção porque significa o culminar de estudos muito aprofundados sobre o tráfego que diariamente entra e sai da capital, proveniente da margem sul. Digo da margem sul, porque estou convicto que o tráfego proveniente do norte não terá necessitar de atravessar as pontes sobre o Tejo para entrar em Lisboa…

O que mais me admirou não foi ler a nota jornalística da intervenção do professor, mas sim fazer notar que na altura deu-se uma grave omissão por parte de outros eminentes engenheiros professores por não terem levantado a sua voz para afirmar que a construção de uma nova ponte entre Santa Apolónia e o Alfeite retiraria, certamente, mais 20 % do tráfego à Ponte 25 de Abril… Esperava também que depois destas intervenções se levantasse uma pessoa normal e afirmasse que uma outra ponte entre o Terreiro do Paço e Cacilhas ainda retirava mais 15% do tráfego à ditosa Ponte 25 de Abril.

Nessa altura, levantava-me eu e proclamava: "… têm todos muita razão, mas desde que as pontes não tenham portagem…".

A avaliação

Continua o regabofe dos professores, ou melhor, das discussões sobre o sistema de avaliação dos professores: quem ouvir a ministra a falar sobre o sistema de avaliação dos professores fica com a sensação de que quem deveria estar a fazer manifestações seriam os outros funcionários públicos que estão mais prejudicados, ou se quiserem, menos beneficiados que os professores, por causa daquela coisa dos "bom" "muito bom".

Confesso que não conheço o sistema de avaliação dos professores e por isso não tenho grande moral para falar do assunto, mas confesso também que a grande maioria dos professores que se manifestam nas ruas e talvez, atrevo-me a afirmar, que muitos dos dirigentes dos professores também não conhecem em profundidade o referido sistema.

Porque se o conhecessem bem, teriam, certamente, vergonha na cara e diriam que o seu sistema de avaliação é tão mau ou tão bom como o de todos os outros funcionários públicos.

Para além do mais, é preciso ter em conta que estamos a tratar de pessoas com formação académica de nível superior, a maioria com licenciatura, muitos com mestrados e muitos com doutoramentos feitos.

Como se pode afirmar que este pessoal não sabe ou não é capaz de fazer uma avaliação a partir de grelhas iguais para toda a gente.

Então esta gente tem formação suficiente para leccionar cursos médios e superiores, serem patronos disto e daquilo e não estão preparados para fazer uma avaliação?

Quem ouve falar os professores inteligentes pode pensar que numa escola todos os professores vão aplicar o sistema de avaliação a todos os seus colegas e ficam sem tempo para se dedicarem ao exercício da sua profissão: serem professores…

Continuo a afirmar o que já afirmei: os professores não querem este sistema de avaliação como não querem qualquer outro sistema de avaliação que não seja da sua responsabilidade ou que não tenha
a sua concordância. Como esta concordância não se obtém com esta ministra, então não há sistema de avaliação aceite pelos professores…

Venham de lá as manifestações todas para ver se os professores dedicam algum do seu tempo livre a ler e a estudar um pouquinho o sistema de avaliação em causa.

Se tal não acontecer, então que sejam os alunos a classificar os seus professores…Talvez que a coisa fosse aceite pelos professores, reconhecendo que nos alunos se manifesta a enorme sabedoria e o grande talento que todos reconhecemos aos nossos professores…

Isto não vai durar muito mais tempo, pois temos aí outra bronca a nível da função pública…

Vamos ver se os professores vão sair à rua para novas manifestações…

Esqueci-me de contar quantas há cidades tem Portugal…