O Poeta anda a descer na consideração dos portugueses: nas presidenciais foi o que se viu com um mar de votos a afagar-lhe o ego; depois seguiu-se o tal movimento de reflexão onde os largos milhares de converteram nuns quantos apenas e agora aparece o comício no Teatro da Trindade "reservado" às "esquerdas" revolucionárias, mas integralmente burguesas para gáudio do PCP, que não foi convidado…
Pois então: nós já deveríamos saber que a crista da onda é uma autêntica tentação não só para os surfistas como também para todos aqueles que lutam com todas as suas armas para resistirem ao esquecimento.
Para resistirem a um esquecimento totalmente injusto, pois que são democratas e mesmo antes de serem democratas em democracia já eram democratas em ditadura de tal modo que sofreram as agruras da prisão e do exílio, mesmo que este fosse bem melhor que os tiros e suas consequências…
Uma coisa é certa: nós nunca devemos esquecer os filhos dilectos que foram o orgulho da Nação nas horas das dificuldades para toda a burguesia, alta, média e baixa dos anos sessenta e setenta, que tinha a possibilidade, não, antes a dignidade de sacrificar a sua vida a favor das liberdades, nem que isso passasse por trocar o incerto da aventura à certeza do sangue, suor e lágrimas…
É fácil falar dos pobres, da pobreza, da porcaria e da miséria; é fácil levar a mão ao peito e "chorar" pelos que sofrem; mais fácil ainda é bradar bem alto que se esteve preso e que é preciso levantar a voz em nome dos oprimidos pela avareza do capital, dos capitalismos e de mais uns quantos ismos que por aí abundam…, principalmente quando se tem mesa farta, carteira ou conta bancária devidamente recheada, cama e roupa lavada e uma tribuna para mandar uns quantos bitaites, como se o argumento da "autoridade moral" permitisse a prática de um qualquer desmando…
Sempre me disseram que a liberdade é não ter dependência nem compromissos com quem quer que seja, seja pessoa individual ou colectiva…e só existe em páginas em branco, na água cristalina e corrente e nos limites e fronteiras das liberdades dos outros…
Estou totalmente convencido que a liberdade se opõe à conotação, pelo que um "homem livre" não pode ser conotado…
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