29.12.12

Será que…

Porque hoje é véspera do dia trinta de dezembro, reservado para me preparar para o dia trinta e um como final do ano e pensar em eventuais defesas para o um de janeiro como o primeiro dia do ano de dois mil e treze que será ótimo para uma meia dúzia de portugueses, vou fazer o balanço do ano de dois mil e doze.

Foi um ano maravilhoso: assisti impávido e sereno mas incapaz de reação ao maior e descarado rombo nos meus rendimentos por parte de um segundo e de um primeiro como nunca tinha pensado que poderia suceder. Mas sucedeu e o que se passou comigo foi que, pura e simplesmente, fiquei menos rico cerca de vinte por cento, tudo porque o segundo e o primeiro entendem que os pensionistas não têm razão de existir a ganharem mais que mil e quinhentos euros por mês, o que significa para estas duas muito inteligentes cabeças (?), vagueia por aí uma boa quantidade de ociosos a viverem à custa dos poucos portugueses que ainda trabalham, como são os reformados e os pensionistas.

Foi um ano mais ou menos: saí ileso, isto é, saí bastante bem de uma intervenção cirúrgica às cataratas, não fora as lágrimas abundantes que verto pela triste sina de ser governado desta maneira; parti um ossinho do pé esquerdo quando deixava que um miserável peixe me roubasse e me levasse pela barragem fora a cana de pesca; fiz uma rotura muscular na coxa direita quando dava uns toques na brincadeira com o meu neto. Mas tudo passei bastante conformado, porque continuo convencido que não há nada pior que viver num país que tem como primeiro este primeiro e como segundo um terceiro, que não é terceiro, porque manda mais que o primeiro e que o segundo e não vive neste país, mas num outro qualquer bem diferente…

Foi um ano desgraçado: não querem lá ver que foi descoberta uma adenda ao memorandum da troika assinada pela atual segundo e mandão da troika cá no burgo, determinando que a barragem do maranhão não deveria encher, pois que isso faria com que aquele pessoal provinciano tivesse mais capacidade de consumo, o que não era conveniente, visto ser proibido pela troika. Desta maneira, a única maneira de evitar que a barragem enchesse totalmente era proibir que a chuva se tornasse demasiado abundante naquela bacia hidrográfica. Seria preferível que o douro tivesse mais água para proveito dos chineses e mais uns quantos, que o tejo mostrasse menos areia para gáudio das lampreias e que o guadiana continuasse com o Alqueva mesmo naquele nível pois os espanhóis também continuam a explorar melhor o que nós não aproveitamos devidamente.

Se prestarmos um pouco mais de atenção ao que se vai passando por aí fora rapidamente poderemos chegar á conclusão que o problema não está na existência deste primeiro e deste segundo, mas na capacidade incrível que os portugueses têm de sofrer e de penar por mais que sejam aldrabados, estuprados, roubados, espezinhados, ofendidos e f… mostrando sempre ou quase sempre uma satisfação que raia a insanidade coletiva.

Será que dois mil e treze…?

Sem comentários: