Não faltava mais nada para completar o ramalhete: agora são os trabalhadores dos impostos a ameaçar fazer ou mesmo fazer greve para que o governo tenha cuidado com eles, uma vez estes trabalhadores consideram-se fundamentais para cobrar impostos.
Não tenho a certeza se estes trabalhadores estão com toda a razão para fazerem greve, mas certamente estão seguros de que o governo não os vai maltratar como tem feito aos outros trabalhadores da função pública.
Toda a gente sabe que existem uns quantas classes na administração pública que têm capacidade e competência para enfrentar o poder político e estão totalmente à vontade com estes e até com outros governantes, uma vez que as funções exercidas permitem-lhes elevar a voz se for necessário.
Para agravar ainda mais a situação, uns técnicos, ditos independentes, de uma unidade da assembleia da república vem a público afirmar que a meta do défice para o ano de dois e doze está cada vez mais distante de ser alcançada, o que vem lançar mais achas para a fogueira dos falhanços das previsões do segundo, que continua a não acertar uma, o que, para ele, não é nada de importante e não passam de previsões, às quais só a oposição e alguns jornalistas e comentadores atribuem alguma utilidade.
Bem vistas coisas, se as previsões sobre metas e objetivos das contas públicas e da sua execução não têm qualquer interesse para os responsáveis de as fazer, então não ficamos a saber da utilidade e da necessidade de haver previsões sobre as metas do défice e das diversas variáveis, sobre as quais todas as organizações nacionais e internacionais dão alguma importância.
Mas estes governantes estão completamente à vontade para fazer as ditas previsões e estabelecer as diversas metas, sabendo que tudo isto não passa de retórica e de exercício de estilo para suavizar os erros e as asneiras do desempenho das suas funções.
Não faltava mais nada para vermos o primeiro e o segundo a ficarem preocupados por a sua política não atingir as metas que em devido tempo anunciaram, às vezes, com pompa e circunstância.
A verdade é que já não é a oposição e tampouco o são uns quantos comentadores maldizentes e outros jornalistas esquerdistas ou revolucionários (?) a dizerem bem alto e com todas as letras e acentos que o défice fixado pelo governo perante a troika não será atingido, ficando-se, mais uma vez bem longe do previsto mesmo que se conte com o ovo no cu da galinha, que é como quem diz, com as receitas milionárias de algumas privatizações a serem feitas nos últimos dias do ano de dois e doze…
Todos aqueles, que continuamos no rebanho ainda que a protestar suavemente pelo que nos vai acontecendo, já sabíamos que as previsões do governo não têm qualquer credibilidade, mas o que estávamos longe de admitir era que o primeiro e o segundo lançam as suas previsões porque é obrigatório fazer previsões, embora não estejam minimamente preocupados se se confirmam ou se não se confirmam, sendo que o mais certo é que saiam furadas completamente.
Mas fizeram previsões…
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