Com cara de poucos amigos lá foi dizendo que a ele ninguém o pressiona.
Eu diria que com aquela cara de poucos amigos ninguém vai tentar pressioná-lo, quando já se sabe o que ele vai fazer com o documento muito complexo com cerca de duzentos e cinquenta artigos.
Por mais especialista que apareça a afirmar que o documento ofende a constituição da república, nada poderá demover o presidente de promulgar o orçamento de estado e para ficar bem com a sua consciência vir dizer ao pessoal que neste momento uma república integrada na união europeia sem orçamento seria uma república sem rei nem roque.
Sem rei já nós sabemos, tão só porque estamos num regime republicano, mas sem roque já é outra coisa, pois anda por aí muita gente que não se cansa de gritar bem alto contra uns quantos sem qualquer outro objetivo que não seja delapidar os parcos haveres de cada um.
Ainda havia muita gente convencida que o presidente ia vetar o orçamento por causa de umas quantas coisas que não cheiram lá muito bem e relacionadas com as pensões de muitos portugueses que passaram uma vida a descontar para a sua reforma contratada logo no início e que agora está a ser mandada para as urtigas por uns inteligentes de meia tigela, cujo motivo do seu governo e das suas ações mais não é que fazer baixar os rendimentos da malta em cerca de quarenta por cento do que se verificava no ano de dois mil e oito.
Por isso ainda os vamos aturar mais dois anos, mas lá para o meio de dois mil e treze virão com palavrinhas mansas e palmadinhas nas costas dizer-nos que a crise está quase a acabar, que o crescimento está mesmo aí, que a recessão acabou, que o emprego está em franca recuperação e que muito brevemente o país poderá ir aos mercados financiar-se para continuar a pagar a dívida aos senhores do mundo.
Já começamos a estar preparados para aturar estes dislates todos levando aos quatro cantos do mundo a imagem de um povo que apesar do cabresto, da "arreata" e do chicote continuamos a primar pelo bom comportamento e fazer manifestações pacíficas como se vivêssemos no melhor dos mundos e gritar aos sete ventos que aqui continua a viver um povo com dignidade, apesar da qualidade ética e moral dos nossos políticos.
Nada nos demoverá de caminhar com a cabeça erguida, pois estamos convictos de que ninguém está a meter as mãos nos nossos bolsos, isto é, que as nossas pensões e os nossos salários estão a coberto de qualquer tentação de mau uso por parte de quem tem o poder para o fazer através do esbulho declarado que é feito através dos impostos diretos e indiretos.
É com um orgulho do tamanho do mundo que sabemos ter um presidente que é imune a qualquer tipo de pressão venha donde vier e um primeiro que afirma a pés juntos que não há qualquer inconstitucionalidade no orçamento de estado. Mesmo que o universo diga o contrário
Temos dúvidas, mas acreditamos nos nossos governantes.
Sem comentários:
Enviar um comentário