24.12.12

Lá se foi

À semelhança de muitos portugueses, segui com alguma atenção o processo de privatização da TAP, tendo à partida uma posição de indiferença relativamente ao assunto, pouco me importando se a transportadora era vendida ao desbarato, se era bem vendida, se deveria ficar, se era bom para todos ficar como está, ir-se para onde fosse, etc. e tal.

Mas nunca pensei que o processo terminasse desta maneira, não tanto pelo facto de não ser vendida, mas fundamental e principalmente pelas dúvidas com que fiquei sobre todo o processo.

Numa privatização desta complexidade, onde estava em causa a venda a um indivíduo de uma companhia aérea de bandeira, seria natural que fossem acauteladas todas e mais unas quantas variáveis do processo no caderno de encargos, principalmente todas aquelas que se relacionavam com os valores e custos da operação e, consequentemente, com todas as garantias que seriam exigidas a qualquer candidato a comprador, não devendo faltar a apresentação do calendário de todas as obrigações das partes intervenientes.

Não me passava pela cabeça que o caderno de encargos tivesse qualquer omissão sobre todas estas matérias de modo a que pudesse haver qualquer dúvida por mais ténue que fosse sobre tudo o que pudesse estar em causa neste processo de privatização de uma empresa nacional.

No meu tempo, qualquer concorrente a uma mísera obra que se esquecesse de apresentar qualquer documento indicado no caderno de encargos era pura e simplesmente excluído ou dado o tempo legal para suprir a deficiência do processo.

Mas no processo de privatização da TAP parece que faltava tudo o que se relacionava com garantias que o comprador deveria apresentar sobre tudo o que envolvesse capital, nomeadamente: o pagamento em espécie, o investimento na própria empresa e a negociação completa e terminada da transferência da dívida titulada pela empresa (estado) para o novo proprietário por parte dos bancos credores.

A fazer fé na justificação da decisão ficámos com a impressão que o capitalista queria a empresa, mas ter-se-á esquecido das datas para saldar os compromissos.

E assim o processo foi à vida e fica-se agora a esperar outros dias para que aconteça mais alguma coisa sobre o futuro da TAP.

Pelos vistos alguém meteu a pata na poça ou andaram a brincar connosco, que vamos continuar a pagar a propriedade da nossa companhia aérea que leva aos quatro cantos do mundo a bandeira nacional.

Bem vistas as coisas, manter a TAP como empresa pública vai custar bem menos que o processo do bpn…

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