30.3.11

Ora agora...

Ainda não estou bem recomposto da valente tareia que me deram todos os partidos políticos com assento na AR a quando da votação do pec, da avaliação dos professores e agora da autorização de despesas públicas e mais não há porque parece não haver mais tempo.

Caso contrário tudo o que estivesse pendente apresentado pelo governo levava chumbo e tudo o que estivesse pendente apresentado pela oposição lá passava cantando e rindo.

Pois todos aqueles que pagam a crise, aqueles que não têm hipótese de não pagar e que pagaram e pagam e vão pagar todas as doidices de governos e maluqueiras da oposição, temos o direito de bradar aos céus para que essa gente toda tenha juízo e pense que a sua função principal não é tratar da sua vidinha mas cuidar diligentemente da coisa pública com espírito de missão e não de aproveitamento.

Mas como nada se aprendeu com a crise mundial também nada se vai aprender com a crise portuguesa deixando ao deus dará uns quantos milhões de desgraçados que ainda vamos confiando nas instituições e continuando com os processos correntes e normais da vida política portuguesa sem ética e sem dignidade, deixando a democracia pelas ruas da amargura.

Olhamos à nossa volta e procuramos sinais de orientação, mas não descortinamos coisa alguma na qual se possa confiar e dizer que talvez seja o caminho a prosseguir, apesar de todas as dificuldades que se atravessam nas veredas da vida.

Entrámos no ping pong da política, como se não houvesse jogo mais interessante para entreter o pessoal que vai ter o emprego suspenso por dois ou três meses: ora agora falas tu, ora agora falo eu e nem tu nem eu podemos dizer seja o que for que o outro não venha a dizer a mesma coisa ou o seu contrário, não importando muito a seriedade do que se diz, mas tão só e apenas importando dizer alguma coisa.

Se não fora isto, porque é que agora nos dizem que o pec não foi aprovado porque se ficava aquém das necessidades?

Parece que esta gente anda toda grossa com uma bebedeira de caixão à cova pouco importando se se ofende alguém, pois a finalidade básica da intervenção política é responder a tudo e a mais alguma coisa que alguém diga... sem qualquer proveito para quem quer que seja.

No meio de toda esta leviandade, as estrelas do firmamento são as agências de rating e os mercados para gáudio de muitos políticos e de muitos comentadores e muitos jornalistas que se divertem com as desgraças do burgo.

Que lhes faça bom proveito, porque um dia também chegará a sua hora...


 

26.3.11

Crise de confiança

Nem toda a gente sabia, mas agora toda a gente ficou a saber: a crise é a crise de confiança, porque se houver confiança tudo se vai resolver.

Nós não tínhamos a perceção que a situação política, económica e financeira de Portugal resume-se à crise de confiança. Não uma crise de confiança nas instituições, nomeadamente a Presidência da República, a Assembleia da República e o próprio Governo, mas uma crise de confiança no Primeiro-Ministro, porque se assim não fora os investidores e o mercado já tinham dado conta que estaria tudo bem quando o primeiro fosse embora ou dissesse que se ia embora logo que o PR dissesse que sim senhor pode ir embora na paz tão rapidamente quanto fosse humanamente possível, isto é, já e sem delongas.

Mas não.

E ainda há quem pense e esteja convencido que a solução não é a encontrada, mas uma que seja da responsabilidade do PR como seria lógico e salutar pensar, mas apenas e tão só se tivéssemos um PR à altura da responsabilidade e estatuto do PR.

Assim, vamos ter que andar a engonhar mais uns quantos meses, mas podemos estar descansados que a solução encontrada vai passar certamente por aquilo que já estávamos à espera com mais uns pozinhos e ervas aromáticas para embelezar o ramalhete.

E isto é tão certo como certo foi a afirmação sobre o possível e eventual aumento do IVA se... e um pouco mais à frente a mordidela na Caixa Geral de Depósitos e na CP e na REFER e na TAP e em... sem esquecer a RTP, a veneranda e venerável senhora dos ordenados miseráveis...

Não estou à espera que haja empresários e investidores privados que queiram colocar a sua guita no transporte ferroviário a não ser que se trate de qualquer coisa que esteja mesmo à mão de semear, nomeadamente e apenas nas duas grandes áreas urbanas como Lisboa e Porto num raio não superior a cinquenta quilómetros. O resto que continue a pagar o Estado para que os maquinistas e demais pessoal proletário e operário continue a fazer greves numa luta para melhores condições de vida, isto é, melhores salários e mais regalias sociais.

Ainda temos governo e ainda não foram marcadas novas eleições legislativas e já há quem peça maiorias absolutas com promessas de cumprir o pec quatro com mais subida de impostos e algumas privatizações de que nunca se falaram, mas tão apetecidas.

Estamos no bom caminho, porque ao fim e ao cabo não temos qualquer vantagem em termos empresas públicas que nos sugam o dinheirinho que tanto custa a ganhar mas com a consciência tranquila de que nunca foram nem jamais serão "funcionários públicos" mesmo que os seus rendimentos provenham quase exclusivamente do orçamento...

Contudo, devemos concordar que esta clarificação não seria má de todo, porque assim sempre poderíamos dizer que a monstruosidade dos proveitos de algumas administrações de algumas empresas públicas deficitários em milhões de milhões não provinham do erário público mas do capital privado e assim não tínhamos nada a ver com isso...

Também há gente a pensar que depois das eleições deve ser formado um governo de salvação nacional com cobras e escorpiões, lobos e cordeiros, duques e barões, condes e viscondes, proletários e burgueses, tudo na mesma montra para português ver e mercado convencer...

23.3.11

Lá na Ibéria

Afinal a coisa não foi assim tão difícil: quem calçou a bota também a descalçou com relativa facilidade, donde resultou um alívio imenso para o PR e para toda a oposição, mas principalmente a da direita que não era capaz de fazer com o prato de sopa que estava a ser servido.

Afinal alguém teve a dignidade suficiente para dar o primeiro passo com vista a encontrar uma solução política para a crise política que se vinha vivendo de há uns tempos a esta parte.

Os que queriam derrubar o governo não foram capazes de o derrubar embora podendo mesmo que não tivessem margem de manobra para o fazer, mas agora têm a faca na mão porque o queijo ainda é preciso fazê-lo, prepará-lo e depois servi-lo para ver quem vai ter unhas para o comer.

Já havia muita gente um tanto ou quanto farta da diarreia política que estava a acontecer todos os dias em todos os canais de televisão: não me lembro de um desfile permanente de figuras da alta e da baixa política, de comentadores, de jornalistas, de entendidos, de espertos de tudo e demais alguma coisa por todos os canais generalistas de televisão as qualquer hora do dia e da noite sempre o mesmo e invariável palavreado repetido até à exaustão sobre a crise.

Aí está solução apresentada pela parte mais fraca deste processo, mas que entalou ou vai entalar todos aqueles que a queriam ter tomado e não tiveram a coragem política de a tomar.

Acabou o motivo da encolha e agora nada mais resta que toda a gente mostrar a verdadeira indumentária e apresentar-se sem qualquer máscara e dizer a toda a gente o que se propõe fazer que os outros não tenham feito ou que não foram capazes de fazer.

Por mim não chega que se apregoe aos sete ventos que basta ter credibilidade perante os "mercados" para que a crise tenha medo dessa mesma credibilidade e se afaste rapidamente lá bem para longe do retângulo luso, como que deixando antever que vem aí mais do mesmo, embora com alguma coloração eventualmente diferente.

Claro que isto não fica assim, pois agora vai começar outro calvário com a finalidade primordial de assacar e atribuir culpas com vista à conquista de uns quantos votos para lá das expectativas normais e veremos, espero bem que não, se quem foi por lã não vem de lá tosquiado...

Já disse por diversas vezes: espero que o POVO, na sua "sabedoria" atribua uma maioria absoluta a quem deve atribuir e que merece essa maioria para que possa governar tranquilamente esta gente toda que passa o tempo a conformar aquele dito de um general romano "... lá para os lados da Ibéria existe um povo que não se governa nem se deixa governar..."...

Agora não vai ser assim. Dentro de dois meses, mais ou menos, acontecem as eleições e daremos passos seguros, grandes e largos para tirar um coelho da cartola que ponha esta gente toda na devida ordem, devolvendo rapidamente a todos o que a todos foi retirado nos últimos anos...

Quem se apressa

Tão só e apenas um desabafo, porque não posso fazer mais nada.

Durante o serão do dia 20 de março de dois mil e onze paguei o Imposto único de Circulação através da internet através da aplicação do "home banking" do meu banco.

Hoje, dia vinte e dois do mês de março de dois mil e onze, pelas vinte e três horas e quarenta e cinco minutos e quarenta e oito horas depois de efectuado, o respetivo pagamento ainda não constava na aplicação da Direção Geral dos Impostos.

Para todos os efeitos eu ainda não tinha pago o imposto único de circulação, mas o respetivo montante foi logo debitado na minha conta no dia vinte de março.

Claro que o meu banco sabe perfeitamente que não tem que ter pressa em proceder à transferência porque sabe muito bem que o pagamento pode ir até ao dia trinta e um de março...

Lá diz o povo (diz?): "para quê fazer hoje o que se pode fazer amanhã?"

Na realidade a minha obrigação fiscal deve ser cumprida até ao dia trinta e um de março...e quem se apressa...

Mas onde é que anda o meu dinheiro?


 

22.3.11

Finalmente...

Finalmente o PR pronunciou-se sobre a crise política portuguesa: afirmou que não tem grande margem de manobra para atuar devida á forma como o pec não sei quantos foi anunciado... etc. e tal.

Eu estava convencido que este argumento nunca seria argumento a utilizar por quem está contra o pec para justificar o que quer que fosse e muito menos para justificar a incapacidade de atuar na devida altura e ao nível das responsabilidades.

Sempre pensei que o facto de não me darem conhecimento de uma qualquer coisa que eu deveria conhecer por dever de ofício ou por razões de boa vizinhança seria motivo suficiente para eu me pronunciar e atuar em conformidade.

Seria para mim, mas não é para quem ficou sem margem de manobra por não ter conhecido o pec em devido tempo e antes de todos os outros que deveriam ter sido informados.

Mas esta incapacidade de decisão diz bem desta personalidade que ocupa um lugar tão importante na estrutura do Estado.

Não tem margem de manobra?

Ou não quer manobrar?

Ou está à espera que outros façam por ele o que ele já deveria ter feito?

Nestes termos até eu não faria pior...

Mas é isto a política à portuguesa: todos aguardam que o governo se demita e não têm a coragem e a dignidade de o fazer cair para não ficarem com o "odioso" de derrubar um governo com receio calculista de perder uns quantos votinhos nas eleições que se avizinham.

Pois então: que coisa haverá de melhor que apresentar e votar a favor uma resolução contra a aprovação do pec?

Muita gente poderia pensar que para estas situações já existe uma figura regimental lá na AR que dá pelo nome de "moção de censura" que tem como finalidade fundamental censurar o governo e cujo efeito imediato é a sua demissão.

Aqui não, pois o que está a dar é tentar resolver a situação como a aprovação de uma resolução... que não implica a queda do governo...

Já falam de eleições à descarada e ainda não derrubaram o governo. Espero bem que esta tragédia, a tragédia da impossibilidade de fazer o que deve ser feito, termine rapidamente.

No fim de contas e perante o facto de o PR não demitir o governo ou dissolver a AR, (confesso que não sei o que a Constituição diz sobre a matéria) e perante o medo e também a cobardia de o psd não ser capaz de apresentar uma moção de censura ainda vamos ter o Primeiro a apresentar a demissão do governo com o argumento do "superior interesse nacional" e fazer disso o lema da próxima campanha eleitoral...

18.3.11

Ordenados e prémios

Enquanto saboreava uma fenomenal bifana num pequeno café/bar na aldeia do Couço, aquela mesmo que já foi a aldeia mais comunista de Portugal, passei os olhos por um matutino e deparei com uma pequena notícia relacionada com o presidente de uma empresa de construção civil que em tempos já fora ministro.

Rezava a notícia que o homem teve um rendimento de cerca de setecentos mil euros em dois mil e dez entre ordenados e prémios, sendo o membro da administração que mais guita levou para casa.

Isto não é de estranhar, uma vez que não estamos na administração pública, onde o PR pode ganhar menos que um juiz e muito menos que um presidente de uma qualquer empresa pública ou de uma alta autoridade e, às vezes, de uns quantos senhores que nem se sabe quanto ganham.

Uma outra notícia dava conta que o presidente de uma empresa pública relacionada com as vias de comunicação tinha pedido a demissão há não sei quanto tempo. Parece que havia dificuldades de tesouraria, muito embora a empresa tivesse tido uns milhões de lucros no ano passado.

Parece que qualquer empresa que se preze, quer seja pública quer privada, apresenta uma boa maquia de lucros em pleno ano de crise, sendo que a única entidade em crise é o próprio Estado, por não ter gestores de qualidade.

Tudo isto pode parecer estranho porque em tempos de crise deveria haver crise generalizada, mas pelos vistos a crise é só para uns quantos enquanto outros não deixam de arrecadar milhões.

Alguém poderia pensar que se trata de uma boa gestão não havendo qualquer relação entre o custo dos serviços prestados e os proveitos realizados à custa da venda e comercialização desses ditos produtos.

Todos nós sabemos que uma empresa de construção civil exerce naturalmente uma atividade de construção de uma razoável variedade de produtos, nomeadamente casas, estradas, pontes, viadutos, hospitais, escritórios e não deve dedicar muito tempo à venda de medicamentos ou à produção de vinho e de cervejas.

Por outro lado, uma empresa relacionada com as estradas deve dedicar-se a financiar a construção e conservação de estradas e de todas as obras de arte que encontre pelo caminho, mas será apenas isto, isto que dá milhões?

Cabe então perguntar: trata-se de uma boa gestão para pagar aqueles milhares ao gestor e ter aqueles milhões de lucro ou, pelo contrário e em complemento, é o produto que sai a valores muito mais elevados do que poderiam ser postos no mercado?


 


 

16.3.11

Parece que...

Não sei se amanhã ou se daqui a uns quantos dias, a umas quantas semanas ou ainda uns tantos meses estarei em condições de hoje, mas hoje tenho a possibilidade de dar umas sonoras gargalhadas por duas razões fundamentais: a primeira porque hoje teve lugar a cerimónia de início do ano judicial (em Março?) e a segunda porque finalmente as coisas parecem estar clarificadas quanto ao desfecho da crise politiqueira portuguesa.

Já não restam grandes dúvidas, se é que as havia, que vamos para eleições antecipadas desconhecendo-se se por demissão do Primeiro se por decisão do Presidente.

Em qualquer dos casos importa realçar que os partidos à direita do partido apoiante do Governo não tiveram coragem para apresentar uma moção de censura, aproveitando antes a circunstâncias do pec não sei quantos para tomarem uma posição que não será aceitável para o Governo, resultando daí que alguém vai ter que decidir: se o Governo será causa ou se o Presidente será efeito.

Vamos ter eleições legislativas dentro de algum tempo e vai ser interessante estar com atenção a várias circunstâncias.

Qual vai ser posição dos canais de tv de sinal aberto perante a campanha eleitoral;

Qual vai ser a lata dos socialistas e dos sociais-democratas para justificarem estas atitudes durante a campanha eleitoral se ambos os partidos não podem deixar de fazer a mesma coisa, porque aqui quem manda já não são os que cá estão, mas outras lá fora...

Digam o que disserem, aprovem ou chumbem o que muito bem entenderem todos vamos gostar de saber como se vai arranjar a guita para sustentar esta gente toda.

Vamos pedir aos deuses que saia a quem sair uma maioria absoluta superior a setenta por cento, para que se cale quem faz barulho e que se deixe governar quem for escolhido pelo POVO pelo processo adequado.

Cá por mim, está tudo decidido.

A única lamentação que se me oferece considerar é a circunstância de o Presidente não ter sido forçado a tomar uma decisão consentânea com os seus discursos.

A ver vamos, porque o gato ainda não tem o guizo posto...

15.3.11

Será agora?

Está bonita a política portuguesa. Mas mais que bonita está simples e clara como a água pura e límpida como se tivera a sua origem lá nos confins das serras do Gerês. Neste momento é muitíssimo fácil saber o que se passa em Portugal inteiro, do minho ao algarve, passando pela madeira e pelos açores sem esquecer a minha terra: se queres conhecer os lados em confronto, tens muito pouco ou quase nada para te enganares. Ouves e podes dizer à vontade que se trata da posição do governo; continuas a ouvir e ficas com a certeza que se trata de pessoal da oposição. Isto é: aqueles dizem sim, estes dizem que não.

O cómico disto tudo é que já não precisamos de muitas explicações da parte de uns e de muitas justificações da parte de outros para sabermos qual a sua ocupação.

Se concordas ou, pelo menos, se não estás totalmente de acordo assumes que te colocas do lado do governo; se estás frontalmente contra e até parcialmente contra estão estás de certeza do lado da oposição. Claro como a água? Claro que sim.

O que eu não entendo é como as coisas se vão processando desta maneira: então se há milhões de portugueses contra as políticas governamentais e se há uns quantos milhares apenas a favor destas políticas ou, perlo menos, não muito contra, quer seja por dever quer por obrigação, porque é que o PR não toma uma posição? Se isto é assim porque é que o psd não toma uma posição?

Qual é o medo que está a condicionar o comportamento de uns e a tomadas de decisões de outros, todos com a mesma responsabilidade e com os mesmos anseios: servir Portugal !!!

Se uns estão agarrados ao poder de tal modo que usam todos os meios para não o largar, que impede os outros de correr com tal gente, não através de um golpe de estado caído em desuso, mas por uma simples moção de censura ou de uma outra figura constitucional logo ali à mão de semear do Presidente como é a dissolução da AR?

Não chegam as manifestações dos professores, as marchas dos polícias, as posições dos juízes, as confraternizações das geração rasca amancebada com a geração à rasca, e mais os produtores de leite, e mais os camionistas e mais os reformados sem transporte para os hospitais e mais os bombeiros que ficaram sem esse transporte e mais os trabalhadores precários e mais os desempregados e mais e mais e mais e mais uns quantos milhares da maioria silenciosa que aguarda por um sinal proveniente da esquerdas e das direitas...

Se isto não chega, que espera o psd e o PR que aconteça mais para serem "convidados" a tomar uma decisão?

Parece que vai haver por estes dias uma conversa entre estas duas instituições, esperando eu que daí resulte luz verde para qualquer coisa de importante, muito mais importante que a situação política, económica e financeira dos Portugueses e de Portugal.

Mas não se esqueçam que o professor já disse que é necessário um bloco central que inclua os populares...

Cá por mim não me esqueceria de uma senhora deputada dos verdes, que bem merecia o lugar de ministra num governo de salvação nacional...

Não se esqueçam também que ninguém temo direito de pedir aos Portugueses a colocar o guizo no gato...


 

13.3.11

O guizo

Definitivamente: estamos em profunda crise da qual não se vislumbra um fim porque as coisas estão mesmo no princípio.

De tanto ouvir falar de crises, de mentiras, de aldrabices, de dívidas, de dúvidas, de bancarrotas, de mercados, de abismos, de cortes, de misérias, de pobrezas, de empregos, de desempregos, de ajudas, de desajudas já estou totalmente convencido que estamos mesmo em plena crise.

Tenho ainda algumas dúvidas se a crise é apenas do Estado ou se os cidadãos estão na mesma. Mas minhas dúvidas têm algum fundamento porque continuo a não vislumbrar aquela profunda preocupação que a presença de um profundo mal-estar sempre acarreta.

Continuo a olhar para as pessoas dos meus meios e das minhas circunstâncias e não vejo aquele olhar do outro mundo que só de ver causa arrepios a toda a gente, levando-me a presumir que ainda não temos consciência da nossa verdadeira situação.

Aquele pessoal todo da AR continua na mesma de sempre: os malandros do governo não percebem nada de nada e não dão uma para a caixa nem conseguem ver nada pelo canudo: tudo o que fazem ou dizem que vão fazer não bate certo e não responde a coisa nenhuma nem vale para nada que se relacione com enfrentar a crise e muito menos que perspetive alguma solução.

Toda a minha gente da esquerda à direita, nas ruas e nos passeios, em terra e no ar, intelectuais e que tais, entendidos e desentendidos, comentadores pagos e gratuitos desancam diariamente nos parolos dos ministros e secretários de estado como se tratasse de energúmenos e aves raras que não sabem o que estão a fazer.

O que me preocupa não é que isso não seja acertado, como se a nossa missão não passasse de uma tomada de posição que se fica pela crítica atroz e mordaz relativamente a todas as ações do governo que à vista desarmada só vão favorecer o desenvolvimento da crise e passam completamente ao lado do que se pretende para ultrapassar as dificuldades.

O que me preocupa verdadeiramente é que eu ainda não ouvi da parte de alguém com responsabilidades sociais, quer seja pela sua posição e ocupação, quer seja pelo seu estatuto ético e social, uma a única ideia clara e concreta da qual possa surgir uma ação que contribua para contrariar o caminho que se tem seguido.

O que eu tenho ouvido aos quatro ventos proveniente de muitos cérebros altamente responsáveis e muito bem vistos pela opinião pública resume-se ao velho e estafado início de frase..."é preciso..."

Confesso que até eu e como eu milhares e milhares de portugueses temos qualificações suficientes e bastantes para dizer que "é preciso..." e nunca nos faltarão as papas na língua para continuarmos a dizer que "é preciso...".

Claro que todos sabemos que a solução passa por "pôr o guizo no gato"...

Mas... como? e quem?

12.3.11

De imediato

Já o disse aqui e volto a repetir para que não restem dúvidas sobre a minha posição face à situação política do burgo: tendo presente o texto e o contexto do discurso do PR na sua tomada de posse para o segundo mandato eu entendo não existir qualquer justificação para que a AR não seja dissolvida com a consequente marcação de eleições legislativas ou a formação de um governo de iniciativa presidencial.

Esta minha posição foi absolutamente corroborada pelo discurso ou conferência de imprensa do presidente do psd não sei se ontem à noite se já hoje de madrugada, onde manifestava a sua total discordância com as novas medidas anunciadas pelo ministro das finanças, mas da responsabilidade do governio.

Independentemente das razões que se tenham que contrariem as políticas do governo, eu entendo que quem se manifesta assim com esta clareza deve tomar a posição consonante com as posições políticas assumidas nada mais restando que a apresentação de uma moção de censura na AR para derrubar o governo e para dar ao Presidente a possibilidade de decidir entre um governo de iniciativa presidencial ou eleições legislativas imediatas.

Se as soluções encontradas não servem, se as medidas não acalmam os "merca dos", se toda a oposição clama que o POVO já não pode mais, numa clara demonstração que o POVO não está na AR, então que quem tem a faca e o queijo na mão e pode decidir democraticamente, então não tenha vergonha e não se deixe invadir pela cobardia e assuma o papel de tentar inverter o estado de coisas que tanto critica e vilipendia.

Deixem-se de conversa fiada, deixem-se de malabarismos políticos, deixem-se de verter lágrimas de crocodilo, deixem-se de arvorar em salvadores do povo e dos trabalhadores e assumam as responsabilidades de mudar o que tem de ser mudado sem olhar a pieguices e as desculpas de mau pagador.

Os gregos ainda não se afundaram no mar mediterrâneo, os irlandeses ainda não foram invadidos pelo atlântico norte, os venezuelanos ainda não foram tragados pelo atlântico central, os libianos ainda estão a aturar os kadafianos, pelo que os portugueses podem continuar ligeiramente tranquilos porque ainda não será desta vez que serão expulsos de Portugal.

Espero ardentemente que esta gente mostre de vez do que é feita para que o pessoal tenha perfeito conhecimento e clara consciência que a dignidade e a frontalidade e a verdade ainda merecem o nosso respeito.

Se os que estão fazem mal e os que não estão dizem fazer bem, então porque perdem tempo na gritaria inútil e que não serve a ninguém?

Apesar de entender que isso seria uma via muito acertada para incendiar o rabo aos adversários, estou plenamente convencido que não vai haver qualquer pedido de demissão para facilitar as decisões que cabem aos que as podem tomar já e de imediato.

O resto é bradar aos céus...


 


 


 


 

11.3.11

As pensões

Tinha que chegar a minha vez e não demorei muito tempo para me darem conhecimento do facto: para o ano que vem também me vão meter a mão ao bolso mexendo na minha reformazinha.

Andava estranhando que não se tivessem lembrado de se atirarem aos pensionistas e reformados com reformas acima de qualquer coisa, mas não deram tempo para me rir do que aconteceu aos funcionários públicos e aos trabalhadores de algumas empresas públicas, porque aos respetivos dirigentes e administradores existem mecanismos suficientes para tornar a medida inútil e fantasmagórica, para não dizer ridícula e falaciosa.

Esta medida não me chateia demasiado, porque já estava convencido que mais tarde ou mais cedo ela teria que ser implementada, mesmo que todo o mundo seja contra ela, quer sejam da esquerda quer da direita e até do centro e dos campos primaveris.

O que me chateia verdadeiramente é eu ter consciência que há por aí muito boa gente a engordar cada vez com o decorrer da crise e ninguém é capaz de lhe tirar da frente, isto é, do bolso uma carcaça que seja, isto é, um cêntimo que seja, quer se trate de pessoas individuais quer de pessoas coletivas.

Ainda hoje, talvez tivesse sido ontem, que li ou ouvi que os dois senhores mais ricos de Portugal viram aumentadas as suas riquezas em oitocentos milhões e seiscentos milhões de euros, sendo certo que o engenheiro ficou na mesma, sendo que a única explicação para o facto está precisamente no facto de as perdas visíveis e invisíveis das grandes superfícies não terem sido controladas devidamente como o podem ser nas de média dimensão...

O que eu queria dizer é que ainda há muito campo para explorar e para plantar oliveiras e videiras para tornar o Alentejo uma imensa vinha e um imenso olival, antes de tentar apanhar alguns euros a uma boa quantidade de empresas e de senhores que estão e vivem no topo do mundo como se fossem deuses e nada deverem a estes pobres e desgraçados mortais.

A sério, mesmo muito a sério: alguém está convencido que um administrador de uma empresa quer seja pública quer seja privada trabalha e produz o mínimo suficiente para ganhar mais de duas e três centenas de milhares de euros por mês fora todas as alcavalas que não são contabilizadas?

Eu admito que esse pessoal possa ganhar tudo isso, mas que não seja à custa dos preços dos produtos produzidos ou comercializados muito para além do razoável e se tiverem esses rendimentos, que envergonham muita gente, então que as respetivas empresas sejam sujeitas a fiscalização e penalização adequadas por fazerem fora do penico. Mas isso não vai acontecer, porque o penico desse pessoal e dessas empresas é bem grande e não cabe neste desgraçado País.

Digam-me lá se é justo: utilizo a internet para fazer uma transferência bancária e pago o respetivo serviço, não havendo dúvidas que os custos foram meus e não do respetivo banco...?

Mas depois os lucros são de milhões e mais milhões... numa terra onde impera a miséria

Enfim: não se pode dizer que toca sempre aos mesmos; para o ano vão entrar a outros, mas os intocáveis de hoje, continuarão a ser os intocáveis de amanhã.

A não ser que as próximas eleições legislativas do corrente ano sejam dominadas e ganhas pela verdadeira esquerda já representada na atual AR...

10.3.11

A mulher de César

Continua a chegar às caixas de correio eletrónico de internautas portugueses uma nota sobre a nomeação como assessora do grupo parlamentar do bloco de esquerda na AR a mãe do Louçã, sendo que a venerável senhora tem setenta e nove anos...

Como ma deram assim eu a dei, mas pouco tempo depois recebi uma informação pelo mesmo meio que a dita senhora já é assessora do bloco de esquerda há mais de dez anos e ainda por cima em regime de voluntariado, não recebendo qualquer maquia pelo seu trabalho.

Acredito que sim, mas gostava que me explicassem para que foi necessário um despacho de nomeação datado de dois mil e dez para um trabalho de voluntariado na Assembleia da República.

Se isto pega temos o fim da crise à vista, bastando para tal que todos os assessores de todos os grupos parlamentares da AR passem a ser veneráveis senhoras e senhores da terceira e quarta idade e em regime de voluntariado.

Cá por mim manifesto, desde já, a minha disponibilidade, mas apenas a meio tempo..., porque, embora em idade um pouco menos avançada, tenho graves problemas de coluna.

O conhecimento público deste trabalho de voluntariado vem, de alguma maneira, contrariar o discurso do PR quando se referiu o trabalho voluntário dos jovens, não merecendo quando referência o empenhamento dos menos jovens que andam lá pela casa dos senta e oitenta... mas mereciam porque também são portugueses.

Encontrei na minha caixa de correio eletrónico por mais de uma vez uma nota sobre um aumento de vinte por cento sobre não sei o quê e referente aos agentes políticos, pressupondo eu que sejam os membros do Governo, os deputados, os diretores gerais e, de certeza, mais umas quantas categorias de funcionários de topo da AP.

Mas não encontrei em lado algum um protesto que fosse por parte dos deputados bloquistas, por parte dos deputados comunistas, incluindo os deputados verdes, por parte dos deputados populistas, por parte dos deputados sociais-democratas e, finalmente, por parte dos deputados socialistas.

E também não tenho conhecimento que tivesse havido um deputado sequer que recusasse este aumento, parece que incluído no orçamento...

Quem disse que a mulher de César tem que parecer séria?

9.3.11

O Presidente

Andava à procura de uma oportunidade e de um motivo, andava à espera de uma coisa qualquer que me servisse de justificação suficiente para reiniciar a produção destes textos a propósito de tudo e de nada.

Pode parecer que neste espaço de tempo não faltaram acontecimentos na vida portuguesa para merecerem a minha atenção e, em consequência, a dedicação de umas linhas, quanto mais não fosse para ficarem registados da minha parte em letra de forma.

É bem verdade que o governo continua o mesmo, que a oposição continua a mesma, que os discursos continuam os mesmos, que os educadores do povo continuam os mesmos, que os comentadores continuam os mesmos.

Salvo se tivermos na devida conta que a crise, apesar de ser a mesma, tem contornos dos quais não estamos a gostar mesmo nada, tanto mais que o preço dos combustíveis, esses, não continuam os mesmos…

A partir de hoje temos um "novo" Presidente da República, que vai timonar os destinos da Nação durante os próximos cinco anos, sendo este facto motivo bastante e suficiente para me justificar e recomeçar a escrever o que me der na real gana sem ter que dar contas a ninguém.

Ao "novo" Presidente da República desejo as melhores venturas para desempenhar com dignidade as funções de que foi investido e conferidas pela Constituição da República.

Mas que se deixe de rodriguinhos nos seus discursos e passe das boas palavrinhas e das melhores intenções aos atos concretos, pois que de diagnósticos já chegam os do professor Marcelo e os do comentador Pacheco.

Não ouvi o discurso do Presidente, mas tive o cuidado de o ler na íntegra não vá ele acusar-me de o comentar sem o ter lido, como provavelmente vai acontecer com alguns dos nossos inteligentes dos meios de comunicação social.

Nem sequer uma palavra para a crise internacional, quase toda ela da responsabilidade de economistas e financeiros

Cabe perguntar: onde andou este homem durante os últimos dez anos? Não tem nada a ver com o que se passa nesta terra? Será que tudo o que aconteceu, que vem acontecendo e que acontecer não tem uma participação, nem que seja por ausência de decisões, do Presidente? Será que a responsabilidade nunca passou ali pelos lados de Belém.

Será que os jovens do seu discurso não foram formados em Portugal?

Será que este homem não tem a coragem de demitir o Governo depois de ter pronunciado este discurso?


 

Ou eu muito me engano, ou esta paz podre vai continuar na mesma…


 

Ainda vamos dar razão ao kadafi…