21.11.23

O escravo

 Isto já é recorrente: volta e meia volta ao Alentejo a tragédia do trabalho escravo levado a cabo pelas sanguessugas da terra.

É a campanha da azeitona, é a campanha da alface, é a campanha do grão de bico, (do grão de bico? já não há grão de bico no Alentejo!!!) é a campanha do tomate, é a campanha do pimento, é a campanha do melão, é a campanha da melancia e dentro de algum tempo vai ser a campanha da amêndoa e logo a seguir mais umas quantas campanhas para que esta cambada que domina e manda no trabalho no Alentejo tenha mais umas quantas oportunidades de escravizar seres humanos e tratá-los abaixo de cão.

Muita gente já pensava que as trafulhices, as aldrabices, e a pouca vergonha estavam longe dos campos alentejanos, mas a ignorância dos crimes que se vão praticando nas herdades florescentes e benditas pela água do Alqueva mantinham a grande maioria dos alentejanos no desconhecimento destes vis e ofensivos crimes contra a dignidade humana.

Mas de vez em quando somos acordados por notícias de intervenções das autoridades nos campos alentejanos  à procura de crimes de lesa humanidade praticados por organizações sempre prontas a ganhar a vida à custa da vida de uns desgraçados que aqui chegam sem eira nem beira à procura de uma vida um pouco melhor do que a vivida nos seus países de origem.

Se querem fugir do inferno da sua terra  a sua má sorte empurra-os para o purgatório onde são vítimas dos pecados dos outros e nada mais podem fazer que dobrar a espinha, trabalhar e calar se não querem ser sujeitos a mais sevícias para além do sofrimento diário com que são presenteados pelos seus donos e patrões nas condições mais miseráveis, porcas e nojentas que se podem imaginar.

São presos, vão passar uma ou duas noites devidamente guardados pelas autoridades, vão ser ouvidos por um juiz e as mais das vezes são postos em liberdade como se nada fosse com eles e na paz da justiça, mesmo que tenham de pagar qualquer coisa por conta da fiança.

Enquanto este pessoal não for colocado na cadeia por uns quantos e bons anos os campos do Alentejo não vão ficar livres desta cambada que se habituou a viver à custa dos outros fazendo deles gato sapato sem a mínima consideração e respeito que é devido a qualquer ser humano por mais desgraçado e miserável que seja.

Há inocentes condenados e presos? Parece que sim.

Mas que dizer dos criminosos que se passeiam por aí todos lampeiros e a gozar das delícias boa vida?


 




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