A política tem coisas curiosas que fazem pensar no seu significado: acordo, desacordo, sim, não, talvez, olha que, nem penses, etc. e tal.
Vem isto a propósito dos comentários ouvidos nos canais de televisão proferidos por todos os lideres de todos os partidos da oposição contra a proposta dos socialistas para eliminar a subida do iuc para os automóveis com matrícula anterior a dois mil e sete.
Contra o aumento do iuc constante da proposta de orçamento para dois e vinte e quatro levantaram-se milhares de assinaturas, fizeram-se dezenas de manifestações, deram-se milhentas declarações contrárias por parte dos partidos políticos e todos os dias se ouvia qualquer coisa contra tal alínea do orçamento aduzindo inúmeras razões para condenar o governo por ter a ousadia e a desfaçatez de se lembrar de cobrar mais uns quantos milhões em impostos à custa dos mais pobres incapazes de trocar as suas viaturas e andarem a circular com carros a cair de podres.
As coisas mudaram de uma hora outra quando os deputados socialistas resolvem apresentar uma proposta de alteração ao orçamento para dois mil e vinte e quatro no sentido de eliminar a rubrica referente ao aumento do iuc para os carros impróprios para circular.
Levantou-se um coro de críticas a tal iniciativa acusando os socialistas de cambalhota total, uma reviravolta à última da hora, faltando à palavra e de não ter coragem de aumentar o iuc retirando agora a proposta.
Os argumentos são deveras interessantes: não se trata de não prejudicar todos aqueles que não têm capacidade de comprar um automóvel novo ou mais recente, não se trata de aliviar os que mais precisam com a não cobrança de mais um imposto ainda por cima injusto e discriminatório.
O que está em causa é um verdadeiro ato de campanha eleitoral com receio de fuga de eleitores descontentes com o problema do imposto quando a situação do governo se alterou profundamente perante a sua demissão e a marcação de novas eleições.
Admita-se que sim, que se trata de mera campanha eleitoral, mas tal proposta da retirada do aumento do iuc para os automóveis com matrícula anterior a dois mil e sete parecia dever merecer a concordância de toda a oposição, uma vez o orçamento vai ser expurgado de um imposto injusto e por todos criticado.
Se pensar assim estás bem enganado e demonstra que és demasiado inocente e não entendes nada do que se está a passar: o orçamento vai ter menos um motivo de crítica e agora é preciso encontrar qualquer coisa para arrear forte e feio numa coisa que não vale nada e está toda errada...
Eu gosto disto.
Sem comentários:
Enviar um comentário