O Povo saiu à rua para protestar.
Pouco me interessa saber se protestava contra a troica; se protestava contra o fundo monetário internacional; se protestava contra o banco central europeu; se protestava contra a comissão europeia; se protestava contra o passos, se protestava contra o relvas; se protestava contra o Gaspar; se protestava a meio contra o portas; se protestava contra tudo o que se está a passar nesta terra.
Para mim o que interessa é verificar que o Povo estava a protestar contra toda uma política que nos está a tornar escravos e servos de entidade ou entidades que verdadeiramente desconhecemos.
Para mim o que importa saber é que o Povo saiu à rua para protestar e não ficou parado e amorfo à espera de mais sacrifícios, mais roubos, mais espoliações, mais trafulhices, mais aldrabices, como se esta terra não passasse de uma coutada e de uma república de bananas, onde tudo fosse permitido sem quaisquer consequências.
Para mim o que interessa é saber e verificar que o Povo está a assumir uma verdadeira consciência de tudo o que lhe está a acontecer e está a identificar quem são os agentes desta calamidade social.
Para mim o que verdadeiramente me interessa é saber que milhares de portugueses trocaram a comodidade das suas casas e pelo grito de revolta cantado e declamado nas ruas de quarenta cidades de Portugal.
Para mim o que interessa é pensar que este governo de incompetentes e de mandatários obedientes dos senhores do mundo terão em atenção as manifestações de um Povo que está na miséria ou para lá caminha por obra e graça de uns quantos que desonraram a sua palavra dada em eleições atirando para as urtigas toda uma ética que deveria ser apanágio e guia de uma governação séria e honesta.
Para mim o que interessa é estar consciente que o roubo efetuado à dignidade do Povo tem um braço e uma mão e que não fugirá eternamente à alçada da lei que um dia será aplicada nem que seja à custa de muita desgraça.
Para mim o que interessa é continuar a constatar que ainda estamos longe do que se passa lá na Grécia e ali ao lado na vizinha Espanha, onde as manifestações são a doer e onde o bom comportamento das massas começa a ter um real e verdadeiro significado de luta contra o crime social.
Para mim o que interessa não é saber a contabilidade dos manifestantes, colocando quatro em cada metro quadrado e multiplicando pelo número de metros quadrados da praça, esquecendo, por acaso, os metros quadrados das ruas circundantes, deixando isso para a consciência de comentadores televisivos.
Quem afirmava que o Povo estava amorfo, que o Povo estava conformado, que o Povo não tinha reação, que o Povo entendia tudo o que se está a fazer como se fosse feito ao serviço desse mesmo Povo, está bem enganado porque estas manifestações trouxeram o Povo para a rua a protestar contra quem assim o trata.
Imaginem todos, quando isto for a sério…
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