Está a decorrer no parque das nações uma feira de produtos alimentares de origem portuguesa, destinada exclusivamente a profissionais, anunciando-se que estão presentes mil e seiscentos compradores de cerca de cem países.
Dado que o grande público não tem oportunidade para ver e olhar o que de melhor se produz em Portugal no que se refere a produtos agrícolas resta-nos apenas a informação veiculada por órgãos de comunicação social, pois alguns não têm grande interesse em elogiar qualquer coisa "made in Portugal".
Mas nós sabemos que os produtos agrícolas que temos à nossa disposição em todos os locais de venda, desde o mais pequeno minimercado até ao mais sofisticado hipermercado, são de qualidade superior e de uma gama totalmente satisfatória para todos os gostos e bolsas.
Certamente que ali estarão presentes as mais variadas frutas, os diversíssimos tipos de leite e queijo, as hortícolas e os legumes, as carnes e derivados, os vinhos de altíssima qualidade e toda uma panóplia de produtos transformados que deverão arregalar os olhos de todos os que tiverem oportunidade de entrar na Feira Internacional de Lisboa, ao Parque das Nações.
Nestas alturas, muita gente estará orgulhosa de tudo o que têm a oportunidade de mostrar aos especialistas, aos interessados e aos importadores e exportadores grande parte do que se pode fazer em Portugal, desde que haja boa vontade e trabalho e investimento nesta terra que se pode considerar de eleição para a prática de alguns tipos de agricultura.
Nestas alturas, deve haver alguém por aí que se atreva a lembrar aqueles fatídicos anos da abundância de "leite e de mel" que propiciou e justificou o abandono da agricultura por parte de muita gente que trabalhava o campo e que já produzia o que agora se admira.
Nestas alturas, alguns políticos deveriam apresentar as devidas desculpa a Portugal pelo mau serviço que prestaram aos consumidores, quando encaminharam milhões de contos e de euros para o encerramento de muitas explorações agrícolas, para o derrube de milhares e milhares de árvores entre olivais e vinhas, transformando uma terra rica e próspera em pousios e matos que para pouco ou nada serviram, nem sequer para alimentar manadas, rebanhos e varas de tudo e mais alguma coisa de interesse para os consumidores.
Nestas alturas, alguém poderá dizer que se compraram muitos "montes" e jipes todo terreno para circularem nas ruas e avenidas de Lisboa e arredores com o dinheiro que chovia lá dos lados da Europa.
Nestas alturas, alguém poderia citar parte daqueles que foram responsáveis pelo desmantelamento da agricultura e das pescas em Portugal para que ninguém esqueça os prejuízos causados à economia portuguesa pelo dinheiro fácil que circulava pelo poder político que o distribuía a seu belo prazer, facilitando a importação de produtos estrangeiros e sacrificando a população portuguesa que se viu obrigada a abandonar os campos e a refugiar-se nas cidades à procura de uma vida melhor.
Nestas alturas, ouvimos de novo o chamamento da terra e alguns, ainda poucos, estão a dar a devida lição a quem correu com eles a troco de umas míseras moedas…
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