Mesmo que não se queira ou se evite pensar e falar da situação portuguesa, não temos como evitar tê-la bem presente, dado que condiciona permanentemente a vida de cada um.
Não se entende lá muito bem este paradoxo: o governo, os partidos que o apoiam e muitos militantes respetivos não se cansam de debitar todos os dias a inevitabilidade da crise atual, atribuindo a políticas anteriores as causas da necessidade da austeridade, dos impostos, do desemprego e de tudo o resto; por outro lado toda a oposição e um sem número de cidadãos, muitos políticos de todos os quadrantes ideológicos, até mesmo da ala direita, acompanhados de muitas instituições nacionais e internacionais e especialistas de todos os campos afirmam que a austeridade só conduz à recessão e a recessão exige cada vez mais austeridade, tornando-se tudo isto num círculo vicioso, donde ninguém tem esperanças de sair.
Causa alguma estranheza a voluntariedade com que alguns governantes e seus apoiantes que vivem à sombra do orçamento continuam a defender esta política como sendo a única via para salvar Portugal, dizem, que da bancarrota e até do seu fim como nação…
Eu admito que quem tem responsabilidade de governar e de levar por diante uma determinada política esteja convencido que o caminho apontado é o melhor, mas admito também que nestas coisas há sempre um caminho alternativo que atinja os mesmos objetivos ou objetivos semelhantes sem dar cabo de tudo o que se vinha construindo, como se o que foi feito nunca deveria ter sido feito e quem o fez ou permitiu fazer não passam de uns monumentais asnos e idiotas chapados… que nunca deveriam ter existido.
Convenhamos que presunção e água benta cada um toma a que quer, mas o bom senso manda as pessoas estarem atentas aos sinais que chegam de muitas origens e de muitos horizontes no sentido de lhes poder atribuir alguma validade, tanto mais que estão em causa técnicos e especialistas altamente credenciados e não apenas a populaça, que só aspira a emprego e pouco trabalho e não abdica dos seus direitos obtidos de boa-fé e nos termos legais.
Algumas vezes sou levado a acreditar que os fenómenos sociais em que se baseiam aqueles movimentos dos "senhores do mundo" e do "conselho de sábios" não deixam de ter algum fundamento, salvo a sua localização em grutas altamente secretas lá para os lados das montanhas dos himalaias…
Mas se substituirmos estas expressões por umas outras como sejam os governadores dos principais bancos mundiais, os presidentes de umas quantas multinacionais, os donos da energia mundial, os cientistas de alguns institutos de investigação, as polícias secretas e outros e outras quejandas então a coisa já nos parece com muito mais lógica e podemos começar a acreditar que somos comandados, manipulados e subjugados como um subproduto do poder instituído.
De qualquer, não será que estamos a dar demasiada importância a estes passos e a estes gaspares e a estes relvas, não sendo já tempo de os reduzir à sua expressão mais simples?
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