Andava a morrer de saudades de ver o ministro das finanças, mas o meu problema já foi resolvido: mesmo de fugida tive oportunidade de ver e ouvir por uns minutos o ministro das finanças a avaliar a avaliação da troika, que ele já sabia de cor e salteado.
Do écran tudo na mesma: o mesmo cabelo, a mesma cor da fatiota, o mesmo olhar, o mesmo riso ou sorriso ou coisa nenhuma, a mesma voz, o mesmo tom de voz, o mesmo olhar, o mesmo rosto, talvez com umas olheiras um tudo-nada maiores.
Enfim, o homem está na mesma, com o mesmo discurso, com as mesmas justificações, com o mesmo palavreado, com as mesmas ideias, com o mesmo ajustamento, com o mesmo programa, com os mesmos impostos, com a mesma austeridade.
Quem tivesse alguma esperança de apreender alguns sinais de que alguma coisa poderia mudar, apenas levou com a previsão do desemprego a subir e a austeridade longe de abrandar, porque se mantêm todos os pressupostos do programa, talvez com exceção da qualidade dos governantes que não tem aumentado para tristeza dos contribuintes.
Alguém poderá ter ficado com algumas ideias de que o ministro das finanças conseguiu diminuir a despesa do estado em não sei quantos milhões de euros, mas ninguém ficou a saber o custo desta diminuição e quem a pagou porque o ministro das finanças quer fazer crer que terá sido pelo seu ativo papel na solução do défice, que irá lá para os cinco e meio por cento, quando já este ano deveria estar a menos de três por cento.
Nós sabemos que a responsabilidade é dos governos anteriores, nomeadamente os governos dos socialistas, porque os outros tiveram um comportamento exemplar ao serviço dos portugueses com inteira devoção pela Pátria.
Não fora o mau comportamento das economias europeias e o comportamento de novos-ricos da classe média portuguesa estaríamos completamente à vontade com o défice e com as contas públicas, uma vez que aquelas seriam mais solidários com os pobres do sul e estes seriam mais responsáveis, mais trabalhadores, mais competitivos e menos exigentes e reivindicativos com respeito a benefícios e ao rendimento do trabalho, dando um pouco de descanso ao capital.
Mas nada está perdido porque o ministro das finanças lá nos foi dizendo que o ano de dois mil e quinze já será de algum alívio, não fora ano de eleições legislativos, embora ele pouco se interesse por essa perspetiva, porque o seu lugar não depende dos resultados eleitorais, para os quais ele se está tintas.
O homem tem uma missão, veio a Portugal para cumprir um contrato e enquanto não o der como cumprido e realizado não voltará ao seu paraíso e estatuto de fiel servidor de quem lhe deu guarida.
Tudo fica para o seu tempo oportuno, até mesmo a reforma do IRC, cujas linhas mestras e cartas de intenções fora entregues ao secretário estado, não se dignando o ministro das finanças falar do assunto.
Ele não está aqui para isso: ele está para nos delapidar.
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