26.1.13

Ficamos mais pobres

Afinal ainda continuamos na crise como estado permanente de Portugal, apesar do retumbante êxito do regresso aos mercados.

Já todos os comentaristas teciam rasgados elogios à operação alvitrando que a partir de agora as portas estariam completamente escancaradas para que as empresas tenham o crédito indispensável para a produção de qualquer coisa que seja veja.

Mas logo avançavam que se tratou de uma experiência para testar os mercados e a sua receptividade à consolidação da dívida portuguesa, o que pareceu espantosamente fácil se atentarmos que a oferta era de dois mil milhões e a procura superou os doze mil milhões.

Afinal ter-se-á tratado verdadeiramente de um teste para testar a credibilidade do segundo junto dos seus companheiros de luta, pois não havia necessidade de pagar um empréstimo com um juro de quase cinco por cento, quando a troika está a praticar uma bem mais baixa.

Podemos perguntar por que razões se foi agora aos mercados e não se esperou para quando a coisa estivesse orientada para a recuperação e não para a recessão como acontece agora.

São os insondáveis desígnios do nosso segundo que não perde uma oportunidade para justificar a sua política fiscal do recurso aos impostos dos reformados e de quem lá vai tendo um posto de trabalho, não descurando aqueles desgraçados que já sobrevivem e estão ficando cada vez mais longe da tranquilidade e da paz, que merecem pela sua trágica situação.

Estes tipos não param de fazer experiências com a vida dos outros, enquanto a sua está bem salvaguardada e ao abrigo de qualquer surpresa, pelo que lhes é permitido avançar com todos estes desvarios não havendo maneira de lhes fazer lembrar que a brincadeira tem limites e que já não estamos nos tempos dos genocídios ou de movimentos de exclusão social como praticado no século passado.

Naquele tempo, cometeram-se crimes hediondos contra etnias inteiras ao abrigo de ditaduras políticas, sociais e económicas, mas agora tudo nos leva a acreditar que vivemos em democracia, apesar de se estar a chegar à conclusão que os direitos, as liberdades, os deveres e as garantias inerentes a uma democracia são privilégios de uns quantos que exercem o poder para provar os limites da tolerância humana.

Contam-se pelos dedos de uma só mão aqueles comentaristas, jornalistas, economistas e politólogos que se lembraram de perguntar pelos custos directos e imediatos desta operação, apoiada num banco português, num banco inglês, num banco alemão e num banco americano, só estes claramente suficientes para comprar toda a dívida posta no mercado.

Resultados finais?

Ficamos mais pobres, porque aumentou mais ainda a nossa dívida.

Rir faz bem à saúde…

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